Restrição orçamentária
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- Ana do Carmo Ribas Bento
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1 Restrição orçamentária
2 Objetivo da aula Economistas assumem que os consumidores devem escolher as melhores cestas que podem pagar. Uma primeira preocupação consiste, então, em definir o que podem pagar, ou seja, o que exatamente determina a restrição orçamentária do consumidor.
3 Iniciando... Antes de começar, devemos definir o que exatamente deve ser escolhido. Vamos supor que o consumidor escolhe entre cestas de bens. Isso significa que existe mais de um bem e que esses bens devem ser combinados. No mundo real, o processo de escolha pode ser bem complicado. Por exemplo, uma família escolhendo em como alocar o seu orçamento entre educação, saúde, alimentação, transporte, lazer, móveis, imóveis, etc. Ao mesmo tempo, há escolhas a serem realizadas dentro desses grandes conjuntos de bens, como entre manteiga e azeite, entre macarrão e arroz, etc. Assim, o número de bens pode ser efetivamente grande. No que nos concerne, podemos designar cada um desses bens por sendo i=1,..., n. Isso exigiria, no entanto, utilizar um instrumental matemático que ainda não está a seu alcance. Ademais, procuraremos, por todo o curso, utilizar uma abordagem gráfica. Assim, no geral, trabalharemos apenas com dois bens, designados por e Como caso geral, trataremos como o bem que queremos analisar, e como uma cesta com a combinação de todos os demais bens que pode ser entendido como o restante do dispêndio em renda. Em alguns casos, sempre explicitados, trataremos também como um bem específico.
4 Gráfico 1 Espaço de consumo y O gráfico 1 apresenta as espaço de consumo, ou seja, o consumidor tem todas as suas possibilidades de consumo. Podemos informar que o conjunto das possibilidades de consumo e, no caso específico, L=2. x Esse conjunto está limitado inferiormente pelos eixos Como os eixos pertencem ao conjunto, podemos afirmar que está fechado inferiormente.
5 O conjunto orçamentário Agora que conhecemos as possibilidades de consumo, devemos estabelecer quais são as restrições apresentadas ao consumidor. Devemos estabelecer, desde logo, que as restrições que estudaremos são econômicas. Logo, vamos tratar do conjunto orçamentário. Momentaneamente, suporemos que o consumidor recebe uma renda mensal, m, e deve escolher uma cesta de bens que caiba dentro dessa renda. Para isso, devemos transformar as cestas em valores monetários, mediante o uso de preços. Assim, teremos Em que é o preço do bem 1, e, o preço do bem 2.
6 Gráfico 2 Restrição Orçamentária ou conjunto orçamentário O gráfico 2 apresenta o conjunto orçamentário que é limitado e fechado inferiormente pelos dois eixos e limitado e fechado superiormente pela linha orçamentária. Todas as cestas dentro da área azul escura podem ser consumidas pelo consumidor. O limite superior implica: e passará a ser denominado de linha orçamentária. O gráfico mostra que se caminharmos ao longo do eixo vertical, que contém todos os pontos em que, encontraremos o limite superior quando.
7 Partindo-se do intercepto vertical, podemos caminhar ao longo da linha orçamentária, que tem uma fórmula geral, obtida a partir de (2): Assim, para cada unidade do bem 1 consumida, o consumidor deve reduzir a quantidade consumida do bem 2 a uma taxa, conforme expresso pela inclinação da linha orçamentária apresentada no gráfico 2. Podemos afirmar que a taxa de substituição do bem 2 pelo bem 1 será: Isto significa que, se, então, o acréscimo de uma unidade do bem 1 implicará uma redução de duas unidades do bem 2. A essa tensão no processo de escolha denominamos custo de oportunidade. O custo de oportunidade é talvez o conceito mais importante de economia e denota o que devemos abrir mão para consumir uma unidade adicional de um produto específico. Como trataremos normalmente do bem 2 como uma mercadoria composta, pode-se pensar que o custo de oportunidade é a melhor maneira alternativa de uso daquele recurso monetário.
8 Como chegamos ao custo de oportunidade Partindo-se da equação (2), tem-se: Alternativamente, a partir de (3) e Subtraindo-se (2) de (2 ), tem-se: E, portanto,
9 Gráfico 3 Deslocando a restrição orçamentária Mudança provocada por um aumento da renda de m para m. Trata-se de um deslocamento paralelo da linha orçamentária, ampliando a quantidade de cestas possíveis de serem consumidas.
10 Gráfico 4 Mudanças nos preços O gráfico 4 apresenta três situações em que o consumidor apresenta a mesma renda e o preço do bem 2 se mantém estável, mas o preço do bem 1 é alterado, tal que: Reparem que, quanto maior o preço do bem 1, maior a inclinação da linha orçamentária e mais restritas as possibilidades de consumo. Mais importante, quanto maior o preço do bem 1, maior o custo de oportunidade de se aumentar o seu consumo, ou seja, mais unidades do bem 2 deverão ser deixadas de consumir para aumentar o consumo do bem 1.
11 Indo à feira Gráfico 5 orçamento não competitivo Uma forma de analisar comportamentos de mercado é ir a uma feira. Na última vez em que estive em uma feira, fui comprar laranjas. Levei R$ 100. Como fazemos, em casa, suco de laranja todos os dias, compro sempre muitas dúzias. Perguntando ao feirante o preço, ele me informou que seriam R$ 6 a dúzia, mas que, a partir da segunda dúzia, me cobraria R$ 4,50. Vejam como ficou a minha restrição orçamentária no gráfico 5. Todos demais bens Quando os preços são definidos independentemente da ação dos agentes, a linha orçamentária tem inclinação única e o orçamento é denominado competitivo, pois independe da ação dos agentes. No caso das laranjas, isso não acontece. Laranjas
12 Em um país hipotético latino americano, em 2001, houve necessidade de se fazer um racionamento de energia. Os consumidores se viram frente à seguinte situação. Se consumissem até 20% menos do que sua conta anterior, pagariam o preço usual da energia elétrica. A partir dessa quantidade, enfrentariam um preço de energia 50% maior até a quantidade consumida na conta anterior. A partir dessa quantidade, teriam sua energia cortada. Vejam como ficou a restrição orçamentária de um desses consumidores. Gráfico 6 Todos os demais bens Energia
13 Impostos Impostos diretos vs impostos indiretos Impostos diretos atuam diretamente sobre a renda montante fixo. Implicam deslocamento paralelo da linha orçamentária Impostos indiretos atuam sobre os preços e alteram o custo de oportunidade Ad valorem sobre o valor, Sobre quantidade, Subsídios e transferências de renda
14 Gráfico 7 Restrição orçamentária com imposto ad valorem A aplicação do imposto ad valorem sobre o bem 1 implica uma mudança na inclinação da curva, conforme apresentado no gráfico 7, alterando o custo de oportunidade. É importante ressaltar que o imposto sobre quantidade tem o mesmo efeito. A única diferença é que, quando o imposto sobre quantidade é aplicado, o imposto não incide sobre mudanças no preço.
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