SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RIO GRANDE DO NORTE SEBRAE/RN

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1 SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO RIO GRANDE DO NORTE SEBRAE/RN Análise da Evolução do Mercado de Trabalho Formal BRASIL NORDESTE RIO GRANDE DO NORTE Série Histórica a 2016 APRESENTAÇÃO Uma das variáveis para avaliação da saúde de uma economia é a disponibilidade de empregos, pois a produção está ligada à população economicamente ativa. Em uma economia saudável uma série histórica tende a mostrar uma curva ascendente, resultante da entrada anual de um novo contingente de jovens que demandam o mercado de trabalho, sobretudo em empresas privadas, principais responsáveis pela produção de bens e serviços de uma economia. Esta despretensiosa análise foi baseada em dados primários, tomados de forma nominal, referentes aos anos de 2007 a 2016 (quando disponíveis), com foco no saldo de empregos de trabalhadores regidos pela CLT, número que resulta das admissões menos as demissões acontecidas em determinado período. Os referidos dados foram publicados por instituições públicas, a saber: MTE Ministério do Trabalho e Emprego CAGED Cadastro Geral de empregados e Desempregados RAIS Relação Anual de Informações Sociais IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Foi feita uma ligeira apreciação sobre o panorama brasileiro e o das cinco Regiões do país, principalmente para contextualizar os números alcançados pelo Rio Grande do Norte. Além da série histórica, alguns tópicos se detêm sobre Relevante também é a avaliação da relação entre o tamanho da empresa e a geração de empregos (ou sua extinção). Pretende-se, com esta análise, que agrupa e avalia números recentes do mercado de trabalho formal, subsidiar o leitor na sua tomada de posição sobre o problema do emprego no contexto da atual crise econômica brasileira. Natal, janeiro de 2017

2 ADM PÚBLICA EXTRAT MINERAL SERV INDUST DE UTIL PÚBLICA AGROPECUÁRIA COMÉRCIO INDÚST DE TRANSF CONST CIVIL SERVIÇOS 1 Cenário Brasileiro A geração de empregos no Brasil, exposta no Gráfico 1, evidencia a inversão do comportamento desejável para a curva de empregos, que nesta análise é declinante desde o início, recuperando-se em 2010, ano em que houve a criação de mil vagas de trabalho, quase o dobro do ano anterior. Quedas dramáticas e sucessivas, a partir daí, reduziram os novos empregos para menos de 421 mil, em 2014, chegando o país à extinção de mil e mil postos de trabalho, em 2015 e 2016, respectivamente. GRÁFICO 1 - BRASIL - GERAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS 2007 A Em 2016, assim como em 2015, todos os grandes segmentos econômicos sofreram redução de empregos. Os mais dinâmicos e que mais empregavam, ocupando grande parcela da população economicamente ativa, foram os mais atingidos: serviços, construção civil, indústria de transformação e comércio, conforme Gráfico 2. GRÁFICO 2 - BRASIL - SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA

3 A análise da participação relativa das cinco regiões na geração de empregos evidencia que, nos dois últimos anos, em todas elas as demissões superaram as admissões, caracterizando um quadro de perdas de vagas de trabalho, com aumento significativo do desemprego. O Sudeste teve as maiores oscilações na série histórica. Em 2007 e 2008 São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, juntos, detinham quase 55% dos novos empregos, dada a pujança econômica da região. Em 2014 sua participação foi reduzida para menos de 30%, chegando a cerca de 62% de vagas extintas no país, em Neste ano a região Centro Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal) registrou o menor percentual de perdas de empregos, com menos de 5,3% do total, um desempenho relativo razoável. Tabela 1 - Brasil e Regiões - Participação percentual na geração de empregos Região Sudeste 54,94% 54,90% 44,27% 49,92% 50,73% 49,49% 41,41% 29,55% 58,16% 61,78% Nordeste 15,11% 15,62% 24,93% 19,83% 17,55% 15,62% 18,82% 26,09% 16,37% 15,17% Sul 16,99% 17,71% 15,94% 17,26% 16,51% 17,36% 22,42% 27,69% 14,92% 11,48% Norte 5,73% 3,55% 6,00% 5,82% 7,15% 5,93% 5,84% 6,52% 6,33% 6,30% Centro- Oeste 7,24% 8,22% 8,86% 7,17% 8,06% 11,60% 11,52% 10,14% 4,23% 5,27% O Nordeste teve uma participação relativa importante durante a série histórica analisada. Começando o período com a geração de 15,1% dos empregos no país, chegou ao percentual de 26,1% em 2014, mas nos dois anos seguintes teve reduções sucessivas de 16,4% e 15,2%. O Centro Oeste mostrou menores instabilidades, com participação crescente ou com poucas oscilações até 2014, e os números negativos mais baixos de 2015 e 2016: 4,2% e 5,3%, respectivamente. Gráfico 3 - Distribuição de Empregos Celetistas - Brasil SP MG RJ PR RS SC BA PE CE GO DF PA ES MT MS MA RN AM PB AL SE PI RO TO AC AP RR Fonte: MTE/RAIS Em janeiro de 2017 as estatísticas da RAIS Relação Anual de Informações Sociais ainda não estavam disponíveis, motivo pelo qual o Gráfico 3 usou 2015 como base para elaboração do ranking das unidades federativas, de acordo com o número de empregados sob o regime da CLT. São Paulo lidera com 31,2% de todos os 39,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada, enquanto o Rio Grande do Norte aparece com apenas 1,1%, a 17ª posição no Brasil e a 5ª no Nordeste.

4 2 Região Nordeste Nos últimos 10 anos o Nordeste gerou mil novos empregos, muito pouco quando se analisa que em apenas um ano essa geração foi de 521 mil, melhor resultado da série histórica. A retração de 2015 e 2016 se espalhou por todos os Estados, sendo que Alagoas e Pernambuco, anteriormente, já haviam registrado números negativos. Dentre os nove estados surge um grupo com economia mais forte Bahia, Pernambuco e Ceará -, cada um com cerca de 400 mil novos empregos nos 10 anos da análise. Maranhão e Paraíba, com 143 mil e 129 mil, respectivamente, ocupam posição mediana. Rio Grande do Norte, Piaui e Sergipe registram pouco mais de 100 mil novas vagas, ficando Alagoas em último lugar, com 66 mil novas vagas de trabalho. A Tabela 2 e o Gráfico 4 permitem a verificação e visualização dos resultados obtidos. Tabela 2 - Nordeste e Estados da Região - Saldo de Empregos Gerados NE PE AL PB PI SE RN MA CE BA

5 3 Empregos no Rio Grande do Norte O mercado de trabalho potiguar sofreu duramente os efeitos da crise econômica brasileira. A vizinha Paraíba, por exemplo, semelhante em território, clima e população, tinha um estoque de 406,5 mil trabalhadores celetistas, em 2016, enquanto o estoque do Rio Grande do Norte era de 435,3 mil, também em Nos últimos 10 anos a Paraíba criou 129,0 mil novas vagas de trabalho, enquanto neste Estado foram criadas 106,5 mil. No Rio Grande do Norte (assim como no Nordeste e no Brasil) os números positivos registrados em 2010 decorreram, em sua maioria, de reposição de vagas extintas em 2009, a primeira crise econômica após o plano real. Pode-se dizer, assim, que os primeiros quatro anos de série registrou média anual de 20 mil novos empregos, média que baixou para menos de 13 mil entre 2011 e 2014, chegando à perda de 11,9 mil em 2015 e 15,8 mil em 2016.

6 A busca para identificar onde estão os novos empregos levou à elaboração da Tabela 3, restrita aos últimos três anos, tendo em vista profundas mudanças que podem existir de um ano para outro, inserindo ou alijando um município desta Tabela. Natal, por exemplo, que em 2012 figurava no topo da lista, tendo criado 52,4% dos empregos potiguares, foi inserida nesta apenas como registro, já que em 2016 ficou em último lugar dentre todos os municípios, com perda de vagas de trabalho, ou 61,0% de todas as vagas extintas no ano. Campo Redondo figura nas estatísticas oficiais com o surpreendente número de quase dois mil empregos gerados. Tabela 3 - Municípios do RN - 20 maiores geradores de emprego Município Total Total 20 maiores municípios geradores de emprego formal º Campo Redondo º Goianinha º Nova Cruz º Apodi º Ipanguaçu º São Bento do Norte º Pedra Grande º Porto do Mangue º Jucurutu º Baia Formosa º Pureza º Maxaranguape º São Fernando º Nísia Floresta º Tibau º Serra Caiada º Afonso Bezerra º Espírito Santo º Extremoz º São Vicente º Natal

7 A Tabela 4 i mostra a distribuição dos empregos por atividade econômica e deixa claro que a crise afetou todos elas, com maior ou menor intensidade. Há também instabilidade em diversos ramos, principalmente na indústria, com números positivos e negativos que se alternam ao longo dos 10 anos. Duas situações fogem a essa premissa, como serviços médicos, odontológicos e veterinários, com série positiva em todos os anos e números sempre próximos à média de 720 vaga novas criadas, além de agropecuária, que após quatro anos de retração no número de empregos passa a registrar números positivos, sendo em 2016 os mais altos da série. Tabela 4 - RN - Setores de Atividades Econômica a 2016 SETORES TOTAL EXTRATIVA MINERAL INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO Indústria de produtos minerais não metálicos Indústria metalúrgica Indústria mecânica Indústria do material elétrico e de comunicações Indústria do material de transporte Indústria da madeira e do mobiliário Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica Indústria da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas Indústria química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos Indústria de calçados Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico SERV INDUST DE UTIL PÚBLICA CONSTRUÇÃO CIVIL COMÉRCIO Comércio varejista Comércio atacadista SERVIÇOS Instituições de crédito, seguros e capitalização Com. e administração de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico Transportes e comunicações Serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção, redação Serviços médicos, odontológicos e veterinários Ensino ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AGROPECUÁRIA

8 4 Relação Entre Empregos Gerados e Tamanho da Empresa Existe uma relação direta entre o tamanho da empresa e os empregos por ela gerados. Em períodos de crise esta relação se intensifica, principalmente porque a micro e pequena empresa é mais adaptável, resistindo ou se adequando às mudanças. Assim, torna-se um abrigo ao desemprego. Por outro lado, médias e grandes empresas geram empregos em maior número e de melhor qualidade, seja em salários ou segurança para trabalhadores. É preciso ressaltar que esse grupo detém o maior estoque de empregos do Brasil, fato que é reforçado quanto mais desenvolvida for a Região ou o Estado. Nas três tabelas a seguir são mostrados os percentuais da participação das faixas de tamanho das empresas e de seu potencial de criar (ou extinguir) postos de trabalho, em análises do Brasil, da Região Nordeste e do Rio Grande do Norte. Também nesses recortes geográficos foram criados os Gráficos 6,7 e 8, onde são visualizadas as curvas resultantes dos números dos saldos de empregos anuais. Brasil No quesito geração de empregos no Brasil a microempresa aparece em toda a série com números positivos, seja na participação relativa a outros segmentos ou mesmo em valores absolutos. O resultado final do saldo de empregos fica negativo porque as empresas de maior porte demitiram mais do que as contratações das microempresas. Tabela 5 - Brasil - Geração de Empregos por Faixa de Empresa Porte Microempresa 65,60% 77,99% 99,99% 67,81% 80,18% 98,98% 112,82% 233,83% 21,99% 12,67% Pequena Empresa 10,41% 7,26% -0,57% 12,04% 5,75% -2,09% -5,11% -54,02% -44,84% -43,88% Média Empresa 11,02% 6,73% 3,53% 11,46% 6,09% 2,16% 1,63% -34,49% -36,50% -33,25% Grande Empresa 12,96% 8,02% -2,95% 8,68% 7,97% 0,96% -9,34% -45,33% -40,64% -35,55% Gráfico 6 - Brasil - Geração de Empregos por Faixa de Empresa Microempresa Pequena Empresa Média Empresa Grande Empresa

9 Nordeste Repetiu-se, no Nordeste, a tendência verificada no Brasil de maior geração de empregos na microempresa do que nas pequenas, médias e grandes empresas (Tabela 6). Também é semelhante ao do Brasil a curvatura das linhas indicando as tendências do movimento do emprego (Gráfico 7). Há, porém, uma diferença marcante quanto a grandes empresas, no Nordeste, Região em que seu peso econômico levou a linha das grandes empresas a se descolar daquelas que indicam as pequenas e médias empresas, seja em quedas (2008, 2012 e 2015) ou no crescimento de Tabela 6 - Nordeste - Geração de Empregos por Faixa de Empresa Porte Microempresa 77,07% 84,27% 80,94% 71,62% 87,49% 125,82% 129,06% 200,92% 40,08% 7,26% Pequena Empresa 8,43% 6,90% 4,54% 12,11% 6,21% -0,01% -0,34% -24,70% -48,48% -46,76% Média Empresa 7,57% 8,76% 7,41% 10,32% 0,68% -3,43% -3,42% -27,84% -39,07% -35,37% Grande Empresa 6,92% 0,08% 7,11% 5,95% 5,63% -22,38% -25,30% -48,38% -52,52% -25,13% Gráfico 7 - Nordeste - Geração de Empregos por Faixa de Empresa Microempresa Pequena Empresa Média Empresa Grande Empresa

10 Rio Grande do Norte A situação de empregos no Rio Grande do Norte (Tabela 7) tende a repetir o que foi verificado no país e na Região, guardadas as peculiaridades e dificuldades de uma economia historicamente incipiente, sofrendo com reflexos da seca que perdura por cinco anos consecutivos, deixando o solo potiguar na iminência de forte crise hídrica, inclusive para consumo animal e humano, caso não haja chuvas para reposição dos açudes e reservatórios. Note-se, porém, que a despeito desse fenômeno, a agropecuária potiguar é o único segmento que mostra tendência de crescimento de empregos, tendo sido, em 2016, seu maior criador (Tabela 4). Tabela 7 - RN - Geração de Emprego por Faixa de Empresa Porte Microempresa 84,19% 89,57% 154,44% 86,31% 146,95% 133,71% 122,91% 138,24% 43,39% 6,26% Pequena Empresa Média Empresa Grande Empresa 9,91% -5,49% -10,72% 14,14% 5,37% -1,58% -9,53% -34,50% -79,55% -70,19% 6,26% 11,34% -3,01% 5,37% 0,63% -11,52% -17,70% -5,97% -44,33% -26,51% -0,36% 4,58% -40,70% -5,82% -52,95% -20,61% 4,32% 2,22% -19,51% -9,56% Apesar da relevância da microempresa na geração de empregos, que equilibrou durante meses e anos as quedas causadas por demissões nas empresas de maior porte, é evidente que está se exaurindo sua capacidade de resistência. Em 2016 essa faixa está muito próxima de zero, com tendência de baixa, tendência seguida pela pequena empresa. Médias e grandes, embora ainda mantendo números negativos, mudaram a trajetória de declínio de suas curvas (Gráfico 8). Gráfico 8 - RN - Geração de Empregos por Faixa de Empresa Microempresa Pequena Empresa Média Empresa Grande Empresa

11 Conclusões No estudo sobre a relação entre emprego e tamanho da empresa fica claro que a microempresa deve ser encarada como uma força capaz de mitigar o problema do desemprego. Aquelas com até 4 empregados lideram o ranking da geração de empregos, mas essa classificação, feita pelo IBGE, não foi incluída nesta análise. Caso esse segmente tivesse sido incluído, outras conclusões poderiam ter surgido. É relevante também considerar que a instituição da figura do MEI Microempreendedor Individual, em 2008, foi um poderoso instrumento a amainar o desemprego, permitindo ao empreendedor individual ou com até um empregado, um caminho próprio no mundo dos negócios. Possivelmente os índices de desemprego seriam ainda maiores sem a existência do MEI. O número de 12,342 milhões de desempregados brasileiros, em dezembro de 2016, extrapola o grave drama pessoal e familiar de cada um. É também um drama social e econômico, que agrava problemas como criminalidade e provoca interrupção no ciclo de educação e capacitação, base para o desenvolvimento de uma sociedade. O desemprego é, ainda, um freio econômico pela inibição ao consumo e, consequentemente, à produção. Entender essas relações é vital para a percepção da relevância do emprego na economia, fato a que se propõe esta análise, que pode ser aprofundada e melhorada com a inclusão de outras variáveis. Fontes: SEBRAE/RN Av. Lima e Silva, 76 Lagoa Nova i Embora colhidos na mesma fonte (MTE/CAGED), há pequenas diferenças entre os números totais e aqueles registrados nos setores de atividade.