Sujeito simples e composto Sujeito explícito

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1 Linguagem e metalinguagem Classes gramaticais e descrição Módulos 1 Sujeito simples e composto 13 Crônica: interpretação 2 Vícios de linguagem 14 e 15 Prática de Redação (4) 3 Prática de Redação (1) 16 Predicado verbal 4 Sujeito oculto e indeterminado 17 Crônica narrativa: interpretação 5 Crônica 18 Complementos verbais 6 e 7 Prática de Redação (2) 19 Interpretação de textos metalinguísticos 8 Sujeito inexistente 20 Predicado verbo-nominal 9 Funções da linguagem 21 Provérbios e ditos populares 10 e 11 Prática de Redação (3) 22 e 23 Prática de Redação (5) 12 Predicado nominal 24 Adjunto adverbial 1 Sujeito simples e composto Sujeito explícito Núcleo do sujeito Sujeito e predicado constituem a oração. Quando con - ju gamos um verbo, estamos construindo orações com sujeito e predicado. Assim, em eu ando, o pronome eu é o sujeito e ando é o predicado, valendo a mesma análise para toda a conjugação (tu andas, ele anda etc.). Se omitir mos o pronome, dizemos que o sujeito está oculto ou elíptico: Andamos (sujeito oculto: nós). Se, em vez do pro no me ele(s), houver um ou mais de um substantivo, o sujei to será esse(s) substantivo(s). Compare: Ele chegou / Paulo chegou; Eles chegaram / Paulo e Regina chegaram. É, portanto, muito simples e fácil definir o sujeito. No entanto, as gramáticas tradicionais apresentam defini ções problemáticas, defeituosas ou insuficientes. Consideremos, para começar, que, embora o sujeito seja classificado como termo essencial da oração, pode haver orações sem sujeito, como, por exemplo: É tarde; Trovejou a noite toda; Escureceu rapidamente; São duas horas; Há políticos honestos etc. Vejamos algumas definições correntes de sujeito: 1. a Sujeito é o ser de quem se declara algo. 2. a Sujeito é o ser que pratica a ação verbal. 3. a Sujeito é o ser que pratica ou sofre a ação verbal. PORTUGUÊS 269

2 Consideremos, agora, algumas frases: 1. Ganhei um gato lindo, com pelos pretos e sedosos, olhos verdes e muito manhoso. Você deve ter percebido que o sujeito está oculto, é o pronome pessoal eu, mas é sobre o gato que se declara algo, o que pode confundir quem considera a primeira definição de sujeito. 2. Aquela casa foi comprada pelo meu tio. O sujeito da oração é aquela casa, considerado sujeito paciente, pois não é ele que pratica a ação verbal, pelo contrário, sofre a ação do verbo comprar. Assim, a segunda definição de sujeito não contempla essa oração. 3. A criança ficou feliz com o presente. O sujeito ( a criança ) está explícito na frase, não há dúvida quanto a sua classificação, porém ele não pratica nem sofre a ação expressa pelo verbo, já que o verbo ficar é de ligação e apenas liga o sujeito ao estado ( feliz ) da criança. Aqui, nem a segunda nem a terceira definição de sujeito podem ser aplicadas. Leia o haicai de Custódio. ( 1 (UFTM MODELO ENEM) Analise as afirmações. I. Nas suas três ocorrências, a palavra nada pertence à mesma classe gramatical inva - riável. II. Nas duas ocorrências, a palavra que é um pronome rela ti vo, pois, além de ligar orações, retoma termos da oração anterior. III. As formas verbais Sabe e deixe têm o mesmo sujeito gramatical. É correto afirmar que a) I, II e III são verdadeiras. b) apenas I é verdadeira. c) apenas II é verdadeira. d) apenas III é verdadeira. e) I, II e III são falsas. A afirmação I está incorreta, porque na primeira ocorrência nada é verbo; na segunda e na ter cei ra, pronome indefinido. A afirmação II é des cabi da, porque apenas o segundo que é pro - no me relativo, o primeiro é conjunção inte gran - te. Em III, o sujeito de saber é oculto ele (o peixe), o sujeito de deixar é o pronome relativo que. Resposta: E 2 (PUC MODELO ENEM) Indique a alter - nativa correta no que se refere ao sujeito da oração: Da chaminé da usina subiam para o céu nuvens de fumaça. a) Simples, tendo por núcleo chaminé. b) Simples, tendo por núcleo nuvens. c) Composto, tendo por núcleo nuvens de fumaça. d) Simples, tendo por núcleo fumaça. e) Simples, tendo por núcleo usina. No enunciado o sujeito é nuvens de fumaça. A oração está em ordem indireta: Nuvens de fumaça subiam da chaminé da usina para o céu. Resposta: B 3 (UEL MODELO ENEM) Foi impossível a venda do terreno, mas eles deixaram (a) os documentos lá porque precisavam (b) de precisavam de uma cópia autenticada, (c) que seria feita por um funcionário, assim (d) assim que eles fechassem o expediente. (e) É sujeito de uma oração o segmento assinalado com a letra a) a. b) b. c) c. d) d. e) e. Colocando-se a oração em ordem direta, evidencia-se a função de sujeito: A venda do terreno foi impossível. Em b e e, os termos grifados funcionam como objeto direto; em d, objeto indireto; em e, agente da passiva. Resposta: A No Dicionário Houaiss, encontra-se a seguinte definição: Sujeito é o termo da oração sobre o qual recai a predicação da oração e com o qual o verbo concorda. 1 Considere a seguinte oração: O ruído dos automóveis festejava a vitória. (Alcântara Machado) a) Qual é o sujeito da oração? O sujeito é o ruído dos automóveis. b) Com que palavra do sujeito o verbo concorda? Concorda com o núcleo do sujeito ruído. c) Transcreva o predicado. festejava a vitória. NÚCLEO DO SUJEITO: quando o sujeito é constituído por expres são de mais de uma palavra, o núcleo do sujeito é sua palavra principal, que não se subordina a nenhuma outra e é o centro de sua significação. 2 a) Agora analise a frase abaixo e tente aplicar a definição dada pelo dicionário. Lembre-se de que retirando-se o sujeito, o que resta na frase é o predicado. Chove torrencialmente. Nessa oração não há sujeito (inexistente), portanto o predicado é a frase toda. Assim, a definição do dicionário não se aplica a esse caso. b) Com base na explicação dada no exercício anterior, tente justificar por que a forma verbal Chove está no singular. Quando a oração não tem sujeito (sujeito inexistente), o verbo fica na terceira pessoa do singular, porque não tem com que ou com quem concordar. 3 Com base nas definições vistas e em suas conclusões sobre elas, qual seria a melhor definição para sujeito? Sujeito é o termo com o qual o verbo concorda. 270 PORTUGUÊS

3 4 Observe os verbos e o contexto em que estão inseridas as frases do texto abaixo. Em seguida, complete as lacunas com as palavras que estão depois do texto, de maneira que a narrativa tenha sentido. AMADA NEVE Um dia, a neve surpreendeu-me na montanha. O céu estava azul, a paisagem estendia-se imensa e tranquila. De repente, as centelhas de neve começaram a luzir daqui, dali, como vaga-lumes de prata. As galinhas corriam para seus abrigos, o cãozinho suspendia as orelhas e a cauda, os lavradores enfiavam, apressados, suas capas de palha. E a neve caía, cada vez mais densa, e logo os telhados e as árvores foram ficando brancos e o céu perdeu sua cor, não houve mais horizontes, a paisagem era uma enorme folha de papel com breves linhas e ponti nhos negros, tal uma gravura com sucintas indicações de vales, povoações, estradas... O mundo parecia desabitado e morto. (Cecília Meireles) a) o céu (duas vezes) b) O mundo c) As galinhas d) o cãozinho e) a paisagem (duas vezes) f) as centelhas de neve g) os telhados e as árvores h) a neve (duas vezes) i) os lavradores 5 a) Qual a função sintática das palavras que preencheram as lacunas do texto? Todas são sujeito. b) Há, no texto, algum sujeito com mais de um núcleo? Sim, a expressão os telhados e as árvores constitui sujeito composto. c) Qual a classe gramatical dos núcleos dos sujeitos? São todos substantivos. 6 Examine atentamente as orações a seguir. Formule perguntas usando quem ou que antes dos verbos. Em seguida, grife a resposta à pergunta formulada. (Obs.: Só leve em conta verbos conjugados, não verbos no infinitivo.) a) O silêncio era sepulcral. (Machado de Assis) b) Não parece um disparate este bilhete? (Aluísio Azevedo) c) Os pequenos são dois, um menino e uma menina. (Artur Azevedo) d) Pelo caminho tudo lhe sorria. (Lima Barreto) e) Educar é ensinar a pensar. (Paulo Francis) f) Era João dos Passos um rapaz de vinte e tantos anos, estatura regular, bigode raro e barba rapada. (Machado de Assis) g) Caíram na risada as duas. (Mário de Andrade) h) Aguiar e eu apertamos a mão um do outro. (Machado de Assis) i) Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância... (Rubem Braga) j) A curiosidade é o pavio do aprendizado. (William Arthur Ward) 7 Em qual das frases do exercício anterior o sujeito não pode ser classificado como simples? Apenas no de letra h: Aguiar e eu sujeito composto. 8 Você deve ter observado que os núcleos dos sujeitos que você grifou no exercício 6 são substantivos ou palavras subs - tantivadas. Transcreva os núcleos do sujeito que são palavras substantivadas. pequenos, Tudo, educar e duas. 9 (FUVEST) CONVERSA NO ÔNIBUS Sentaram-se lado a lado um jovem publicitário e um velhinho muito religioso. O rapaz falava ani madamente sobre sua profissão, mas no tou que o assunto não despertava o mesmo entu siasmo no parceiro. Justificou-se, quase desa fiando, com o velho chavão: A propaganda é a alma do negócio. Sem dúvida, respondeu o velhinho. Mas sou daqueles que acham que o sujeito dessa frase devia ser o negócio. a) A palavra alma tem o mesmo sentido para ambas as personagens? Justifique. b) Seguindo a indicação do velhinho, redija a frase na versão que a ele pareceu mais coerente. a) Alma, no contexto, pode significar essência ou fa tor funda - mental. O sentido, portanto, é o mes mo para ambas as perso - nagens. b) O negócio é a alma da propaganda. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M101 PORTUGUÊS 271

4 J (FGV MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que o pronome você exerça a função de sujeito do verbo destacado. a) Cabe a você alcançar aquela peça do maleiro. b) Não enchas o balão de ar, pois ele pode ser levado pelo vento. c) Ao chegar, vi você perambulando pelo shopping center da Mooca. d) Ei, você, posso entrar por esta rua? e) Na Estação Trianon-Masp desceu a Angelina; na Consolação, desceu você. Basta transpor para a ordem direta para que se evidencie a função de sujeito: A Angelina desceu na Estação Trianon-Masp; você desceu na Consolação. Trata-se de sujeito posposto ao verbo. Resposta: E SUJEITOS DETERMINADOS Simples: tem um só núcleo. Exemplo: Soaram no silêncio, nítidos, os primeiros passos do burro. (Osman Lins) Sujeito: os primeiros passos do burro Núcleo do sujeito: passos Composto: tem mais de um núcleo. Exemplo: Pai jovem, mãe jovem não deixam menino solto. (G. Amado) Sujeito (composto): Pai jovem, mãe jovem Núcleos do sujeito: pai, mãe 2 Vícios de linguagem Ambiguidade Eco Pleonasmo Cacofonia 1 (UNIFESP MODELO ENEM) Chamase cacofonia ao som desa gra dável, provenien te da união das sílabas finais de uma palavra com as ini ciais da seguinte. (Dicionário Aurélio Básico da Língua Portu gue sa). Normalmente, a palavra produzida é de sentido ridículo e baixo. Podemos encontrar no texto passagem em que o autor poderia ter invertido a ordem dos termos, mas não o fez certa mente porque geraria uma cacofonia de muito mau gosto, até mesmo veiculadora de preconceito, o que seria alta - mente indesejável. Assinale a alternativa que ilustra os comentários sobre essa possibilidade de expressão linguís - tica. a) Você já ouviu a história de Adão e Eva? = Você já ouviu a história de Eva e Adão? b)...e deve se lembrar do que aconteceu com os dois. =...e deve lembrar-se do que acon - teceu com os dois. c)...o pobre coitado não resistiu. =...não resistiu o pobre coitado. d)...pagar um preço tão alto por uma simples maçã. =...pagar um preço tão alto por uma maçã simples. e) E, assim, nasceu a propaganda. = E a propa - ganda assim nasceu. A cacofonia ocorre na frase: Você já ouviu a história de Eva e Adão, pois a junção dos termos Eva e Adão sugere um sentido ridículo e baixo. Resposta: A 2 (UNESP MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que o emprego da pa la vra nível é adequado do ponto de vista da norma culta da língua. a) A nível de partido esta será a decisão mais adequada. b) Nunca se viu tanta exploração política a nível de televisão brasileira. c) Há pessoas que apreciam mais o clima de cidades que se situam ao nível do mar. d) Este aparelho a nível de à vista compensa muito mais do que a nível de a prazo. e) Ao nível da Justiça, fraudar eleições é mais grave do que roubar caminhões. A expressão a nível de refere-se a altitude ( à mesma altura ), em outras acepções pode-se usar em nível ou de nível + adjetivo: em nível mundial, aluno de nível médio. Deve-se, porém, evitar o emprego desta expressão em sentido figurado (melhor que em nível mundial é em âmbito mundial), pois o uso indiscriminado de a nível de ou em nível de é um dos vícios de linguagem mais frequentes no Brasil. Resposta: C 3 (AFA MODELO ENEM) Leia as frases abaixo. I. Paulo pegou o ônibus correndo. II. Sim, meu filho, neste momento tens meu consentimento para o casamento. III. Nosso hino é o mais belo do mundo. IV. Há três meses atrás eu já previa o resultado. Há vício de linguagem nas frases a) I, II, III e IV. b) I, II e III apenas. c) I e III apenas. d) II e IV apenas. Em I, há ambiguidade; em II, eco; em III, cacófato (suíno); em IV, pleonasmo. Resposta: A 4 (FGV) A concisão é uma qualidade da comunicação. Transcreva as frases a seguir, mas elimine o que for redundante. a) Compre dois sabonetes e ganhe grátis o terceiro. b) O jogador encarou de frente o adversário. c) O advogado é um elo de ligação entre o cliente e a Justiça. d) Certos países do mundo vivem em constante conflito. e) No momento não temos esse produto, mas vamos recebê-lo futuramente. a) Compre dois sabonetes e ganhe o terceiro. b) O jogador encarou o adversário. c) O advogado é um elo entre o cliente e a Justiça. d) Certos países vivem em conflito. e) No momento não temos esse produto, mas vamos recebê-lo. 272 PORTUGUÊS

5 Visando ao aprimoramento da linguagem, reescreva as frases a seguir, eliminando os vícios de linguagem que estão definidos em cada item. 1 Ambiguidade AMBIGUIDADE, duplo sentido ou anfibologia: defeito da frase que apresenta mais de um sentido. 1 O rapaz viu o crime da varanda. a) O rapaz estava na varanda quando viu o crime; b) O rapaz viu o crime que ocorreu na varanda. 2 Vi uma fotografia sua no ônibus. a) Vi uma fotografia sua fixada no ônibus. b) No ônibus, vi uma fotografia sua que estava comigo. 3 Peguei o ônibus correndo. a) Peguei o ônibus, enquanto eu corria. b) O ônibus corria (estava em movimento) quando o peguei. 2 Eco ECO: acúmulo, num período, de palavras com a mesma terminação. 5 Tenho a impressão de que sua atuação foi uma sensação. Acho (sinto, acredito) que seu desempenho (sua atuação) foi um sucesso (uma sensação). 4 Não tenho conhecimento do consentimento para o casamento. Desconheço a aprovação (anuência) para o casamento. 6 Realmente, a gente não tinha em mente esse projeto. Na verdade, nós não tínhamos em mente esse projeto. 7 O acusado foi interrogado pelo magistrado. O magistrado interrogou o réu. PORTUGUÊS 273

6 3 Cacofonia ou Cacófato CACOFONIA OU CACÓFATO: palavra desa gra dável pro duzida pela jun ção das sílabas de palavras vizinhas. O Os empresários fizeram um planejamento antecipado da aplicação de verbas. Os empresários fizeram um planejamento da aplicação de verbas. 8 Na vez passada saímos mais cedo. (vespa) Na última vez saímos mais cedo. 5 Queísmo V QUEÍSMO (Othon Garcia Comunicação em Prosa Moderna): repetição exaustiva da palavra que. 9 Nenhuma palavra doce saía da boca dela. (cadela) Nenhuma palavra doce saía de sua boca. J Receberá dez reais por cada hora de trabalho. (porcada) Receberá dez reais por hora de trabalho. P Quando chegaram, pediram-me que devolvesse o livro que me fora emprestado por ocasião dos exames que se realizaram no fim do ano que passou. Quando chegaram, pediram-me a devolução do livro que me fora emprestado por ocasião dos exames no fim do ano passado. K Há pessoas que têm fé demais. (fede) Há pessoas que têm muita fé. Q Camões, que é o autor do maior poema épico que já se escreveu em língua portuguesa, deixou também uma série de sonetos que são considerados obras-primas no gênero. Camões, autor do maior épico já escrito em língua portuguesa, deixou também uma série de sonetos considerados obras-primas do gênero. 4 Pleonasmo Vicioso PLEONASMO VICIOSO: emprego de palavra ou expres - são cujo sentido já está subentendido em outro termo. Elimine (risque) o termo ou expressão redundante. L O principal protagonista do livro Dom Casmurro é Bentinho. O protagonista do livro Dom Casmurro é Bentinho. M Nossa primeira prioridade é exterminar o desperdício. Nossa prioridade é exterminar o desperdício. R (UNAERP MODELO ENEM) Algumas vezes encon - tramos dificul da des ao usar algumas expressões da "moda", prin - cipal men te, por ouvirmos seu emprego de forma inadequada. Assinale a opção que traz a expressão usada de forma adequada: a) Você pensa como eu, logo suas ações vão de encon tro com as minhas. b) Vamos vender esse produto a nível de Brasil. c) Há dez anos atrás, eu o reencontrei. d) Referia-se ao livro cujo o autor acaba de morrer. e) Ao invés de falar o que sabia, calou-se. Em a, o correto seria "vão ao encontro das minhas"; em b, "por todo o Brasil"; em c, "Há dez anos", pois o emprego de "atrás" é pleo nás - tico; em d, "cujo autor". Em e, "ao invés de" foi empre gado cor - retamente, pois a frase contém os antônimos "falar" e "calou-se". Resposta: E S Que vício de linguagem você tem? Resposta pessoal. N Ela chegou como a brisa matinal da manhã. Ela chegou como a brisa matinal. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

7 4 Sujeito oculto e indeterminado Sujeito oculto, elíptico ou desinencial Sujeitos não-expressos 1 O único verbo com sujeito simples na tirinha é a) cheguei. b) veio. c) terei. d) Lamentamos. e) encomendou. No primeiro quadrinho, o verbo vir tem como sujeito simples minha pistola. Os demais verbos tem sujeito oculto ou elíptico: em a e c, sujeito oculto eu; em d, nós; em e, você. Resposta: B 2 Suponha que tenha havido o roubo de uma imagem em uma igreja do interior. Tanto o sacristão como um fiel foram ouvidos na delegacia. Compare o relato dos dois: 1. o ) Relato do fiel Dois homens bem trajados arrombaram a porta lateral da igreja. Quebraram a cúpula de vidro onde se encontrava a imagem e a levaram consigo. 2. o ) Relato do sacristão Arrombaram a porta lateral da igreja. Quebraram a cúpula de vidro onde se encontrava a imagem e a levaram consigo. Qual é a diferença entre os dois relatos? Que razões podem ter levado o sacristão a relatar o fato dessa forma? O relato do fiel determina quem praticou o roubo: dois homens bem trajados. O relato do sacristão não determina quem praticou a ação. Duas razões poderiam justificar a maneira vaga como o fato foi relatado pelo sacristão: ele não sabia quem cometeu o roubo ou sabia, mas não quis dizer. 3 (MACKENZIE MODELO ENEM) DESTINO ATROZ Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando os escreve e, por último, quando declamam os seus versos. (Mário Quintana) Nesse texto, o sujeito do verbo declamam é a) os (elíptico). b) indeterminado. c) eles (oculto). d) os seus versos (composto). e) três vezes (simples). O verbo está na 3. a pessoa do plural sem referente no texto. Resposta: B 4 (ITA MODELO ENEM)) Para uma pessoa mais exigente no que se refere à redação, especificamente a construções em que está em jogo a omissão do sujeito, só seria aceitável a alternativa: a) As mulheres devem evitar o uso de produtos de higiene feminina perfumados, pois podem causar irritações (...) ( Infecção urinária. In: A Cidade. Lorena, março/2002, ano IV, n. o 42.) b) E recomendável também não usar roupas justas, pois assim permite uma boa ventilação (...), o que reduz as chances de infecção. ( Infecção urinária. In: A Cidade. Lorena, março/2002, ano IV, n. o 42.) c) Alguns medicamentos devem ser ingeridos ao le van tar-se (manhã), e outros antes de dormir (noite), aproveitando assim seu efeito quando ele é mais necessário. (Boletim informativo sobre o uso de me - dicamentos, produzido por M & R Comuni ca - ções) d) Já a rouquidão persistente é sinal de abuso exces sivo da voz, o que pode levar à formação de nódulos (ca los) ou pólipos, e merecem atenção especial. ( Rou quidão: o que é e como ela afeta sua saúde vocal. Panfleto de divulgação do curso de Fonoau diologia. Lorena, abril de 2001.) e) As sequelas [causadas pelo herpes] variam de pa cien te para paciente e podem ou não ser perma nen tes. (Folha Equilíbrio. Folha de S. Paulo, 27/06/2002, p. 3.) Em todas as alternativas, salvo e, há omissão inepta do sujeito: em a, o sujeito de podem causar poderia ser tanto mulheres quanto produtos, embora seja logicamente este último; em b, não é possível encontrar o sujeito de permite ; em c, o sujeito de levantar-se, dormir e aproveitando não aparece na frase; em d, não se sabe qual é o sujeito de merecem nódulos, pólipos ou ambos? Resposta: E PORTUGUÊS 275

8 Leia, com atenção, o poema abaixo: Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive. (Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa) 3 Como você pôde perceber a quem se referia o sujeito oculto eles no poema de Manuel Bandeira? Pelo con texto. Os meninos carvoeiros é sujeito simples de pas- sam ; junto aos demais verbos grifados não há sujeito expresso, mas se entende que o sujeito elíptico eles remete também a meninos carvoeiros. 1 a) A partir das formas verbais sê, exagera, exclui, sê, põe e fazes, você pode reconhecer a pessoa gramatical a que se dirige o eu lírico. Qual é essa pessoa gramatical? Ela está explícita no poema? A pessoa gramatical é tu, 2. a pessoa do singular, e não está explícita no poema. b) Que nome recebe o sujeito não expresso, mas indicado pela desinência verbal? Chama-se sujeito oculto ou elíptico. 2 Agora leia o poema abaixo e grife os verbos cujo sujeito está oculto ou elíptico. MENINOS CARVOEIROS Os meninos carvoeiros Passam a caminho da cidade. Eh, carvoero! E vão tocando os animais com um relho enorme.... Quando voltam, vêm mordendo um pão encarvoado, Encarapitados nas alimárias, Apostando corrida, Dançando, bamboleando nas cangalhas como [espantalhos desamparados! (Manuel Bandeira) vão tocando, voltam, vêm mordendo, apos tando, dan - çan do, bamboleando sujeito oculto: eles (= os meninos carvoeiros ). [ATENÇÃO: o sujeito oculto ou elíptico é sempre indicado pela desi - nência verbal; por tanto, é sempre um pronome pessoal. Quando se trata de pronome de terceira pes soa, ele pode cor responder a algum(ns) substantivo(s) do texto, como neste caso, mas o sujeito elíptico propriamente dito é o pronome, não o(s) nome(s) que ele representa]. Concluindo: Sujeito elíptico (ou oculto): não expresso, indi cado pela desinência verbal e, em muitos casos, identificado pelo contexto. Exemplos: Vivemos sempre nesta cidade. Sujeito elíptico: nós (indicado pela desinência verbal) Ela concordava conosco. Ganhava, aos poucos, a nossa simpatia. Sujeito do verbo ganhar, elíptico: ela (identificado pelo contexto) 4 Classifique os sujeitos das orações abaixo, considerando o que você aprendeu até agora sobre os tipos de sujeito. a) Fechei os olhos, / meu coração doía. (Luandino Vieira) O sujeito é oculto (eu) para o verbo fechar e simples ( meu coração ) para o verbo doer. b) Acaba a prudência quando acaba a paciência. (ditado popular) Sujeitos simples: a prudência e a paciência. c) Pensamos muito, mas sentimos pouco. Temos mais neces sidade de espírito humano do que de mecanização. (Charles Chaplin) O sujeito é oculto (nós) para os três verbos. d) Os homens não melhoraram e matam-se como percevejos. (Carlos D. de Andrade) Os homens é sujeito simples do verbo me lhorar e corresponde ao sujeito oculto (eles) do verbo matar. e) Entraram dois deputados e um chefe político da paróquia. (Machado de Assis) Dois deputados e um chefe político da paróquia é sujeito composto. 276 PORTUGUÊS

9 [Fabiano] Não gostava de se ver no meio do povo. Falta de costume. Às vezes dizia uma coisa sem intenção de ofender, entendiam outra, e lá vinham questões. Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para alcançá-los. Era preciso aproveitar a disposição deles, deixar que andassem à vontade. (Graciliano Ramos, Vidas Secas) 6 (FESP MODELO ENEM) Em: Retira-te, criatura ávida de vin gan ça., o sujeito é a) te. b) inexistente. c) oculto. d) criatura. e) indeterminado. O sujeito é oculto (tu); criatura ávida de vingança é vocativo. Resposta: C 5 No trecho dado, as formas verbais entendiam e andas- sem estão na terceira pessoa do plural, mas a classificação do sujeito é diferente para cada uma delas. Classifique o sujeito e justifique sua resposta. O sujeito de entendiam não tem referente no trecho, ou seja, não se indica quem é o sujeito, o agente da ação verbal. Nesse caso, o sujeito existe, mas é indeterminado. No segundo trecho, andassem tem um sujeito oculto, eles, que o contexto permite identificar como os meninos, termo presente em oração anterior. Tendo respondido ao exercício 6, você descobriu a dife rença entre sujeito determinado (simples, composto ou oculto) e sujeito indeter minado. Concluindo: Sujeito indeterminado é aquele que existe, mas não podemos ou não queremos identificar com precisão. Ocorre em dois casos: com verbo na 3. a pessoa do plural, sem refe rência a ne nhum substantivo ou pronome anterior mente expresso; com verbo intransitivo, transitivo indireto ou de ligação acompanhado da partícula se, cha mada índice de indeter minação do sujeito. Por enquanto, você só irá deter-se no estudo do sujei to inde - terminado com verbo na 3. a pessoa do plural. Mais tarde, após estudar outros conceitos, você verá mais de ti damente a outra maneira de indeterminar o sujeito. 7 Com base nas aulas sobre sujeito, complete os quadros de resumo. SUJEITO Definição Termo com o qual o verbo concorda e ao qual o predicado se refere. Tipos simples: tem um só núcleo. composto: tem mais de um núcleo. elíptico (ou oculto): não expresso, podendo ser de - ter minado pela desi nên cia verbal e identificado pelo contexto. indeterminado: existe, mas não podemos ou não que - re mos identificá-lo com preci são. Definição: PREDICADO Tudo que se declara do sujeito (= o que resta na frase tirando-se o sujeito). No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M103 PORTUGUÊS 277

10 5 Crônica Gênero textual Flagrante do cotidiano O cotidiano é feito, em sua maior parte, de bana li da des, mesquinharias e irritações, esteja você em Paris ou em Barbacena. Observá-las, chamar atenção para elas por meio de linguagem escrita, transfor mando-as em breves mo - mentos poéticos, é tarefa que requer distanciamento, capacidade de abstração, certa maturidade vivencial trabalho de cronista, enfim, que resulta, como definem os teóricos, entre o conto e a poesia. (Bernardo Ajzenberg) A palavra crônica signi fica originalmente narração histórica, ou registro de acontecimentos organizados em ordem cronológica. Em épocas passadas, de sig nava qual - quer documento de caráter histórico. Nesse sentido, era cro - nista todo estudioso de História, hoje chamado historiador. Atualmente, o termo é reservado para nomear um gênero narrativo ou reflexivo breve, periódico, episódico e comunicativo, tendo merecido grande atenção por parte do público e da crítica. Os personagens são definidos apenas quanto ao momento da ação, pouco ou nada sendo dito sobre eles além do que possa interessar ao flagrante. Podemos dizer que a crônica corresponde a um flagrante do coti diano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, a uma abor dagem humorística, a uma reflexão existen cial, a uma passagem lírica ou a um comentário de interesse social. A linguagem é coloquial e, geral mente, irreve rente. Existem, na literatura brasileira atual, autores que fazem da crônica um grande meio de expressão literária. Os quatro mais conhecidos e consagrados pela crítica são Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade. Exatamente esses quatro cronistas foram esco lhi - dos para figurar no primeiro volume da coleção Para gostar de ler. Na abertura do livro esses cronistas, conjunta mente, recepcionam o leitor com as seguintes palavras: Experimente abrir este livro em qualquer página onde começa uma crônica. Crônica é um escrito de jornal que procura contar ou comentar histórias da vida de hoje. Histórias que podem ter acontecido com todo mundo: até com você mesmo, com pessoas de sua família ou com seus amigos. Mas uma coisa é acontecer, outra coisa é escre ver aquilo que aconteceu. Então você notará, ao ler a narração do fato, como ele ganha um interesse especial, produzido pela escolha e arrumação das palavras. E aí começa a alegria da leitura, que vai longe. Ela nos faz con- ferir, pensar, entender melhor o que se passa dentro e fora da gente. Daí por diante a leitura ficará sendo um hábito, e esse hábito leva a novas descobertas. Uma curtição. As crônicas serão apenas um começo. Há um infinito de coisas deliciosas que só a leitura oferece, e que você irá en - contrando sozinho, pela vida afora, na leitura dos bons livros. (Para gostar de ler. São Paulo: Ática, v.1, pp.4-5.) Antonio Candido, crítico literário, assim define esse gênero sempre presente em jornais e revistas: Por meio dos assuntos, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Além dos já citados, foram ou são cronistas notá veis: Machado de Assis, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinicius de Moraes, Luis Fernando Verissimo, Carlos Eduardo Novaes, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), João Ubaldo Ribeiro, Carlos Heitor Cony. Tipos de crônica As crônicas podem ser didaticamente classificadas em narrativas, descritivas, narrativo-descritivas, líricas, meta - lin guísticas, reflexivas e críticas. Apesar dessa classifi ca - ção, as crônicas são geralmente híbridas (mescla de moda lidades), não prescindindo da reflexão e do comentário. As crônicas podem ser dos seguintes tipos: 1 Crônica descritiva Predomina a caracterização de seres animados e inanimados no espaço carac teri za ção que pode ser viva como uma pintura, precisa como uma fotografia ou dinâmica como um filme:... o mato, a água, as pedras, o ar. Aquilo está ha vendo naquele mo men to, como o movimento de um grande animal bruto e branco morrendo, cheio de uma espan tosa vida desencadeada, numa agonia mons truosa, eterna, choran - do, chamando. E até onde a vista alcan ça, num semicírculo imen so, há montes de água estron dando neste cantochão, árvores tremendo, ilhas depen duradas, in - sanas, se toucan do de arco-íris, nuvens voan do para cima, como o es pírito das águas truci da das remon tando para o sol, fugindo à tor rente estreita e funda onde todas essas cachoeiras juntam absur damente suas águas es magadas ferventes, num atro pelo de espumas entre dois muros altíssimos de rocha. (Rubem Braga) Flagrante: momento. Pitorescos: originais. Inusitados: incomuns. Coloquial: típica da linguagem cotidiana, falada, oral. Cantochão: canto litúrgico essencial men te monódico; canto liso, canto gregoriano. Trucidadas: mortas barbaramente, com crueldade. Remontando: erguendo-se, elevando-se. 278 PORTUGUÊS

11 2 Crônica narrativa Episódio cativante cuja trama é leve, envolvendo muita ação, poucas perso nagens e, geralmente, uma conclusão inusitada: Ao varar meio século de defuntos e caixões, a Funerária Boa Espe rança de São José do Barro ofere ceu, no Hotel Primor, almoço de confra ternização geral. Na entrada do robalo, Alcebilá quio Castanho, feliz pro prie tário do estabele cimento, pediu a palavra, firmou as mãos na mesa e soltou o seu improviso. Assim: Deus mata e a Funerária Boa Esperança enterra auxiliada pelos bons serviços do doutor Manequinho Condeixa, que passa atestado de óbito em qual quer bronquite ou resfriado. Sem o doutor Manequinho, que zela por nós desde o tempo do cinema mudo, a Funerária Boa Esperança nunca que tinha chega do ao que chegou. O doutor sozinho é muito doutor de dar trabalho para um ce mitério inteiro. Ainda mais agora que comprou aparelhagem de operação. É o que sempre digo. O doutor Manequinho Condeixa é uma garantia para a Fu ne rária Boa Esperança, a que melhor vela pelos defuntos de São José do Barro. Na ponta da mesa, todo de preto, o doutor Manequinho Condeixa agra deceu comovido. Parecia um atestado de óbito. 3 Crônica narrativo-descritiva Predomina a nar ração com flagrantes descritivos: BRINQUEDOS (José Cândido de Carvalho) Ora, uma noite, correu a notícia de que o bazar se incen - diara. E foi uma espécie de festa fantástica. O fogo ia muito alto, o céu ficava todo rubro, voavam chispas e labare das pelo bairro todo. As crianças queriam ver o incên dio de perto, não se conten ta vam com portas e janelas, fugiam para a rua, onde brilha vam bombeiros entre jorros d água. A eles não interessava nada, peças de pano, cetins, cretones, cober - tores, que os adultos lamenta vam. Sofriam pelos cavalinhos e bonecas, os trens e os palhaços, fechados, sufocados em suas grandes caixas. Brinquedos que jamais teriam possuído, sonho apenas da infância, amor platônico. O incêndio, porém, levou tudo. O bazar ficou sendo um famoso galpão de cinzas. Felizmente, ninguém tinha morrido diziam em redor. Como não tinha morrido ninguém? pensa vam as crianças. Tinha morrido um mundo, e, dentro dele, os olhos amorosos das crianças, ali deixados. E começávamos a pressentir que viriam outros incên dios. Em outras idades. De outros brinquedos. Até que um dia tam - bém desaparecêssemos, sem socorro, nós, brinquedos que somos, talvez de anjos distantes! (Cecília Meireles) 4 Crônica lírica Predomina a linguagem dos senti mentos para tradu - zir poeticamente a nostalgia, a saudade e a emoção: E se um pequeno rumor chega ao seu ouvido e um vulto parece apontar na esquina, o guarda-noturno torna a trilar longamente, como quem vai soprando um longo colar de contas de vidro. E recomeça a andar, passo a passo, firme e cauteloso, dissipando ladrões e fantas mas. É a hora muito profunda em que os insetos do jardim estão completamente exta siados ao perfume da gardênia e à brancura da lua. E as pessoas adormecidas sentem, dentro de seus sonhos, que o guarda-noturno está tomando conta da noite, a vagar pelas ruas, anjo sem asas, porém armado. (Cecília Meireles) 5 Crônica metalinguística É a crônica que discorre sobre o próprio ato de escrever, o fazer literário, o ato de criação. A falta de assunto é um tema de sempre dos cronistas: A falta de assunto conjugada à quantidade absurda de cronistas em atividade no país tem provocado cenas hilárias no convívio dessa gente ô, raça! São dezenas, centenas, milhares de páginas em branco à procura de histórias para o fechamento da próxima coluna de cada um. Um troço engra - çado, uma novidade, um persona gem, um absurdo, boas e más notícias, um passeio, uma mulher, um prato de comida, qualquer coisa pode virar crônica e, ainda assim, a oferta de assuntos é insufi ciente para atender à demanda dos colu - nistas, coitados! (Tutty Vasques, No mínimo, revista extinta da Internet.) 6 Crônica reflexiva O autor tece reflexões de caráter geral, anali sando, em geral subje tivamente, os mais variados assuntos e situações: O beijo é uma coisa que todo mundo dá em todo mundo. Tem uns que gos tam muito, outros que ficam aborrecidos e limpam o rosto dizendo já vem você de novo e tem ainda umas pessoas que quanto mais beijam, mais beijam, como a minha irmãzinha que quando começa com o namorado dá até aflição. O beijo pode ser no escuro ou no claro. O beijo no claro é o que papai dá na mamãe quan do chega, o que eu dou na vovó quando vou lá e mamãe obriga, e que o papai deu de raspão na empregada noutro dia, mas esse foi tão rápido que eu acho que até foi sem querer... (Millôr Fernandes) Observação: Esta crônica faz parte da obra Compozissões Imfãtis, em que o autor imita o estilo da criança, com as características naturais da comunicação infantil. Robalo: tipo de peixe, de até 1,20m de comprimento. Improviso: sem preparação prévia, repentino, improvisado. Trilar: trinar, apitar. Dissipando: fazendo desaparecer. Extasiados: absortos, enlevados. Hilárias: brasileirismo, corruptela coloquial de hilariantes, divertidas, que provocam riso. PORTUGUÊS 279

12 As questões de números 1 a 4 baseiamse no texto abaixo. HOJE NÃO ESCREVO Chega um dia de falta de assunto. Ou, mais pro priamente, de falta de apetite para os milhares de assuntos. Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizen do, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples clari dade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a mar gi nália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário. (...) Que é isso, rapaz. Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos. Conclui que não há assunto, quer dizer: que não há para você, porque ao assunto deve corresponder certo número de sinaizinhos, e você não sabe ir além disso, não corta na verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida, fica em sua cadeira assuntando, assuntando. Então hoje não tem crônica. (Carlos Drummond de Andrade) 1 (UFORCEP MODELO ENEM) Consi - dere as seguintes afirmações: I. A ação de escrever priva, por vezes, o escritor de usufruir de coisas simples do cotidiano. II. Não basta haver variedade de assunto; escrever exige predisposição e inspiração. III. O escritor empenha-se em produzir textos de qua lidade superior à daqueles escritos por simples falantes da Língua. Está correto, em relação ao texto, o que se afirma em a) somente I e III. b) somente II e III. c) I, II e III. d) somente II. e) somente I e II. Não há nenhuma afirmação no texto que justifique o que se diz no item III. Resposta: E 2 (UFORCEP MODELO ENEM) No fragmento:...refle xos no espelho (infiel) do dicio nário, o adjetivo infiel denota que a) o escritor não pode dispensar o auxílio do dicio nário o que lhe garante a perfeição do texto. b) nem sempre o significado dicionarizado das pala vras satisfaz plenamente a busca daquele que escreve. c) as palavras dicionarizadas perdem a essência de seu significado, uma vez contex - tualizadas. d) o emprego adequado da palavra decorre da ativi dade de consulta ao dicionário. e) há matizes de significado entre as palavras arrola das na mesma série sinonímica. Nem sempre o significado dado pelo dicionário traduz o que o escritor pretende transmitir. Resposta: B 3 (UFORCEP MODELO ENEM) O seg - mento em que uma metáfora está explicitada em outra metáfora é: a)...purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário. b)...a vida estoura não só em bombas como também em dádi vas de toda natureza... c) O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália... d)...não corta na verdade a barriga da vida, não revol ve os intestinos da vida... e) Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. A metáfora revolve os intestinos da vida foi criada em função da metáfora anterior: não corta... a barriga da vida. Ambas significam que a crônica não trata de assuntos complexos relativos à vida dos indivíduos. Resposta: D 4 (UFORCEP MODELO ENEM) De acordo com o último parágrafo do texto, a) letras e escritor embaralham-se no momento de passar a expressão das ideias para o papel. b) momentos de reflexão são importantes para que o assunto venha a ocupar a mente daquele que es creve. c) escrever bem implica sensibilidade e talento na percepção da matéria a ser explorada na escrita. d) a indisposição para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos é própria das pessoas casmurras. e) a falta, bem como a abundância de assunto depen dem das condições intelectuais daquele que escreve. O último parágrafo e, principalmente, as metáforas que nele se encontram sugerem que o escritor deve ter capacidade de captar e expressar sentimentos. Resposta: C CRÔNICA Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapa pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. (Vinicius de Moraes) 5 (UNIFOR MODELO ENEM) No texto acima, Vinicius de Moraes busca definir a crônica como um gênero a) que se opõe a todas as outras formas de ficção, já que há nela muito mais trabalho com a linguagem. b) cuja principal característica é relatar eventos de interesse público, mantendo-se fiel a todos os detalhes que os singu larizam. c) menos extenso que outras formas de ficção, mas que enfrenta os mesmos desafios que os roman cistas ou cronistas. d) em que o narrador se sente amarrado às criaturas ficcionais a que ele mesmo vai dando vida. e) que se alimenta sobretudo de fatos recen - tes, aos quais dará uma nova e original inter - pretação. A crônica tem como característica a brevidade e o assunto corresponde a um flagrante do cotidiano que a sensibilidade do cronista trans - forma em reflexão crítica e bem-humorada. Resposta: E 280 PORTUGUÊS

13 Texto para as questões de 1 a 6. Um fenômeno interessante da literatura brasileira é a persistência da crônica. Antes se chamou folhetim, e sem - pre achou quem a cultivasse com tão boa mão, que os seus produtos, efêmeros em teoria, se reúnem não obstante com felicidade no livro, resistindo bem à prova deste veí - culo de escritos destinados a vida mais longa. As de Alencar são muito boas; são excelentes as de Machado de Assis e Olavo Bilac; as de João do Rio ainda se leem com prazer. Embora seja imprudente comparar sem a perspectiva do tempo, talvez se possa dizer que estamos no período áureo da crônica brasileira. Mesmo porque, só agora tem sido cultivada como gênero autônomo, capaz de absorver vocações que até aqui preferiam realizar-se noutros, tomando-a como linha auxiliar. É notadamente o caso de Rubem Braga, que se realiza como escritor de alto porte sem deixar os seus limites. Outros, todavia, encontram nela válvula para com ponentes secundários da perso nali - dade literária, e, sem nela se fecharem, trazem-lhe contri - buição de igual nível. Em consequência, ela se vem tor - nando um dos ângulos mais vivos do panorama literário. (Antonio Candido, Textos de intervenção) 1 (FUVEST) No primeiro parágrafo do texto, está pressuposto que as crônicas a) destinam-se originalmente, em geral, à publicação em jornais e revistas. b) são escritas como peças individuais e isoladas, mas já prevendo sua posterior reunião em livro. c) dependem da publicação em livro para alcançar o reco - nhecimento do público e da crítica. d) variam conforme o tipo de veículo de comunicação a que se destinam. e) deveriam ser sistematicamente reunidas em livro, para que não se perdessem no tempo. Resposta: A 2 (FUVEST) Em: As de Alencar são muito boas; são excelentes as de Machado de Assis e Olavo Bilac; as de João do Rio ainda se leem com prazer., encontra-se uma a) gradação crescente, que revela o progresso do gênero crônica, do primeiro ao último autor mencionado. b) gradação decrescente, que hierarquiza os autores citados. c) enumeração de autores que, embora de valores diversos, guardam igualmente interesse. d) sucessão cronológica de autores, que enfatiza a descon - tinuidade da produção de crônicas ao longo do tempo. e) comparação entre os cronistas do passado, realizada com intenção irônica. Resposta: C No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M104 3 (FUVEST) A ressalva expressa pelo autor em: Embora seja imprudente comparar sem a perspectiva do tempo... refere-se a) ao risco que se corre quando se avaliam obras ainda muito recentes. b) à dificuldade de se compararem obras produzidas em períodos históricos muito afastados uns dos outros. c) ao problema de se privilegiar as obras do passado, em detrimento das obras do presente. d) à pressa com que habitualmente são avaliadas, na crítica jornalística, as obras literárias recentes. e) à carência de uma definição da crônica literária, que servisse de base para o juízo crítico responsável. Resposta: A 4 (FUVEST) Segundo o texto, o escritor Rubem Braga a) tem na crônica um meio auxiliar de expressão, secundário em relação às suas outras atividades literárias. b) pratica a crônica como um gênero autônomo, embora prefira outros gêneros literários. c) ultrapassa os limites da crônica, elevando-a ao nível da grande literatura. d) utiliza a crônica como um veículo adequado aos limites relativamente estreitos de sua capacidade literária. e) encontra na crônica um gênero para a realização plena de seu talento. Resposta: E 5 (FUVEST) O texto afirma ainda que outros escritores a) utilizam a crônica como mera válvula de escape para sentimentos menos elevados, produzindo obras de nível igualmente secundário. b) produzem crônicas de qualidade inferior às de Rubem Braga, mas ainda assim contribuem para enriquecer o pano rama da literatura brasileira. c) não têm na crônica seu gênero preferencial e exclu si vo, mas a praticam, também, com alta qualidade literária. d) não se concentram na prática da crônica, dispersando seu talento em gêneros secundários. e) encontram na crônica um gênero propício à repre sentação de personagens secundárias, menos adequadas aos gêneros mais complexos. Resposta: C 6 (FUVEST) Considerando-se o contexto, o trecho:...efê - me ros em teoria, se reúnem não obstante com felicidade no livro,... está reconstruído de modo a não alterar o sentido do texto apenas em: a) mesmo sendo teoricamente transitórios, são reunidos com felicidade no livro. b) visto que são inspirados em teoria, seriam reunidos com felicidade no livro. c) desde que sejam teoricamente perenes, são certa mente reunidos com felicidade no livro. d) são duradouros em teoria, para que sejam reunidos com felicidade no livro. e) sendo teoricamente passageiros, serão obviamente reunidos com felicidade no livro. Resposta: A PORTUGUÊS 281

14 Texto para o teste 7. O JIVARO Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações, e o índio lhe disse que exatamente ele tinha contas a acertar com um inimigo. O Sr. Matter: Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um macaco. E o índio: Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal! (Rubem Braga) 7 (ENEM) O assunto de uma crônica pode ser uma expe - riência pessoal do cronista, uma informação obtida por ele ou um caso imaginário. O modo de apresentar o assunto também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma exposição argumen - tativa ou uma narrativa sugestiva. Quanto à finalidade pre - tendida, pode-se promover uma reflexão, definir um sentimento ou tão somente provocar o riso. Na crônica O jivaro, escrita a partir da reportagem de um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes elementos: a) b) c) d) e) Assunto Modo de apresentar Finalidade caso imaginário informação colhida informação colhida experiência pessoal experiência pessoal descrição objetiva narração sugestiva descrição objetiva narrativa sugestiva exposição argumentativa provocar o riso promover reflexão definir um sentimento provocar o riso promover reflexão O assunto do texto não é um caso imaginário (alter nativa a) nem uma experiência pessoal (alternativas d e e). Trata-se, eviden te mente, da informação colhida (alternativas b e c) colhida, como informa o enunciado do teste, na reportagem de um jornal. O modo de apresentação é, claramente, narrativo, tratando-se de uma história sugestiva, ou seja, que sugere significação que vai além do que é contado. Portanto, trata-se de um texto cuja finalidade é promover reflexão no caso, reflexão acerca da visão das relações humanas e da justiça contida na fala. Resposta: B 8 Sujeito inexistente Oração sem sujeito Verbos impessoais Texto para o teste 1. Tu, Marília, agora vendo de Amor o lindo retrato, contigo estarás dizendo que é este o retrato teu. Sim, Marília, a cópia é tua, que Cupido é deus suposto: se há Cupido, é só teu rosto, que ele foi quem me venceu (Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu) 1 A respeito dos termos destacados nos versos acima, assinale a alternativa que apresenta uma afirmação incorreta. a) Tu primeiro verso é pronome pessoal do caso reto, funciona sintaticamente como sujeito de estarás dizendo e é o interlocutor (Marília) a quem se dirige o eu lírico. b) Em se há Cupido, o eu lírico põe em dúvida a existência de Cupido, termo que funciona como sujeito do verbo haver. c) Nas frases a cópia é tua e Cupido é deus suposto, o predicado é nominal, funcionando tua e deus suposto como predicativos do sujeito. d) No último verso, o pronome quem desem - penha a função de sujeito do verbo venceu. e) Os pronomes possessivos teu e tua quarto, quinto e sétimo versos designam pertences de Marília, cujo rosto é, para o eu lírico, a representação do Amor. O verbo haver é impessoal, não tem sujeito. Resposta: B 2 Em se há Cupido, o sujeito é classifi - cado como o da seguinte frase: a) Fazia um calor tremendo naquela tarde. b) Reputavam-no o maior comilão da cidade. c) Foi a luz gradativamente morrendo no céu. d) Os bandos de quero-queros saudavam os últimos raios de sol. e) Dos aterros sanitários saíam crianças com sacos às costas. O verbo haver, significando existir, é impessoal, fica na 3. a pessoa do singular e a oração não tem sujeito. Na oração com verbo fazer indi cando tempo ou clima, o sujeito é inexistente. Em b, o sujeito é indeterminado; em c, a luz é sujeito de foi; em d, o sujeito é os bandos de quero-queros; em e, crianças. Resposta: A 3 (UNIRIO-RJ MODELO ENEM) Em: Na mocidade, muitas coisas lhe haviam acontecido, temos oração a) sem sujeito. b) com sujeito simples e claro. c) com sujeito oculto. d) com sujeito composto. e) com sujeito indeterminado. Muitas coisas é sujeito simples da locução verbal ha viam acontecido. Obser - var que o verbo haver é auxiliar de acontecer. Resposta: B 4 (UNIP MODELO ENEM) Assinale a única alternativa que apresenta uma oração sem sujeito. a) Marina, morena Marina, você se pintou. b) Era primavera na serra... c) A serra do Rola-Moça não tinha esse nome não. d) Sonhei que tu estavas tão linda... e) Nada justifica a tortura. A oração com verbo ser indicando tempo, clima ou espaço não tem sujeito. Resposta: B 282 PORTUGUÊS

15 As ORAÇÕES SEM SUJEITO (orações com sujeito inexistente) ocorrem com os seguintes verbos impes - soais: os que indicam fenômenos da natureza; fazer ou estar na indicação de tempo ou clima; ser indicando tempo ou espaço; haver significando existir, ocorrer ou expres - sando tempo decorrido. 1 Nem toda oração apresenta sujeito. Muitas vezes o su jeito é inexistente. Examine atentamente os períodos a seguir. Formule perguntas usando quem ou que antes dos verbos sublinhados para encontrar o sujeito. Se houver sujeito determinado, sublinhe-o e classifique-o. a) Onde existe amor, há vida. (Mahatma Gandhi) Amor é o sujeito do verbo existir; o sujeito do verbo haver é inexistente. [Prova passar para o plural: Onde existem conflitos, há disputas.] b) Era inverno na certa no alto sertão. (José Lins do Rego) O sujeito é inexistente. c) Começou a chover grosso... (Domingos Pellegrini) O sujeito é inexistente. g) Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. (Fernando Sabino) O sujeito é inexistente para o verbo ser e oculto (eu) para o verbo entrar. h) Chovem boas notícias sobre o crescimento econômico. (Clóvis Rossi) Boas notícias sobre o crescimento econômico é sujeito simples. i) Um dia, no fim do verão, o Dourado amanheceu morto... (Simões Lopes) o Dourado. j) Fazia um tempão que não dava sinal de vida. (José Américo de Almeida) O sujeito é inexistente. 2 a) Classifique o sujeito do verbo destacado e justifique sua resposta. Havia cinco semanas que ali morava... (Machado de Assis) b) Na frase acima, substitua o verbo haver por fazer. a) O sujeito é inexistente, pois o verbo haver, indicando tempo decorrido, é impessoal e fica na terceira pessoa do singular. b) Fazia cinco semanas que ali morava. O verbo fazer também é impessoal, indicando tempo decorrido. d) Não pode haver acordo, nem compromisso, nem debate com a intolerância e o ódio. (Jacques Chirac) O sujeito é inexistente. e) Era noite de Natal. (Machado de Assis) O sujeito é inexistente. 3 a) Substitua o verbo grifado por existir. "Há coisas que melhor se dizem calando..." (Machado de Assis) b) Reescreva as duas frases (a do enunciado e a da resposta), empregando o verbo dever como auxiliar dos verbos haver e existir. a) Existem coisas que melhor se dizem calando. (O objeto direto "coisas" do verbo haver é sujeito do verbo existir.) b) Deve haver coisas que melhor se dizem calando. Devem existir coisas que melhor se dizem calando. f) Matamos o tempo, o tempo nos enterra. (Machado de Assis) Sujeito oculto (nós) para o verbo matar e sujeito simples "o tempo" para o verbo enterrar. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M105 PORTUGUÊS 283

16 4 (EFAM) Assinale a opção em que o verbo chover é pessoal: a) Se não chover, a festa no parque promete superar as expectativas. b) Tomara que chova três dias sem parar. c) Chovam bênçãos sobre nós. d) Nas últimas semanas, aqui tem chovido muito. e) Irei domingo ao campo, chova ou faça sol. Resposta: C Texto para o teste 7. Essenciais são os termos fundamentais da oração, sem os quais a oração deixa de existir. Essenciais no corpo humano são o sistema digestivo, respiratório e circulatório; essenciais no automóvel são o motor, o sistema de câmbio e freio, os pneus, a carroceria. Es senciais na oração são o sujeito e o predicado. (MIGUEL, Jorge. Curso de língua portuguesa. São Paulo: Habra, p. 250.) 5 (UNIBEM) Leia, com atenção, as frases a seguir: I. Vão haver, muitas vezes, obstáculos em nosso caminho. II. Vai haver, muitas vezes, obstáculos em nosso caminho. III. Vão existir, muitas vezes, obstáculos em nosso caminho. IV. Vai existir, muitas vezes, obstáculos em nosso caminho. Considerando a concordância dos verbos haver e existir, é correto o que se afirma apenas em: a) I. b) II. c) IV. d) I e IV. e) II e III. Resposta: E 7 (UFV MODELO ENEM) Se a afirmativa de MIGUEL fosse verdadeira, não teríamos oração em: a) Existia nas cabeças de Custódio e Aires uma série de interrogações. b) Aires e Custódio não pareciam concordes com o nome da tabuleta. c) Havia sérias interrogações nas cabeças de Custódio e Aires. d) Custódio e Aires se houveram muito bem na análise dos diversos nomes para a tabuleta. e) Graças a Aires, choveu uma série de sugestões para a tabuleta de Custódio. Se o sujeito fosse um termo essencial da oração como afirma o autor, não existiriam orações sem sujeito, como é o caso da oração com verbo haver na alternativa c. Resposta: C 6 (FUVEST) Assinale a alternativa que tem oração sem sujeito. a) Existe um povo que a bandeira empresta. b) Embora com atraso, haviam chegado. c) Existem flores que devoram insetos. d) Alguns de nós ainda tinham esperança de encontrá-lo. e) Há de haver recurso desta sentença. Resposta: E 8 (PUCC-SP) Se mais oportunidades, mais pessoas quanto ao novo regulamento. a) houvessem haveriam de se pronunciar. b) houvesse haveria de se pronunciar. c) houvessem haveria de se pronunciarem. d) houvessem haveriam de se pronunciarem. e) houvesse haveriam de se pronunciar. Resposta: E 9 Consultando a gramática, complete o quadro de resumo. ORAÇÃO SEM SUJEITO Definição Oração cujo verbo é impessoal e fica na terceira pessoa do singular. Verbos impessoais verbos que se referem a fenômenos meteorológicos; haver no sentido de existir; fazer referindo-se a fenômenos meteorológicos ou a tempo decorrido; ser na indicação de tempo (horas, data etc.) e distância. 284 PORTUGUÊS

17 9 Funções da linguagem Circuito da comunicação Elementos do circuito A classificação das funções da linguagem depende das relações estabelecidas entre elas e os elementos que participam do circuito da comunicação: 45 centímetros a mais que o soviético Victor Saneyev, até então recordista nessa prova. (Superinteressante, julho/2007) 2 Função emotiva ou expressiva Centrada no emis sor, o eu da comu nicação é aquela que exte rio riza o estado psíquico do emissor, traduzindo suas opi niões e emoções. Aparece, portanto, na primeira pessoa: A tua ausência, para que a minha dor não acha nome bastante triste, há de privar-me para sempre de me mirar nos teus olhos, onde eu vi tanto amor, que me enchiam de alegria, que eram tudo para mim? Ai de mim! Os meus perderam a luz que os alumiava e não fazem senão chorar. (Sóror Mariana Alcoforado, Cartas Portuguesas) O linguista russo Roman Jakobson, ba sean do-se nos seis elementos da comunicação, elaborou este quadro das funções da linguagem. Segundo ele, cada função é cen trada em um dos seis elementos que compõem o circuito da comunicação. O reconhecimento e a adequada utili zação das funções são fundamentais tanto na produção quanto no entendimento de qualquer tipo de texto. 1 Função referencial Centrada no contexto (a refe rência ou o referente da mensagem) é aquela que remete à rea lidade exterior; sua finalidade é informar o receptor. É usada prin - cipalmente em textos de caráter objetivo e teor infor - mativo: Nas 14 edições dos Jogos Pan-Americanos, 34 marcas mundiais foram quebradas. Só no Pan de 1967, em Winnipeg, foram 14 recordes batidos, dos quais 3 pelo nadador ame ricano Mark Spitz, o maior recordista mundial em Pan. O atletismo foi a modalidade que rendeu os dois únicos recordes conquistados por esportistas brasileiros em Pan-Americanos. Adhemar Ferreira da Silva foi bicam - peão no salto triplo e quebrou o recorde mundial no Pan de 1955, no México. Vinte anos depois, também no México e na mesma prova, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, deu à torcida brasileira um momento inesquecível. Saltou incrí veis 17,89 metros de distância, 3 Função fática Centrada no canal da comuni ca ção é aquela que tem por objetivo es ta belecer o contato com o receptor ( Olá, como vai? ), testar o funcio namento do canal ( Alô, está me ouvindo? ) ou prolongar o contato, na falta de outro conteúdo a comunicar ( Pois é, É fogo, É etc.): Olá, como vai? Eu vou indo, e você? Tudo bem? (Paulinho da Viola e Chico Buarque) 4 Função conativa ou apelativa Centrada no recep tor (tu ou você), a segunda pessoa da comunicação é aquela que tem por objetivo influir no compor ta mento do recep tor, por meio de um apelo ou ordem. Emprega verbos no impe rativo e vocativos. É utili zada principalmente em textos propagan dísticos e outros que visam a convencer o receptor a adotar alguma opinião ou comporta mento: Não acredites no que teus olhos te dizem, tudo o que eles mostram é limitação. Olha com entendimento, descobre o que já sabes e verás como voar... (Richard Bach) Beba coca-cola. PORTUGUÊS 285

18 5 Função poética 6 Função metalinguística Centrada na mensagem é aquela em que o es sencial é a organi za ção do texto (a mensagem), por meio da seleção e arrumação de palavras, dos efeitos sonoros e rítmicos, do jogo com figuras de linguagem e do aproveitamento de todo tipo de simetrias ou antissimetrias entre pala vras e fra ses. É utilizada principalmente em textos literários: Centrada no código é aquela voltada para a própria linguagem e seus ele men tos (palavras, regras gramaticais, estrutu ras da men sagem etc.). Também corresponde à fun ção meta lin guística o comentário ou explica ção de outros códi gos e suas mensagens (visuais, como a pintura ou o cinema; sonoros, como a música etc.): Podeis aprender que o homem é sempre a melhor medida; Mais, que a medida do homem não é a morte, mas a vida. (João Cabral de Melo Neto) A função poética ocorre também em textos em que o discurso convencional recebe uma configuração nova, produzindo um efeito estético inesperado (humor, im - pacto, estranheza): Filho de rico é boy, filho de pobre é motoboy. Lojas Marabraz Preço melhor Ninguém faz (Nos casos desses exemplos, a função poética não predomina, como ocorre na poesia e na literatura; ela é uma função secundária.) O que significa olhar vulpino? Significa olhar de raposa. POEMAS Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... (Mário Quintana) 1 (ENEM) Indique o enunciado em que se busca persuadir o receptor por meio de uma objetiva argumentação socioeco nômica. a) Este balanço expõe o quadro deficitário da empresa, neste momento. Por ora, não é possível contratar mais pessoal. b) Não era nossa intenção magoá-lo, pois imaginávamos que ele viesse a se envergonhar de sua condição de desem pregado. c) Pareceu-me, desde sempre, que essa revolução nasceu para cumprir objetivos alheios aos que foram divulgados. Os fatos deverão comprová-lo. d) Levo um padrão de vida condizente com meus recursos, apesar de me encontrar endividado. Acredito que logo honrarei meus compromissos. e) Há muito suspeito de que essa crise nos atingirá. Os indícios estão no ar, só um cego não os vê. O receptor é persuadido a não contratar novos funcio ná rios porque os dados apresentados no balanço comprovam a crise financeira por que passa a empresa (argumento socioeconô mico). Resposta: A 2 (ENEM) O senhor siga junto ao rio, dobre à direita e suba a ladeira. A função conativa da linguagem, predominante na frase acima, decorre a) das referências feitas ao caminho a seguir. b) das indicações referentes ao emissor. c) do emprego das preposições e dos artigos. d) do tipo de coordenação sintática das orações. e) do emprego do pronome de tratamento e das formas verbais. A frase é dirigida a um receptor que é tratado por senhor, sujeito da oração. Os verbos que concordam com esse sujeito estão na 3. a pessoa do singular, no modo imperativo: siga, dobre e suba. Resposta: E Texto para o teste 3. Daqui a alguns anos, a água pode ser a bebida mais cara da sua mesa. Nos últimos 60 anos, o consumo de água no mundo quadruplicou, e a pre visão é de que em 2015 o consumo atinja o limite da dispo - nibilidade atual, que é de 9 trilhões de litros. Independente do avanço da tecnologia para degelar gelei ras e dessalinizar as águas, este assunto é motivo de preocupação no mundo inteiro. Mas, ficar preocupado não é o suficiente. Você tem o que fazer: recicle o lixo; dê preferência para produtos biode - gradá veis; não deposite lixo nem manipule pro - dutos tóxicos próximo de lagos e rios; não polua nem desperdice. Se cada um mudar a postura com relação ao meio ambiente, um pequeno gesto será muito mais do que uma simples gota no oceano. (Anúncio publicitário da Associação Gaúcha de Empresas de Obras de Saneamento AGEOS) 286 PORTUGUÊS

19 3 (U. PASSO FUNDO MODELO ENEM) No segmento em negrito do texto, a função predominante da lingua gem, manifesta por marcas linguísticas específicas, é a a) referencial, porque se privilegia o referente da mensagem, levando infor mações objetivas e inequívocas ao leitor. b) emotiva ou expressiva, porque se dá ênfase aos pontos de vista corporativos da AGEOS. c) conativa ou apelativa, porque há um explícito objetivo de persuadir o leitor a adotar determinado comportamento. d) metalinguística, porque há uma parti cular preocupação com a clareza do texto e, portanto, com o uso de termos ade quados ao contexto. e) poética, porque a mensagem é elabo rada de forma criativa, destacando-se, particularmente, o ritmo, evidente na sequência das recomenda - ções. A mensagem é dirigida ao receptor. Tanto o pronome de tratamento você quanto o emprego de verbos no imperativo (recicle, dê, não deposite, não polua) indicam que o interesse é convencer o leitor a tomar medidas de preservação ambiental. Resposta: C 4 (FAGA) No primeiro quadrinho não houve a transmissão de informação nova, uma vez que a intenção do emissor foi ape - nas fazer um cumprimento, puxar conver - sa. A função da lingua gem que apresenta esta característica é a a) metalinguística. b) poética. c) emotiva. d) fática. e) apelativa. A expressão oi cara! é uma forma convencional de iniciar uma conversa, estabelecer contato. Quando as mensagens se referem ao canal de comunicação, iniciando, testando ou encer rando o contato, tem-se função fática. Resposta: D Texto para o teste 1. ROSA DE HIROXIMA Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada (Vinicius de Moraes) 1 (UFABC) Assinale a alternativa correta sobre o poema transcrito. a) O emprego de formas de imperativo (pensem, não se esqueçam) é próprio da função apelativa da linguagem, e seu efeito de sentido é buscar a adesão do leitor. b) O texto é predominantemente informativo, principal mente porque a linguagem do autor é coloquial. c) Pela temática, o poema representa a poesia sensual neossim - bolista do autor, marcada pela quebra de convenções sociais. d) São características do estilo modernista, a que o autor adere: repetição de palavras e ritmo regular, de rimas perfeitas. e) A metáfora da rosa para referir-se à bomba de Hiroxima é pró pria para identificar a matriz denotativa do texto, cujo sentido é literal. As formas do imperativo são próprias da função cona - tiva ou apelativa da linguagem, e seu propósito é influir no leitor. Essa função, porém, é secundária aqui: ela se associa à função poé - ti ca, sempre predominante em poesia. [Notar que a poesia lírica quase sempre apresenta a função emotiva como secundária; em alguns casos, porém, a função secundária é a conativa.] Resposta: A Texto para o teste 2. ESTE INFERNO DE AMAR Este inferno de amar como eu amo! Quem mo pôs aqui n alma... quem foi? Esta chama que alenta e consome, Que é a vida e que a vida destrói Como é que se veio a atear, Quando ai quando se há-de ela apagar? (Almeida Garrett) 2 (UNIFESP-corrigido) Nos versos acima de Garrett, como em toda poesia, predomina a função poética da linguagem. Ao lado dela, destaca-se a função PORTUGUÊS 287

20 a) metalinguística da linguagem, com extrema valori zação da subjetividade no jogo entre o espiritual e o profano. b) apelativa da linguagem, num jogo de sentido pelo qual o poeta transmite uma forma idealizada de amor. c) referencial da linguagem, privilegiando-se a expres são de forma racional. d) emotiva da linguagem, marcada pela não contenção dos sentimentos e pelo subjetivismo. e) fática da linguagem, utilizada para expressar as ideias de forma evasiva, como sugestões. O eu lírico extravasa seus sentimentos e emoções, re presentados graficamente pela exclamação, as reti cências e a interjeição ai no último verso. O subjeti vismo também é marcado pela escolha lexical inferno de amar, que a vida destrói, atear, que denota descomedimento na expressão do sofri mento amoroso. Resposta: D 3 Indique duas características do texto acima que permitem afirmar que nele predomina a função poética da linguagem. Percebe-se que a própria mensagem isto é, a sua organização, a sua estruturação é o centro de interesse, quando se observa, por exemplo, que o número de sílabas dos versos é es tri tamente controlado (são versos eneassílabos: nove sílabas métricas até a última tônica), que as sílabas mais fortes (tônicas) ocupam posições determinadas (sempre na 3. a, 6. a e 9. a posições de cada verso, perfazendo três vezes a sequência fraca-fraca-forte). Essas características, somadas a outras, como as repetições de certos sons, criam o ritmo do texto um dos elementos importantes da poesia. E você? O que acha do movimento de liberação femi nina? Olha, no meu ponto de vista, sabe, a mulher tipo libe rada, sabe, é... bem... como eu estava dizendo, a mulher libe rada, fala, isto é, discute, sabe como é, né? Entendeu? Bem, no final das contas, você percebe, né, acho que esse tipo de mulher é isso aí. 4 Qual a função predominante na tirinha e no texto acima? Justifique sua resposta. Trata-se da função fática. Centrada no canal, checa a recep ção da mensagem e busca manter a conexão entre os falantes. Na tirinha, o canal (telefone) falha, a comunicação não se estabelece e a expressão fática repetida com insistência, alô, é uma tentativa de manter ou testar a conexão. No texto, a resposta dada à pergunta feita não acrescenta nenhuma informação rele vante, há apenas ruídos que mantêm a conexão entre os falantes. 5 (UFAC) Na sequência da tirinha acima, Hamlet explica a uma garota o que é amor. Em sua explicação, a personagem de Dick Browne serve-se de uma função da linguagem. Identi fique-a. a) poética. b) fática. c) emotiva. d) conativa. e) metalinguística. Resposta: E No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

21 12 Predicado nominal Verbos de ligação Predicativo do sujeito Predicado nominal é aquele que apresenta como núcleo um nome (substantivo, adjetivo ou palavra com valor de substantivo ou adjetivo). No predicado nominal, os verbos de ligação unem ao sujeito uma noção de estado, qualidade ou condição que pode ser: estado permanente. Exemplo: O sol é uma estrela. estado transitório. Exemplo: Marina anda triste. continuidade de estado. Exemplo: Marina continua triste. mudança de estado. Exemplo: Marina ficou triste. aparência. Exemplo: Esse professor parece exigente. Frequentemente são usados como verbos de ligação: ser estar ficar permanecer parecer continuar tornar-se viver (no sentido de estar sempre ) andar (no sentido de estar ) Observe que esses verbos só são empregados como verbos de ligação quando não têm significação própria; não indicam nenhuma ação; não indicam a posição do sujeito num lugar; ligam o sujeito a um nome. O verbo de ligação une ao sujeito uma característica denominada PREDICATIVO DO SUJEITO. Exemplo: O silêncio estava pesado. Pesado é predicativo do sujeito, pois está unido ao sujeito o silêncio pelo verbo de ligação estava. A questão 1 baseia-se no texto que se segue. No dia 11 de julho de 1927, um poeta vestindo terno escuro, chapéu, gravata, camisa de punhos e calças brancas sentou sobre um trilho da Madeira-Mamoré e sorriu. Na foto, o poeta sorri. É uma fotografia cinzenta e pouco contrastada. O céu é uma pasta cinzenta e a mata um borrão horizontal. O poeta sorri porque tem uma razão muito forte para fazer isto. É um homem feliz. Na verdade, apenas parte de seu rosto é visível naquela fotografia antiga. Justamente a ponta do nariz e a boca abrindo num sorriso. Ele tem um chapéu de abas moles protegendo a cabeça do sol do meio-dia e sorri. (SOUZA, Márcio. Mad Maria. São Paulo: Círculo do Livro, p.340.) 1 (UNIUBE MODELO ENEM) Uma das características do texto é a presença de muitos sintagmas formados por substantivo antece - dido ou seguido de adjetivo; por exemplo: calças brancas, borboletas ama re las, sim- ples borrões claros. Alguns desses sintagmas desem penham a mesma função sintática. Assinale a alternativa que contém sintagmas que desempenham apenas a função sintá tica de predicativo do sujeito. a) Terno escuro, pasta cinzenta, foto - grafia antiga. b) Pasta cinzenta, borrão horizontal, homem feliz. c) Fotografia antiga, homem feliz, abas moles. d) Borrão horizontal, borboletas amarelas, mão direita. e) Terno escuro, fotografia antiga, borbo - letas amarelas. As três expressões destacadas na alternativa b qualificam o sujeito, são antecedidas de verbo de ligação e, portanto, exercem a função sintá - tica de predicativo do sujeito. Resposta: B 2 (MODELO ENEM) Em: Fiquei carní - voro. Era a sorte humana: foi a minha. (Machado de Assis), os termos grifados são, respectivamente, a) predicativo do sujeito, predicativo do sujeito, sujeito. b) predicativo do sujeito, sujeito, predicativo do sujeito. c) predicativo do sujeito, predicativo do sujeito, predicativo do sujeito. d) objeto direto, objeto direto, objeto direto. e) predicativo do sujeito, objeto direto, predicativo do sujeito. Os termos destacados carnívoro, sorte e minha referem-se, por meio de um verbo, ao sujeito. Resposta: C 3 (MED-Pouso Alegre MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que o verbo não é de ligação: a) A criança estava com fome. b) Pedro parece adoentado. c) Ele tem andado confuso. d) Ficou em casa o dia todo. e) A jovem continua sonhadora. Ficar não funciona como verbo de ligação porque não se prende a ele palavra que indique quali - dade, estado ou condição do sujeito. As expres - sões em casa e o dia todo funcionam, respectivamente, como adjunto adverbial de lugar e tempo. Nesse caso, o verbo é intransitivo. Resposta: D (VI + A. ADV.) PORTUGUÊS 289

22 Examine os verbos sublinhados no seguinte fragmento poético: CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. (...) Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! (Carlos Drummond de Andrade) 1 No poema, há verbos que indicam uma ação do sujeito, são chamados verbos nocionais, ou seja, verbos que indicam atividade ou ocorrência. Transcreva-os. vivi, nasci, tive. 2 Quando o predicado indica ação, seu núcleo é um verbo nocional, como os verbos da resposta anterior. Como se chama o predicado que contém esses verbos? Chama-se predicado verbal. 3 No poema, verifique se há um ou mais verbos que apenas indicam estado, isto é, que apenas unem ao sujeito uma quali - dade, situação ou característica. Se houver, transcreva-os. sou (duas vezes), é. 7 Com base nas explicações anteriores, grife o predicativo do sujeito dos trechos. a) Seremos felizes. (Machado de Assis) felizes. b) Só o poeta permanecera impassível... (Eça de Queirós) impassível. c) Fique quieto no seu canto. (Carlos Drummond de Andrade) quieto. d) Nunca estou em solidão. Os rios, as matas e os índios são minha eterna companhia. (Orlando Villas-Boas) em solidão, minha eterna companhia. e) Fabiano estava de bom humor. (Graciliano Ramos) de bom humor (= bem-humorado). 8 Algumas vezes, os verbos listados como de ligação não têm predicativo, vêm seguidos apenas de circunstância de lugar, tempo ou outras. Nesse caso, eles não são verbos de ligação, mas verbos nocionais intransitivos (que não pedem comple - mentos). Analise as frases abaixo. a) Não permaneceria ali muito tempo. (Graciliano Ramos) Ali indica circunstância de lugar e muito tempo, de tempo, por isso o verbo permanecer é intransitivo e o predicado é verbal. 4 Quando o predicado indica uma propriedade (qualidade, estado) do sujeito, seu núcleo é um nome (substantivo ou adjetivo) e nesse caso os verbos são de ligação, como o verbo ser. Como se chama o predicado que contém esses verbos? Chama-se predicado nominal. b) Ora essa! Então o senhor D. Jacinto está em Tormes? (Eça de Queirós) Em Tormes indica circunstância de lugar, por isso o verbo estar é intransitivo e o predicado é verbal. 5 Transcreva do poema os adjetivos ou substantivos, junto aos verbos de ligação, que atribuem uma propriedade, qualidade ou situação ao sujeito. "triste", "orgulhoso", "de ferro", "funcionário pú - blico", "uma fotografia". 6 Qual a função sintática exercida pelos adjetivos e subs - tantivos indicados na resposta do exercício anterior? Eles exercem a função sintática de predicativo do sujeito. 9 Dê o sentido dos verbos de ligação nas duas frases abaixo: a) O menino é alegre. b) O menino está alegre. Na primeira, o verbo ser indica condição permanente; na segunda, condição temporária. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

23 13 Crônica: interpretação Funções da linguagem Situação de interlocução O autor do texto abaixo critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contempo - rânea em relação aos seus hábitos alimentares. Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...) Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite leite em pacote, imagina, Tereza! na porta dos fundos e esta - va escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau. Será que isso é mesmo leite? No dicio nário diz que leite é outra coisa: Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora. Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio. Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú! (Millôr Fernandes, O Estado de S. Paulo, 22/8/1999) 1 (ENEM) A crítica do autor é dirigida a) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da im por tância do gado leiteiro para a economia nacional. b) à diminuição da produção de leite após o de - sen vol vi mento de tec nologias que têm substi - tuído os pro dutos naturais por produtos artificiais. c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério para julgar sua qualidade e sa bor. d) à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e da domesticação de animais iniciada há anos. e) à importância dada ao pacote de leite para a con ser vação de um produto perecível e que necessita de aper feiçoamento tecnológico. O caso do leite (...em pacote pasteurizado tem vita mina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau ) serve como exemplo para a crítica à artificiali - zação abusiva dos alimentos tradicionais, nos termos da alternativa c. Resposta: C 2 (ENEM) A palavra embromatologia usa - da pelo autor é a) um termo científico que significa estudo dos bro ma tos. b) uma composição do termo de gíria embro- mação (enga nação) com bromatologia, que é o estudo dos ali mentos. c) uma junção do termo de gíria embro ma - ção (en ga na ção) com lactologia, que é o estudo das em ba la gens para leite. d) um neologismo da química orgânica que sig - nifica a téc nica de retirar bromatos dos laticínios. e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica. O autor, para efeito corrosivamente cômico, elabora uma palavra-montagem em que ocorre o trocadilho mencio nado na alternativa b. Resposta: B A questão de número 3 refere-se ao texto apresentado abaixo. COISAS INCRÍVEIS NO CÉU E NA TERRA De uma feita, estava eu sentado sozinho num banco da Praça da Alfândega quando começaram a acontecer coisas incríveis no céu, lá para as bandas da Casa da Correção: havia uns tons de chá, que se foram avinhando e se transformaram nuns roxos de insuportável beleza. Insuportável, porque o sentimento de beleza tem de ser compartilhado. Quando me levantei, depois de findo o espetáculo, havia umas moças conhecidas, paradas à esquina da Rua da Ladeira. Que crepúsculo fez hoje! disse-lhes eu, ansioso de comunicação. Não, não reparamos em nada respondeu uma delas. Nós estávamos aqui esperando o Cezimbra. E depois ainda dizem que as mulheres não têm senso de abstração... (Mário Quintana) 3 (ENEM) O narrador do texto a) relata, observando de longe, os fatos que ocorrem ao homem sentado no banco. b) é testemunha dos fatos vividos pelas pro - tagonistas, que são objetivamente analisadas. c) é o protagonista, que expressa a inten - sidade de suas sensações e emoções. d) não faz parte do universo narrado, tratandose, assim, de um narrador em terceira pessoa. e) revela conhecimento pleno de tudo o que ocorre com as personagens, até mesmo de seus pensamentos. Os pronomes e verbos em primeira pessoa confir mam um narrador persogagem, que descreve, deslumbrado, um céu que funde os mais variados matizes. Resposta: C 4 (MACKENZIE MODELO ENEM) O filho já tinha nome, enxoval e destino traçado. Era João como o pai, e como acon - selhavam a devoção e a pobreza. Enxoval e brinquedos de pobres, comprados com antece - dência que caracteriza, não os previdentes, mas os sonhadores. E destino, para não dizer profissão, ou melhor, ofício, era o de pedreiro, curial ambição do pai, que, embora na casa dos 30, trabalhava ainda de servente. Tudo isso o menino tinha, mas não havia nascido. Eles nascem antes, nascem no momento em que se anunciam, quando há realmente desejo de que venham ao mundo. O parto apenas dá forma a uma realidade que já funcionava. Para João mais velho, João mais moço era companhia tão patente quanto os colegas da obra, e muito mais ainda, pois quando se separavam ao toque da sineta, os colegas deixavam por assim dizer de existir, cada um se afundava em sua insignificância, ao passo que o menino ia encolhido naquele trem do Realengo, e eram longas conversas entre João e João, e João miúdo adquiria ainda maior consistência ao chegarem em casa, quando a mãe, trazendo-o no ventre, contudo o esperava e recebia das mãos do pai, que de madrugada o levava para a obra. (Carlos Drummond de Andrade) I. No primeiro parágrafo, temos uma decla - ração introdutória, seguida de orações que expandem e explicam cada uma das ideias nela contidas. II. No segundo parágrafo, as orações...quan- do há realmente desejo de que venham ao mundo... apresentam uma circuns tância de tempo em relação às anteriores. III. No último período do texto, a conjunção contudo expressa a oposição entre as ideias de trazer o filho no ventre e, simul taneamente, esperá-lo e recebê-lo do pai que volta para casa. A partir da relação entre as afirmações acima e a crônica, assinale: a) se apenas III está correta. b) se apenas II e III estão corretas. c) se todas estão corretas. d) se apenas I e II estão corretas. e) se apenas II está correta. Em I, o texto confirma a introdução: O filho já tinha nome, enxoval e destino traçado. e a seguir a explicação das ideias nela contidas; em II, as orações dão ideia de tempo em relação às anteriores (quando); contudo, em III, é conjunção coordenativa adversativa indicando contraste, oposição. Resposta: C PORTUGUÊS 291

24 COMUNICAÇÃO É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comu nicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome? Posso ajudá-lo, cavalheiro? Pode. Eu quero um daqueles, daque les... Pois não? Um... como é mesmo o nome? Sim? Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhe cidíssima. Sim senhor. O senhor vai dar risada quando souber. Sim senhor. Olha, é pontuda, certo? O quê, cavalheiro? Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende? Infelizmente, cavalheiro... Ora, você sabe do que eu estou falando. Estou me esforçando, mas... Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo? Se o senhor diz, cavalheiro... Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero. Sim senhor. Pontudo numa ponta. Isso. Eu sabia que você compreen deria. Tem? Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós? Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho. Sinto muito. Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando. Eu não estou pensando nada, cavalheiro. Chame o gerente. Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê? É de, sei lá. De metal. Muito bem. De metal. Ela se move? Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim. Tem mais de uma peça? Já vem montado? É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço. Francamente. Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa. Ah, tem clique. É elétrico. Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar. Já sei! Ótimo! O senhor quer uma antena externa de televisão. Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo... Tentemos por outro lado. Para o que serve? Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa. Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e... Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança! Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro! É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome? (VERISSIMO, Luis Fernando. Para gos tar de ler. São Paulo: Ática, v. 7.) 1 Qual das funções da linguagem predomina no texto? Explique. Predomina a função metalinguística, pois o assunto do texto é linguagem (uma discussão em torno de uma palavra que se procura para designar um objeto que, sem ela, não se pode saber qual seja). 2 Algumas das falas do vendedor Pois não, Sim?, Sim senhor (onde caberia uma vírgula depois de sim ) têm apenas a função de fazer que o interlocutor continue falando. Nesse caso, de que função da linguagem se trata? Por quê? Trata-se da função fática da linguagem, pois nessas falas o vendedor comunica apenas que está ouvindo e que o interlocutor pode continuar falando. Portanto, essas mensagens se referem ao contato (canal) entre os dois falantes, ou seja, elas visam apenas a fazer que a comunicação prossiga. 292 PORTUGUÊS

25 3 Há também no texto a função conativa. Identifique as passagens em que ela ocorre. Justifique sua resposta. Olha, O quê, cavalheiro?, Escuta, Chame o gerente, Me vê aí. A função conativa evidencia-se no emprego de verbos no imperativo e no uso do vocativo cavalheiro ; os dois recursos indicam um apelo ao interlocutor. G (PUCCAMP MODELO ENEM) Leia atentamente a história em quadrinhos e o poema abaixo transcritos. Texto I 4 No texto, quando o narrador reproduz, em discurso direto, as palavras dos dois personagens, não aparecem verbos decla - rativos ou de elocução, tais como, disse, perguntou, respondeu. a) Por que meio fica o leitor sabendo que se estabelece um diálogo entre os personagens? As aspas, no contexto, indicam que as frases são transcrições das falas. São característicos do diálogo: uso do vocativo para apelo ao interlocutor ( cavalheiro ), falas com verbos no presente e troca de informações entre os falantes. Texto II b) Com a omissão dos verbos declarativos ou de elocução, que efeito estaria buscando o escritor? O efeito é atualizar a história, presentificando a ação. 5 Por que o título do texto é Comunicação? A narrativa corresponde ao título? O título Comunicação deve-se à presença de diálogo; entretanto, constitui um deboche, pois o que ocorre é uma tentativa de comunicação que só se efetiva no final do texto. F Considerando-se o processo de comunicação (aula 8), em que elemento está centrado o diálogo entre os perso nagens? Por quê? Como a discussão se refere ao nome de um objeto, ou seja, a uma palavra, ela está centrada no código, isto é, na linguagem em que ocorre a comunicação. Um código é um sistema de signos (as palavras, no caso da linguagem) e de regras que determinam o sentido e o uso desses signos (a gramática, no caso da linguagem). Eu sou o poeta mais importante da minha rua. (Mesmo porque a minha rua é curta.) (PAES, José Paulo. Socráticas: poemas. São Paulo: Companhia das Letras, p. 37.) Comparando-se os textos, é correto afirmar: a) I inovou ao constituir a narrativa só com o protagonista, sem a presença de qualquer força antagônica; II, ao fazer uso dos parênteses, recurso gráfico típico da prosa. b) I e II assemelham-se porque cada um explora com exclusividade a forma de linguagem que o caracteriza, a visual e a verbal, respectivamente. c) I e II, como distintas formas de expressão, têm objetivos próprios e se valem de recursos específicos, não cabendo qualquer tipo de aproximação entre eles. d) I e II, mesmo pertencendo a diferentes gêneros, manifestam em comum o humor e a presença da metalinguagem. e) I e II estruturam-se de forma semelhante: em ambos, as unidades quadros e estrofes podem ser justapostas de maneiras distintas, sem prejuízo dos textos. Na tirinha, o fato de o personagem utilizar um elemento do próprio código (as margens laterais da tirinha) confi - gura função meta linguística. No poema, o eu poemático discorre sobre o fato de ser poeta, o que também indica que a mensagem está centrada no códido. Resposta: D No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M108 PORTUGUÊS 293

26 16 Predicado verbal Verbos transitivos Verbos intransitivos JOSÉ E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? (...) Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse, a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! (Carlos Drummond de Andrade) 1 (MODELO ENEM) Sobre o poema acima: I. Há predomínio de verbos intransitivos, explicitando a impossibilidade de ação do personagem José. II. Há predomínio de verbos de ligação e os predicativos atribuem condição transitória ao personagem José. III. Há predomínio de verbos transitivos diretos e seus comple mentos verbais indicam o objeto para o qual converge a ação de José. IV. A conjunção se que inicia alguns versos exprime pos sibilidades que José não realiza. V. A única qualidade dada a José é duro, predicativo do sujeito em linguagem conotativa, ou seja, figurada. Está correto o que se afirma a) apenas em I, III e IV. b) apenas em I, II e III. c) apenas em I, IV e V. d) apenas em II, III e IV. e) apenas em III, IV e V. Em II, a afirmação de que há predicativos é incorreta; em III, os verbos são intransitivos e não transitivos diretos. Resposta: C 2 (FGV MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que, pelo menos, um verbo esteja sendo usado como transitivo direto. a) Dependeu o coveiro de alguém que rezasse. b) Oremos, irmãos! c) Chega o primeiro raio da manhã. d) Loureiro escolheu-nos como padrinhos. e) Contava com o auxílio de Marina para cuidar do evento. O verbo escolheu, empregado como transitivo direto, tem como complemento (objeto direto) o pronome oblíquo átono nos. Os verbos das alternativas b e c estão em pregados como intransitivos; os das alternativas a e e, como transitivos indiretos. Resposta: D Se eu tivesse uma prova de que Madalena era inocente, dar-lhe-ia uma vida como ela nem imaginava. (Graciliano Ramos, São Bernardo) 3 (MODELO ENEM) Os verbos desta - cados podem ser classificados quanto à predicação como a) transitivo direto, de ligação, transitivo direto, intransitivo. b) transitivo indireto, intransitivo, transitivo direto e indireto, transitivo indireto. c) transitivo direto, de ligação, transitivo direto e indireto, intransitivo. d) intransitivo, de ligação, transitivo indireto, intransitivo. e) transitivo direto, intransitivo, transitivo direto e indireto, transitivo direto. O verbo ter é transitivo direto com objeto direto uma prova; o verbo ser é de ligação com predicativo do sujeito inocente; dar é transitivo direto e indireto com objeto direto uma vida e indireto lhe; imaginar é intransitivo porque não tem complemento verbal. Resposta: C Texto para a questão 4. Ornemos nossas testas com as flores, e façamos de feno um brando leito; prendamo-nos, Marília, em laço estreito, gozemos do prazer de sãos amores (...) (...) aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças e ao semblante a graça. (Tomás Antônio Gonzaga) 4 (MACKENZIE MODELO ENEM) No poema, roubar exigiu objeto direto e indireto. Assinale a alternativa que contém verbo empregado do mesmo modo. a) Ele insistiu comigo sobre a questão da assinatura da revista. b) Emendou as peças para formar o desenho de uma casa. c) Encontrou ao fim do dia o endereço dese - jado. d) Eles alinharam aos trancos a ferragem da bicicleta. e) Só ontem avisou-me de sua viagem. A oração que emprega os complementos verbais exigidos é: só ontem avisou-me de sua viagem (me objeto direto; de sua viagem objeto indireto). A alternativa a apresenta verbo transitivo indireto e adjunto adverbial de assunto; as demais, verbos transitivos diretos. Resposta: E 5 (ESPM MODELO ENEM) Sorvete Kibon decora sua cozinha. E dá nome às latas. Os termos destacados são, respec - tivamente, a) sujeito, objeto direto, objeto indireto. b) objeto direto, sujeito, objeto direto. c) sujeito, objeto direto, objeto direto. d) sujeito, sujeito, objeto indireto. e) objeto direto, sujeito, objeto direto. Resposta: A 294 PORTUGUÊS

27 Leia com atenção o poema seguinte e responda às questões que se seguem. ISMÁLIA Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... 3 Analise o seguinte verso do poema: "As asas... / Ruflaram de par em par...": Sujeito simples: "As asas". Verbo intransitivo: "Ruflaram". Expressão que indica modo: "de par em par". ["De par em par" indica circunstância de modo e a pergunta para identificá-la é como.] Concluindo E no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... delírio, loucura Os verbos não têm complemento verbal, mas podem vir seguidos de expressões que indicam lugar, tempo, modo etc. Esses verbos são núcleo do. intransitivos, predicado verbal. As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... bateram Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... (Alphonsus de Guimaraens) 1 No primeiro e no segundo versos do poema, os verbos enlouqueceu e sonhar não têm complementos verbais. Classifique esses verbos quanto à predicação. Ambos são verbos intransitivos. 4 Na quarta estrofe, pergunte o quê? ou quem? em seguida aos verbos (pendeu o quê? queria o quê?). Se houver resposta, o verbo se classifica como transitivo direto e as expressões que o acom panham são objetos diretos. Isso ocorre? Sim, os verbos "pendeu", "queria" e "queria" são transitivos diretos e as expressões "as asas", "a lua do céu", "a lua do mar" são objetos diretos. [Professor, "do céu" e "do mar" são locuções adjetivas e podem ser substituídas por adjetivos: celeste e marítima. Caso o aluno fique em dúvida, explique que o objeto direto pode ser substituído por um pronome oblíquo: pendeu as asas pendeu-as; queria a lua do céu queria-a, não é possível acrescentar "do céu" ou "do mar" no final, porque o pronome a recupera toda a expressão: queria-a = queria a lua do céu.] 2 Classifique os verbos dos versos: "Estava perto do céu, / Estava longe do mar..." São verbos intransitivos e vêm seguidos de expressões que indicam lugar. [A pergunta usada para identificar essa circuns - tância é onde e o professor pode explicar com outros exemplos extraídos do texto: "Sua alma subiu ao céu, / Seu corpo desceu ao mar...".] Concluindo No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M109 Os verbos têm com ple mento verbal não preposicionado, que são os objetos diretos. Esses verbos são núcleo do. transitivos diretos, predicado verbal. PORTUGUÊS 295

28 Analise a frase abaixo: "A paixão pertence aos deuses e às deusas..." (Robert A. Johnson) 5 Observe que nesse caso não cabe a pergunta o quê? ou quem? feita após o verbo, mas cabe a quê? ou a quem? A per - gunta é antecedida da preposição a, como poderia ser antecedida de qualquer outra preposição que consta do quadro desta página. Nesse caso, como se classificam o verbo e o comple mento verbal? O verbo é transitivo indireto (porque entre ele e seu complemento há uma preposição) e o complemento verbal é o objeto indireto "aos deuses e às deusas". Concluindo Os verbos têm complemento verbal preposicionado, que são os objetos indiretos. Esses verbos são núcleo do. transitivos indiretos, predicado verbal. Preposição: palavra invariável que serve de conec tivo de subor dinação entre palavras e orações. a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Analise agora a frase abaixo: Tinha dado a Dona Plácida cinco contos de réis... (Machado de Assis) 6 a) Observe que nesse caso você fará duas perguntas. Quais são elas? O quê? e a quem? b) Com base nas perguntas feitas, transcreva o objeto direto e o indireto. Objeto direto: "cinco contos de réis". Objeto indireto: "a Dona Plácida". c) Quanto à predicação, como você classifica a locução verbal "tinha dado"? Trata-se de verbo transitivo direto e indireto. Concluindo Os verbos têm dois complementos, um objeto direto (sem preposição) e um objeto indi - reto (com prepo si ção). Esse verbo é núcleo do. 7 Analise as orações e indique a predicação dos verbos grifados. VTD para verbo nocional que rege complemento sem prepo - sição. VTI para verbo nocional que rege complemento com prepo - sição. VTDI para verbo nocional que rege um complemento sem prepo sição e outro com preposição. VI para verbo nocional que não rege complemento, mas pode vir seguido de adjunto adverbial. a) Os pequenos insistiram. Onde estaria a cachorrinha? (...) De repente Baleia apareceu. (Graciliano Ramos) b) Há emoções que abrem talhos incicatrizáveis na alma da ( VTD ) ( VTD ) gente. (Paulo Setúbal) c) Pensou na mulher, nos filhos e na cachorra morta. ( VTI ) (Graciliano Ramos) d) Devo ao meu Jacinto uma bela pesca... (Eça de Queirós) ( VTDI ) Concluindo ( VI ) ( VI ) ( VI ) O predicado verbal contém verbos nocionais (VI, VTD, VTI, VTD e I), ou seja, verbos que indicam ação ou ocorrência e podem necessitar ou não de comple - mento verbal. Os com ple mentos verbais são o objeto direto, que não precisa de preposição, e o objeto indireto, sempre preposi cionado. 8 (FGV MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que um verbo, tomando outro sentido, tem alterada a sua predicação. a) O alfaiate virou e desvirou o terno, à procura de um defeito. / Francisco virou a cabeça para o lado, indiferente. b) Clotilde anda rápido como um raio. / Clotilde anda adoentada ultimamente. c) A mim não me negam lugar na fila. / Neguei o acesso ao prédio, como me cabia fazer. d) Não assiste ao prefeito o direito de julgar essa questão. / Não assisti ao filme que você mencionou. e) Visei o alvo e atirei. / As autoridades portuárias visa ram o passaporte. A mudança de predicação ocorre com o verbo andar. Na pri meira oração da alternativa b, o verbo indica ação e significa caminhar e é intransitivo; na segunda, é verbo de ligação, expressa o estado do sujeito e tem o sentido de estar. Resposta: B transitivos diretos e indiretos, predicado verbal. 296 PORTUGUÊS

29 17 Crônica narrativa: interpretação Variedades linguísticas populares Linguagem coloquial São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pen sões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apar - tamento, pelo cortiço e pelo hotel, pergun - tando: Quantos são aqui? Pergunta triste, de resto. Um homem dirá: Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos. E outro: Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota de seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor ( ) E outro: Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito! (BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, v. 3. São Paulo: Ática, p (fragmento).) 1 (ENEM) O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico o recenseamento, apresenta característica mar cante do gênero crônica ao a) expressar o tema de forma abstrata, evo - cando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra. b) manter-se fiel aos acontecimentos, retra - tando os persona gens em um só tempo e um só espaço. c) contar história centrada na solução de um enigma, cons truin do os personagens psicologi - camente e revelando-os pouco a pouco. d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando trans mitir ensinamentos práticos do cotidiano para manter as pes soas informadas. e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético. Já a designação do gênero crônica sugere a temática ligada ao cotidiano. No caso do texto transcrito, trata-se de uma medida gover - namental, o recenseamento. O autor dá trata- mento esté tico a esse tema ao repre sentar situações existenciais fictícias, de conteúdo emo cional variado, com que se confrontariam os recen seadores. Resposta: E INSTRUÇÃO: As questões de números 2 a 5 referem-se ao texto seguinte. Na minha opinião, existe no Brasil, em per - ma nente funcio namento, não fechando nem para o almoço, uma Central Geral de Maracutaia. Não é pos sível que não exista. E, com toda a certeza, é uma das organizações mais perfeitas já constituídas, uma con tribuição inestimável do nosso país ao patri mônio da raça humana. Nada de novo é implantado sem que surja no mesmo instante, às vezes sem intervalo visível, imediatamen te mesmo, um esquema bem montado para fraudar o que lá seja que tenha sido criado. [...] Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, mas podia ser em qualquer outra cidade do país, porque a CGM é onipre - sente, não deixa passar nada, nem discrimina ninguém. Segundo me contam aqui, a prefei - tura de São Paulo agora fornece caixão e enterro gratuitos para os doadores de órgãos, certamente os mais pobres. Basta que a família do morto prove que ele doou pelo menos um órgão, para receber o benefício. Mas claro, é isso mesmo, você adi vi nhou, ser brasileiro é meramente uma questão de prática. Surgiram indivíduos ou organizações que, mediante uma módica contraprestação pecuniária, fornecem do cumentação falsa, provando que o defunto doou órgãos, para que o caixão e o enterro sejam pagos com dinheiro público. (João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S.Paulo, 18/09/2005.) 2 (UFSCar MODELO ENEM) A frase de João Ubaldo E, com toda a certeza, é uma das organizações mais perfeitas já constituídas, uma contribuição ines ti má vel do nosso país ao patri mônio da raça humana reveste-se de um aspecto a) discriminatório. b) gentil. c) medíocre. d) irônico. e) ufanista. A ironia consiste em afirmar o contrário daquilo que se quer dizer: a frase exclamativa e congratulatória de João Ubaldo Ribeiro refere-se, na verdade, não a um como feito louvável, mas a um vício execrável. Resposta: D 3 (UFSCar MODELO ENEM) No trecho... uma contri buição inestimável do nosso país ao patrimônio da raça humana., contribuição tem como referência a) o Brasil, em geral. b) fechamento para o almoço. c) a Prefeitura de São Paulo. d) a opinião do autor. e) Central Geral de Maracutaia. O autor se refere à entidade fictícia que ele imagina como geradora e controladora da corrupção nacional. Resposta: E 4 (UFSCar MODELO ENEM) O trecho... a CGM é onipre sente, não deixa passar nada, nem discrimina ninguém. pode ser reescrito, sem alteração de sentido, como: a) a CGM é sempre presente, não deixa passar nada, nem inocenta ninguém. b) a CGM é ubíqua, não deixa passar nada, nem absolve ninguém. c) a CGM é virtual, não deixa passar nada, nem exclui ninguém. d) a CGM é quase presente, não deixa passar nada, nem distingue ninguém. e) a CGM está presente em todo lugar, não deixa passar nada, nem segrega ninguém. Onipresente significa presente em todo lugar. Dis cri minar é separar, distinguir, isolar, o mesmo que segregar. Resposta: E 5 (UFSCar MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que a subs tituição das palavras destacadas mantém o mesmo sen tido original do trecho: Exemplo mais recente ocor reu em São Paulo, mas podia ser em qualquer outra cidade do país, porque a CGM é onipresente... a) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, no entanto podia ser em qualquer outra cidade do país, uma vez que a CGM é onipre - sente. b) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, pois podia ser em qualquer outra cidade do país, já que a CGM é onipresente. c) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, podia, pois, ser em qualquer outra cidade do país, visto que a CGM é onipresente. d) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, apesar disso podia ser em qualquer outra cida de do país, assim que a CGM é onipresente. e) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, já que podia ser em qualquer outra cidade do país, à me dida que a CGM é onipresente. As conjunções mas e porque estabelecem, no período trans crito, relações, respectivamente, de oposição e explicação/ causa. As mesmas relações são mantidas com o emprego das conjunções no entanto e uma vez que. Resposta: A PORTUGUÊS 297

30 A crônica pode ser narrativa, ou seja, semelhante a um pequeno conto. No entanto, difere deste não apenas quan - to à extensão, mas também quanto à linguagem. A crônica busca a intimidade e o humor, numa linguagem coti diana que encontra receptividade em todos os leitores. Os cro nis tas criaram uma diversidade de estilos, compondo crôni cas narrativas em que as sutilezas humorísticas alternam-se com a crítica irreverente ou com o lirismo enternecedor. INSTRUÇÃO: As questões de números A a E baseiam-se no texto de Moacyr Scliar. A CASA DAS ILUSÕES PERDIDAS Quando ela anunciou que estava grávida, a primeira reação dele foi de desagrado, logo seguida de franca irritação. Que coisa, disse, você não podia tomar cuidado, engravidar logo agora que estou desem pregado, numa pior, você não tem cabe ça mesmo, não sei o que vi em você, já deveria ter trocado de mulher havia muito tempo. Ela, naturalmente, chorou, chorou muito. Disse que ele tinha razão, que aquilo fora uma irrespon sabilidade, mas mesmo assim queria ter o filho. Sempre sonhara com isso, com a maternidade e agora que o sonho estava prestes a se realizar, não deixaria que ele se desfizesse. Por favor, suplicou. Eu faço tudo que você quiser, eu dou um jeito de arranjar trabalho, eu sustento o nenê, mas, por favor, me deixe ser mãe. Ele disse que ia pensar. Ao fim de três dias daria a resposta. E sumiu. Voltou, não ao cabo de três dias, mas de três meses. Àquela altura ela já estava com uma barriga avantajada que tornava impossível o aborto; ao vê-lo, esqueceu a descon - sideração, esqueceu tudo estava certa de que ele vinha com a mensagem que tanto esperava, você pode ter o nenê, eu ajudo você a criá-lo. Estava errada. Ele vinha, sim, dizer-lhe que podia dar à luz a criança; mas não para ficar com ela. Já tinha feito o negócio: trocariam o recém-nascido por uma casa. A casa que não tinham e que agora seria o lar deles, o lar onde agora ele prometia ficariam para sempre. Ela ficou desesperada. De novo caiu em prantos, de novo im plorou. Ele se mostrou irredutível. E ela, como sempre, cedeu. Entregue a criança, foram visitar a casa. Era uma modesta construção num bairro popular. Mas era o lar prometido e ela ficou extasiada. Ali mesmo, contudo, fez uma declaração: Nós vamos encher esta casa de crianças. Quatro ou cinco, no mínimo. Ele não disse nada, mas ficou pensando. Quatro ou cinco casas, aquilo era um bom começo. (Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 14/6/1999) A (UNIFESP MODELO ENEM) No texto, a ideia de ilusões perdidas diz respeito à a) realização da maternidade que, na verdade, não atinge a sua plenitude. b) desolação da jovem mãe ao ver que a casa recebida não era luxuosa como concebera. c) alegria da mãe com a casa e à superação da tristeza pela doação da criança. d) melancolia da mãe por programar todas as crianças que teria para trocar por casas. e) certeza do homem de que a mulher não formará com ele um lar na casa nova. A maternidade, nos termos eufemísticos do examinador, "não atinge a sua plenitude" porque a mãe, embora tenha dado a criança à luz, é forçada a desistir dela, aceitando a imposição do marido de trocá-la pela casa. Resposta: A B (UNIFESP MODELO ENEM) O casal age de modo contrário aos senti mentos comuns de justiça e dignidade. No contexto da narrativa, tais comportamentos explicam-se a) pela falta de amor que há entre a mulher e o companheiro, fa - zen do com que tudo que os rodeia se torne um negócio vantajoso. b) pelo amor exagerado que a mulher sente e pela confusão de sentimentos que o companheiro vive na descoberta desse amor. c) pelo ódio exagerado que a mulher sente do companheiro e pela forma displicente e pouco amável como ele a vê. d) pela submissão exagerada da mulher ao companheiro e pela forma mesquinha e interesseira como ele resolve as coisas. e) pela forma irresponsável com que a mulher age em relação ao companheiro, o que o faz tomar atitudes impensadas. Os princípios de justiça e dignidade são aviltados na relação marido e mulher, porque ele, com suas atitudes despóticas, reduz o ser humano a moeda de troca (filhos/casas) e a mulher a mera reprodutora. Ela se submete à sandice autoritária do marido, num servi lismo que a rebaixa a uma condição degradante. Resposta: D C (UNIFESP) Eu faço tudo que você quiser, eu dou um jeito de arranjar trabalho, eu sustento o nenê, mas, por favor, me deixe ser mãe. Mantida a mesma forma de tratamento e supondo que a frase fosse proferida pelo homem, ela assumiria a seguinte forma: a) Faças tudo que eu quero, dês um jeito de arranjar trabalho, sustentas o nenê, que eu te deixo ser mãe. b) Faz tudo que eu quero, dê um jeito de arranjar trabalho, sustenta o nenê, que eu lhe deixo ser mãe. c) Faz tudo que eu quero, dá um jeito de arranjar trabalho, sustenta o nenê, que eu deixo você ser mãe. d) Faça tudo que eu quero, dá um jeito de arranjar trabalho, sustente o nenê, que eu lhe deixo ser mãe. e) Faça tudo que eu quero, dê um jeito de arranjar trabalho, sustente o nenê, que eu a deixo ser mãe. Se a frase dita pela esposa fosse proferida pelo marido, seria necessário empregar os três primeiros verbos no imperativo, mantendo a terceira pessoa do singular: faça, dê e sustente. Resposta: E 298 PORTUGUÊS

31 D (UNIFESP MODELO ENEM) Ele não disse nada, mas fi - cou pensando. Quatro ou cinco casas, aquilo era um bom começo. As duas frases finais do texto deixam evidente que ter mais filhos a) é uma possibilidade pouco atraente para o casal que, por hora, já conquistou algo à custa de sofrimento. b) será para o casal uma forma de alcançar a felicidade, já que a mulher e seu companheiro poderão ter a casa cheia de crianças. c) pode tornar-se lucrativo na ótica do companheiro, embora a mulher ainda veja isso com olhos sonhadores. d) se torna uma forma de compensar o episódio pouco feliz da doação do primeiro filho do casal. e) não alteraria em nada a vida do casal, já que não haveria como fazer os dois esquecerem a criança doada. A perspectiva do companheiro é a do lucro, porque ele já planejou a troca de futuros bebês por outras casas; ela, porém, acreditava ingenuamente que desempe nharia seu papel de mãe. Resposta: C E (UNIFESP) No texto, há muitas retomadas pronominais, basica mente expressas pelos prono mes ele e ela. Isso não gera ambiguidade principalmente porque a) se alternam os pronomes com sinônimos. b) as referências dos pronomes são muito restritas. c) as formas verbais estão todas no mesmo tempo. d) todos os pronomes poderiam ser omitidos. e) as frases curtas limitam a interpretação. O emprego quase exclusivo dos pronomes ele e ela não provoca am biguidade, porque o enredo da crônica gira em torno de apenas duas personagens e o contexto esclarece que se trata de marido e mulher. Resposta: B No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M Complementos verbais Objeto direto e indireto Pronomes oblíquos 1 (VUNESP) Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Faça o que é pedido: a) Reescreva a estrofe anterior, substituindo os termos desta cados pelo pronome pessoal correspondente e elimine as expressões adverbiais. b) Classifique os verbos do período reescrito, quanto à pre dicação. a) Vi-o, catando-a. b) Ver e catarsão, no texto, transitivos diretos. 2 (UNIP MODELO ENEM) Substituindose os comple mentos verbais destacados em: Eu traçaria o plano, intro duziria na história rendimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria o meu nome na capa. por pronomes oblíquos, obtêm-se a) o, -los, -las, -lo. b) -lo, -lhes, -las, -o. c) o, -lhes, -as, -lo. d) -lo, -los, -lhes, -lhe. e) lhe, -lhes, -lhes, -lo. Resposta: A Os testes 3 e 4 referem-se ao seguinte texto: Retirei a corda do bolso e em alguns saltos, silenciosos como o das onças de José Bahia, estava ao pé de Julião Tavares. Tudo isto é absurdo, é incrível, mas realizou-se natural - mente. A corda enlaçou o pescoço do homem, e as minhas mãos apertadas afastaram-se. Houve uma luta rápida, um gor golejar, uns braços a debater-se. Exatamente o que havia ima ginado. O corpo de Julião Tavares ora tombava para frente e ameaçava arrastar-me ora se inclinava para trás e queria cair em cima de mim. A obsessão ia desaparecer. Tive um deslumbramento. (Graciliano Ramos) 3 (MODELO ENEM) O sujeito da primeira oração e da última oração do texto é a) indeterminado. b) simples: a corda do bolso. c) elíptico (oculto). d) inexistente. e) composto. O sujeito da primeira e da última oração do texto é re pre sentado pelo pronome eu, subentendido na pessoa verbal (1. a ). Resposta: C 4 (MODELO ENEM) Os verbos das duas primeiras orações do texto são, respectiva - mente, a) intransitivo e de ligação. b) transitivo direto e intransitivo. c) de ligação e intransitivo. d) transitivo direto e indireto e de ligação. e) transitivo direto e de ligação. O verbo retirar é transitivo direto porque pede complemento e não rege preposição. O verbo estar é intransitivo porque não há, no predicado, predicativo do sujeito, apenas adjunto adverbial. Resposta: B PORTUGUÊS 299

32 COMPLEMENTOS VERBAIS são termos inte gran - tes da oração. OBJETO DIRETO: liga-se ao verbo sem prepo sição. Complementa o sentido de um verbo tran sitivo direto ou transitivo direto e indireto. OBJETO INDIRETO: liga-se ao verbo por prepo - sição. Complementa o sentido de um verbo tran - sitivo indireto ou transitivo direto e indireto. 1 Nas orações que se seguem, classifique o termo desta cado, colocando: OD Objeto Direto OI Objeto Indireto a) "A mão trêmula da velha tateou o bolso da saia." (Rachel de Queiroz) OD b) "Fechou o livro lentamente e abraçou o amigo." (Machado de Assis) OD c) "Não queria lembrar-se do patrão nem do soldado amarelo." (Graciliano Ramos) OI d) "Ouvindo o tiro e os latidos, sinha Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama chorando alto." (Graciliano Ramos) OI e) "Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará." (Luis Fernando Verissimo) OI c) Deves refazer a redação com cuidado. Deves com cuidado. d) Põe as cartas sobre a mesa. sobre a mesa. e) Informaram às autoridades o crime ecológico. o crime ecológico. f) Informaram às autoridades o crime ecológico. às autoridades. a) deu-o; b) deu-lhes; c) refazê-la; d) põe-nas; e) infor mara-lhes; f) informaram-no. Concluindo: a) Os pronomes oblíquos o, a, os, as (no, na, nos, nas e lo, la, los, las) exercem função sintática de objeto direto; b) os pronomes oblíquos lhe, lhes exercem a função sintática de objeto indireto; c) os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos exercem a função sintática de objeto direto ou objeto indireto, dependendo do verbo que rege esses pronomes. C Classifique sintaticamente os pronomes grifados nos seguintes trechos: a) Enfim, minha mãe, algumas semanas depois, quando lhe fui pedir licença para casar, além do consentimento, deu-me igual profecia, salva a redação própria de mãe: Tu serás feliz, meu filho! (Machado de Assis) Todos os pronomes grifados funcionam sintatica mente como objetos indiretos. b) Eu amava Capitu! Capitu amava-me! (Machado de Assis) objeto direto. SUBSTITUIÇÕES O OBJETO DIRETO pode ser substituído pelos pronomes oblíquos o(s), a(s). Depois de verbos terminados em R, S ou Z, os verbos per dem essas letras e os pronomes passam a lo(s), la(s). Depois de verbos terminados em som nasal, os pronomes passam a no(s), na(s). O OBJETO INDIRETO pode ser substituído pelos pronomes oblíquos lhe, lhes. Concluindo: Pronomes pessoais retos eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas funcionam como sujeito Pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as funcionam como objeto direto lhe, lhes funcionam como objeto indireto me, te, se, nos, vos funcionam como objeto direto ou objeto indireto B Substitua, nas frases que se seguem, o objeto direto e indireto em destaque por um destes pronomes oblíquos átonos: o(os), a(as), no(nos), na(nas), lo(los), la(las), lhe(lhes). a) O ingênuo sabiá deu crédito àqueles mentirosos. O ingênuo sabiá àqueles men tirosos. b) O ingênuo sabiá deu crédito àqueles mentirosos. O ingênuo sabiá crédito. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

33 19 Interpretação de textos metalinguísticos Metalinguagem Linguagem sobre a própria linguagem Metalinguagem é a linguagem que fala da própria linguagem, questionando-a, esclarecendo-a, ou apenas referindo-se a ela. É a mensagem que fala de si mesma, de outra mensagem ou do código. Exemplo Escrever é um ato livre, universal. Vencer o medo de escrever, rebaixar a censura prévia, liberar a ima ginação são passos para a desinibição. (Samir Curi) Entendendo linguagem como qualquer manifes ta ção linguística verbal ou não verbal, temos metalin gua gem também na propaganda que aborda o processo de elaboração da própria propaganda, como no caso de uma mensagem publicitária da Bombril que, de forma humorística, apresentava a galinha da Maggi e o Elefante da Cica, personagens de outras propagandas. Há alguns filmes cujo enredo mostra o processo cinematográfico de um filme, personagens que são atores ou, ainda, estúdios de filmagem. A Rosa Púrpura do Cairo é um exemplo de metalinguagem. A prota gonista, assistindo a um filme, vê o ator saindo da tela para ter um romance com ela; ou Cinema Paradiso, em que um personagem reúne os beijos mais famosos dos filmes clássicos. Os comentários machadianos, interrompendo a nar - rativa para conversar com o leitor, são frequentemente metalin guís ticos: Há aí, entre as cinco ou dez pessoas que me leem, há aí uma alma sensível, que está decerto um tanto agastada com o capítulo anterior, começa a tremer pela sorte de Eugênia, e talvez... Há poemas que se referem à própria elaboração da poesia, num processo metalinguístico: A PALAVRA Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol, dentro da qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a. (Carlos Drummond de Andrade) Escritores às vezes escrevem sobre o próprio ato de escrever e sua finalidade: Desde que, adulto, comecei a escrever roman ces, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que um escritor pode fazer numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acen damos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não deser tamos nosso posto. (Érico Veríssimo) Exemplo de metalinguagem em HQ: PORTUGUÊS 301

34 Texto para as questões de 1 a 4. MEIO-DIA E MEIA Acho muito simpática a maneira de a Rádio Jornal do Brasil anunciar a hora: onze e meia no lugar de vinte e três e trinta, um quarto para as cinco em vez de dezesseis e quarenta e cinco. Mas confesso minha implicância com aquele meio-dia e meia. Sei que meio-dia e meio está errado; meio se refere à hora e tem de ficar no feminino. Sim, meio-dia e meia está certo. Mas a língua é como a mulher de César: não lhe basta ser honesta, convém que o pareça. Aquele meia me dá ideia de teste de colé gio para pegar estudante distraído. Para que fazer da nossa língua um alçapão? Lembrando um conselho que me deu certa vez um amigo boêmio quando lhe perguntei se certa fra se estava certa ( olhe, Rubem, faça como eu, não tope parada com a gramática: dê uma voltinha e diga a mes ma coisa de outro jeito ), eu preferiria dizer do ze e meia ou meio-dia e trinta, sem nenhuma afe ta ção. Aliás a língua da gente não tem apenas regras: tem um espírito, um jeito, uma pequena alma que aquele meio-dia e meia faz sofrer. E, ainda que se ja errado, gosto da moça que diz: Estou meia tris te... Aí, sim, pelo gênio da língua, o meia está certo. (Rubem Braga) 1 (MODELO ENEM) De acordo com o autor, a) a norma gramatical mostra-se inútil para a eficiência da comunicação. b) até construções corretas podem ferir o espírito da língua. c) fatores de ordem afetiva devem ser despre - zados no manuseio da língua. d) as preocupações gramaticais devem estar circunscritas ao âmbito escolar. e) a gramática tortura o falante com cons - tantes pega dinhas. A afirmação apresentada em b encontra-se no trecho Aliás a língua da gente não tem apenas regras: tem um espírito, um jeito, uma pequena alma que aquele meio-dia e meia faz sofrer. Resposta: B 2 (MODELO ENEM) Diante de uma dificuldade ou dúvida gramatical, o conselho apresentado no texto é a) desprezar a preocupação com a possibili - dade de erro e manter em mente a clareza necessária à comunicação. b) dedicar-se com mais afinco aos estudos das normas de linguagem. c) ter consciência do problema e deixá-lo claro ao interlocutor. d) ignorar o obstáculo e simular, por meios estético-afetivos, domínio linguístico. e) parafrasear, reescrever, ou seja, buscar formas diferentes de expressar a mesma ideia. O que se afirma na alternativa e corresponde ao trecho em que se transcreve o conselho do amigo: olhe, Rubem, faça como eu, não tope parada com a gramática: dê uma voltinha e diga a mesma coisa de outro jeito. Resposta: E 3 (MODELO ENEM) O texto estabelece uma oposição entre a) forma culta e forma inculta. b) correção e barbarismo. c) norma gramatical e espírito da língua. d) submissão e subversão. e) autoridade e subserviência. O texto estabelece uma contra po - sição entre a exigência da norma, que pede a construção meio-dia e meia, e o espírito ou sentimento que os falantes têm da língua, que recomendaria a forma meio-dia e meio. Resposta: C 4 (MODELO ENEM) No texto, a referência à mulher de César significa que, em certos casos, a) mais valem as aparências que a realidade. b) as aparências podem disfarçar a realidade, mas não a eliminam. c) as aparências importam muito, a realidade não é suficiente. d) não adianta parecer sem ser. e) não se pode parecer algo que não se é. A ideia contida na citação do caso da mulher de César (que teria sido rejeitada por ele em razão de suspeita de adultério con fir madamente falsa) é que, em certos casos, não bastam os fatos a mulher de César é hones ta, a concordância em meio-dia e meia está correta se as aparências não os confirmam, pois parecia que a mulher de César não era honesta, como parece que meio-dia e meia tem erro de concordância. Resposta: C Texto para as questões A e B. Tempos houve em que o cidadão que ligasse para algu ma empresa ou para uma repartição pública (públicas eram quase todas) com a finalidade de reclamar de algum serviço ou solicitar algum favor (com polidez) ouvia em 90% das vezes: "não posso fazer nada". Para amenizar, às vezes o "nada" era "naaaaada". Agora a pessoa que atende costuma dizer "vou estar fazendo isto, vou estar fazendo aquilo". Pois bem: quem era impolido no infinitivo hoje é polido no gerúndio. (Texto adaptado de José Walter Rossi, discussão sobre "gerundismo" Internet) A (FUVEST) Na frase "...quem era impolido no infinitivo hoje é polido no gerúndio", o autor faz uso da ironia, como ocorre em: a) Suporta-se com paciência a cólica do próximo. b) A vida, se bem aproveitada, rende encantos inimagináveis. c) Ser amado mas não ser ouvido por todos é seu grande drama. d) Dinheiro e negócios são indissociáveis na vida moderna. e) Não se educa batendo ou xingando. Resposta: A B (FUVEST) "Um momento, vou estar fazendo o seu pedido", "Vou estar passando o seu recado quando o Dr. José chegar". Nas frases acima, o emprego abusivo do gerúndio supõe uma ação que a) se prolonga indefinidamente no tempo. b) possui continuidade no passado. c) se sucede a uma outra no futuro. d) transcorre em um curto espaço de tempo. e) é simultânea a uma outra no presente. Resposta: A 302 PORTUGUÊS

35 Texto para as questões de C a F. 1 De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesiddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csoia iprotmatne é que a piremria e a úlmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe 5 ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plaravaa cmoo um tdoo. Não, o trecho acima não foi publicado por descuido. Trata-se de uma brincadeira que está circulando na 10 internet, mas que é baseada em princípios científicos: O cérebro aplica um sistema de inferência no processo de leitura. Esse siste ma, chamado sistema de preen - chimento, se baseia em pontos nodais ou relevantes, a partir dos quais o cérebro completa o que falta ou 15 coloca as partes corretas nos seus devidos lugares, explica o neurologista Benito Damasceno. Esse mecanismo não funciona apenas com a leitura: Quando vemos apenas uma ponta de caneta, por exemplo, somos capazes de inferir que aquilo é uma 20 caneta inteira, diz Damasceno. (Evanildo da Silveira) E (MACKENZIE) Considere as seguintes afirma ções sobre o segundo parágrafo. I. A conjunção mas (linha 10) permite pressupor que conhe - cimentos científicos, geralmente, não se manifestam em brincadeiras. II. A negativa (linha 8) com que é iniciado tem a função de simular um diálogo com o leitor. III. Os dois-pontos (linha 10) introduzem trecho que funda menta a informação enunciada anterior mente. Assinale: a) se todas as afirmativas estiverem corretas. b) se todas as afirmativas estiverem incorretas. c) se apenas I e II estiverem corretas. d) se apenas I e III estiverem corretas. e) se apenas II e III estiverem corretas. A conjunção mas introduz uma oração que se opõe à anterior; portanto, a afirmação I interpreta correta mente o texto. O não inicial do parágrafo 2 funciona como resposta a uma suposta reação do leitor ao primeiro parágrafo (afirmação II). Os doispontos da linha 10 têm sua função descrita com precisão na afirmação III. Resposta: A C (MACKENZIE) A reprodução de explica ções do neuro - logista tem, no texto, o intuito de a) assegurar marcas de oralidade, necessárias ao texto jorna - lístico atual. b) separar claramente as opiniões conflitantes do jornalista e do especialista consultado acerca do tema. c) validar, por meio das palavras de um especialista, as infor - mações divulgadas no texto. d) evidenciar a discordância entre o discurso do leigo, presente no texto da internet, e o do cientista. e) explicitar o caráter abstrato e tecnicista das des crições mé - dicas, sempre distantes do uso colo quial da língua. O especialista citado no texto corrobora e explica, de um ponto de vista científico, a informação veiculada. Resposta: C D (MACKENZIE) Assinale a alternativa correta sobre o primeiro parágrafo do texto. a) É rigoroso na separação entre a exposição e a forma de exemplificação de um conceito. b) Opera com um mecanismo que permite a demonstração prática da ideia defendida. c) Divulga, com precisão técnica, uma descoberta científica recente, ao mesmo tempo em que indica formas de testá-la. d) Corresponde a um teste científico, que não inclui a expo sição das hipóteses que o fundamentam. e) Desenvolve um conceito teórico que tem sua aplicação exemplificada nos outros parágrafos. No primeiro parágrafo, o autor utilizou o expediente de fazer que a própria forma do texto possibilite a demonstração prática de seu conteúdo, pois o leitor comprova, em sua própria leitura, a veracidade do que está sendo afirmado. Resposta: B F (MACKENZIE) Esse mecanismo não funciona apenas com a leitura... (linha 17) Assinale a frase que apresenta sentido equivalente ao do trecho citado, levando em conta o contexto. a) Esse mecanismo apenas não funciona com a leitura. b) Esse mecanismo funciona não apenas com a leitura. c) Com apenas a leitura, esse mecanismo não funciona. d) Apenas esse mecanismo não funciona com a leitura. e) Esse mecanismo não funciona com a leitura. Na frase proposta, o advérbio não refere-se a apenas, tal como na alternativa b. Nas demais alternativas, o não refere-se ao verbo funciona. Resposta: B No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M112 PORTUGUÊS 303

36 20 Predicado verbo-nominal Predicado verbal + predicado nominal 1 (MODELO ENEM) Assinale a alternativa cuja oração apresente predicado do mesmo tipo que o da frase Ele sempre reclama contrariado : a) O silêncio era sepulcral. b) O trem chegou atrasado. c) Ele está apressado. d) O pássaro voou para a mata. e) Você parece preocupado. A oração do enunciado contém verbo de ação (reclama) e o estado em que se encontra o sujeito (contrariado), portanto o predicado é verbo-nominal. Isso também ocorre em O trem chegou atrasado, em que chegar é verbo de ação e atrasado é predicativo do sujeito. Resposta: B 2 (UE-Ponta Grossa-PR MODELO ENEM) Assinale a opção cuja frase possui predicado verbo-nominal. a) O professor entrou na sala pensativo. b) Ele andava a passos largos. c) Ninguém lhe era agradável. d) Em qualquer situação, continuava sorrindo. e) Foi sofrível tua participação. O verbo entrar é de ação e pensativo é um estado do sujeito, assim tem-se verbo intransitivo e predicativo do sujeito, o que classifica o predicado como verbo-nominal. Resposta: A Observe os predicados das orações seguintes. Ele saiu. Ele estava apressado. Ele saiu. (predicado verbal) Ele estava apressado. (predicado nominal) Observe, agora, a transformação dessas duas orações em uma única oração, com predicado verbo-nominal. Ele saiu apressado. VI Predicativo do sujeito c) O guarda-florestal encontrou os adolescentes. Os adoles - centes estavam desorientados. O guarda-florestal encontrou os adolescentes desorientados. Predicativo do objeto direto d) A anfitriã recebeu os convidados. A anfitriã estava enver - gonhada. A anfitriã recebeu os convidados envergonhada. Predicativo do sujeito 1 Transforme os pares de orações seguintes, que apre sen - tam predicado verbal e predicado nominal, em uma única oração com predicado verbo-nominal. Grife e classifique o predicativo. a) Tu pisavas nos astros. Tu estavas distraída. Tu pisavas nos astros distraída. Predicativo do sujeito e) Surpreenderam o amigo. O amigo estava preocupado. Surpreenderam o amigo preocupado. Predicativo do objeto b) Começamos um novo ano. Estamos mais confian tes e esperançosos. Começamos um novo ano mais confiantes e es pe rançosos. Predicativo do sujeito 2 As frases a seguir têm verbo transitivo direto e pre dica tivo. Para localizar o predicativo, refaça as frases, substituindo o objeto di reto por um pronome oblíquo e observe que o adje ti vo que sobra funciona sintaticamente como predi cativo do sujeito ou do objeto. a) Consideraram severa a punição do juiz. Consideraram-na severa. (predicativo do objeto) 304 PORTUGUÊS

37 b) A herança deixou rica a família. A herança deixou-a rica. (predicativo do objeto) 5 Classifique o predicado e o predicativo: a) Assentiram contrariados os representantes da oposição. Predicado verbo-nominal Predicativo do sujeito: contrariados c) Ele pronunciou tais palavras revoltadíssimo. Ele pronunciou-as revoltadíssimo. (predicativo do sujeito) 3 Sublinhe os predicativos e coloque PS para predicativo do sujeito; PO para predicativo do objeto. a) ( PS ) Os colegas conversaram distraídos. b) ( PS ) A plateia ouvia-o interessada. c) ( PO ) Depois de um exame atento, considerei o caso perdido. d) ( PO ) A faculdade diplomou o rapaz médico. e) ( PO ) O sertão tem-no como corajoso. f) ( PS ) Para nossa tristeza, muitos morreram afogados no acidente. g) ( PS ) A moça caminhou receosa para o meio da sala. h) ( PO ) Tacharam-no de desonesto. i) ( PO ) "Capitu chamava-me às vezes bonito, mocetão, uma flor..." (Machado de Assis) j) ( PO ) "Pensem nas crianças / Mudas telepáticas." (Vinicius de Moraes) b) Naquele ano Ismael achou o avô mais macam búzio. (Autran Dourado) Predicado verbo-nominal Predicativo do objeto: mais macambúzio c) Jacinto empalidecera, impressionado. (Eça de Queirós) Predicado verbo-nominal Predicativo do sujeito: impressionado d) Julgava-a [a cama de couro] inatingível. (Graciliano Ramos) Predicado verbo-nominal Predicativo do objeto: inatingível 4 O diretor ouviu o funcionário preocupado. a) O predicativo, na frase dada, é do sujeito ou do objeto? Não é possível classificar o predicativo porque a frase é ambígua. b) Reescreva a frase desfazendo o problema apontado na questão anterior. I. O diretor, preocupado, ouviu o funcionário. Preocupado, o diretor ouviu o funcionário. O diretor ouviu preocupado o funcionário. II. O diretor ouviu o funcionário, que estava preocupado. O funcionário, preocupado, foi ouvido pelo diretor. 6 (FCMSCSP MODELO ENEM) Examine as três frases abaixo. I. As questões de física são difíceis. II. O examinador deu uma entrevista ao repórter do jornal. III. O candidato saiu do exame cansadíssimo. Os predicados assinalados nas três frases são, a) respectivamente, verbo-nominal, nominal, verbal. b) respectivamente, nominal, verbal, verbo-nominal. c) todos nominais. d) todos verbais. e) todos verbo-nominais. Em I, tem-se verbo de ligação e predicativo do su jei to, portanto o predicado é nominal. Em II, o verbo é de ação (tran sitivo direto e indireto) seguido de objeto direto e indireto, por isso o predicado é verbal. Em III, o verbo sair é de ação e há predicativo do sujeito (cansadíssimo), o que dá predicado verbo-nominal. Resposta: B No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M113 PORTUGUÊS 305

38 C1_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 31/10/12 14:29 Page Provérbios e ditos populares Sabedoria popular Provérbio, máxima, dito, adágio, aforismo: frase curta, geralmente de origem popular, frequentemente com ritmo e rima, rica em imagens, que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou uma regra social ou moral. 1 As linhas nas duas figuras geram um efeito que se associa ao seguinte ditado popular: a) Os últimos serão os primeiros. b) Os opostos se atraem. c) Quem espera sempre alcança. d) As aparências enganam. e) Quanto maior a altura, maior o tombo. No primeiro desenho, as linhas retas (que simulam paralelas e criam o efeito de perspectiva) dão a impressão de que o segundo homem seja maior que o primeiro, e o terceiro maior que o segundo, quando na verdade os três são do mesmo tamanho. No segundo desenho, as linhas retas do plano de fundo dão a impressão de que a figura central seja irregular, quando na verdade se trata de uma circunferência. Resposta: D 306 Exemplos: "Deus ajuda a quem cedo madruga." "Quem tudo quer tudo perde." "Devagar se vai ao longe." "Amor com amor se paga." 2 (ENEM) PORTUGUÊS Transmissão de um ensinamento (ENEM) Os provérbios constituem um produto da sabedoria popular e, em geral, pretendem transmitir um ensinamento. A alternativa em que os dois provérbios remetem a ensinamentos semelhantes é: a) Quem diz o que quer, ouve o que não quer e Quem ama o feio, bonito lhe parece. b) Devagar se vai ao longe e De grão em grão, a galinha enche o papo. c) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando e Não se deve atirar pérolas aos porcos. d) Quem casa quer casa e Santo de casa não faz milagre. e) Quem com ferro fere, com ferro será ferido e Casa de ferreiro, espeto de pau. Resposta: B 3 (MODELO ENEM) O provérbio ou ditado popular que mais se aproxima do sentido de Suporta-se com paciência a cólica do próximo (Machado de Assis) é: a) Em terra de sapo, de cócoras como ele. b) Quem com ferro fere com ferro será ferido. c) Desgraça pouca é bobagem. d) Pimenta nos olhos dos outros é refresco. e) A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. No enunciado e em d, a ideia é de que é impossível ter noção real de um sofrimento a menos que se passe por ele. Resposta: D 4 (MODELO ENEM) Provérbio é uma máxima ou sentença de caráter prático e popular que transmite, de forma sucinta, um ensinamento. Assinale a alternativa em que os dois provérbios apresentam ensinamentos semelhantes: a) Nem tudo que reluz é ouro. / Quem vê cara não vê coração. b) Quem ri por último ri melhor. / Quem tem pressa come cru. c) Quem tem boca vai a Roma. / Em boca fechada não entra mosca. d) Não se cutuca onça com vara curta. / Antes de matar a onça, não se vende o couro. e) Leite de vaca não mata bezerro. / Não se cospe no prato em que se come. Os dois provérbios da alternativa a apontam para o mesmo ensinamento: o de que as aparências podem enganar. Resposta: A

39 1 (FUVEST) De acordo com o ditado popular: Invejoso nunca medrou, nem quem perto dele morou. a) O invejoso nunca teve medo, nem amedronta seus vizinhos. b) Enquanto o invejoso prospera, seus vizinhos empobrecem. c) O invejoso não cresce e não permite o crescimento dos vizinhos. d) O temor atinge o invejoso e também seus vizinhos. e) O invejoso não provoca medo em seus vizinhos. Resposta: C 2 (FUVEST) Não adianta chorar sobre o leite der - ramado. O pensamento contido neste provérbio também está presente em: a) Quem não tem cão caça com gato. b) Fazer o bem sem olhar a quem. c) Casa de ferreiro, espeto de pau. d) O uso do cachimbo faz a boca torta. e) O que não tem remédio remediado está. Resposta: E BOM CONSELHO Ouça um bom conselho Eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado, quem espera nunca alcança Venha, meu amigo Deixe esse regaço Brinque com meu fogo Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de pensar Corro atrás do tempo Vim de não sei onde Devagar é que não se vai longe Eu semeio vento na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade... (Chico Buarque, A arte de Chico Buarque) 3 A letra da música acima apresenta vários provérbios alte - rados. Reconheça-os e reescreva-os em sua forma original. Se conselho fosse bom, não se dava, vendia-se. Quem espera sempre alcança. Quem brinca com fogo pode se queimar ou acabar se quei mando. Faça como eu digo, não faça como eu faço. Pense duas vezes antes de agir. Dar tempo ao tempo. Devagar se vai ao longe. Quem semeia vento colhe tempestade. 4 (MODELO ENEM) I. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. II. Em terra de sapo, de cócoras como ele. III. Quem tudo quer, tudo perde. IV. É melhor não cutucar onça com vara curta. O sentido dos provérbios acima se relaciona, respectivamente, a a) resolução, transformação, corrupção, precaução. b) tenacidade, modificação, generosidade, cautela. c) obstinação, alteração, mesquinhez, audácia. d) persistência, adaptação, ambição, prudência. e) determinação, mudança, avareza, temor. O primeiro provérbio se relaciona à constância; o segundo, à necessidade de adaptar-se às circunstâncias; o terceiro revela a consequência da cobiça desmedida; o quarto diz respeito à necessidade de cautela diante de situações arriscadas. Resposta: D 5 (FUVEST) O provérbio Devagar com o andor que o santo é de barro diz respeito à cau tela. Identifique o provérbio que diz respeito ao egoísmo. a) Nem tudo o que reluz é ouro. b) A cavalo dado, não se olham os dentes. c) Devagar se vai ao longe. d) Farinha pouca, meu pirão primeiro. e) De grão em grão, a galinha enche o papo. Resposta: D 6 (FUVEST) Leia o seguinte texto: VERÃO EXCESSIVO Eu sei que uma andorinha não faz verão, filosofou a andorinha-de-barriga-branca. Está certo, mas agora nós somos tantas, no beiral, que faz um calor terrível, e eu não aguento mais! (Carlos Drummond de Andrade, Contos plausíveis) a) Com base na queixa da andorinha-de-barriga-branca, reformule o provérbio Uma andorinha não faz verão. b) Está adequado o emprego do verbo filosofou, tendo em vista que ele se refere ao provérbio citado no texto? Justifique sucintamente sua resposta. a) Uma andorinha não faz verão; muitas, porém, produzem juntas um calor terrível. b) O emprego do verbo filosofar se justifica por ter ele, no texto, o sentido coloquial de meditar, raciocinar, formular uma refle xão de sentido geral ou, para usar um brasileirismo, matutar. O provérbio citado exprime o conteúdo da reflexão da andorinha. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M116 PORTUGUÊS 307

40 7 As frases abaixo são paródias criativas e irônicas de provérbios e máximas conhecidos e estão circulando na internet. Faça a correspondência, considerando a ideia veiculada em cada um deles. 1. Quem ri por último 2. Quem com ferro fere 3. Sol e chuva 4. Devo, não pago 5. Quem tem boca 6. Gato escaldado 7. Quem espera 8. Quando um não quer 9. Os últimos 10. Há males 11. Se Maomé não vai à montanha 12. A esperança e a sogra 13. Depois da tempestade 14. Devagar 15. Antes tarde 16. Em terra de cego 17. Quem cedo madruga a) vou sair de guarda-chuva. ( ) b) são as últimas que morrem. ( ) c) vem a gripe. ( ) d) sempre cansa. ( ) e) é retardado. ( ) f) nego enquanto puder. ( ) g) então vai à praia. ( ) h) que vêm para piorar. ( ) i) o outro insiste. ( ) j) fala, quem tem condição vai a Roma. ( ) k) não sabe como dói. ( ) l) morre. ( ) m) serão desclassificados. ( ) n) fica com sono o dia inteiro. ( ) o) nunca se chega. ( ) p) quem tem um olho é caolho. ( ) q) do que mais tarde. ( ) 1) e; 2) k; 3) a; 4) f; 5) j; 6) l; 7) d; 8) i; 9) m; 10) h; 11) g; 12) b; 13) c; 14) o; 15) q; 16) p; 17) n. 24 Adjunto adverbial Termo acessório Circunstância O ADJUNTO ADVERBIAL é um termo acessório da oração. O adjunto adverbial modifica o verbo, um adjetivo ou outro advérbio da oração. O adjunto adverbial pode indicar qualquer tipo de circuns - tância; por isso, seria longo e pouco útil apresentar uma lista de todos os tipos de adjunto adverbial. Sua classifi - cação adequada depende do contexto em que o termo aparece. As perguntas que indicam a circunstância expressa pelo adjunto adverbial são quando? (tempo), onde? (lugar), como? (modo), para quê? (finalidade), de quê? ou por quê? (causa), com quê? (instrumento) etc. afirmação: Com certeza, ele virá à reunião. assunto: Todo mundo falava sobre aquele progra - ma de TV. causa: Com a seca, até a água do poço acabou. companhia: O marido acabou saindo com alguns velhos amigos. comparação: Ele falava, como todo homem fala. concessão: Apesar de tudo, a vida continua. condição: Sem a autorização do gerente, não posso descontar o cheque. conformidade: Os alunos farão o exame de acordo com a minha orientação. direção: O ladrão atirou para o alto. dúvida: Talvez você esteja certo. finalidade: Muitos alunos prepararam-se para o vestibular. frequência: Ele aparece todas as quartas-feiras. instrumento: Conseguiu abrir a maleta com um canivete. intensidade: Aquelas meninas falam demais. lugar: Aonde vais, com tanta pressa? matéria: O telhado foi construído de zinco. medida: Construíram um edifício de 30 metros. meio: Ele soube a notícia pelos jornais. modo: O tempo passava depressa e ele andava com calma. negação: Não conheço a sua namorada. origem: Ele vem de família pobre. preço: O livro custou vinte reais. quantidade: Escreveu versos aos milhares. tempo: De vez em quando ela sorria. 308 PORTUGUÊS

41 A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectos da sociedade em que vivemos. Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora. Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trom badinha, ladrão. (...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê. (COLASANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco,1999.) 1 (ENEM) No terceiro parágrafo em:...não existem meni nos De rua. Existem meninos NA rua., a troca de De pelo Na determina que a relação de sentido entre menino e rua seja a) de localização e não de qualidade. b) de origem e não de posse. c) de origem e não de localização. d) de qualidade e não de origem. e) de posse e não de localização. Segundo o texto, o fato de estarem na rua é uma cir cunstância que define os meninos apenas espa cial mente (indica onde estão), e não es sencialmente (não indica quem são nem como são). Portanto, ela subs titui uma atribui - ção de qualidade ( de rua ) por uma indicação de circunstância espacial ( na rua ). Resposta: A Para responder à questão 2, leia os versos: E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. Mudaram as estações Nada mudou (Renato Russo) 2 (UFSCar) É notória a oposição de ideias nos versos, o que significa que neles se encontra como principal figura de linguagem a a) metáfora. b) antítese. c) sinestesia. d) metonímia. e) catacrese. Antítese é a figura correspondente à aproxi ma - ção de antô ni mos ou de ideias que se contra - põem. Resposta: B 3 (CÁSPER LÍBERO MODELO ENEM) Na pressa, quebrou a janela para fugir com uma pedra. A frase acima apresenta construção ambígua produzida por uma expressão adverbial seme - lhante à que ocorre na seguinte alternativa: a) Para o pai, era só mais um pijama de homem listrado. b) Em Ouro Preto, um templo construído por escravos foi encontrado duzentos anos após sua construção. c) João afirmou que, na Casa de Cláudia, quem mandava era sua mãe. d) Ao final da reunião com seus assessores, Pedro deixou a sala às pressas. e) Comprou ingressos para ir à Bienal por telefone. Os adjuntos adverbiais de instrumento com uma pedra e por telefone podem referirse a qualquer um dos dois verbos que há em cada uma das duas frases, embora seja evidente, nas duas, a referência correta. Resposta: E 4 (UFABC MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que o termo sublinhado não exerça a mesma função sintática dos demais. a) A mulher, impaciente, ficou na sala. b) As pessoas abraçaram-se com entusiasmo. c) O orador, nervoso, falou baixo. d) A mulher, com medo, não saiu à rua. e) Imediatamente, as árvores viraram cinzas. Cinzas é predicativo do sujeito, os demais são adjuntos adverbiais: a) lugar, b) modo, c) modo, d) lugar. Resposta: E 1 Classifique os adjuntos adverbiais destacados no texto abaixo, indicando a circunstância que eles expressam, segundo o código: a) lugar b) tempo c) modo d) companhia e) comparação Afinal volta Martim de novo às terras que foram de sua felicidade e são agora de amarga saudade. ( b ) ( b ) ( a ) ( b ) Quando seu pé sentiu o calor das brancas areias, em seu coração, derramou-se um fogo que o requeimou: era o ( a ) fogo das recordações, que ardiam como centelha sob as cinzas. (...) ( e ) Muitos guerreiros de sua raça acompanharam o chefe branco, para fundar com ele a mairi [cidade] dos cristãos. ( d ) Veio também um sacerdote de sua religião, para plantar a cruz na terra selvagem. ( a ) (José de Alencar, Iracema) PORTUGUÊS 309

42 2 Classifique os adjuntos adverbiais destacados no texto abaixo, indicando a circunstância que eles expressam, segundo o código: a) lugar b) negação c) causa d) intensidade e) concessão f) tempo Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas sejam velhas ou novas. Onze meses depois, ( b ) ( a ) ( f ) Ezequiel morreu de uma febre tifoide e foi enterrado nas imediações de Jerusalém. (...) ( c ) ( a ) Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro. ( e ) ( d ) ( a ) (Machado de Assis, Dom Casmurro) 3 Grife os adjuntos adverbiais do texto seguinte, indicando a circunstância que eles expressam, segundo o código: a) tempo b) modo c) negação d) dúvida e) intensidade f) lugar g) comparação h) instrumento i) causa Fabiano, encaiporado [infeliz, aborrecido, chateado], fechou as mãos e deu murros na coxa. Diabo. Esforçava-se ( f ) por esquecer uma infelicidade, e vinham outras infelicidades. Não queria lembrar-se do patrão nem do soldado amarelo. ( c ) Mas lembrava-se, com desespero, enroscando-se como uma cascavel assanhada. Era um infeliz, era a criatura mais infeliz ( b ) ( g ) do mundo. Devia ter ferido naquela tarde o soldado amarelo, devia tê-lo cortado a facão. (...) Se não fosse ( a ) ( h ) ( c ) tão fraco, teria entrado no cangaço e feito misérias. Depois levaria um tiro de emboscada ou envelheceria na cadeia, ( e ) ( f ) ( a ) ( f ) cumprindo sentença, mas isto era melhor que acabar-se numa beira de caminho, assando no calor, a mulher e os filhos ( f ) ( i ) acabando-se também. Devia ter furado o pescoço do amarelo com faca de ponta, devagar. Talvez estivesse preso e ( h ) ( b ) ( d ) respeitado, um homem respeitado, um homem. (Graciliano Ramos, Vidas Secas) Ele já andava meio desconfiado vendo as flores min guarem. E olhava com desgosto a brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes. (Graciliano Ramos, Vidas Secas) 4 a) Classifique os adjuntos adverbiais do trecho. já: adjunto adverbial de tempo; meio: adj. ad. de intensidade; com desgosto: adj. ad. de modo. b) Por que desconfiado não é classificado como adjunto adverbial? Qual sua função sintática? O advérbio é palavra invariável e desconfiado é adjetivo, varia em número e gênero e funciona sintaticamente como predicativo do sujeito. 5 No texto dado, o pensamento do personagem mescla-se ao discurso do narrador. Que nome recebe esse tipo de discurso? Trata-se de discurso indireto livre. 310 PORTUGUÊS

43 Texto para as questões 6 e 7. SONETO DE FIDELIDADE De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. (Vinicius de Moraes) F (UFSCar) Nos dois primeiros quar tetos do soneto de Vinícius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas. b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor. c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas. d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza. e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se entregarem ao amor. A ideia de que o amor deve ser compartilhado tanto na alegria como na tristeza depreende-se dos dois últimos versos da segunda estrofe: E rir meu riso e derramar meu pranto/ao seu pesar ou seu contentamento. Resposta: D Texto para a questão 8. Já contei há tempo, neste espaço, o caso de uma mulher na Alemanha do século 18. Com mais de 52 anos, não tinha idade segura para engravidar, mesmo assim engravidou. Era pobre, sofria de tuberculose, tinha hemop - tises diárias, fora internada diversas vezes em asilos por distúrbios psiquiátricos. Um médico examinou-a e solicitou ao Departamento de Saúde Pública de Bonn a licença para interromper a gravidez, que, entre outras coisas, colocava em risco a vida da mãe e do filho. A licença foi negada. O filho nasceu. Era descon junta - do, surdo, antissocial. Seu nome: Ludwig von Beethoven. (Carlos Heitor Cony) 8 (MODELO ENEM) Analise as afirmações sobre o texto: I. A crônica acima é predominantemente narrativa e a história serve para provocar no leitor uma reflexão sobre o aborto. II. O trecho por distúrbios psiquiátricos indica a causa por que a mulher fora internada. III. Os termos destacados em examinou-a e mãe referemse a uma mulher. IV. Nos trechos interromper a gravidez e solicitou ao Departamento de Saúde Pública, substituindo-se os objetos por um pronome correspondente, têm-se: interrompê-la e solicitou-o. Está correto o que se afirma a) apenas em I e II. b) apenas em I, II e III. c) apenas em II, III e IV. d) apenas em I, III e IV. e) em I, II, III e IV. Em IV, a expressão ao Departamento de Saúde Pú bli ca exerce a função sintática de objeto indireto do verbo solicitar, por isso deve ser substituído pelo pronome lhe: solicitou-lhe. Resposta: B 9 Às vezes, pode ocorrer ambiguidade em relação à circunstância adverbial. Por exemplo Jornalista fala no debate do Canal 2. G (UFSCar) No segundo verso do poema, no qual o poeta mostra como tratará o seu amor, as expressões com tal ze lo, sempre e tanto dão, respec tivamente, ideia de a) modo intensidade modo. b) modo tempo intensidade. c) tempo tempo modo. d) finalidade tempo modo. e) finalidade modo intensidade. Com tal zelo é equivalente a de modo tão zeloso ou tão zelosamente, indicando, pois, modo. Sempre é um advérbio de tempo e tanto um advérbio de inten sidade. Resposta: B Explique o duplo sentido. O adjunto adverbial no debate do Canal 2 pode equivaler a sobre o debate do Canal 2, indicando assunto; ou durante o debate do Canal 2, indicando tempo. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M115 PORTUGUÊS 311

44 APRESENTAÇÃO VISUAL DA REDAÇÃO O aluno deve preencher corretamente todos os itens do cabeçalho com letra legível. Centralizar o título na primeira linha, sem aspas e sem grifo. Pular uma linha entre o título e o texto, para então iniciar a redação. Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros da margem e mantê-los alinhados. Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também não deixar de atingi-las. Evitar rasuras e borrões. O erro deverá ser anulado com um traço apenas. Ex.: O maior poblema problema... Apresentar letra legível, cursiva ou de forma. Distinguir bem as maiúsculas das minúsculas, espe cialmente no uso de letra de forma. Evitar exceder o número de linhas pautadas ou pedidas como limites máximos e mínimos. 1. o e 2. o ano: mínimo de vinte e máximo de trinta linhas. Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou o esboço das ideias podem ser feitos a lápis e rasurados. O texto não será corrigido em caso de utilização de lápis ou caneta vermelha, verde etc. na redação definitiva. Lembretes Antes de começar a escrever, faça um esquema de seu texto, distribuindo em parágrafos as ideias que pretende expor. Isso evita repetição ou esque - cimento de alguma ideia. Verifique se os pontos de vista que você vai defender não são contraditórios em relação à tese. Não tenha preguiça de refazer seu texto várias vezes. É a melhor maneira de chegar a um bom resultado. Enquanto escreve, tenha sempre à mão um dicio - nário para checar a grafia das palavras e descobrir sinônimos para evitar repetições desnecessárias. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista, sem ferir os direitos humanos. Jamais analise os temas propostos movido por emoções exageradas. Nunca se dirija ao leitor. Não escreva sobre o que você não conhece, ar - riscan do-se a incorrer em erros e imprecisões de conteúdo. Não empregue palavras cujo significado seja desco nhe cido para você. Evite utilizar noções vagas, como liber dade, democracia, injustiça termos que têm um signi ficado tão amplo que chegam a não significar nada. Evite expressões do tipo belo, bom, mau, incrí vel, péssimo, triste, pobre, rico são juízos de valor sem carga informativa, imprecisos e subjetivos. Evite o lugar-comum: frases feitas e expressões cristali zadas, como a pureza das crianças e a sabedoria dos velhos. Há crianças e velhos de todos os tipos. Evite também gírias e a palavra coisa (procure o vocabulário adequado a cada ideia). Não use etc., nem abrevie palavras. Procure não embromar, tentando preencher mais algumas linhas. Cada palavra deve ser fundamental e informativa na redação. Não repita ideias, tentanto explicá-las melhor. Se você escrever com clareza, uma vez só basta. Cuidado com o uso inadequado de conjunções. Elas podem estabelecer relações que não existem entre as frases e tornar o texto sem nexo. Se formular uma pergunta na tese, responda-a ao longo do texto. Evite interrogações na argumen ta - ção e jamais as utilize na conclusão. Para aprofun - dar seus argumentos, suas afirma ções, use exemplos, fatos notórios ou históricos, conheci - men tos geográficos, cifras aproximadas e infor ma - ções adquiridas por meio de leitura, estudo e aquisições culturais. Respeite os limites indicados: evite escrever demais, pois você corre o risco de entediar o corretor e cometer erros. Evite orações demasiadamente longas e parágra - fos de uma só frase. Dê um título coerente ao assunto abordado em seu texto. Releia o texto, depois de rascunhá-lo, para observar se você não fugiu ao tema proposto. Passe o texto a limpo, procurando aprimorar o vocabulário. 312 PORTUGUÊS

45 COLÉGIO MÓDULO 3 Prática de Redação 1 (Para Casa) Nome legível Unidade Ano/Classe Data N. o de Computador MEU IDEAL SERIA ESCREVER Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse ai meu Deus, que história mais engraçada. E então contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria mas essa história é mesmo muito engraçada! (...) E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublim, a um japonês, em Chicago mas que em todas as línguas ela guar das se a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum ho mem; foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina. E quando todos me perguntassem mas de onde é que você tirou essa história? eu respon deria que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: Ontem ouvi um sujeito contar uma história... E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro. (Rubem Braga, A Traição das Elegantes) Com base no texto, elabore uma crônica que se inicie com o trecho: Meu ideal seria escrever... PORTUGUÊS 313

46 Observações do(a) corretor(a): Nome: O tema é livre, pois a frase Meu ideal seria escrever dá margem a que o aluno escreva sobre qualquer assunto e em qualquer modalidade. Podem aparecer crônicas narrativas, reflexivas e até em forma de carta etc. O título fica por conta do aluno, porém, ele pode repetir o título da crônica de Rubem Braga. O texto deve iniciar-se com a frase: Meu ideal seria escrever (a que ele dará continuidade na mesma linha). O conteúdo pode apresentar teor lírico, romântico (escrever para alguém), trágico, cômico ou humorístico, e os alunos podem dirigir-se às autoridades (até ao presidente da República), pedindo, por exemplo, o fim da miséria, da violência, das guerras, das doenças, entre outros. O professor deve incentivar o aluno mesmo que as reivindicações sejam utópicas. 314 PORTUGUÊS

47 COLÉGIO MÓDULOS 6 e 7 Prática de Redação 2 (Para Casa) Nome legível Unidade Ano/Classe Data N. o de Computador EU SEI, MAS NÃO DEVIA Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. (...) A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta. (...) A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto se acostumar, se perde de si mesma. (Marina Colasanti) A crônica reflexiva de Marina Colasanti adquire contornos líricos através da construção anafórica A gente se acostuma. Plasmada em subjetividade, a crônica constata o patético das imposições de um cotidiano massificante e deteriorado. Escreva uma crônica narrativa ou reflexiva sobre o seguinte tema: Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro. (Freud) PORTUGUÊS 315

48 Observações do(a) corretor(a): Nome: O aluno pode redigir uma crônica narrativa ou reflexiva que não precisa apresentar o mesmo recurso anafórico do texto Não devia. Caso o aluno conheça a estrutura dissertativa, seu texto poderá tender para a dissertação, na tentativa de fazer uma crônica reflexiva. Não tirar pontos por isso; alguns alunos não conseguem soltar-se o suficiente para redigir uma crônica, que exige lirismo, ironia, humor e muita emotividade. O texto de Marina Colasanti deve provocar reflexões profundas e interessantes. O resultado dos trabalhos elaborados com base neste texto costumam ser gratificantes. 316 PORTUGUÊS

49 COLÉGIO MÓDULOS 10 e 11 Prática de Redação 3 (Para Casa) Nome legível Unidade Ano/Classe Data N. o de Computador CONTO DE FADAS PARA AS MULHERES DO SÉCULO XXI Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa que, independente e cheia de autoestima, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava em conformidade ecológica, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo em um belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o nosso jantar, lavarias as roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à milanesa, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava Nem morta! (Luis Fernando Verissimo, com adaptações) A crônica lida trata da condição da mulher emancipada e da consequente ruptura do mito da mulher submissa, vivendo em função do marido e dos filhos. Além desse mito, há outro que também é desfeito: o do casamento perfeito e duradouro ( e foram felizes para sempre ). Com base nesse exemplo, escreva uma crônica narrativa ou reflexiva sobre esse mito ou outro qualquer que não mais seja válido em nossa sociedade. Faça isso tomando por referência sua vivência, ou leituras e comentários que você ouviu de seus pais, tios, avós e de outros adultos. PORTUGUÊS 317

50 Observações do(a) corretor(a): Nome: O professor pode sugerir alguns mitos que a sociedade moderna desfez: homem não sabe cozinhar, não sabe cuidar de criança (lembrar que há homens solteiros adotando crianças), sempre tem um salário maior do que o da mulher (esposa); mulher não consegue fazer trabalhos pesados (motorista de ônibus, trabalhadora da construção civil etc), não pratica esportes radicais ou tradicionalmente masculinos (os jogos Pan-Americanos provaram o contrário), não exerce determinadas profissões (juízas, delegadas, bandeirinhas, engenheiras) e outros. 318 PORTUGUÊS

51 COLÉGIO MÓDULOS 14 e 15 Prática de Redação 4 (Para Casa) Nome legível Unidade Ano/Classe Data N. o de Computador Agora você terá a oportunidade de exercitar a paráfrase. Reescreva o fragmento do texto de Jairo Carvalho, fazendo novas construções frásicas e substituindo o vocabulário, tendo, porém, o cuidado de não alterar o conteúdo original. Não se preocupe com o número de linhas que serão ocupadas por sua paráfrase. Obedeça à sequência de ideias do texto a ser reescrito. SOBRE RAÇAS HUMANAS Desde a Antiguidade, a mentalidade ocidental convive com a ideia de que os seres humanos estão divididos em raças, mas foi no decorrer do século XIX, quando os países europeus necessitavam justificar seus projetos de expansão imperialista, que uma grande parte dos seus recursos intelectuais estiveram mais empenhados em definir e hierarquizar as raças que compõem nossa espécie. Para classificar a variedade de fenótipos humanos, muitos cientistas trabalharam exaustivamente e sua influência deu credibilidade à afirmação de que os brancos de origem europeia ocupariam os estágios mais elevados do desen - volvimento, em detrimento dos não brancos, invariavelmente identificados com o atraso. (...) A ciência do século XIX dava ao racismo o fundamento que lhe permitia justificar a escravização criminosa de milhões de africanos e o autorizava a contradizer de modo convincente o 1. o artigo da "Declaração Universal dos Direitos Humanos" de que os seres humanos nascem livres e iguais. Entre os resultados práticos da noção de que a humanidade se divide em raças, e que algumas são superiores e outras inferiores, está o extermínio de 6 milhões de judeus pelos nazistas nas décadas de 30 e 40 do século passado. Entretanto, com o progresso da genética e da biologia molecular, os biólogos e antropólogos observaram que nenhum gene humano é específico de uma raça e que todas as populações têm mais ou menos os mesmos genes. As suas conclusões são de que nem a genética nem a bioquímica fornecem qualquer subsídio para justificar a existência do conceito "raças humanas". Pelo contrário, afirmou-se, em seu lugar, que a espécie humana é essencial - mente uma só, o que municiou a ciência para atestar com absoluta segurança que as bases conceituais das afirmações anteriores não têm qualquer valor. (Texto adaptado de Jairo Carvalho) ˇ PORTUGUÊS 319

52 Observações do(a) corretor(a): Nome: A paráfrase abaixo é apenas uma possibilidade de reescrita do texto dado: O mundo ocidental sempre partilhou a ideia de que a humanidade se dividia em raças, porém foi a necessidade de expansão imperialista dos países europeus, no século XIX, que levou os cientistas a dedicarem-se com afinco a definir e hierarquizar as espécies humanas. Eles se aplicaram na classificação dos tipos e confirmaram a crença de que os brancos de origem europeia seriam mais desenvolvidos que os demais povos. Assim, os argumentos científicos do século XIX reforçaram uma postura preconceituosa que justificava a escravização hedionda (ignóbil, repulsiva) de milhões de africanos, o que contradizia (refutava, dizia o contrário de, estava em desacordo com) o 1. o artigo da "Declaração Universal dos Direitos Humanos" de que todos nascem livres e iguais em direitos. Um exemplo das consequências da divisão da espécie humana em raças superiores e inferiores ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, em que 6 milhões de judeus foram exterminados pelos nazistas. Porém, com o avanço da genética e da biologia molecular, os cientistas descobriram que não há genes específicos que identifiquem as raças e que os seres humanos têm os genes quase idênticos. A conclusão a que chegaram é a de que não existem dados que comprovem o conceito de "raças humanas". Dessa forma, contradizendo pressupostos antiquados, essas pesquisas comprovam que a humanidade não se divide em raças. 320 PORTUGUÊS

53 COLÉGIO MÓDULOS 22 e 23 Prática de Redação 5 (Para Casa) Nome legível Unidade Ano/Classe Data N. o de Computador Provérbios e ditos populares 1. A união faz a força. 2. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. 3. Em terra de cego, quem tem um olho é rei. 4. Quem tudo quer, tudo perde. 5. Quem desdenha quer comprar. 6. Papagaio come milho, periquito leva fama. 7. Em casa de ferreiro, espeto de pau. 8. Em boca fechada não entra mosca. 9. Não adianta chorar sobre o leite derramado. 10. Falar é prata, calar é ouro. 11. Quem espera sempre alcança. 12. Aqui se faz, aqui se paga. 13. Quem tem telhado de vidro não atira pedra ao vizinho. 14. Gato escaldado tem medo de água fria. 15. Um é pouco, dois é bom, três é demais. 16. Quem ri por último ri melhor. 17. As aparências enganam. 18. Quem semeia ventos, colhe tempestades. 19. Nem tudo que reluz é ouro. 20. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Escolha um dos provérbios acima e, a partir dele, escreva uma crônica narrativa. O provérbio escolhido deve ter relação com a história e aparecer mencionado ou transcrito no desfecho. PORTUGUÊS 321

54 Observações do(a) corretor(a): Nome: O aluno pode compor uma narrativa verossímil ou uma fábula, que sempre é encerrada com um preceito moral. Tanto na narração realista quanto na fábula, o enredo criado pelo aluno deve ilustrar o provérbio escolhido. O professor pode mencionar o fato de que no vestibular da FATEC de 2006, os temas foram: Quem semeia ventos, colhe tempestades e As aparências enganam?. 322 PORTUGUÊS

55 Machado de Assis ( ) Romantismo Realismo Módulos 1 e 2 Romantismo e paródia 9 Antero de Quental 3 Romantismo e paródia: 10 Eça de Queirós: O Primo Basílio Álvares de Azevedo e O Crime do Padre Amaro Lira dos Vinte Anos Parte I 11 Eça de Queirós: 4 Romantismo e paródia: A Cidade e as Serras Álvares de Azevedo 12 Cesário Verde Lira dos Vinte Anos Parte II 13 e 14 Machado de Assis I: Memórias 5 e 6 Castro Alves: poesia social Póstumas de Brás Cubas 7 Castro Alves: poesia lírica 15 e 16 Machado de Assis II: 8 José de Alencar e Quincas Borba e Dom Casmurro Manuel Antônio de Almeida 1 e 2 Romantismo e paródia Poesia romântica brasileira Paródia Humor e ironia modernista 1 (MODELO ENEM) A definição de paró - dia está correta na alternativa: a) Trata-se de uma variedade de reescrita em que o texto meta é reelaborado em uma língua diferente. b) Consiste na reelaboração de um texto fonte em função de seu conteúdo (resumos, conden - sações, atas etc.) c) É a apropriação ou imitação, essencialmente ilícita, de texto ou obra alheia; oculta seu processo de criação. d) Consiste no ato discursivo por meio do qual o enunciador corrige ou modifica uma palavra, uma construção (...), objetivando tornar a expressão mais clara. e) É a imitação cômica de um texto, especial - mente uma composição literária, ou de qualquer obra artística. A alternativa e define apropria da mente paródia. As demais alternativas definem: a) tradução; b) paráfrase; c) plágio; d) retificação. As definições apresentadas nas alternativas foram extraídas da Gramática Houaiss, de José Carlos de Aze - redo, e adaptadas. Resposta: E Texto para o teste 2. SATÉLITE Ah Lua deste fim de tarde, Demissionária de atribuições românticas, Sem show para as disponibilidades [sentimen tais! Fatigado de mais-valia, Gosto de ti assim: Coisa em si, Satélite. (Manuel Bandeira) LUA DE SÃO JORGE Lua de São Jorge Brilha nos altares Brilha nos lugares Onde estou e vou Lua de São Jorge Brilha sobre os mares Brilha sobre o meu amor (Caetano Veloso) 2 (UFMA-MA MODELO ENEM) Em am - bos os textos, o eu lírico dirige-se à lua. Entre - tanto, o tratamento dado a ela é diferente, pois, a) para Manuel Bandeira, a lua se reveste de tons sentimentais e emotivos. b) para Caetano Veloso, a lua é destituída de qualquer conotação religiosa. c) para Manuel Bandeira, a lua é metáfora do exibicionismo dos enamorados. d) para Caetano Veloso, o brilho da lua se sobre põe ao amor do poeta. e) para Manuel Bandeira, a lua perde a cono - tação romântica. No poema de Bandeira, o eu lírico afirma gostar da lua como coisa em si, ou seja, como satélite da Terra, destituída de suas atribuições românticas. Resposta: E PORTUGUÊS 323

56 Texto 1 Mulher, Irmã, escuta-me: não ames, Quando a teus pés um homem terno e curvo Jurar amor, chorar pranto de sangue, Não creias não, mulher: ele te engana! As lágrimas são galas da mentira ornamentos, enfeites E o juramento manto da perfídia. engano, traição (Joaquim Manuel de Macedo, escritor romântico) 2 Manuel Bandeira apresentou seu texto (publicado em jornal, em 1925) como tradução pra caçanje ( caçanje : mau português) do então muito conhecido poema de J. M. de Macedo. Justifique essa forma brincalhona com que o poeta apresentou seu trabalho. O caçanje ou português de baixa extração revela-se em expressões como bancar o sentimental, pra cima de você, paixão do tamanho de um bonde, é lágrima de cinema, é tapeação, cai fora. A tradução expõe a oposição entre o uso da linguagem formal e da coloquial no texto poético. Texto 2 Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você E te jurar uma paixão do tamanho de um bonde Se ele chorar Se ele ajoelhar Se ele se rasgar todo Não acredita não Teresa É lágrima de cinema É tapeação É mentira CAI FORA. (Manuel Bandeira, poeta modernista) 1 Qual a diferença básica na forma pela qual cada um dos poemas se dirige à interlocutora? No poema de Joaquim Manuel de Macedo, o eu lírico dirige-se à inter locutora de maneira algo formal e idealizada, pois a chama Irmã. O texto de Bandeira é mais íntimo (a interlocutora é chamada pelo prenome) e informal (como demonstram os termos de gíria utilizados). Texto 3 MEUS OITO ANOS Oh! souvenirs! printemps! aurores! 1 (Victor Hugo) Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! agradáveis, serenas 324 PORTUGUÊS

57 Como são belos os dias Do despontar da existência! Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é lago sereno, O céu um manto azulado, O mundo um sonho dourado, A vida um hino d amor! Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar! (...) Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberto o peito, Pés descalços, braços nus! Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis! Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo E despertava a cantar! (...) descanso, prazer felizes ao entardecer Texto 4 meus oito anos Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais Eu tinha doces visões Da cocaína da infância Nos banhos de astro-rei Do quintal de minha ânsia A cidade progredia Em roda de minha casa Que os anos não trazem mais Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais (Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade,1927) C Todos os versos do poema de Casimiro de Abreu apre - sentam sete sílabas métricas. O mesmo ocorre no poema de Oswald de Andrade? No poema de Oswald de Andrade ocorre uma aparente ruptura da regularidade métrica nos versos 3-4, que são mais curtos. Juntos, porém, os dois formam um verso de sete sílabas, como todos os demais, menos dois: 9 e 18. Esses dois versos, que são idênticos, pois funcionam como refrão, contam apenas seis sílabas. É notável que o poeta erra (voluntariamente) na métrica no mes mo verso em que comete um erro infantil de português, adequado (como brincadeira) num poema sobre a infância. Também se observa que, nos versos 9 e 18, Oswald de Andrade nega um elemento presente no poema de Casimiro de Abreu. Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! (Casimiro de Abreu, Lisboa, 1857) 1 Oh! recordações! primaveras! auroras! é a tradução do verso de Victor Hugo (pronúncia aproximada: victôrr ügô). Meus Oito Anos é o mais famoso dos poemas de Casimiro de Abreu, tendo sido lido e decorado por diversas ge ra ções de estudantes, pois até há pouco tempo constava de todas as antologias escolares. A seguir, apresenta-se a paródia que o modernista Oswald de Andrade fez do poema de Casimiro: PORTUGUÊS 325

58 D Como são as imagens de infância do poema de Casimiro de Abreu? São idealizadas e românticas: a infância é descrita como uma etapa de sonho, felicidade e perfeição. F Chico Buarque fez uma releitura do poema Meus Oito Anos, de Casimiro de Abreu. Há diferença entre os dois autores no modo como evocam a infância? Casimiro de Abreu e Chico Buarque tematizam a nostalgia da infância; aquele o faz numa visão idealizada, este, com imagens que evocam a realidade. E Como são as imagens de infância do poema de Oswald de Andrade? São imagens reais, cotidianas e não idealizadas.! O Destaque Texto 5 DOZE ANOS Ai, que saudades que eu tenho Dos meus doze anos Que saudade ingrata Dar banda por aí Fazendo grandes planos E chutando lata Trocando figurinha Matando passarinho Colecionando minhoca Jogando muito botão Rodopiando pião Fazendo troca-troca Ai, que saudades que eu tenho Duma travessura O futebol de rua Sair pulando muro Olhando fechadura E vendo mulher nua Comendo fruta no pé Chupando picolé Pé de moleque, paçoca, E disputando troféu Guerra de pipa no céu Concurso de piroca (Chico Buarque de Holanda) José Marques CASIMIRO DE ABREU ( ): Nasceu em Barra de São João, Província do Rio de Janeiro. Passou sua infân cia no campo, de onde saiu para estudar humani dades em Nova Friburgo. Seu pai, fazendeiro e co - mer ciante português de boa situação econômica, mandouo ao Rio para praticar comércio, o que produziu nele certo ressentimento, visível em alguns de seus poemas, já que não possuía vocação para os negócios. Em 1853, aos quatorze anos de idade, foi enviado a Lisboa para prosseguir na mesma prática comercial. Ficou em Portugal quatro anos e lá se iniciou como poeta e dramaturgo. De volta ao Rio, fale ceu vítima de tuberculose, aos vinte anos. Seus prin cipais temas são a saudade da infância, o amor à natu reza, a religião e um patriotismo difuso e sentimental. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

59 3 Romantismo e paródia: Álvares de Azevedo Lira dos Vinte Anos Parte I Mal-do-século Spleen Byronismo Textos para os testes 1 e 2. I. O Romantismo, movimento literário do século XIX, apresenta, entre outras carac terísticas, uma visão de mundo centrada no indivíduo. Seus heróis são personagens portadoras de verdades, destemidas, de caráter exemplar e que realizam grandes missões. II. 1 (PASUSP-SP MODELO ENEM) Em relação aos heróis literários, a personagem da tira a) manifesta uma atitude oposta ao ideal do herói romântico. b) representa um herói literário, disposto a enfrentar qualquer perigo. (Disponível em: lavie/tiras/caminho5.gif. Acesso: ago ) c) admira a paisagem natural, exaltando a natureza bucólica. d) demonstra sua decepção com a sociedade e busca refúgio na imaginação. e) apresenta uma atitude angustiada e pessimista diante dos perigos. A atitude pragmática e consumista da perso - nagem dos quadrinhos é o oposto do idealismo grandioso característico do herói romântico, tal como definido no texto I. Resposta: A 2 (PASUSP-SP MODELO ENEM) Tendo por base somen te o primeiro quadrinho da tira, assinale qual das afirmações a seguir expressa correta mente um princípio geral correspon dente a seu conteúdo. a) Fazer o que não dá prazer pode ser útil. b) Só se deve fazer o que dá prazer. c) Deve-se fazer sempre o que se quiser. d) É melhor não fazer nada, para não sofrer. e) Não se deve fazer o que causa sofri mento. No primeiro quadrinho se exprime, pre - cisamente, o princípio de que fazer o que não dá prazer ( seguir por uma estrada tortuo - sa... ) pode ser útil ( às vezes é preferível ). Resposta: A Texto para as questões de A a E. LEMBRANÇA DE MORRER No more! Oh never more! 1 Quando em meu peito rebentar-se a fibra Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente. E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste passamento. Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poento caminheiro Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro; (Shelley) morte empoeirado som aquele que [toca o sino Como o desterro de minh alma errante, Onde fogo insensato a consumia: Só levo uma saudade é desses tempos Que amorosa ilusão embelecia 2. Se uma lágrima as pálpebras me inunda, Se um suspiro nos seios treme ainda, É pela virgem que sonhei... que nunca Aos lábios me encostou a face linda! Só tu à mocidade sonhadora Do pálido poeta deste flores... Se viveu, foi por ti! e de esperança De na vida gozar de teus amores. Beijarei a verdade santa e nua, Verei cristalizar-se o sonho amigo... Ó minha virgem dos errantes sonhos, Filha do céu! eu vou amar contigo! solidão embelezava PORTUGUÊS 327

60 Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, À sombra de uma cruz, e escrevam nela: Foi poeta sonhou e amou na vida. Sombras do vale, noites da montanha Que minh alma cantou e amava tanto, Protegei o meu corpo abandonado, E no silêncio derramai-lhe canto! Mas quando preludia ave d aurora inicia o canto E quando à meia-noite o céu repousa, Arvoredos do bosque, abri os ramos... Deixai a lua prantear-me 3 a lousa! pedra sepulcral, túmulo (Álvares de Azevedo) 1 Não mais! Oh, nunca mais! ; Shelley (pronúncia shéli; ) foi um grande poeta romântico inglês. 2 Neste ponto, o poeta suprimiu duas estrofes da primeira versão do poema, que falavam das saudades da mãe, do pai e dos amigos. Apesar de o autor as ter ris ca do, os editores insistem em manter no texto as duas estrofes sentimentais e contraditórias. 3 Há uma variante deste verso em que se lê pratear-me, que parece ser uma versão melhor, porque menos sentimental (e o próprio poeta afirmou, versos atrás, que não queria que lhe chorassem a morte) e mais informativa (ganha-se a imagem do luar prateado, em vez da vaga sugestão do choro da lua). C Indique um trecho que sirva para exemplificar a presença do amor dito platônico, ou seja, espiritualizado, que marcou a obra e, segundo seus biógrafos, também a vida do poeta. Os dois últimos versos da sétima estrofe. D Indique trechos em que se verifique a relação subjetiva e direta entre homem e natureza, característica do Romantismo. As três últimas estrofes do poema. A O chamado mal do século... Transcreva palavras e/ou ver - sos do poema que indiquem esses estados de espírito. Dor vivente, Eu deixo a vida como deixa o tédio / Do deserto, o poento caminheiro etc. E Qual a relação entre o verso que o poeta deseja como seu epitáfio (inscrição tumular) e a escola literária a que ele pertence? O verso Foi poeta sonhou e amou na vida revela a associa - ção da poesia com o sonho (o ideal) e o amor, característica do Romantismo, especialmente da geração romântica a que pertence Álvares de Azevedo. B Aponte trechos do poema que indiquem ser a vida, na visão do poeta, algo negativo, enquanto a morte passa a ser a solução. A terceira estrofe, por exemplo. 328 PORTUGUÊS

61 Texto para as questões F e G. Quero me casar na noite na rua no mar ou no céu quero me casar. Procuro uma noiva loura morena preta ou azul uma noiva verde uma noiva no ar como um passarinho. QUERO ME CASAR Depressa, que o amor não pode esperar! (Carlos Drummond de Andrade, poeta modernista) F (FUVEST-SP adaptada) Caracterize brevemente a concepção de amor presente no poema anterior. A concepção de amor expres sa no poema privilegia a urgência e a concretude da realização do ato amoroso, eufemisticamente camuflado sob o verbo casar. [O eu poemático projeta com intensidade o seu desejo, na reiteração do quero me casar. O objeto desse desejo importa menos ( loura morena / preta ou azul / uma noiva verde... ) que sua realização urgente: Depressa, que o amor / não pode esperar! ] Texto para o teste H. Eu sou redondo, redondo Redondo, redondo eu sei Eu sou uma redon ilha Das mulheres que beijei EPITÁFIO Por falecer do oh! amor Das mulheres da minh ilha Minha caveira rirá ah! ah! ah! Pensando na redondilha (Oswald de Andrade, poeta modernista) H (PUC-RJ modificado MODELO ENEM) Marque a opção correta em relação ao poema. a) O título Epitáfio prenuncia a presença trágica e irreversível da morte, tema predominante no poema. b) O uso de metrificação regular e a disposição das estrofes aproximam o poema da poesia trovadoresca. c) O eu lírico idealiza a morte, bem como a figura feminina. d) O eu lírico encontra na morte a possibilidade de transcen - dência e eternidade. e) O poema incorpora o sentimento iconoclasta do Primeiro Tempo Modernista. O poema trata a morte, bem como o amor e a figura feminina, com irreverência. Trata-se de atitude iconoclasta, que alude ao Romantismo de maneira irônica e satírica. Resposta: E! O Destaque G (FUVEST-SP adaptada) A concepção de amor ex pres - sa no poema é semelhante à que predominava na literatura do Romantismo? Justifique. Não, pois o poema subverte a visão idealizadora da mulher e concentra-se no desejo do sujeito, marcado por indisfarçável sensualidade. A mulher aqui importa menos, diante da urgência do desejo. Manuel Antônio ÁLVARES DE AZEVEDO ( ): Nas - ceu em São Paulo, mas cedo partiu para o Rio de Janeiro. Aos 16 anos regres sou a São Paulo, onde cur sou Direito. De talento precoce, integrou-se aos gru pos boê mios da época, to mando parte nos des mandos da Socie - dade Epicureia, fundada em Nas férias do curso de Direito, do quarto para o quinto ano, gozadas no Rio, submeteu-se a uma operação por causa de um tumor. Morreu em 1852, tuberculoso, aos vinte anos de idade, não vendo reunida em livro sua obra. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M119 PORTUGUÊS 329

62 4 Romantismo e paródia: Álvares de Azevedo Lira dos Vinte Anos Parte II Ironia romântica Humor romântico Poesia romântica humorística Texto para os testes 1 e 2. 1 (MODELO ENEM) Na tira acima, há um diálogo entre Níquel Náusea, o rato maior, e Gatinha, ambos personagens do cartunista Fernando Gonsales. Baseando-se no diálogo, é correto afirmar: a) Níquel Náusea fala por meio de enigmas. b) Gatinha não sabe o que é um grande amor. c) Gatinha age de modo antirromântico. d) Níquel Náusea usa linguagem conota tiva. e) Gatinha se expressa usando monos - sílabos. Gatinha age de modo antirromântico, ou seja, ela tem um comportamento contrário àquele que comumente chamamos romântico, sonha - dor, sensível. Ela parece não saber criar ima - gens abstratas ou talvez não tenha o gosto por esse tipo de imagem ou linguagem. Todos os exem plos de coisa bem grande que ela dá são objetos concretos, prosaicos, como uma geladeira, um ônibus e um terreno baldio. No final, Gatinha mostra não ter interesse em ouvir o poema de amor que fora composto para ela. Resposta: C 2 (MODELO ENEM) A comicidade da tira decorre a) do emprego da palavra coisa, cujo sentido é muito vago. b) da comparação descabida entre obje tos materiais e o amor. c) do fato de Gatinha só conhecer três coisas grandes. d) da resposta negativa e inesperada de Gatinha. e) da ideia absurda de um rato escrever um poema. No último quadrinho, a resposta negativa e muito direta de Gatinha rompe com a expectativa que se havia criado por e para Níquel Náusea, até aquele momento. Para ele, suas perguntas estavam criando uma atmosfera propícia à apresentação de seu poema de amor. No entanto, sua expec tativa foi frustrada e, no último quadrinho, as duas posturas (a romântica e a antir romântica) tornaram-se explícitas. Resposta: D NAMORO A CAVALO Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça Que rege minha vida malfadada Pôs lá no fim da rua do Catete A minha Dulcineia 1 namorada. Alugo (três mil-réis) por uma tarde Um cavalo de trote (que esparrela!) Só para erguer meus olhos suspirando À minha namorada na janela... Todo o meu ordenado vai-se em flores E em lindas folhas de papel bordado Onde eu escrevo trêmulo, amoroso, Algum verso bonito... mas furtado. logro, engano Ontem tinha chovido... Que desgraça! Eu ia a trote inglês ardendo em chama, Mas lá vai senão quando uma carroça Minhas roupas tafuis encheu de lama... Eu não desanimei. Se Dom Quixote No Rocinante 2 erguendo a larga espada Nunca voltou de medo, eu, mais valente, Fui mesmo sujo ver a namorada... Mas eis que, ao passar pelo sobrado Onde habita nas lojas minha bela, Por ver-me tão lodoso ela, irritada, Bateu-me sobre as ventas a janela... elegantes, janotas no andar térreo nariz Morro pela menina, junto dela Nem ouso suspirar de acanhamento... Se ela quisesse eu acabava a história Como toda a comédia em casamento. O cavalo, ignorante de namoros, Entre dentes tomou a bofetada, Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo Com pernas para o ar, sobre a calçada PORTUGUÊS

63 Dei ao diabo os namoros. Escovado Meu chapéu que sofrera no pagode Dei de pernas corrido e cabisbaixo E berrando de raiva como um bode. zombaria, caçoada, [cena engraçada Circunstância agravante: a calça inglesa Rasgou-se no cair, de meio a meio, O sangue pelas ventas me corria Em paga do amoroso devaneio!... (Álvares de Azevedo) 2 No Romantismo, a originalidade e a expressão individual são muito importantes para o poeta, pois garantem a expressão sincera e autêntica de suas emoções. Em Namoro a Cavalo, Álvares de Azevedo faz uma zombaria que envolve esse ponto. Em que trecho tal zombaria ocorre? Ocorre na estrofe 3, em que ele fala do verso furtado que escrevia para a namorada. 1 Dulcineia: a amada idealizada de D. Quixote, no livro Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes. 2 Rocinante: cavalo de D. Quixote. 1 A obra poética de Álvares de Azevedo, contida prin cipal - mente no seu livro póstumo, Lira dos Vinte Anos (1853), consta, por um lado, de poemas de tom grave, linguagem formal e temas românticos sérios. Por outro lado, há poe mas de tom brincalhão, linguagem coloquial e romantismo irônico. Em qual dos dois grupos você classificaria o poema transcrito? Por quê? Namoro a Cavalo pertence ao segundo grupo: a linguagem é coloquial, o tom é de deboche e a atitude romântica é comple ta - men te ironizada. Contrariamente, Lembrança de Morrer (o poe - ma de Álvares de Azevedo estudado na aula 3) é um poema do pri meiro grupo: linguagem e tom elevados, expressão roman ti - camente séria de emoções. 3 Pode-se dizer que também o casamento é objeto de zombaria neste poema? Por quê? Sim, pois o casamento é dado como o fim de toda a comédia. Essa associação parece sugerir algum aspecto cômico do casamento. PORTUGUÊS 331

64 4 Qual a diferença entre a figura feminina deste poema e a que aparece nos poemas românticos sérios, inclusive os de Álvares de Azevedo (como, por exemplo, Lembrança de Morrer )? A diferença é que a figura feminina mais frequente na poesia romântica é vaga, inatingível, etérea, apesar de muitas vezes aparecer tingida de sensualidade. A mulher de Namoro a Cavalo é uma moça algo truculenta, de maus bofes, que bate violen - tamente a janela no nariz do namorado por estarem as roupas dele enlameadas. Texto para o teste 6. Teu romantismo bebo, ó minha lua, A teus raios divinos me abandono, Torno-me vaporoso... e só de ver-te Eu sinto os lábios meus se abrir de sono. (Álvares de Azevedo, Luar de Verão, Lira dos Vinte Anos) 5 Apresente dois trechos do texto em que o poeta explore o ridículo, invertendo situações românticas. Momentos ridículos em que se ironizam elementos românticos: ela, irritada, / Bateu-me sobre as ventas a janela... (aqui o clássico encontro dos namorados na janela, como em Romeu e Julieta, é invertido e tornado cômico, pois a mulher não é uma jovem etérea e delicada, mas uma moça agressiva e malhumorada). A estrofe seguinte apresenta o herói sendo derrubado do cavalo, em outro momento ridículo e antirromântico. Também no verso em que o namorado se descreve a sair berrando como um bode há zombaria, seja na maneira como o poeta representa a expressão do que o namorado sentia, seja na linguagem empregada, bastante sugestiva e vulgar. 6 (FUVEST-SP MODELO ENEM) Neste excerto, o eu lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu lírico manifesta a a) ironia romântica. b) tendência romântica ao misticismo. c) melancolia romântica. d) aversão dos românticos à natureza. e) fuga romântica para o sonho. No quarto verso, o eu lírico parece manifestar tédio, ao bocejar diante da lua, figura recorrente na poesia lírica, ora como fonte de inspiração, ora como interlocutora e testemunha de incontáveis lamentos e confissões. Há, portanto, uma inversão ou ironia romântica nos versos de Álvares de Azevedo, já que o eu lírico banaliza um elemento caro à tradição poética e rompe com a expectativa do leitor. Resposta: A No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

65 5 e 6 Castro Alves: poesia social Condoreirismo Poesia abolicionista O assunto desta aula é a poesia social de Castro Alves, em particular a poesia chamada abolicionista. Leia a seguir alguns versos extraídos do poema O Navio Negreiro e responda aos testes 1, 2 e 3. Texto 1 Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba 1 Que excita a fúria do algoz? (...) Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm lo de maldade, Nem são livres pra morrer... Prende-os a mesma corrente Férrea, lúgubre 2 serpente Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte 3 Ao som do açoite 4... Irrisão 5!... Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Coa esponja de tuas vagas 6 Do teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!... 1 Turba: multidão. 2 Lúgubre: fúnebre, que lembra a morte. 3 Coorte: legião. 4 Açoite: chicote. 5 Irrisão: zombaria, caçoada. 6 Vaga: onda. Sobre Castro Alves, Alfredo Bosi afirmou: A sua estreia coincide com o amadurecer de uma situação nova: a crise do Brasil puramente rural; o lento mas firme crescimento da cultura urbana, dos ideais democráticos e, portanto, o despontar de uma repulsa pela moral do senhor-e-servo, que poluía as fontes da vida familiar e social do Brasil-Império. (...) A palavra do poeta baiano seria, no contexto em que se inseriu, uma palavra aberta. (História Concisa da Literatura Brasileira) 1 (MODELO ENEM) Assinale a alter nativa que apresenta um comentário inadequado aos versos transcritos. a) Os ideais liberais, transpostos ao âmbito social, põem de lado o sentimen talismo ego - cêntrico. b) As palavras são de repúdio à realidade de uma nação que se nutre da mão de obra escrava. c) Trata-se da expressão de uma análise racio - nal da realidade, cujo objetivo é envolver e sensibilizar o leitor. d) Os versos são excelente exemplo da mani - festação daquela repulsa de que nos fala Alfredo Bosi. e) O eu lírico emprega recursos da ora tória (arte do bem dizer) e metáforas arrebatadoras e ousadas, de forte impacto emocional. Não se trata de uma análise racional da realidade, e o que, de fato, envolve e sen sibiliza o leitor é justamente a intensidade retórica e o tom enfático e exaltado, que revelam a indig - nação e o repúdio do eu lírico, seus sentimentos mais aflorados. Resposta: C 2 (MODELO ENEM) Em o rir calmo da turba excita a fúria do algoz há a) comparação. b) sinestesia. c) paradoxo. d) antítese. e) onomatopeia. Há antítese no trecho apresentado no enun - ciado, pois a expressão rir calmo se opõe a excita a fúria. Resposta: D Leia a seguir um trecho de um poema chamado Litania dos Pobres, do poeta simbolista bra - sileiro Cruz e Sousa, e responda ao teste 3. Texto 2 Os miseráveis, os rotos São as flores dos esgotos. São espectros implacáveis Os rotos, os miseráveis. São prantos negros de furnas Caladas, mudas, soturnas. São os grandes visionários Dos abismos tumultuários. As sombras das sombras mortas, Cegas, a tatear nas portas. Procurando o céu aflitos E varando o céu de gritos. Faróis à noite apagados Por ventos desesperados. Inúteis, cansados braços Pedindo amor aos Espaços. (...) Bandeiras rotas, sem nome, Das barricadas da fome. Bandeiras estraçalhadas Das sangrentas barricadas. (...) Ó pobres! o vosso bando É tremendo, é formidando 1! Ele já marcha crescendo, O vosso bando tremendo... (...) 1 Formidando: pavoroso, que mete medo. 3 (MODELO ENEM) Só nos poemas dos escravos, de Castro Alves, encontramos ressonância tão funda quanto a que vibra neste poema de Cruz e Sousa. (Tasso da Silveira) Considerando os textos 1 e 2 e a opinião emitida pelo crítico citado, assinale a alternativa que apresenta uma interpretação indevida. a) O tom de protesto e repulsa tem, tanto no poema de Castro Alves como no de Cruz e Sousa, o mesmo acento libertário. b) No poema de Castro Alves, fala-se da inadaptação do homem ao mundo, como resultado do conflito entre opressor e oprimido. c) As imagens de Litania dos Pobres não se atêm ao fluxo da sonoridade apenas; elas também se organizam para a construção de uma unidade de sentido. d) Os dois textos apresentam aspectos formais comuns, tais como o tipo de verso, a estrofação e o esquema de rimas. e) O condoreirismo do poema de Castro Alves contrasta com o acento pessoal e sombrio do poema de Cruz e Sousa. Os textos apresentam o mesmo tipo de verso, com sete sílabas métricas (heptas sílabo ou redondilho maior), no entanto o tipo de estrofe e o esquema de rimas são diferentes. Resposta: D PORTUGUÊS 333

66 Leia a seguir mais algumas estrofes de O Navio Negreiro e responda às questões de 1 a 5. III Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! Desce mais... inda mais... não pode olhar humano ainda Como o teu mergulhar no brigue voador! barco Mas que vejo eu aí... Que quadro d amarguras! É canto funeral!... Que tétricas figuras!... horríveis, medonhas Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! desprezível [Que horror! IV Era um sonho dantesco... o tombadilho 1 infernal Que das luzernas avermelha o brilho clarão, luz muito intensa Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Coa esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! (...) Ontem a Serra Leoa 2, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doidas espirais... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra, E após fitando o céu que se desdobra, Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!... (...) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade V fantasmas arqueia, se curva desequilibra-se violento, severo Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm lo de maldade, Nem são livres pra morrer... Prende-os a mesma corrente Férrea, lúgubre serpente Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoite... Irrisão!... (...) VI Existe um povo que a bandeira empresta Pra cobrir tanta infâmia e cobardia!... covardia E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... libertina, devassa Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? sem pudor mastro Silêncio. Musa... chora, e chora tanto [dança Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auriverde pendão de minha terra, bandeira, estandarte Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu, que da liberdade após a guerra Foste hasteado dos heróis na lança, Antes te houvessem roto na batalha, rasgado Que servires a um povo de mortalha!... veste, roupa [de cadáver (São Paulo, 18 de abril de 1868 Os Escravos ) 1 O tombadilho é uma superestrutura erguida na popa de um navio; diz-se também do pavimento dessa superestrutura. 2 Serra Leoa é uma região da África. 334 PORTUGUÊS

67 1 Selecione e transcreva alguns versos que falam do trata - mento recebido pelos escravos. E ri-se a orquestra irônica, estridente... / (...) E voam mais e mais... / No entanto o capitão manda a manobra, / (...) fazei-os mais dançar!..., entre outros. 2 Nas estrofes que se iniciam com os versos Ontem a Serra Leoa e Ontem plena liberdade, destaque pares de oposições que contrapõem a vida do negro livre à do escravo. Os pares de oposições podem ser os seguintes, entre outros: Ontem a Serra Leoa x Hoje... o porão negro, fundo ou Infecto, apertado, imundo ; A guerra, a caça ao leão x Tendo a peste por jaguar... ; O sono dormido à toa x E o sono sempre cortado ; Ontem plena liberdade x Hoje... cúm lo de maldade / Nem são livres pra morrer. 5 Todas as seguintes alternativas trazem exemplos de após - trofe extraídos do poema, exceto: a) Senhor Deus dos desgraçados! (estrofe 7) b) Ó mar (estrofe 7) c) Férrea, lúgubre serpente (estrofe 9) d) Musa (estrofe 10) e) Auriverde pendão de minha terra (estrofe 11) O trecho transcrito na alternativa c consiste numa metáfora, aposto do termo corrente, do verso anterior. Resposta: C Texto para as questões de 6 a H. HAITI 3 Do que tratam as duas últimas estrofes? As duas últimas estrofes combatem abertamente a escravidão como uma vergonha nacional. 4 Atentando-se para a pontuação do poema e para o largo emprego de apóstrofes e hipérboles, como se pode supor que deva ser lido O Navio Negreiro? A pontuação do poema reticências, travessões, exclamações, além do emprego copioso de hipérboles e apóstrofes, sugere que os versos devam ser lidos de forma enfática, apaixonada, como se se estivesse num palanque, o que é coerente com a gravidade e a urgência escandalosa do tema tratado. Quando você for convidado pra subir no adro da pátio Fundação Casa de Jorge Amado, [externo Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos, Dando porrada na nuca de malandros pretos, De ladrões mulatos E outros quase brancos, Tratados como pretos, Só pra mostrar aos outros quase pretos (E são quase todos pretos) E aos quase brancos pobres como pretos Como é que pretos, pobres e mulatos E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados. E não importa se olhos do mundo inteiro possam Estar por um momento voltados para o largo Onde os escravos eram castigados. E hoje um batuque, um batuque com a pureza de Meninos uniformizados, De escola secundária, em dia de parada, E a grandeza épica de um povo em formação Nos atrai, nos deslumbra e estimula. Não importa nada: Nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico Nem o disco de Paul Simon. Ninguém, Ninguém é cidadão. Se você for à festa do Pelô, e se você não for, Pense no Haiti, reze pelo Haiti O Haiti é aqui O Haiti não é aqui (...) (Música de Caetano Veloso e Gilberto Gil, letra de Caetano Veloso, 1993) PORTUGUÊS 335

68 6 No trecho transcrito, alude-se a uma cena de violência urbana. De que tipo de violência se trata? Onde ocorre a cena? Trata-se de violência policial, e a cena transcorre no Centro Histórico de Salvador, no Largo do Pelourinho, apelidado Pelô por seus moradores e visitantes. 7 Segundo o texto, o que acontecia ali no passado? Naquele lugar, os escravos eram castigados. O largo recebeu esse nome porque ali havia um pelourinho, instrumento de castigo à época da escravidão. Lá, os senhores de engenho castigavam publicamente seus escravos, dando ao povo uma prova de poder. Escravidão no Brasil. Gravura de Jean-Baptiste Debret ( ). 8 Por que motivo, segundo o texto, os policiais praticam a violência? O espancamento realiza-se em lugar público como demonstração de força, de poder, conforme o trecho: Só pra mostrar aos outros quase pretos / (E são quase todos pretos) / E aos quase brancos pobres como pretos / Como é que pretos, pobres e mulatos / E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados. A violência é exercida como forma de repressão.! O Destaque Antônio Frederico de CASTRO ALVES ( ): Nasceu na Bahia e estudou na Facul dade de Direito de Recife, onde já começava a cam panha liberal-aboli cionista, da qual viria a ser um dos líderes. Apai - xonou-se pela atriz Eugênia Câmara, para quem escreveu o drama Gonzaga ou A Revo lução de Minas. Viajou a São Paulo, onde pretendia prosseguir os estudos, mas permaneceu na cidade por pouco tempo, por causa de um acidente de caça em decorrência do qual perdeu uma perna. Tuberculoso, não resistiu, morrendo em Salvador, aos vinte e quatro anos de idade. Foi muito admirado em sua época não apenas pela força de sua poesia e por sua generosidade, mas também por sua beleza, elegância e poder de sedução. Além de Eugênia Câmara, seu grande e atormentado amor, teve outras paixões e diversos namoros. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

69 7 Castro Alves: poesia lírica Lírica amorosa A mulher na lírica amorosa de Castro Alves Textos para os testes de 1 a 4. Texto 1 Oh! eu quero viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama 1 os ares; Ver minh alma adejar 2 pelo infinito, Qual branca vela n amplidão dos mares. No seio da mulher há tanto aroma Nos seus beijos de fogo há tanta vida Árabe errante, vou domir à tarde À sombra fresca da palmeira erguida. Mas uma voz responde-me sombria: Terás o sono sob a lájea 3 fria. (...) Morrer é ver extinto dentre as névoas O fanal 4, que nos guia na tormenta: Condenado escutar dobres de sino, Voz da morte, que a morte lhe lamenta Ai! morrer é trocar astros por círios 5, Leito macio por esquife 6 imundo, Trocar os beijos da mulher no visco Da larva errante no sepulcro fundo. (ALVES, Castro. Mocidade e Morte. In: Poesias Completas de Castro Alves. 17. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, p ) 1 Embalsamar: perfumar. 2 Adejar: voar. 3 Lájea: laje, pedra tumular. 4 Fanal: farol. 5 Círio: vela. 6 Esquife: caixão. Texto 2 Debalde nos meus sonhos de ventura Tento alentar minha esperança morta E volto-me ao porvir 1 ; A minha alma só canta a sepultura, E nem última ilusão beija e conforta Meu suarento 2 dormir Debalde! que exauriu-me 3 o desalento: A flor que aos lábios meus um anjo dera Mirrou 4 na solidão Do meu inverno pelo céu nevoento Não se levantará nem primavera, Nem raio de verão! (AZEVEDO, Álvares de. Hino do Profeta. In: Lira dos Vinte Anos. São Paulo: FTD, 1994, p. 103 Grandes Leituras.) 1 Porvir: o que está por vir, futuro. 2 Suarento: coberto de suor. 3 Exaurir: esgotar-se. 4 Mirrar: murchar. 1 (ENEM) O texto 1, como o próprio título Mocidade e Morte sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra a) embalsama. b) infinito. c) amplidão. d) dormir. e) sono. A associação entre a imagem da morte e o sono, bastante convencional, é reforçada, no dístico de Castro Alves, pela expressão sob a lájea fria, perífrase eufemística de túmulo. O verbo dormir, que também pode ser associado à imagem da morte, não tem qualquer cono - tação fúnebre nos versos: Árabe errante, vou dormir à tarde / À sombra fresca da palmeira erguida, que sugerem o descanso reparador do caminhante do deserto que chega a um oásis. Resposta: E 2 (UEFS-BA MODELO ENEM) Em relação aos dois textos, pode-se afirmar: a) No texto 1, o sujeito poético vê a morte como solução para o conflito amoroso; no 2, o beijo da amada reacende o desejo e traz a crença no futuro. b) No texto 1, o eu lírico declara seu amor à vida, enxergando a morte como algo negativo; no 2, revela-se desencantado em face da existência, daí o desejo de morte. c) No texto 1, o sujeito poético anseia pela transcendentalidade; no 2, o eu lírico lamenta a perda da espiritualidade, pois isso lhe trouxe sofrimento. d) Tanto no texto 1 quanto no 2, o sujeito poético mostra-se em desequilíbrio interior, em virtude do antagonismo presente na realidade circundante. e) Em ambos os textos, o eu lírico evidencia a sua expectativa de que a realidade passe a ter a marca de uma vida venturosa. No texto 1, o eu lírico canta a vida e seus encantos e prazeres; no texto 2, o eu lírico expressa seu completo desconsolo e pessimismo em relação à vida. Reposta: B 3 (UEFS-BA MODELO ENEM) Há metá - fora no seguinte fragmento: a) No seio da mulher há tanto aroma (Texto 1, v. 5) b) À sombra fresca da palmeira erguida. (Texto 1, v. 8) c) Debalde nos meus sonhos de ventura. (Texto 2, v. 1) d) E volto-me ao porvir. (Texto 2, v. 3) e) Do meu inverno pelo céu nevoento. (Texto 2, v. 10) No poema, a metáfora meu inverno repre - senta a tristeza do eu lírico. Reposta: E 4 (UEFS-BA MODELO ENEM) Os textos 1 e 2 enqua dram-se no Romantismo por apresentarem em comum a) gosto pela solidão. b) platonismo amoroso. c) evasão para a morte. d) ponto de vista pessoal no enfoque do tema. e) atitude de contestação em face do social. Em ambos os textos, destaca-se a expressão dos sentimentos do eu lírico, seja para exaltar a vida (texto 1), seja para lastimá-la (texto 2). Destaca-se, portanto, além da função poética, a função emotiva da linguagem, centrada no emissor da mensagem (no caso da poesia lírica, o eu lírico, que também pode denominar-se eu poético, sujeito poético, entre outros). Reposta: D PORTUGUÊS 337

70 Texto para a questão 1. ADORMECIDA Uma noite, eu me lembro... Ela dormia Numa rede encostada molemente... Quase aberto o roupão... solto o cabelo E o pé descalço do tapete rente. próximo, [quase encostando Stava aberta a janela. Um cheiro agreste próprio do campo Exalavam as silvas da campina... arbustos do prado E ao longe, num pedaço do horizonte, Via-se a noite plácida e divina. calma, serena De um jasmineiro os galhos encurvados, Indiscretos entravam pela sala, E de leve oscilando ao tom das auras, Iam na face trêmulos beijá-la. Era um quadro celeste!... A cada afago Mesmo em sonhos a moça estremecia... Quando ela serenava... a flor beijava-a... Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia... Dir-se-ia que naquele doce instante Brincavam duas cândidas crianças... A brisa, que agitava as folhas verdes, Fazia-lhe ondear as negras tranças! E o ramo ora chegava ora afastava-se... Mas quando a via despeitada a meio, Pra não zangá-la... sacudia alegre Uma chuva de pétalas no seio... brisas se acalmava inocentes, puras Eu, fitando esta cena, repetia olhando atentamente Naquela noite lânguida e sentida: sensual comovente Ó flor! tu és a virgem das campinas! Virgem! tu és a flor da minha vida!... (Castro Alves, Espumas Flutuantes) Texto para o teste 2. Pálida à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre nuvens de amor ela dormia! Era a virgem do mar, na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! o seio palpitando Negros olhos as pálpebras abrindo Formas nuas no leito resvalando. espuma Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti as noites eu velei chorando, Por ti nos sonhos morrerei sorrindo! (Álvares de Azevedo) 2 (MODELO ENEM) Comparando-se os versos de Castro Alves com os versos de Álvares de Azevedo, conclui-se que a) Em ambos, a figura feminina é apresentada de forma recatada e idealizada. b) Em Castro Alves, a mulher é apresentada de forma erótica, sensual. c) Nos versos de Álvares de Azevedo, o eu lírico expressa emoção verdadeira. d) Ambos os poetas descrevem o repouso de uma mesma mulher. e) Castro Alves, na descrição da cena, rejeita elementos da natureza. Em Castro Alves, a mulher não é espiritualizada, diferentemente de vários outros poetas românticos, como Álvares de Azevedo. Ao contrário, é apresentada de forma marcadamente sensual, erótica, numa descrição que seria classificada, por certas feministas de hoje, de machista e sexista. Resposta: B 1 Em relação ao poema Adormecida, explique de que modo se dá a identificação entre sujeito e natureza, comum no Romantismo. O poeta imagina-se no lugar dos ramos de árvore que, segundo ele, beijam e acariciam a jovem adormecida. Tal identificação acaba por ocasionar uma caracterização humana dos elementos naturais (personificação). 338 PORTUGUÊS

71 Texto para as questões de 3 a 6. O GONDOLEIRO DO AMOR DAMA NEGRA Teus olhos são negros, negros, Como as noites sem luar... São ardentes, são profundos, Como o negrume do mar; A oscilação entre palavras paroxítonas e oxítonas (ou monos - sílabos tônicos) contribui para dar aos versos um ritmo binário semelhante às remadas. Contribui também para esse efeito o uso de redondilhos maiores e a acentuação dos versos. Sobre o barco dos amores, Da vida boiando à flor, Douram teus olhos a fronte Do Gondoleiro do amor. Tua voz é a cavatina Dos palácios de Sorrento 1, Quando a praia beija a vaga, Quando a vaga beija o vento. E como em noites de Itália Ama um canto o pescador, Bebe a harmonia em teus cantos O Gondoleiro do amor. Teu sorriso é uma aurora Que o horizonte enrubesceu. Rosa aberta com o biquinho Das aves rubras do céu; Nas tempestades da vida, Das rajadas no furor, Foi-se a noite, tem auroras O Gondoleiro do amor. Teu seio é vaga dourada Ao tíbio clarão da lua, Que, ao murmúrio das volúpias, Arqueja, palpita nua; Como é doce, em pensamento, Do teu colo no langor Vogar, naufragar, perder-se O Gondoleiro do amor!? Teu amor na treva é um astro, No silêncio uma canção, É brisa nas calmarias, É abrigo no tufão; Por isso eu te amo, querida, Quer no prazer, quer na dor... Rosa! Canto! Sombra! Estrela! Do Gondoleiro do amor. à superfície, à tona brilham rosto pequena peça musical alvorecer tornou rubro, vermelho ventos intensos ira, raiva fraco grandes prazeres sexuais respira exaltadamente sensualidade navegar grande calor sem ventos (Castro Alves) 4 O que há de erótico na denominação que o eu lírico faz de si mesmo como o gondoleiro do amor? A autoafirmação do eu poemático como um gondoleiro do amor é carregada de erotismo, pois sugere o fato de ele navegar o corpo da amada, naufragar e perder-se nele. 5 No poema, indique que comparações ou metáforas, usa - das para caracterizar a amada e seu amor, se referem a a) seus olhos. b) sua voz. c) seu sorriso. d) seu seio. e) seu amor. a) Teus olhos são negros, negros, / Como as noites sem luar... / São ardentes, são profundos, / Como o negrume do mar ; b) Tua voz é a cavatina ; c) Teu sorriso é uma aurora / Que o horizonte enrubesceu. / Rosa aberta com o biquinho / Das aves rubras do céu ; d) Teu seio é vaga dourada... ; e) Seu amor é caracterizado sucessivamente como astro na treva, canção no silêncio, brisa na calmaria, abrigo no tufão, ou seja, como algo positivo que livra de situações negativas. 6 Que relação o penúltimo verso estabelece com o conjunto do poema? O penúltimo verso funciona como uma recolha, retomada ou recapitulação das metáforas e comparações usadas no corpo do poema para caracterizar a amada, a Dama Negra. 1 Sorrento: cidade italiana da região de Nápoles. 3 Castro Alves classificou O Gondoleiro do Amor como uma barcarola, ou seja, uma composição em que a cadência do verso procura imitar a batida do remo na água. Sabendose que gondoleiro é a pessoa que anda em gôn dola (tipo de barco), explique que efeito acaba sendo criado pela oscilação, na maioria das estrofes, entre versos terminados por palavras paroxítonas e versos terminados por palavras oxítonas (ou por monossílabos tônicos, que equivalem a palavras oxítonas). No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M124 PORTUGUÊS 339

72 8 José de Alencar e Manuel Antônio de Almeida Idealização romântica Dessacralização romântica 1 (PUC-SP MODELO ENEM) Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado (...). Cedendo à meiga pressão, a virgem reclinou-se ao peito do guerreiro, e ficou ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz (...). A fronte reclinara, e a flor do sorriso expandia-se como o nenúfar ao beijo do sol (...). Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a onda trépida e lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso. (...) A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande noite. Os fragmentos constroem-se estilistica mente com figuras de linguagem, caracteriza doras do estilo poético de Alencar. Apresentam eles, predominantemente, as seguintes figuras: a) comparações e antíteses. b) antíteses e inversões. c) pleonasmos e hipérboles. d) onomatopeias e prosopopeias. e) comparações e metáforas. São notórias, nos fragmentos transcritos, assim como em todo o livro, as comparações e metáforas que se valem de aproximações entre as figuras humanas e os elementos da fauna e da flora de um Brasil exuberante e selvagem. Resposta: E 2 (MODELO ENEM) A expressão a gran - de noite, no final do texto, é eufemismo de a) tristeza. b) reencontro amoroso. c) sono. d) morte. e) velhice. A expressão a grande noite é eufemismo palavra ou expressão que suaviza o significado de outra palavra de morte. Resposta: D Texto 1 Na sala, cercada de adoradores, no meio das esplên - didas reverberações 1 de sua beleza, Aurélia, bem longe de inebriar-se 2 da adoração produzida por sua formosura, e do culto que lhe rendiam, ao contrário parecia unicamente possuída de indignação por essa turba vil e abjeta 3. Não era um triunfo que ela julgasse digno de si, a torpe humilhação dessa gente ante sua riqueza. Era um desafio, que lançava ao mundo; orgulhosa de esmagá-lo sob a planta, como a um reptil 4 venenoso. E o mundo é assim feito; que foi o fulgor 5 satânico da beleza dessa mulher a sua maior sedução. Na acerba 6 veemência 7 da alma revolta, pressentiam-se abismos de paixão; e entrevia-se que procelas 8 de volúpia 9 havia de ter o amor da virgem bacante. Se o sinistro vislumbre 10 se apagasse de súbito, deixan - do a formosa estátua na penumbra suave da candura e ino - cên cia, o anjo casto e puro que havia naquela, como há em todas as moças, talvez passasse despercebido pelo turbilhão. As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram justamen - te contra a riqueza que lhe servia de trono, e sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas 11, receberia como rainha desdenhosa a vassalagem que lhe rendiam. Por isso mesmo considerava ela o ouro um vil metal que rebaixava os homens; e no íntimo sentia-se pro fundamente humilhada pensando que para toda essa gente que a cer ca- va, ela, a sua pessoa, não merecia uma só das bajulações que tributavam a cada um dos seus mil contos de réis. Nunca da pena de algum Chatterton 12 desconhecido saíram mais cruciantes 13 apóstrofes contra o dinheiro, do que vibrava muitas vezes o lábio perfumado dessa feiticeira menina, no seio de sua opulência 14. Um traço basta para desenhá-la sob esta face. Convencida de que todos os seus apaixonados, sem exce - ção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indi víduos o mesmo estalão 15. Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de cada um dos pretendentes, dando-lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial. (José de Alencar, Senhora) 1 Reverberação: brilho. 2 Inebriar-se: embriagar-se, deliciar-se, mara - vilhar-se. 3 Abjeto: desprezível. 4 Reptil: réptil. 5 Fulgor: brilho. 6 Acerbo: amargo. 7 Veemência: intensidade, força impetuosa dos sen ti mentos. 8 Procela: tormenta. 9 Volúpia: prazer, deleite. 10 Vislumbre: vaga ideia, conjectura. 11 Prendas: qualidade. 12 Chatterton: Thomas Chatterton ( ) foi um poeta inglês. Ficou conhecido por seus poemas escritos no estilo medieval, sob o pseudônimo Thomas Rowley, e pelo fato de ter cometido suicídio com apenas 17 anos. 13 Cruciante: torturante. 14 Opulência: luxo, magnificência. 15 Estalão: padrão, medida. 340 PORTUGUÊS

73 Texto 2 TRIUNFO COMPLETO DE JOSÉ MANOEL Era um sábado de tarde; em casa de D. Maria havia um lufa-lufa 1 imenso; andavam as crias e mais escravos de dentro para fora; espanava-se a sala; arrumavam-se as cadeiras; corria-se, falava-se, gritava-se. A dona da casa trajava, fora do ordinário, um rico vestido de cassa 2 bordado de prata, de corpinho muito curto e mangas de um volume enorme. Seja dito de passagem que a prata do bordado estava já mareada 3, e o mais do vestido um pouco encardido. Trazia ainda D. Maria um penteado de desmedida altura, um formidável par de rodelas de crisólitas 4 nas orelhas, e dez ou doze anéis de diversos tamanhos e feitios nos dedos. Luisinha trajava também um vestido que qualquer menos entendido na matéria desconfiaria que era filho legítimo do de sua tia; trazia um toucado 5 de plumas brancas na cabeça e um rosário de ouro de contas mui grossas na cintura. Acabavam de sair as duas assim preparadas do quarto de vestir, quando sentiu-se rodar uma carruagem e parar na porta da casa. Luisinha estremeceu; D. Maria levou o lenço aos olhos, e tirou-o em pouco tempo molhado de lágrimas. (...) A carruagem era um formidável, um monstruoso maqui nismo de couro, balançando-se pesadamente sobre quatro desmesuradas rodas. Não parecia coisa muito nova; e com mais dez anos de vida poderia muito bem entrar no número dos restos infelizes do terremoto, de que fala o poeta. (...) É inútil observar que a vizinhança estava toda à janela e via todo aquele movimento com olhos regalados pela mais desabrida curiosidade. (...) Luisinha estava nesta ocasião em um daqueles períodos de abatimento que se costumam produzir nos moços, e principalmente nas moças que ainda marcham por aquela estrada florida que leva dos treze aos vinte e cinco anos, quando as oprime o isolamento. Ora, como sabem todos os que me leem, o Leonardo tinha abandonado Luisinha; ela aceitou portanto indife - rentemente a proposta de sua tia. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias, cap. XXXV) 1 Lufa-lufa: corre-corre, agitação. 2 Cassa: tecido fino, transparente, de linho ou de algodão. 3 Mareado: embaçado, sem brilho, oxidado. 4 Crisólita: variedade de gema (pedra); no caso, trata-se das pedras de cor ver de de que são feitos os brincos. 5 Toucado: conjunto de adornos para a cabeça. 2 a) Mesmo dotando sua personagem de consciência crítica, o autor do primeiro texto acaba por retratá-la a partir de qualidades caras ao heroísmo romântico. Como se supõe que seja descrita, durante todo o livro, a personagem Aurélia Camargo, já a partir do título do romance? Aurélia é descrita como mulher altiva, inflexível. O título do livro (que na época se pronunciava com a vogal fechada, senhôra) nada tem a ver com o tratamento formal que hoje se dá às mulheres (sra. fulana), mas sim com a personalidade senhoril, dominadora, da heroína. b) Luisinha tem o mesmo tipo de personalidade que Aurélia? Comente. Não. Luisinha é apresentada como uma menina um pouco tonta, de vontade fraca, indiferente a coisas capitais de sua vida, como a proposta de casamento que lhe apresenta a tia. 1 Uma palavra do último parágrafo do segundo texto serve para marcar a mais cabal diferença entre a personalidade da heroína alencariana e a personagem de Manuel Antônio de Almeida. Indique-a, justificando sua resposta. O narrador informa que Luisinha aceitou indiferentemente a pro - posta de sua tia. Aurélia não era do tipo que aceitasse indife - rentemente qualquer coisa que fosse, sobretudo em se tratando de uma proposta de casamento. PORTUGUÊS 341

74 3 Aurélia Camargo não julga ser sua fortuna um dom ou privilégio, já que não era suficiente para fazê-la feliz. Porém, utiliza-se dela e de sua beleza para outro intuito. Qual? Aurélia utiliza sua riqueza e sua beleza para impor-se à sociedade que ela despreza, e que não faria nenhum caso dela se ela continuasse pobre como antes era. 5 Indique, do segundo texto, palavras ou expressões que denunciem o procedimento irônico, beirando o sarcástico, com que o autor retrata suas personagens. Seja dito de passagem que a prata do bordado estava já mareada, e o mais do vestido um pouco encardido ;... penteado de desmedida altura, um formidável par de rodelas de crisólitas nas orelhas ;... um vestido que qualquer menos entendido na matéria desconfiaria que era filho legítimo do de sua tia, entre outros. 4 Relacione sua resposta à questão 3 ao título do romance, de modo a justificá-lo. Aurélia Camargo utiliza seu poder para impor-se àquele mundo como senhora. 6 (MODELO ENEM) Ambos os autores parecem querer denunciar indícios de uma decadência da sociedade que retratam. Com base nos textos lidos, compare tais indícios e assinale a alternativa que faz um comentário indevido. a) Alencar sugere a decadência moral da sociedade que retrata. b) Manuel Antônio de Almeida chama a atenção para aspectos materiais da decadência. c) Alencar fala de falsidade, bajulação, humilhação diante do dinheiro. d) O autor das Memórias refere-se a roupas já um pouco gastas, adornos de mau gosto. e) Ambos adotam um tom grave, apresentando uma reflexão séria sobre o assunto de que tratam. Alencar adota tom grave, mas Manuel Antônio de Almeida é brincalhão, irônico. Resposta: E Cena de galanteio: o cavalheiro faz a corte à sua dama. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

75 9 Antero de Quental Poesia filosófica Soneto Tendência luminosa e noturna Observe a pintura a seguir e leia o poema de Antero de Quental para responder aos testes 1 e 2. MAIS LUZ! Amem a noite os magros crapulosos 1, E os que sonham com virgens impossíveis, E os que se inclinam, mudos e impassíveis, À borda dos abismos silenciosos... Tu, lua, com teus raios vaporosos, Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis, Tanto aos vícios cruéis e inextinguíveis, Como aos longos cuidados dolorosos 2! Eu amarei a santa madrugada, E o meio-dia, em vida refervendo, E a tarde rumorosa e repousada. Viva e trabalhe em plena luz: depois, Seja-me dado ainda ver, morrendo, O claro sol, amigo dos heróis! (Antero de Quental) 1 Crapuloso: devasso, libertino. 2 Longos cuidados dolorosos: inquie tações. Vagante sobre o Mar de Névoa (c ), Caspar David Friedrich ( ), óleo sobre tela, Hamburger Kunsthalle, Hamburgo. 1 (MODELO ENEM) Assinale a alter - nativa cujo fragmento melhor se associa à figura que se vê na pintura Vagante sobre o Mar de Névoa, do pintor romântico alemão Caspar David Friedrich. a) Tu, lua, com teus raios vaporosos, / Cobreos, tapa-os. b) Seja-me dado ainda ver, morrendo, / O claro sol, amigo dos heróis. c) E os que se inclinam / À borda dos abismos silenciosos... d) Eu amarei a santa madrugada, / E o meiodia / E a tarde. e) Tu, lua, / torna-os insensíveis. Na pintura de Caspar David Friedrich se vê uma figura solitária, à beira de um penhasco, distan ciada de tudo e de todos e acima das próprias nuvens. Resposta: C 2 (MODELO ENEM) É correto afirmar que o eu lírico critica a) a devassidão moral característica dos artistas. b) o fato de os artistas preferirem a imagem da lua à imagem do sol. c) a covardia dos jovens, comparados às gerações passadas. d) o irracionalismo emocional dos românticos. e) os vícios a que se entregam os artistas em geral. O soneto transcrito é exemplo do lado luminoso da poesia de Antero de Quental, não apenas pelo sentido literal do título, mas sobretudo por seu sentido figurado, ligado à razão e ao trabalho diurno, em oposição ao irracionalismo emocional dos românticos, definido como noturno, sonhador e vicioso. O título do soneto reproduz as palavras do grande poeta Goethe ao morrer ( Mehr Licht!, em alemão). Resposta: D PORTUGUÊS 343

76 Texto para as questões de 1 a 6. A GERMANO MEIRELES Só males são reais, só dor existe; Prazeres só os gera a fantasia; Em nada, um imaginar, o bem consiste, Anda o mal em cada hora e instante e dia. 2 Dê o sentido da expressão o que devia / Por natureza ser não nos assiste. Aquilo que seria lógico (natural) que existisse (para que a vida fosse mais satisfatória) não existe na realidade. ( Não nos assiste significa não está presente para nós ou não nos socorre.) Se buscamos o que é, o que devia Por natureza ser não nos assiste; Se fiamos num bem, que a mente cria, Que outro remédio há aí senão ser triste? socorre, presta assistência confiamos Oh! quem tanto pudera 1 que passasse A vida em sonhos só, e nada vira... Mas, no que se não vê, labor perdido! visse trabalho, esforço Quem fora tão ditoso que olvidasse... Mas nem seu mal com ele então dormira, Que sempre o mal pior é ter nascido! 1 Quem tanto pudera...: se alguém tanto pudesse... feliz esquecesse dormiria (Antero de Quental) 1 O crítico português Antônio Sérgio apontou uma alternância, nos sonetos de Antero de Quental, entre duas tendências: a luminosa positiva, otimista, confiante em relação à vida e ao progresso social e a noturna negativa, pessimista em relação à vida e às possibilidades de avanço social. A que tipo de tendência luminosa ou noturna você associaria este soneto de Antero? Justifique. Trata-se de um soneto noturno, o mais noturno possível, aliás, como se comprova pela simples constatação do pessimismo integral, na ideia de que a vida é só sofrimento, o prazer é imaginário, culminando na conclusão de que estar vivo é o pior dos males. 3 Explique o sentido dos dois versos finais da segunda estrofe: Se fiamos num bem, que a mente cria, / Que outro remédio há aí senão ser triste? De acordo com o texto, o bem é apenas um produto da nossa mente (o que corresponde à ideia do verso 2: os prazeres são criações da nossa fantasia). Assim sendo, se confiarmos nessa criação mental, se esperarmos que essa fantasia seja real, só poderemos nos entristecer e ficar infelizes, pois a realidade nos decepcionará. 344 PORTUGUÊS

77 4 Observe o trecho: Quem fora tão ditoso que olvi dasse. Por que nem mesmo esquecer tudo seria de fato uma solução? Justifique com passagem do texto. O esquecimento não seria a solução, porque para evitar o sofrimento seria preciso esquecer a vida em geral, que é feita de sofrimento, segundo essa visão. Assim sendo, quem de fato esquecesse os males da vida ficaria de tal forma isolado, de tal forma alheio à vida, que nada poderia estar presente no espírito dessa pessoa: ela não poderia lembrar-se de nada, pois tudo é sofrimento. Por isso, nem seu mal com ele então dormira o que implica uma solidão que seria também uma forma extrema de sofrimento. 6 Por que o poema transcrito é um soneto? Qual o tipo de verso empregado e qual o esquema de rimas? O poema é um soneto por corresponder à forma desse tipo de composição, constante de 14 versos divididos em dois quartetos e dois tercetos, com duas rimas para os quartetos e outras duas ou três para os tercetos. O verso empregado é o decassílabo e o esquema de rimas é ABAB, BABA, CDE, CDE. 5 Releia a informação sobre Arthur Schopenhauer constante da aula anterior e responda: A visão da existência contida no soneto A Germano Meireles pode ser considerada schopenhaueriana? Justifique sua resposta. Pelo pessimismo, ou seja, pela visão da existência como sofrimento, o poema de Antero pode ser considerado schopenhaueriano. A vida seria sofrimento porque só males são reais, sendo o bem e os prazeres criações da nossa mente, produtos da nossa fantasia. Quanto à razão de ser assim, ela não é assunto do poema. Não há, portanto, elementos para que se saiba se o pensamento do poeta coincidia com a concepção do filósofo, segundo a qual a vida é sofrimento porque é essencialmente vontade ou seja, insatisfação, sendo o prazer uma negação passageira dessa vontade. [Os estudiosos da obra de Antero sabem que ele era versado em filosofia alemã e que, em seu lado positivo, otimista, luminoso, recebeu influência de Hegel (pronúncia aproximada: rrêguel), mestre de Marx, e em seu lado negativo, pessimista, noturno, foi influenciado pelas ideias de Schopenhauer, contemporâneo e opositor de Hegel.]! O Destaque ANTERO Tarquínio DE QUENTAL ( ): Foi pensador, poeta, líder estudantil e militante po lítico. Grande polemista, foi também místico, buscando uma solução existencial que nunca encontrou. Ciclotímico, alternava fases de entusiasmo e otimismo com outras de abatimento e visão negra da vida. Suicidouse com 49 anos de idade. Sua poesia, filoso ficamente idealizadora, apresenta elementos românticos; entretanto a temática são as preocupações próprias do Realismo não do Realismo determinista, voltado para problemas da realidade imediata, mas um Realismo mais brando, preocupado com temas mais genéricos como a Verdade, o Sonho, a Aparência. Era um poeta agoniado, que se debatia entre tensões que se podem resumir no polo luminoso euforia pela ideia de Progresso da Humanidade, de Revolução e também pela busca mística da Verdade e no polo noturno depressão, pessimismo e a consciência do caráter ilusório de todas as coisas. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M127 PORTUGUÊS 345

78 10 Eça de Queirós: O Primo Basílio e O Crime do Padre Amaro Romance realista português Crítica social sociedade portuguesa 1 (UFV-MG modificado MODELO ENEM) O Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do cará - ter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos para nos conhe - cermos, para que saibamos se somos verda - deiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. (Eça de Queirós) O texto de Eça de Queirós reúne alguns prin - cípios básicos do Realismo. Entre as alterna - tivas abaixo, assinale a que está em desacordo com a definição do romancista português. a) O Realismo foi marcado por um forte espírito crítico e assumiu uma atitude mais combativa dian te dos problemas sociais contemporâneos a ele. b) O autor realista procurou retratar com fide - lidade a psicologia da personagem, demons - trando um interesse maior pelas fraquezas humanas e pelos dramas existenciais. c) As preocupações psicológicas da prosa de ficção realista levaram o romancista a uma conscientização do próprio eu e à manifes - tação de sua mais profunda interioridade. d) Em oposição à idealização romântica, o escritor realista procurou descobrir a verdade de suas personagens, dissecando-lhes o com - portamento. e) O sentido de observação e análise vigente no Realismo exigiu do escritor uma postura racional e crítica diante das contradições do homem enquanto ser social. O que se afirma na alternativa c ( conscien- tização do próprio eu e manifestação de sua mais profunda interioridade ) diz respeito ao Romantismo. No Realismo, as preocupações psicológicas servem à análise de caráter e à crítica social. Resposta: C 2 (MODELO ENEM) O fragmento a seguir foi extraído de O Primo Basílio, de Eça de Queirós. A protagonista da obra, Luísa, vítima do ócio e de uma educação desleixada, deixase levar pela fantasia român tica da época e trai Jorge, seu desinteressante marido, com Basílio, conquistador medíocre. Que noite para Luísa! A cada momento acordava num sobressalto, abria os olhos na penumbra do quarto, e caía-lhe logo na alma, como uma punhalada, aquele cuidado [preo - cupação] pungente: Que havia de fazer? Como havia de arranjar dinheiro? Seiscentos mil-réis! As suas joias valiam talvez duzentos mil-réis. Mas depois, que diria Jorge? Tinha as pratas... [a prataria da casa] Mas era o mesmo! A noite estava quente, e na sua inquietação a roupa escorregara; apenas lhe restava o lençol sobre o corpo. Às vezes a fadiga reador - mecia-a de um sono superficial, cortado de sonhos muito vivos. Via montões de libras reluzirem vagamente, maços de notas agita - rem-se brandamente no ar. Erguia-se, saltava para as agarrar, mas as libras começavam a rolar como infinitas rodinhas sobre um chão liso, e as notas desapareciam, voando muito leves com um frêmito [movimento agitado] de asas irônicas. Ou então era alguém que entrava na sala, curvava-se respeitosamente e come - çava a tirar do chapéu, a deixar-lhe cair no regaço libras, moedas de cinco mil-réis, peças [moedas], muitas, muitas, profusamente; não conhecia o homem (...). Seria o diabo? Que lhe importava? Estava rica, estava salva! Punha-se a chamar, a gritar por Juliana, a correr atrás dela, por um corredor que não findava, e que começava a estreitar-se, a estreitar-se, até que era como uma fenda por onde ela se arrastava de esguelha [de lado, obliquamente], respi ran - do mal e apertando contra si o montão de libras que lhe punha frialdades [sensações de frio] de metal sobre a pele nua do peito. Há prosopopeia em a) As suas joias valiam talvez duzentos mil-réis. b) A noite estava quente, e na sua inquietação a roupa escorregara... c)... mas as libras começaram a rolar como infinitas rodinhas sobre um chão liso... d)... e as notas desapareciam, voando muito leves com um frêmito de asas irônicas. e)... até que era como uma fenda por onde ela se arrastava de esguelha... No trecho transcrito na alternativa d, afirma-se que as notas voavam com um frêmito de asas irôni - cas. Trata-se de prosopopeia ou personi fi ca ção. Resposta: D Texto para as questões de 1 a 3. Luísa espreguiçou-se. Que seca ter de se ir vestir! Dese ja - ria estar numa banheira de mármore cor-de-rosa, em água té - pida 1, perfumada e adormecer! Ou numa rede de seda, com as janelinhas cerradas 2, embalar-se, ouvindo música! (...) Tornou a espreguiçar-se. E saltando na ponta do pé des - calço, foi buscar ao aparador por detrás de uma compota um livro um pouco enxovalhado 3, veio estender-se na voltaire 4, quase deitada, e, com o gesto acariciador e amoroso dos dedos sobre a orelha, começou a ler toda interessada. Era a Dama das Camélias 5. Lia muitos romances; tinha uma assinatura, na Baixa, ao mês. (Eça de Queirós, O Primo Basílio) 1 Tépido: morno. 2 Cerrado: fechado. 3 Enxovalhado: manchado, sujo. 4 Voltaire: cadeira de encosto alto, muito confortável. 5 Dama das Camélias: romance de Alexandre Dumas Filho, publicado em Neste excerto, o narrador de O Primo Basílio apresenta algumas características da personalidade de Luísa. Quais são essas características? A preguiça e certa entrega displicente aos prazeres físicos, enten - dida como luxúria dos sentidos. 346 PORTUGUÊS

79 2 Apresenta-se ainda certo hábito de Luísa, ao qual ela parece dedicar-se com bastante interesse e afinco. Que hábito é esse? Indique a passagem do texto que se refere a ele. As leituras românticas, cujo interesse por parte da personagem se justifica na seguinte passagem:...era a Dama das Camélias. Lia muitos romances; tinha uma assinatura, na Baixa, ao mês. 3 Por que a leitura de romances românticos, associada às caracterís ticas de sua personalidade, poderia ser tão perni - ciosa a Luísa? Luísa poderia procurar imitar na vida real as aventuras que admirava nos romances românticos. Texto para as questões de 4 a 6. Luísa desceu o véu bran co, calçou devagar as luvas de peau de suède 1 claras, deu duas panca dinhas fofas ao espelho na gra vata de ren da e abriu a porta da sala. Mas quase recuou; fez ah!, toda escarlate 2. Tinha-o reco nhe - cido logo. Era o primo Basílio. Houve um shake-hands demo rado, um pouco trê mulo. Estavam ambos cala dos; ela com todo o sangue no rosto, um sorriso vago; ele fitando-a muito, com um olhar admirado. Mas as palavras, as perguntas vieram logo, muito precipitada mente: Quando tinha ele chegado? Se sabia que ele estava em Lisboa? Como soubera a morada dela? Chegara na véspera no paquete 3 de Bordéus. Perguntara no ministério; disseram-lhe que Jorge estava no Alentejo; deram-lhe a adresse... Como tu estás mudada, Santo Deus! Velha? Bonita! Ora! E ele, que tinha feito? Demorava-se? Foi abrir uma janela, dar uma luz larga, mais clara. Sentaram-se. Ele no sofá muito languidamente; ela ao pé, pousada de leve à beira de uma poltrona, toda nervosa. Tinha deixado o degredo 4 disse ele. Viera respirar um pouco à velha Europa. Estivera em Constantinopla, na Terra Santa, em Roma. O último ano passara-o em Paris. Vinha de lá, daquela aldeola de Paris! Falava devagar, recostado, com um ar íntimo, estendendo sobre o tapete, comodamente, os seus sapatos de verniz. Luísa olhava-o. Achava-o mais varonil, mais trigueiro. No cabelo preto anelado havia agora alguns fios brancos; mas o bigode pequeno tinha o antigo ar moço, orgulhoso e intrépido 5 ; os olhos, quando ria, a mesma doçura amolecida, banhada num fluido. Reparou na ferradura de pérola da sua gravata de cetim preto, nas pequeninas estrelas brancas bordadas nas suas meias de seda. A Bahia não o vulgarizara. Voltava mais interessante! Mas tu, conta-me de ti dizia ele com um sorriso, inclinado para ela. És feliz, tens um pequerrucho... Não exclamou Luísa, rindo. Não tenho! Quem te disse? Tinham-me dito. E teu marido demora-se? Três, quatro semanas, creio. Quatro semanas! Era uma viuvez! Ofereceu-se logo para a vir ver mais vezes, palrar 6 um momento, pela manhã... (Eça de Queirós, O Primo Basílio) A Leitura (1892), de Almeida Júnior ( ), óleo sobre tela, Pinacoteca do Estado de São Paulo. 1 Peau de suède (francês; pronúncia: pô de süéd ): couro acamurçado e macio. 2 Escarlate: vermelho. 3 Paquete: navio a vapor. 4 Degredo: exílio, afas ta mento; local onde vive o degredado. 5 Intrépido: arrojado, corajoso. 6 Palrar: conversar. PORTUGUÊS 347

80 4 Basílio, ao chegar de viagem, dirige-se à casa da prima, de quem fora namorado no passado. Como Luísa reage ao vê-lo? Luísa demonstra-se surpresa: Mas quase recuou, fez ah!, toda escarlate. Tinha-o reconhecido logo. Era o primo Basílio. Tenta reconstituir-se, mas está visivelmente inquieta, mexida com sua presença: Foi abrir uma janela, dar uma luz larga, mais clara. Sentaram-se. Ele no sofá muito languidamente; ela ao pé, pousada de leve à beira de uma poltrona, toda nervosa. 5 O narrador, por meio de sua onisciência, parece pene trar e pôr a nu os pensamentos de Luísa. Tal atitude poderia revelar o quanto ela ainda está envolvida com o primo? Justifique com elementos do texto. Certamente, pois, por meio do conhecimento de seus pensa - mentos, percebemos o interesse latente de Luísa. Podemos mesmo antever o adultério, a partir do trecho que vai de Luísa olhava-o. Achava-o mais varonil, mais trigueiro até A Bahia não o vulgarizara. Voltava mais interessante!. 6 (MODELO ENEM) Que outro fragmento do texto, formulado de modo bastante irônico pelo narrador, serve de prenúncio para o adultério a ser cometido por Luísa? a) Luísa desceu o véu branco, calçou devagar as luvas de peau de suède claras, deu duas pancadinhas fofas ao espelho na gravata de renda e abriu a porta da sala. b) Foi abrir uma janela, dar uma luz larga, mais clara. Sentaramse. c) Falava devagar, recostado, com um ar íntimo, estendendo sobre o tapete, comodamente, os seus sapatos de verniz. d) Mas tu, conta-me de ti dizia ele com um sorriso, inclinado para ela. És feliz, tens um pequerrucho... e) Quatro semanas! Era uma viuvez! Ofereceu-se logo para a vir ver mais vezes, palrar um momento, pela manhã... No trecho transcrito na alternativa e, sugere-se, ironicamente, que Basílio se aproveitaria da ausência de Jorge para se aproximar de Luísa. : E! O Destaque José Maria EÇA DE QUEIRÓS ( ): Nasceu em Póvoa de Varzim e estudou Direi to na Universidade de Coimbra. Não par ti ci pou dire tamente da Ques tão Coimbrã, mas tomou parte nas Confe rên cias do Cassino Lisbonense (1871), falando sobre o Realismo. Foi jornalista e diplomata, tendo servido em várias partes (Cuba, Ingla terra, França). Eça de Queirós é tido como o maior representante da prosa realista em Portugal, por ter renovado a linguagem do romance, abandonando esquemas românticos e o estilo tradicional da prosa até então. Entre suas principais obras estão O Crime do Padre Amaro (1876), O Primo Basílio (1878), Os Maias (1888), A Ilustre Casa de Ramires (1900) e A Cidade e as Serras (1901). No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

81 11 Eça de Queirós: A Cidade e as Serras Crítica social Sociedade e progresso Cidade versus campo Textos para os testes 1 e 2. MÃOS DADAS Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes [esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos [dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma [história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem [vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de [suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por [serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, [os homens presentes, a vida presente. (ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: Record, 1993.) FAÇAMOS AS PAZES COM A TERRA (fragmento) O chamado que nos é feito hoje para por mos fim à guerra contra a natureza é por uma solidariedade sem precedentes com as gera ções futuras. Será que, para chegar a isso, a hu ma - nidade precisará selar um novo pacto, um contrato natural de codesenvolvimento com o planeta, assinando um armistício com a natureza? Precisamos da sabedoria necessária para defender uma ética para o futuro, pois, se qui ser - mos fazer as pazes com a Terra, essa ética terá que prevalecer. Este planeta é o nosso reflexo: se ele está ferido, nós estamos feridos; se ele está mutilado, a humanidade também está. (MATSUURA, Koïchiro. Façamos as Pazes com a Terra. Folha de S.Paulo, 4 jul ) 1 (ETEC-SP modificado MODELO ENEM) Assinale a alternativa que traz a ideia comum aos textos escolhidos. a) O futuro da humanidade não é relevante e não deve ser uma preocupação imediata, pois de ve mos nos ater, prioritariamente, ao presente. b) A esperança justifica-se, e o ser humano conseguirá superar os problemas que enfrenta, já que o pacto com a natureza foi selado. c) O caminho para a solução dos problemas que afetam a espécie humana é a solidariedade e não o individualismo e o materialismo. d) Há uma crítica explícita às pessoas que não se associam a organizações cujo objetivo é defender causas ecológicas e preservar o planeta. e) É um equívoco refletir sobre o passado e analisá-lo, já que ele consiste em um mundo caduco, sem consequências para o presente. A resposta ao teste é bastante evidente: em ambos os textos, valorizam-se a ética, a união e a solidariedade entre os homens diante dos imen sos problemas que a realidade atual apresenta. Resposta: C 2 (MODELO ENEM) Em relação ao poema de Drummond, assinale a alternativa em cujo verso a palavra destacada expressa oposição entre ideias. a) Também não cantarei o mundo futuro. b) Estou preso à vida e olho meus com - panheiros. c) Estão taciturnos mas nutrem grandes espe ranças. d) não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida e) não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O verso apresentado na alternativa c contém oposição de ideias, pois os companheiros estão taciturnos (tristes, sombrios) e, ao mesmo tempo, têm grandes esperanças (espe - ram por mudanças). Opõem-se, portanto, um sentimento negativo em relação ao presente e um sentimento positivo, otimista, em relação ao futuro. Nas alternativas a, b e e, há adição de ideias; em d, alternância ou disjunção. Resposta: C Primeiros bondes elétricos em Paris. Este quadro, do conhecido pintor Édouard Cortès ( ), retrata bondes de dois andares movidos a bateria na linha que ia até a Gare de l Est, em Paris, no princípio do século XX. Durante as últimas décadas do século XIX, vários meios de tração mecânica foram introduzidos nos bondes de Paris, como ar comprimido, vapor, baterias e eletricidade por rede aérea. PORTUGUÊS 349

82 Texto para as questões de 1 a 7. No entanto Jacinto, desesperado com tantos desastres humi lhadores as torneiras que dessoldavam, os eleva do - res que emperravam, o vapor que se encolhia, a eletri cidade que se sumia, decidiu valorosamente vencer as resis tên - cias finais da matéria e da força por novas e mais poderosas acumulações de mecanismos. E nessas semanas de abril 1, enquanto as rosas desabrochavam, a nossa agitada casa, entre aquelas quietas casas dos Campos Elísios, que pregui - çavam ao sol, incessantemente tremeu, envolta num pó de caliça 2 e de empreitada, com o bruto picar de pedra, o reti - ninte 3 martelar de ferro. Nos silenciosos corredores, onde me era doce fumar antes do almoço um pensativo cigarro, circulavam agora, desde madrugada, os ranchos 4 de operá - rios, de blusas brancas, assobiando o Petit-Bleu 5, e intimi - dando meus passos quando eu atravessava em fralda 6 e chinelas para o banho ou para outros retiros... Cada dia estacava 7 diante do portão alguma lenta carroça, de onde os criados, em mangas de camisa, descarregavam caixotes de madeira, fardos de lona, que se despregavam e se descosiam 8 numa sala asfaltada, ao fundo do jardim, por trás da sebe 9 de lilases. E eu descia, reclamado pelo meu Prín ci pe, para admirar uma nova máquina que nos tornaria a vida mais fácil, estabelecendo de um modo mais seguro nosso domínio sobre a substância. Durante os calores, que aper ta vam depois da ascensão 10, ensaiamos esperançada - mente, para refrescar as águas minerais, a Soda Water 11 e os Medocs 12 ligeiros 13, três geleiras, que se amontoaram na copa suces sivamente des pres ti giadas. Com os morangos novos apare ceu um instru men tozinho astuto, para lhes arrancar os pés, delicadamente. Depois recebemos outro, prodigioso, de prata e cristal, para remexer freneticamente as saladas; e, na pri meira vez que experimentei, todo o vinagre esparrinhou 14 sobre os olhos do meu Príncipe, que fugiu aos uivos! Mas ele teimava... Nos atos mais elemen ta - res, para aliviar ou apres sar o esforço, se socorria Jacinto da dinâmica. E agora era por intervenção de uma máquina que abotoava as ceroulas. E simultaneamente ou em obediência à sua ideia, ou governado pelo despotismo do hábito, não cessava, ao lado da mecânica 15 acumulada, de acumular erudição 16.Oh, a invasão dos livros no 202! Solitários, aos pares, em pacotes, dentro de caixas, franzinos 17, gordos e repletos de autoridade, envoltos em plebeia capa amarela ou revestidos de mar roquim 18 e ouro, perpetuamente, torrencialmente, inva diam por todas as largas portas (...). A biblioteca transbordara através de todo o 202! Não se abria um armário sem que de dentro se despenhasse, desamparada, uma pilha de livros! Não se franzia uma cortina, sem que detrás surgisse, hirta 19, uma ruma 20 de livros! E imensa foi a minha indignação quando uma manhã, correndo urgentemente, de mãos nas calças, encontrei, vedada por uma tremenda coleção de estudos sociais, a porta do water-closet 21! (Eça de Queirós, A Cidade e as Serras) 1 No mês de abril é primavera na Europa. 2 Pó de caliça: argamassa res - sequida. 3 Retininte: ruidoso.4 Rancho: grupo (de pessoas). 5 Petit-Bleu (francês; pronúncia aproximada: peti blö ö = som e com lábios arredondados de o): canção popular francesa. 6 Em fralda: vestido somente de camisa comprida. 7 Estacar: parar. 8 Descoser: descosturar. 9 Sebe: cerca. 10 Ascensão: entrada da primavera. 11 Soda Water: refrigerante; soda. 12 Medoc: vinho dessa região francesa. 13 Ligeiro: leve. 14 Esparrinhar: espirrar. 15 Mecânica: as máquinas. 16 Erudição: grande conhecimento, vasta cultura. 17 Franzino: frágil, delgado, magro. 18 Marroquim: couro de cabra, bom para encadernação. 19 Hirto: duro, estacado. 20 Ruma: pilha. 21 Water-closet: banheiro. 1 Todo o romance A Cidade e as Serras obedece a um esquema em que se opõem civilização ( a cidade ), artificial, inútil e até nociva ao homem saudável, e natureza ( as ser ras ), sempre benéfica e revigorante. Mesmo fora do con tras te cidade-campo, pode-se notar no livro a contraposição do natu ral com o artificial, da natureza com a civilização (ou cultura, em sentido amplo). No início do texto transcrito, encontra-se um trecho em que se observa tal contraposição. Aponte-o. No primeiro parágrafo, depois de referir-se aos desastres, o narrador afirma: enquanto as rosas desabrochavam, a nossa agitada casa (...) incessantemente tremeu, envolta num pó de caliça e de empreitada, com o bruto picar de pedra, o retininte martelar de ferro. Aqui se contrapõem, de um lado, uma das belezas que a natureza oferece sem nenhum alarde e, de outro, toda a agitação, o barulho e a sujeira que marcariam a construção do mundo artificial da civilização e da cultura. 350 PORTUGUÊS

83 2 Associado ao amor pelos engenhos, pelas máquinas, qual é o outro costume de Jacinto criticado pelo narrador? O costume de buscar erudição e acumular livros. Nesse sentido, os livros são tão inúteis quanto as engenhocas de Jacinto. 5 Que deve indicar, no texto, a palavra geleiras e que significa dizer que três delas tinham sido sucessivamente desprestigiadas? As geleiras eram geladeiras primitivas, que certamente funciona - vam mal; daí que três geleiras tivessem sido abandonadas ( desprestigiadas ), uma depois da outra ( sucessivamente ), pois não se haviam revelado úteis. 3 Em que medida essa crítica é irônica? Responda trans - crevendo passagens do texto. A crítica aos livros é irônica, porque, na descrição de Eça, os livros, personificados, são alvos apenas de acúmulo, quedando amon - toados, sem grande ou real utilidade: E simultaneamente ou em obediência à sua ideia, ou governado pelo despotismo do hábito, não cessava, ao lado da mecânica acumulada, de acumular erudição. Oh, a invasão dos livros no 202! 6 Hipálage é uma figura de linguagem que consiste no deslocamento de um adjetivo do termo próprio para outro que esteja próximo. Há hipálage em fumar antes do almoço um pensativo cigarro. Explique essa construção e a função expres - siva de tal recurso no contexto. A transposição do adjetivo, criando certa estranheza e perso - nificando cigarro, aumenta em muito a expressividade da frase, que de outra forma nada teria que chamasse a atenção. 4 Qual a situação descrita no último período do texto, em que o narrador aparece correndo, urgentemente, de mãos nas calças? Qual o elemento que intensifica a comicidade da situação? A situação é a de um homem apertado, correndo para o ba - nheiro, segurando as calças com as mãos. A comicidade é inten - sificada pelo fato de ele encontrar a porta do banheiro obstruída por livros, uma tremenda coleção de estudos sociais. 7 Como seria a frase normal, sem a hipálage? Pensativo, na frase normal, seria atribuído ao sujeito (elíptico: eu ): pensativo, me era doce fumar um cigarro. Ou então, em vez do adjetivo, poderíamos ter um advérbio: fumar, pensativa - mente, um cigarro. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M129 PORTUGUÊS 351

84 12 Cesário Verde Poesia do cotidiano urbano Poesia visual Poesia e camadas populares 1 (MODELO ENEM) Cesário Verde, poeta da época do Realismo, apresenta a Portugal uma poesia voltada a elementos consi derados en tão apoéticos, pois, em vez de discorrer sobre o amor, por exemplo, observa operárias voltan do para casa depois de um dia de trabalho. Analise o fragmento abaixo, extraído do poema O Sentimento dum Ocidental, e identifique, nas obras reprodu zidas, aquela em que se observa o mesmo espírito do movimento a que pertenceu Cesário Verde. Semelham-se a gaiolas, com viveiros, parecem-se As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. Dos quadros reproduzidos, o único que se aproxima da notação realista de Cesário Verde ( ) é o da alternativa c, em que Gustave Courbet ( ) representa mulheres trabalhando. Os demais quadros são: a) do modernista russo Vassily Kandinsky ( ); b) do renascentista italiano Bronzino, pseudônimo de Agnolo Tori ( ); d) do artista pop americano Andy Warhol ( ); e) do pós-impres - sionista holandês Vincent Van Gogh ( ). Resposta: C Textos para os testes 2 e 3. Texto 1 Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade 1, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício 2 do Tejo, a maresia, Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. (...) E, enorme, nesta massa irregular De prédios sepulcrais, com dimensões de [montes, A Dor humana busca os amplos horizontes, E tem marés de fel como um sinistro mar! (Cesário Verde, O Sentimento dum Ocidental ) 1 Soturnidade: clima sombrio. 2 Bulício: agitação. Texto 2 Como amanhece! Que meigas As horas antes do almoço! Fartam-se as vacas nas veigas 1 E um pasto orvalhado e moço Produz as novas manteigas. (Cesário Verde, Provincianas ) 1 Veiga: várzea; planície cultivada e fértil. Texto 3 Ao entardecer, debruçado pela janela, (...) Leio até me arderem os olhos O Livro de Cesário Verde. Que pena que tenho dele! Ele era um [camponês Que andava preso em liberdade pela cidade. (Fernando Pessoa ( ), Poemas Completos de Alberto Caeiro) 2 (MODELO ENEM) Todas as alternativas seguintes interpretam corretamente os textos 1, 2 e 3, menos uma. Assinale-a. a) Cesário Verde, em O Sentimento dum Ocidental, apresenta a cidade de modo fragmentário, por meio de flashes justapostos. b) Os textos 1 e 2 apresentam um mesmo ponto de vista, crítico e pessimista, em relação aos espaços (a cidade e o campo, respec - tivamente) que descrevem. c) Em Cesário, há elementos, como sombras, o bulício do Tejo e maresia, que repre sentam, de certa maneira, a ansiedade do poeta; são elementos objetivos que exprimem estados subjetivos. d) Alberto Caeiro enxerga Cesário Verde como uma vítima da civilização moderna. A partir de seu ponto de vista, Caeiro considera Cesário infeliz pela opressão da cidade. e) Segundo Caeiro, Cesário repara nas coisas da cidade como quem olha uma árvore, anda pelas ruas como se estivesse no campo, ou seja, ele canta a cidade como se estivesse cantando a natureza. Há uma oposição entre o primeiro e o segundo texto de Cesário Verde: o primeiro é depres - sivo e focaliza a cidade; o segundo, porém, é alegre e positivo, tendo como tema o campo. Resposta: B 3 (MODELO ENEM) Quanto ao texto 3, nos versos Leio até me arderem os olhos / O Livro de Cesário Verde, destaca-se a seguinte função da linguagem: a) fática. b) metalinguística. c) emotiva. d) referencial. e) conativa. Na referência ao Livro de Cesário Verde, destaca-se a função metalinguística. Resposta: B 352 PORTUGUÊS

85 Leia a seguir mais algumas estrofes do poema O Sentimento dum Ocidental e responda ao que se pede. O SENTIMENTO DUM OCIDENTAL I. AVE-MARIAS Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. 1 Pode-se afirmar que o tema dos versos é a) religioso. b) filosófico. c) prosaico. d) amoroso. e) épico. O poema apresenta um tema prosaico, ao descrever cenas do cotidiano. Esse tipo de tema não era usual até então. Resposta: C O céu parece baixo e de neblina. O gás extravasado enjoa-me, perturba; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. multidão cobrem-se Batem os carros de aluguer, ao fundo, Levando à via férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista exposições, países: Madri, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo! aluguel Semelham-se a gaiolas, com viveiros, As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. 2 Este poema enfatiza aspectos visuais do entardecer na cidade, mas aponta também outras sensações, olfativas e auditivas. Aponte dois exemplos de cada. Olfativas: o gás extravasado enjoa-me, peixe podre. Auditivas: tinir de louças e talheres, bairro aonde miam gatas. (...) E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinir de louças e talheres Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda. pequenos [barcos (...) Vazam-se os arsenais e as oficinas; Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, operárias fortes Correndo com firmeza, assomam as varinas. surgem [vendedoras de peixe Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; masculinos E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. cestas Descalças! Nas descargas de carvão, Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infecção! descarrega- [mentos PORTUGUÊS 353

86 3 Este trecho compõe a primeira parte do poema O Senti - mento dum Ocidental, um dos mais conhecidos do autor, e tem como subtítulo Ave-Marias. Explique esse subtítulo. Ave-Marias designam o cair da noite, e o poema descreve cenas da cidade a essa hora. 5 No início do poema há uma inter-relação de elementos do mundo objetivo e do mundo subjetivo. Explique. Os elementos do mundo objetivo (as sombras, o bulício, o rio, a maresia) são associados a estados emocionais (melancolia, soturnidade) e despertam no sujeito um desejo absurdo de sofrer. Portanto, o exterior e o interior o objetivo e o subjetivo encontram-se associados. 4 Como são caracterizadas as pessoas no poema, por traços individuais ou grupais? São sempre vistas coletivamente, sem individualidade, agrupadas pelo seu ofício: turba, mestres carpinteiros, obreiras, varinas. A Lavadeira (c ), de Honoré Daumier ( ), óleo sobre tela, Museu Hermitage, São Petersburgo.! O Destaque José Joaquim CESÁRIO VERDE ( ): Nasceu em Lisboa. Era filho de comerciante e levou vida tranquila, tendo frequentado por algum tempo o Curso Superior de Letras e viajado a Paris um ano antes de sua morte prematura, aos 31 anos de idade. A poesia inovadora que produziu não foi devidamente reconhecida durante sua vida, sendo publicada somente em 1887, por seu amigo Silva Pinto, com o título O Livro de Cesário Verde. É o mais singular poeta realista português. Sua obra apresenta linguagem objetiva e coloquial, comple tamente fora dos padrões do lirismo tradicional, ao descrever cenas do cotidiano, até então consideradas inadequadas para a poesia. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

87 13 e 14 Machado de Assis I: Memórias Póstumas de Brás Cubas Romance realista brasileiro 1 (ENEM) Leia o texto e examine a ilustração: ÓBITO DO AUTOR (...) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isto é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado. (...) (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Ilustrado por Cândido Portinari. Rio de Janeiro: Cem Bibliófilos do Brasil, 1943, p.1. Adaptado.) Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. É correto afirmar que a ilustração do pintor a) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal. b) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis. c) distorce a cena descrita no romance. d) expressa um sentimento inadequado à situação. e) contraria o que descreve Machado de Assis. A fidelidade da ilustração de Portinari refere-se a alguns aspectos propriamente descritivos do texto: onze amigos, chovia, e a situação de um orador proferindo o necrológio do finado Brás Cubas. Contudo, como enunciado na alternativa a, há detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal, como as montanhas ao fundo, outros túmulos, arbustos, dois guarda-chuvas etc., ele mentos que podem ser subentendidos na situação evocada pelo texto, mas que não foram explicitados. A questão envolve, porém, um conceito de fidelidade que não é possível estabelecer quando se põem em questão formas tão distintas de representação. Não há, portanto, como excluir que a reprodução é fiel à cena em sua essência, como afirma a alternativa b; por outro lado, não há como negar a existência de detalhes alheios ao texto verbal, como afirma a alternativa a, gabarito divulgado pela banca examinadora. Resposta: A 2 (ENEM) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo. Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957.) A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa: a)... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas... b)... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça... c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno... d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos... e)... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. O narrador afasta-se da idealização sentimental do Romantismo quando afirma que o texto que escreve não sobredoura a realidade e não fecha os olhos às sardas e espinhas. Fica patente, portanto, que o narrador vai registrar também aspectos que contrariam qualquer idealização aspectos realistas, aos quais os autores românticos fechariam os olhos. Resposta: A PORTUGUÊS 355

88 Texto para as questões de 1 a 5. UMA REFLEXÃO IMORAL Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido 1 haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista 2 na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes 3 e fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais obscura do que imoral, porque não se enten de bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se a cingir 4 um diadema 5 de pedras finas; nem menos bela, nem menos ama da. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me... DO TRAPÉZIO E OUTRAS COISAS Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. (...) (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, cap. XVI / XVII) 3 Cite e explique outra passagem humorística e irônica do texto. Há humor e ironia também em Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis. Aqui o humor consiste em aproximar, numa só expressão, a quantidade de dinheiro que Brás Cubas gastou com Marcela e a quantidade de meses que durou o seu amor. A ironia está justamente no emprego do verbo amar para indicar uma relação não propriamente amorosa, mas sim mercenária. 4 Por que é imoral a reflexão sobre o amor apresentada no texto? A reflexão apresentada pelo narrador é imoral porque contraria a moral comum, segundo a qual não se deve nem se pode conquistar amor com dinheiro ou presentes. [Não obstante, segundo uma frase ora atribuída a Nelson Rodrigues, ora a Millôr Fernandes, dinheiro compra até amor verdadeiro.] 1 Cuidar: pensar, supor. 2 Visto: conhecedor, entendido. 3 Dixe: joia. 4 Cingir: circundar. 5 Diadema: joia que se usa na cabeça. 1 Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Assinale a alternativa que menciona o recurso empregado pelo autor no trecho apresentado no enunciado. a) Análise psicológica. b) Ironia. c) Discurso indireto livre. d) Metalinguagem. e) Intertextualidade. No texto de Machado, o narrador, discutindo sua própria maneira de narrar, menciona um capítulo anterior e até se corrige ( Cuido haver dito... ). A esse procedimento, em que a linguagem se refere a si mesma (a narrativa que se refere à própria narrativa, por exemplo), dá-se o nome de metalinguagem. Resposta: D 5 Neste texto realista há um elemento que se pode consi - derar antir romântico. Qual é ele? O elemento antirromântico marcante no texto é a irônica negação de um dos maiores mitos do Romantismo o do amor puro e desinteressado. 2 Explique o humor e a ironia da frase Não morria, vivia. O humor já nasce do jogo entre as expressões morrer de amores e viver de amores. A primeira é uma hipérbole corrente e significa amar muito ; a segunda, nova, é irônica porque indica, não que Marcela amava o narrador, mas que ela dependia do dinheiro dele. 356 PORTUGUÊS

89 Texto para as questões 6 e G. DAS NEGATIVAS (...) Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa 1, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado destas faltas, coube-me a boa fortuna 2 de não comprar o pão com o suor do meu rosto (...). Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal, porque, ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. G Qual a ironia presente no texto? O narrador ironiza seus fracassos, suas faltas (não ter lutado o suficiente para vencer no plano profissional e afetivo) foram compensadas pelo fato de ele não ter lutado por sua sobrevi vência: não comprou o pão com o suor do seu rosto, contrariando um valor essencialmente burguês, restando-lhe ainda um saldo positivo, o de não ter tido filhos e, com isso, não ter transmitido o legado da nossa miséria. (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, cap. CLX) 1 Califa: chefe religioso. 2 Fortuna: sorte, destino. F Dos fatos citados no texto, quais são considerados pelo narrador negativos e quais positivos? No texto, segundo o narrador, o saldo foi positivo, negativo ou houve empate? São considerados fatos negativos: Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casa - mento. São considerados positivos: coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto, não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Segundo o narrador, o saldo foi positivo, pois ele chegou ao outro lado do mistério com um pequeno saldo, a derradeira negativa: não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Casa em que viveu Machado de Assis, no Rio de Janeiro. A ca - sa, hoje demolida, fi - ca va na Rua Cosme Velho n. o 18. No Portal Objetivo Machado de Assis descendo de uma carruagem, em companhia de Carolina, sua esposa. Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M131 PORTUGUÊS 357

90 15 e 16 Machado de Assis II: Quincas Borba e Dom Casmurro Romance realista brasileiro Crônica machadiana Texto para o teste A. CAPÍTULO III Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços. (ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra Completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993) A (ENEM) Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside a) no conflito entre o passado pobre e o pre sente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência. b) no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes. c) na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião. d) na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho. e) na resistência de Rubião aos criados es tran - geiros, que reproduz o sentimento de xenofobia. Rubião tem de se afastar de sua origem pobre e mineira, assim como dos gestos que traz dela, para corresponder às exigências de representação que, segundo o amigo Palha, a nova situação social lhe impõe. Resposta: A Texto para o teste B. (...) Quincas Borba mal podia encobrir a satisfação do triunfo. Tinha uma asa de frango no prato e trincava-a com filosófica serenidade. Eu fizlhe ainda algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo em destruí-las. Para entender bem o meu sistema, concluiu ele, importa não esquecer nunca o princípio universal, repartido e resumido em cada homem. Olha: a guerra, que parece uma calamidade, é uma operação conveniente, co mo se disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava filosofi camente a asa do frango), a fome é uma prova a que Humanitas submete a própria víscera. Mas eu não quero outro documento da subli midade do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi plantado por um africano, suponhamos, importado de An go la. Nasceu esse africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um navio construído de madeira cortada no mato por dez ou doze ho mens, levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de uma multidão de esforços e lutas, executados com o único fim de dar mate ao meu apetite. (ASSIS, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.) B (ENEM) A filosofia de Quincas Borba a Humanitas contém princípios que, con for me a explanação do personagem, consideram a cooperação entre as pessoas uma forma de a) lutar pelo bem da coletividade. b) atender a interesses pessoais. c) erradicar a desigualdade social. d) minimizar as diferenças individuais. e) estabelecer vínculos sociais profundos. Pela explicação apresentada pela personagem, o esforço coletivo (o produto da interação de indiví - duos) gera a satisfação do indivíduo. Resposta: B Texto para os testes C e D. CXIX PARÊNTESES Quero deixar aqui, entre parênteses, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto: Suporta-se com paciência a cólica do próximo. Matamos o tempo; o tempo nos enterra. Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem. Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros. Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro. Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar. (ASSIS, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1990.) C (MODELO ENEM) As afirmações seguin tes descrevem adequadamente diversos ele mentos do texto transcrito, menos uma. Assinale-a. a) O texto exemplifica uma das características do narrador machadiano, que interrompe a narrativa para dialogar com o leitor, tecer comentários jocosos, emitir opiniões cínicas. b) O tom irônico do capítulo deve-se ao teor zombeteiro das máximas apresentadas, quando de máximas se esperariam grandes verdades morais. c) A expressão bocejos de enfado refere-se às máximas, constituindo, portanto, uma metáfora. d) O título do capítulo Parênteses justifica-se, pois o narrador intercala uma digressão na sequência narrativa. e) A utilidade de máximas, segundo o narrador, limita-se a epígrafes de discursos sem assunto. O narrador afirma que as máximas que ele irá apresentar podem servir de epígrafe a discursos sem assunto, e não que máximas em geral tenham apenas essa função. Resposta: E D (MODELO ENEM) Nas alternativas se - guintes, uma das máximas do autor se encon tra inadequadamente interpretada. Assinale-a. a) A máxima 1 refere-se à nossa indiferença aos problemas alheios e equivale ao provérbio Pimenta nos olhos dos outros é refresco. b) Na máxima 2, há um paradoxo, pois se afirma que o tempo, que matamos, é quem nos enterra depois. c) Na máxima 3, o narrador defende a ideia de que o valor dos objetos é determinado por sua utilidade. d) Da máxima 5, depreende-se que nosso pon to de vista está condicionado por nossa cultura. e) Na máxima 6, a queda em sentido cono tativo causa menos malefícios que a queda em sentido denotativo. Segundo a máxima 3, o valor dos objetos (e o prazer que eles proporcionam) depende de serem eles reservados a poucos, o que confere prestígio social àqueles que os possuem ou a eles têm acesso. Resposta: C 358 PORTUGUÊS

91 Texto para as questões de 1 a 3. Olá! estão apreciando a lua? Realmente, está deliciosa; está uma noite para namorados... Sim, deliciosa... Há muito que não vejo uma noite assim... Olhem só para baixo, os bicos de gás... Deliciosa! para namorados... Os namorados gostam sempre da lua. No meu tempo, em Icaraí... Era Siqueira, o terrível major. Rubião não sabia que dis - sesse; Sofia, passados os primeiros instantes, readquiriu a posse de si mesma; respondeu que, em verdade, a noite era linda; depois contou que Rubião teimava em dizer que as noites do Rio não podiam comparar-se às de Barbacena, e, a propósito disso, refe rira uma anedota de um padre Mendes... Não era Mendes? Mendes, sim, o padre Mendes, murmurou Rubião. O major mal podia conter o assombro. Tinha visto as duas mãos presas, a cabeça do Rubião meia inclinada, o movi men - to rápido de ambos, quando ele entrou no jardim; e sai-lhe de tudo isto um padre Mendes... Olhou para Sofia; viu-a risonha, tranquila, impenetrável. Nenhum medo, nenhum acanha mento; falava com tal simplicidade, que o major pensou ter visto mal. Mas Rubião estragou tudo. Vexado 1, calado, não fez mais que tirar o relógio para ver as horas, levá-lo ao ouvido, como se lhe parecesse que não andava, depois limpá-lo com o lenço, devagar, devagar, sem olhar para um nem para outro... Bem, conversem, vou ver as amigas, que não podem estar sós. Os homens já acabaram o maldito voltarete 2? Já, respondeu o major olhando curiosamente para Sofia. Já, e até perguntaram por este senhor; por isso é que eu vim ver se o achava no jardim. Mas estavam aqui há muito tempo? Agora mesmo, disse Sofia. Depois, batendo carinhosamente no ombro do major, passou do jardim à casa; não entrou pela porta da sala de visitas, mas por outra que dava para a de jantar; de maneira que, quando chegou àquela pelo interior, era como se acabasse de dar ordens para o chá. Rubião, voltando a si, ainda não achou que dizer, e contudo urgia 3 dizer alguma coisa. Boa ideia era a anedota do padre Mendes; o pior é que não havia padre nem anedota e ele era incapaz de inventar nada. Pareceu-lhe bastante isto: O padre! o Mendes! Muito engraçado o padre Mendes! Conheci-o, disse o major sorrindo. O padre Mendes? Conheci-o; morreu cônego. Esteve algum tempo em Minas? Creio que esteve, murmurou o outro espantado. Era filho aqui de Saquarema; era um que não tinha este olho, continuou o major levando o dedo ao olho esquerdo. Conheci-o muito, se é que é o mesmo; pode ser que seja outro. Pode ser. Morreu cônego. Era homem de bons costumes, mas amigo de ver moças bonitas, como se mira 4 um painel de mestre, e que maior mestre que Deus? dizia ele. Esta D. Sofia, por exemplo, nunca ele a viu na rua que me não dissesse: Hoje vi aquela bonita senhora do Palha... Morreu cônego; era filho de Saquarema... E, na verdade, tinha bom gosto... Realmente, a mulher do nosso Palha é um primor, bela de cara e de figura; eu ainda a acho mais bem feita que bonita... Que lhe parece? Parece que sim... E boa pessoa, excelente dona de casa, continuou o major acendendo um charuto. (Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XLII) 1 Vexado: envergonhado. 2 Voltarete: jogo de cartas. 3 Urgir: ser indispensável, muito importante, urgente. 4 Mirar: olhar atentamente. 1 (FUVEST-SP) Major Siqueira, Rubião e Sofia participam desta cena do romance Quincas Borba, de Machado de Assis. a) Por que o major diz, no primeiro parágrafo, que está uma noite para namorados? b) Diante das palavras do major, qual foi a primeira reação de Sofia? a) Porque se tratava de uma bela noite enluarada e o major pretendia ironizar a situação romântica em que encontrara Sofia e Rubião. b) Sofia afetou naturalidade, concordou com o major e dirigiu a conversa para outro assunto. 2 (FUVEST-SP) a) Quem mencionou o padre Mendes? Com que objetivo? b) Por que o major mal podia conter o assombro? a) Sofia mencionou o padre Mendes, com o objetivo de evitar o constrangimento da situação e deixar de lado a observação do major sobre namorados. b) O major estava espantado com o que vira (Sofia e Rubião de mãos dadas), em contraste com a atitude de Sofia ao ser surpreendida: risonha, tranquila, impenetrável. PORTUGUÊS 359

92 3 (FUVEST-SP) a) Qual foi o comportamento de Rubião durante todo o episódio? b) Ao descrever as características físicas e morais do padre Mendes, o major faz referência a uma afirmação do padre sobre Sofia, para em seguida concluir que ela era boa pessoa e excelente dona de casa. Qual a mensagem que ele pretendia passar a Rubião? a) Rubião mostrou-se embaraçado, sem jeito um compor ta - mento que denunciava aquilo que Sofia tentava ocultar. b) A fala do major trazia, implícita, uma censura às intenções de sedutor de Rubião: o padre é censurado apenas por gostar de ver belas moças e, além de tudo, Sofia era uma senhora respeitável. E (FUVEST-SP) Com a frase como então dizíamos (linha 3), o narrador tem por objetivo, principalmente, a) comentar um uso linguístico de época anterior ao presente da narração. b) criticar o uso de um estrangeirismo que caíra em desuso. c) marcar o uso da primeira pessoa do plural. d) registrar a passagem do cavaleiro diante da janela de Capitu. e) condenar o modo como se falava no passado. O narrador comenta o emprego da palavra dandy ( indivíduo que se veste com elegância e requinte, janota ), usual na época a que o narrador-personagem se refere. Marca-se, assim, uma diferença entre o tempo em que se escreve a narrativa (tempo da enunciação) e aquele em que ela se passa (tempo do enunciado). Tal distinção é fundamental nesse livro de memórias. Resposta: A Texto para os testes de D a F Assim se explicam a minha estada debaixo da janela de Capitu e a passagem de um cavaleiro, um dandy, como então dizíamos. Montava um belo cavalo alazão, firme na sela, rédea na mão esquerda, a direita à cinta, botas de verniz, figura e postura esbeltas: a cara não me era desconhecida. Tinham passado outros, e ainda outros viriam atrás; todos iam às suas namoradas. Era uso do tempo namorar a cavalo. Relê Alencar: Porque um estudante (dizia um dos seus personagens de teatro de 1858) não pode estar sem estas duas coisas, um cavalo e uma namorada. Relê Álvares de Azevedo. Uma das suas poesias é destinada a contar (1851) que residia em Catumbi, e, para ver a namorada no Catete, alugara um cavalo por três mil-réis... (Machado de Assis, Dom Casmurro) D (FUVEST-SP) As formas verbais Tinham passado (linha 6) e viriam (linha 7) traduzem ideia, respectivamente, de anterio - ridade e de posterioridade em relação ao fato expresso pela palavra a) explicam. b) estada. c) passagem. d) dizíamos. e) montava. As formas verbais tinham passado e viriam relacionam-se à passagem do cavaleiro dandy mencionada no início do texto. Resposta: C F (FUVEST-SP) Considerando-se o excerto no contexto da obra a que pertence, pode-se afirmar corretamente que as referências a Alencar e a Álvares de Azevedo revelam que, em Dom Casmurro, Machado de Assis a) expôs, embora tardiamente, o seu nacionalismo literário e sua consequente recusa de leituras estrangeiras. b) negou ao Romantismo a capacidade de referir-se à realidade, tendo em vista o hábito romântico de tudo idealizar e exagerar. c) recusou, finalmente, o Realismo, para começar o retorno às tra dições românticas que irá caracterizar seus últimos romances. d) declarou que o passado não tem relação com o presente e que, portanto, os escritores de outras épocas não mais merecem ser lidos. e) utilizou, como em outras obras suas, elementos do legado de seus predecessores locais, alterando-lhes, entretanto, contexto e signifi cado. A intertextualidade é um dos recursos mais expressivos em Machado de Assis. No excerto, o autor cita Alencar e Álvares de Azevedo para, ironicamente, contextualizar um acontecimento na vida de Bentinho. Ao se apropriar do legado de seus predecessores locais, Machado modifica-lhes, portanto, o contexto e o significado. Resposta: E 360 PORTUGUÊS

93 Leitura complementar: O autor de si mesmo Guimarães chama-se ele; ela, Cristina. Tinham um filho, a quem puseram o nome de Abílio. Cansados de lhe dar maus-tratos, pegaram do filho, meteram-no dentro de um caixão e foram pô-lo em uma estrebaria, onde o pequeno passou três dias, sem comer nem beber, coberto de chagas, recebendo bicadas de gali nhas, até que veio a falecer. Contava dois anos de idade. Sucedeu este caso em Porto Alegre, segundo as últimas folhas, que acrescentam terem sido os pais recolhidos à cadeia, e aberto o inquérito. A dor do pequeno foi natu ralmente grandíssima, não só pela tenra idade, como porque bicada de galinha dói muito, mormente em cima de chaga aberta. Tudo isto, com fome e sede, fê-lo passar um mau quarto de hora como dizem os franceses, mas um quarto de hora de três dias, donde se pode inferir que o organismo do menino Abílio era apropriado aos tormen tos. Se chegasse a homem, dava um lutador resistente; mas prova de que não iria até lá, é que morreu. Se não fosse Schopenhauer, é provável que eu não tratasse deste caso diminuto, simples notícia de gazetilha. Mas há na principal das obras daquele filósofo um capítulo destinado a explicar as causas trans cendentes do amor. Ele, que não era mo des to, afirma que esse estudo é uma pérola. A expli cação é que dois namorados não se escolhem um ao outro pelas causas individuais que presumem, mas porque um ser, que só pode vir deles, os incita e conjuga. Apliquemos esta teoria ao caso Abílio. Um dia Guimarães viu Cristina, e Cristina viu Guimarães. Os olhos de um e de outro trocaram-se, e o coração de ambos bateu fortemente. Guimarães achou em Cristina uma graça particular, alguma coisa que nenhuma outra mulher possuía. Cristina gostou da figura de Guimarães, reco nhecendo que entre todos os homens era um homem único. E cada um disse consigo: Bom consorte para mim!. O resto foi o namoro mais ou menos longo, o pedido da moça, as formalidades, as bodas. (...) Mas o autor de tudo, segundo o nosso filósofo, foi unicamente Abílio. O menino, que ainda não era menino nem nada, disse con sigo, logo que os dois se encontraram: Guimarães há de ser meu pai e Cristina há de ser minha mãe: é preciso que nasça deles. Levando comigo, em resumo, as qualidades que estão separadas nos dois. As entrevistas dos namo rados era o futuro Abílio que preparava; se eram difíceis, ele dava coragem a Guimarães para afrontar os riscos, e paciência a Cristina para esperá-lo. As cartas eram ditadas por ele. Abílio andava no pensamento de ambos, mascarado com o rosto dela, quando estava no dele, e com o dele, se era no pensamento dela. E fazia isso a um tempo, como pessoa que, não tendo figura própria, não sendo mais que uma ideia específica, podia viver inteiro em dois lugares, sem quebra da identidade nem da integridade. Falava nos sonhos de Cristina com a voz de Guimarães, e nos de Guimarães com a de Cristina, e ambos sentiam que nenhuma outra voz era tão deleitosa. Enfim, nasceu Abílio. Não contam as folhas coisa alguma acerca dos primeiros dias daquele menino. Podiam ser bons. (...) Também não se sabe quando começaram os castigos refiro-me aos castigos duros, os que abriram as primeiras chagas, não as pancadinhas do princípio, visto que todos as coisas têm princípio, e muito provável é que nos primeiros tempos da criança os golpes fossem aplicados diminuti vamente. Se chorava, é porque a lágrima é o suco da dor. Demais, é livre mais livre ainda nas crianças que mamam, que nos homens que não mamam. Chagado, encaixotado, foi levado à estrebaria onde, por um desconcerto das coisas humanas, em vez de cavalos, havia galinhas. Sabeis já que estas, mariscando, comiam ou arrancavam somente pedaços da carne de Abílio. Aí, nesses três dias, podemos imaginar que Abílio, inclinado aos monólogos, recitasse este outro de sua invenção: Quem mandou aqueles dois casarem-se para me trazerem a este mundo? Estava tão sossegado, tão fora dele, que bem podiam fazer-me o pequeno favor de me deixarem lá. Que mal lhes fiz eu antes, se não era nascido? Que banquete é este em que o convidado é que é comido? Nesse ponto do discurso é que o filósofo de Dantzig, se fosse vivo e estivesse em Porto Alegre, bradaria com a sua velha irritação: Cala a boca, Abílio. Tu não só ignoras a verdade, mas até esqueces o passado. Que culpa podem ter essas duas criaturas humanas, se tu mesmo é que os ligaste? Não te lembras que, quando Guimarães passava e olhava para Cristina, e Cristina para ele, cada um cuidando de si, tu é que os fizeste atraídos e namorados? Foi a tua ânsia de vir a este mundo que os ligou sob a forma de paixão e de escolha pessoal. Eles cuidaram fazer o seu negócio, e fizeram o teu. Se te saiu mal o negócio, a culpa não é deles, mas tua, e não sei se tua somente... Sobre isto, é melhor que aproveites o tempo que ainda te sobrar das galinhas, para ler o trecho da minha grande obra, em que explico as coisas pelo miúdo. É uma pérola. Está no tomo II, Livro IV, capítulo XLIV... Anda, Abílio, a verdade é verdade ainda na hora da morte. (...) E Abílio, entre duas bicadas: Será verdade o que dizes, Artur; mas é também verdade que, antes de cá vir, não me doía nada, e se eu soubesse que teria de acabar assim, às mãos dos meus próprios autores, não teria vindo. Ui! Ai! (Machado de Assis, A Semana, 16 de junho de 1895) PORTUGUÊS 361

94 1. Machado de Assis menciona o motivo que o levou a escrever essa crônica. Que motivo é esse? O motivo que o levou a escrever a crônica é que o caso policial serve de ilustração para a com preensão da filosofia de Schopenhauer. 2. Que causas o filósofo alemão, segundo o texto, apresenta para o amor? A causa que incita a união afetiva do casal é a ân sia da criança de vir a este mundo, sendo essa vontade, sob a forma de paixão e de escolha pes soal, o que une aqueles que viriam a ser seus pais. 3. A que conclusão chega a criança enquanto é devorada pelas galinhas? Ela conclui que melhor seria não ter nascido: antes de cá vir, não me doía nada, e se eu soubesse que teria de acabar assim, às mãos dos meus próprios autores, não teria vindo. Ui! Ai!. 4. Schopenhauer escreveu: A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar. Essa declaração, bem como a crônica de Machado, evidencia uma constante da filosofia de Schopenhauer. De que se trata? Trata-se do pessimismo. Para o filósofo, viver é sofrer e só a dor é real. Essa lição foi vivenciada, na crônica de Machado, pela criança, torturada por seus pais, devorada por galinhas famintas. 5. O tom dessa crônica é sério ou humorístico? O tom é galhofeiro; trata-se do humor negro machadiano. O Panelinha, grupo que reunia importantes intelectuais do início do século XX, como Machado de Assis (sentado, segundo da esquerda para a direita), Artur Azevedo (em pé, segundo da esquerda para a direita) e Olavo Bilac (em pé, quarto da esquerda para a direita). A fotografia é de um almoço, em 1901, no Hotel Rio Branco, que ficava na Rua das Laranjeiras n. o 192. Rio de Janeiro, Av. Central (mais tarde Av. Rio Branco), A paisagem urba na contemporânea aos últimos anos de Machado de Assis. No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO ( e, em localizar, digite PORT2M PORTUGUÊS

95 EXERCÍCIOS-TAREFAS FRENTE 1 Módulo 1 Sujeito simples e composto c) as margens plácidas do Ipiranga. d) do Ipiranga. e) o brado retumbante. 1 (PUC-RIO) Aponte a opção em que as palavras des ta ca - das não têm a mesma função sintática do termo destacado em: Em sua mente tumul tuavam negros pensa mentos. a) ( ) e bandos folgazões de quero-queros sau davam os últimos raios do Sol ( ) b) Já se havia difundido o crepúsculo ( ) c) Foi a luz gradativamente morrendo no céu ( ) d) Com tanta leveza voam os pássaros ( ) e) ( ) como repetiam o uivo selvático da suçua rana, a nota plangente do sabiá ou a martelada metálica da ara ponga. 2 Assinale a alternativa em que ocorra sujeito composto. a) Deus, Deus, que farei? b) Os livros contemplei, os quadros e as outras obras. c) Nós, os homens do futuro, venceremos. d) Foram João e Maria à feira. e) Ontem foi João e José, hoje. 3 (UFMG) A propósito do trecho que segue, aponte o su jei - to de supõe. O idealismo supõe a imaginação entusiasta que se adianta à realidade no encalço da perfeição. a) a imaginação entusiasta b) O idealismo c) imaginação d) entusiasta Texto para a questão 4. Em 1949 reuniram-se em Perúgia, Itália, a convite da quase totalidade dos cineastas italianos, seus colegas de diversas partes do mundo. 4 (PUC-SP) O núcleo do sujeito de reuniram-se é a) cineasta b) convite c) colegas d) totalidade e) se Texto para a questão E. Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante 6 (PUC-SP) Indique a alternativa correta no que se refere ao sujeito da oração: Da chaminé da usina subiam para o céu nuvens de fumaça. a) Simples, tendo por núcleo chaminé. b) Simples, tendo por núcleo nuvens. c) Composto, tendo por núcleo nuvens de fumaça. d) Simples, tendo por núcleo fumaça. e) Simples, tendo por núcleo usina. 7 (FGV-SP) Assinale a alternativa em que estrelas tem a mesma função sintática que em: Brilham no alto as estrelas. a) Querem erguer-se às estrelas. b) Gostavam de contemplar as estrelas. c) Seus olhos tinham o brilho das estrelas. d) Fui passear com as estrelas do tênis. e) As estrelas começavam a surgir. 8 (UNI-RIO) Em Na mocidade, muitas coisas lhe haviam acontecido, temos oração a) sem sujeito. b) com sujeito simples e claro. c) com sujeito oculto. d) com sujeito composto. e) com sujeito indeterminado. Módulo 2 Vícios de linguagem Reescreva as frases abaixo, eliminando os vícios de lingua gem. I. Eco repetição de termos com a mesma termi nação. 1 O corretor dava valor a seu superior. 2 O requerimento que enviamos naquele momento era o único instrumento disponível. II. Pleonasmo vicioso redundância de termos cuja signifi - cação nada acrescenta ao que já foi ex presso. 3 Sua primeira prioridade era eliminar os gastos supérfluos. 5 (FMU-SP) O sujeito da afirmação com que se inicia o Hino Nacional é a) indeterminado. b) um povo heroico. 4 Prefiro mil vezes mais trabalhar fora a ficar em casa. 5 O pintor deu o acabamento final naquele quarto. PORTUGUÊS 363

96 III. Cacófato ou cacofonia junção das sílabas de palavras vizinhas, gerando uma palavra desa gra dá vel. Módulo 4 Sujeito oculto e indeterminado 6 Se ela ainda me amasse, eu não me teria revoltado. 7 O aluno perguntou ao professor de Física: Tempo tinha que pôr no gráfico? 8 Vou-me já porque está chovendo. Texto para a questão A. Enfim, peguei dos livros e corri à lição. Não corri preci - samente; a meio caminho parei, adver tindo que devia ser muito tarde, e podiam ler-me no semblante alguma cousa (Machado de Assis) IV. Ambiguidade (ou anfibologia) defeito da frase que apresenta duplo sentido. 9 Paulo viu que a garota saiu sem seu cachorro. J O mutirão contra a violência da polícia não pro du ziu o efeito desejado. K A imprensa não pode cumprir o seu papel funda men tal de informar a população, estando ela mesma mal informada. Texto para a questão L. 1 (UNIP) No texto, tem-se sujeito a) elíptico e simples. b) simples e elíptico. c) elíptico e indeterminado. d) composto e indeterminado. e) composto e elíptico. Texto para a questão B. Quando entrei na sala, ninguém ralhou comigo. (Ma cha do de Assis) L (MODELO ENEM) O humor da tirinha anterior é provo - cado pelo(a) a) fato de o verme falar e ler. b) linguagem em sentido figurado. c) mistura de padrão culto e informal. d) duplo sentido de seus termos. e) identificação do leitor com um verme. Texto para a questão M. 2 No texto, tem-se sujeito a) elíptico e simples. b) elíptico e indeterminado. c) indeterminado e elíptico. d) inexistente e elíptico. e) composto e indeterminado. Texto para a questão C. DESTINO ATROZ Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando os escreve e, por último, quando declamam os seus versos. (Mário Quintana) M (MODELO ENEM) O fenômeno lin guís tico que se observa no último qua dro da tira ocorre também em: a) A moça que eu disse que conhecia quer que você a contrate. b) O presidente resolveu encarar de frente o problema da fome no Brasil. c) Você não precisa gastar rios de dinheiro para adquirir seu carro zero. d) Uma jovem intérprete transformou a música Eu e a Brisa num vendaval de Itu. e) Reencontrei um rapaz que fez natação comigo na praia. 3 (MACKENZIE) Nesse texto, o sujeito do verbo declamam é a) os (elíptico). b) indeterminado. c) eles (oculto). d) os seus versos (composto). e) três vezes (simples). 4 (UNIP) Assinale a alternativa que contém uma oração cujo su jei to é do mesmo tipo que o sujeito da oração Estão batendo à porta. a) Há cem anos nasceu minha avó. b) Carlos e Maria escreveram um livro juntos. c) Os alunos foram a um passeio. d) Basta de brincadeira! e) Só raramente se assiste a bons concertos. 364 PORTUGUÊS

97 5 Escreva SO quando se tratar de sujeito oculto e SI quan do se tratar de sujeito indeter minado do verbo destacado. ( ) Reputavam-no o maior comilão da cidade. (Ciro do Anjos) ( ) Ficou satisfeito com o resultado. ( ) Os manifestantes chegaram em comitiva e, decididos, invadiram a prefeitura. ( ) Depois que deu meia-noite, invadiram a prefeitura. ( ) Tiveste tempo para te arrependeres. 6 Classifique o sujeito dos verbos destacados: Os meirinhos de hoje são homens como quaisquer outros; nada têm de imponentes, nem no seu semblante nem no seu trajar, confundem-se com qualquer procurador, escrevente de cartório ou contínuo de repartição. (Manuel Antônio de Almeida) 7 (UFV MODELO ENEM) Assinale a alternativa em que aparece(m) verbo(s) no plural com sujeito indeter minado: a) Minhas irmãs são belas, são ditosas... b) Ainda hoje são, por fado adverso, / Meus filhos alimária do universo... c) As cegonhas espiam debruçadas / (...) / As tribos erram do areal nas vagas... d) Ai! dizem: Lá vai África embuçada... (...) / Nem veem que o deserto é meu sudário... e) Qual de José os vis irmãos outrora / Venderam seu irmão. Módulo 5 Crônica Leia o seguinte texto e responda às questões A e F. O BANHEIRO Não é o lar o último recesso do homem civilizado, sua última fuga, o derradeiro recanto em que pode esconder suas mágoas e dores. Não é o lar o castelo do homem. O castelo do homem é o seu banheiro. Num mundo atribulado, numa época convulsa, numa sociedade desgovernada, numa família dissolvida ou dissoluta só o banheiro é um recanto livre, só essa dependência da casa e do mun do dá ao homem um hausto de tranquilidade. É ali que ele sonha suas derradeiras filo sofias e seus moribundos cálculos de paz e sossego. Outrora, em outras eras do mundo, havia jardins livres, particulares e públicos, onde o homem podia se entregar à sua meditação e à sua prece. Desapareceram os jardins particulares pois o homem passou a viver em lajes, tendo como ilusão de floresta duas ou três plantas enlatadas que não são bastante grandes para ocultar o seu corpo da fúria destrutiva da proximidade forçada de outros homens. Não encontrando mais as imensidões das praças romanas que lhe davam um sentido de solidão, não tendo mais os desertos, hoje saneados, irrigados e povoados, faltando-lhe as grutas dos compa nheiros de Chico de Assis, onde era possível refletir e ponderar, concluir e ama durecer, o homem foi recuando, deses perou-se e só obteve um instante de calma no dia em que de novo descobriu seu santuário dentro de sua própria casa o banheiro. (Millôr Fernandes) 1 Assinale a alternativa correta. O texto de Millôr é uma crônica a) descritiva, pois explora a caracterização de elementos no espaço. b) narrativa, pois relata um episódio que envolve ação. c) narrativo-descritiva, pois alterna momentos narrativos com flagrantes descritivos. d) comentário, pois a crítica é irônica numa abordagem quase jorna lís tica do assunto. e) reflexiva, pois o autor interpreta a realidade através de associação de ideias. 2 Assinale a alternativa incorreta. Trata-se de uma crônica, pois a) capta o prosaico como tema. b) faz uma reflexão despretensiosa. c) não apresenta preocupação com a estrutura textual. d) há irreverência na abordagem e na lingua gem. e) apresenta uma discussão. 3 Assinale a alternativa correta. Para o autor, a realidade fora do lar compreende a) um meio deteriorado, degenerado. b) um lugar onde o passado não pode ser mais sonhado. c) um paralelo com as praças romanas. d) um espaço que sempre induz à reflexão. e) um mundo afetado pela incapacidade de pensar filoso - ficamente. 4 As palavras recesso e hausto significam, respecti va mente, a) espaço, suspiro. b) retiro, momento. c) canto, gole. d) traço, momento. e) desejo, instante. 5 Assinale a alternativa correta. Por dissoluta entendemos a) falsa. b) libertina. c) autoritária. d) perigosa. e) insolúvel. 6 Assinale a alternativa incorreta. De acordo com o texto, o banheiro é enaltecido como a) um lugar onde se pode refletir, ponderar, concluir e ama - durecer, como as grutas dos companheiros de Chi co de Assis. b) um santuário dentro de casa. c) um reduto de solidão e inspiração para pensar no mundo. d) um lugar para discursar sobre filosofias, paz e sossego. e) um lugar onde o homem oculta mágoas e dores. PORTUGUÊS 365

98 Módulo 8 Sujeito inexistente 1 (OSEC-modificado) Das seguintes ora ções: A ca verna anoitecia aos poucos; Fazia um calor tremendo naquela tarde; o sujeito se classifica, respectivamente, como a) inexistente, simples. b) simples, indeterminado. c) inexistente, inexistente. d) simples, simples. e) simples, inexistente. 2 (MACKENZIE-modificado) Em Já era mais de meia noite quando chegamos ao baile, o sujeito do verbo ser é a) inexistente. b) indeterminado. c) simples. d) oculto. e) composto. 6 (FEI) No período: Toda a huma nidade estaria condenada à morte se houvesse um tribunal para os crimes imaginários. (Paulo Bonfim), a) qual o sujeito da primeira oração? b) qual o sujeito da segunda oração? 7 Escreva: SO quando o sujeito for oculto; SI quando o sujeito for indeterminado; OSS quando a oração não apresentar sujeito. ( ) Cancelaram todos os pedidos. ( ) Costuma enviar cartas sem se identi ficar. ( ) Praticaram aqui todo tipo de vanda lismo. ( ) Para tudo, há um momento decisivo. ( ) Aqui troveja muito no verão. ( ) Trovejaram muito contra as injustiças. ( ) Está muito frio! 3 Preencha as lacunas com os verbos entre parênteses. (Fazer) anos que não se colhem bons frutos; (deve haver) pragas a assolarem os pomares. a) Faz deve haver b) Fazem deve haver c) Fazem devem haver d) Faz devem de haver e) Faz devem haverem 4 fazer cinco meses que não a vemos; existir motivos im pe riosos para sua ausên cia, pois se não os ela já nos teria procurado. a) Vai deve houvessem b) Vai devem houvessem c) Vão deve houvessem d) Vai devem houvesse e) Vão devem houvessem Módulo 9 Funções da linguagem Texto para a questão A. Minha Pátria é minha língua Fala mangueira! Fala! Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas Vamos na velô de dicção Choo choo de Carmem Miranda E que Chico Buarque de Holanda nos resgate É um xeque-mate explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua (Caetano Veloso, Língua fragmento) 5 (UNIP) Assinale a única alternativa que apresenta uma oração sem sujeito. a) Marina, morena Marina, você se pintou. b) Era primavera na serra... c) A serra do Rola-Moça não tinha esse nome não. d) Sonhei que tu estavas tão linda... e) Nada justifica a tortura. 1 No poema-canção Língua, Caetano esta be lece uma das mais felizes fusões, em nossa poesia, da função poética da linguagem com a função a) emotiva. b) fática. c) metalinguística. d) conativa. e) referencial. 366 PORTUGUÊS

99 Texto para a questão B. Pesquisa realizada pelo Instituto Gallup, em julho e agosto, mostra que a maioria da nossa população consi de ra poluídas as praias do País. A mesma maioria acredita que os respon - sáveis pela poluição sejam os próprios banhis tas, os esgotos urbanos, o despejo de óleos e resíduos e a degradação dos rios. (Rodolfo Konder) 2 Indique a função predominante no texto dado. Texto para a questão C. Mamãe! posso dar a minha boneca de celulóide pra Maria Luísa, posso? Pode, minha filha. Mamãe, quando eu posso ver Maria Luísa, heim? Mamãe, mas depois você me dá uma boneca de louça pra mim?... Minhas filhas, vocês estão amolando sua mãe! (Mário de Andrade, Amar, Verbo Intransitivo) 3 Assinale a alternativa correta sobre o texto dado: a) Há função fática, pois o diálogo está sem nexo. b) Há função referencial na transmissão de informações do diálogo. c) Predomina a função conativa ou apelativa, marcada pelo uso de vocativo. d) Há função poética obtida pelo arranjo linguístico. e) A função metalinguística revela-se na expli cação sobre a boneca de celulóide. 4 (UNAERP) Os enunciados produzidos em situações de comunicação apresentam uma intencionalidade, que está relacionada à situação. Dos textos abaixo, assinale em qual prevalece a função conativa da linguagem. a) Houve tempo em que expressões de cunho religioso, que invocavam a proteção divina, eram empregadas pelas pessoas ao se encon trarem. b) Conheça uma vista melhor que a de seu apartamento. c) a noite me pinga uma estrela no olho e passa (Paulo Leminski) d) Alô! Alô, marciano, Aqui quem fala é da Terra... (Rita Lee) e) O sedentarismo, as dietas ricas em gordura e o excesso de peso funcionam como poderosos gatilhos para o apareci - mento do câncer de mama com ou sem risco genético. Módulo 12 Predicado nominal Texto para a questão A. Sonham com bife a cavalo, batata frita. E a sobremesa é goiabada-cascão com muito queijo. 1 (LORENA-SP) Os substantivos sobremesa e goiabadacascão, respecti va mente, têm a função de núcleo a) do predicativo e do sujeito. b) do objeto direto e do sujeito. c) do sujeito e do objeto indireto. d) do vocativo e do predicativo. e) do sujeito e do predicativo. 2 (UFSM) O período a seguir apresenta cinco seg mentos desta cados, um dos quais desempenha a função sintática de predicativo do sujeito. Identifique-o, assinalando a letra correspondente. Sua linguagem irreverente e corajosa é diferente de (a) (b) (c) (d) tudo o que já se fez no jornalismo esportivo do país. (e) Nos exercícios de 3 a F, assinale a única alternativa em que o ver bo não é de ligação. 3 a) O professor ficou aborrecido. b) O professor ficou na sala. c) O animal estava doente. d) O sol estava alto. 4 a) A alma exterior daquele judeu eram os seus ducados. (Machado de Assis) b) Eu sou tão infeliz (Aluísio Azevedo) c) Continuarei sozinho. d) Continuarei no parque. e) Você parece louco. 5 a) O rapaz virou uma fera. b) O chefe anda preocupado. c) A festa é neste salão. d) Os passageiros continuam irritados. e) São duas horas. 6 a) Os passageiros continuavam no saguão do aeroporto. b) Já era tarde. c) Éramos seis. d) O rapaz parecia desolado. e) Seu comportamento tornou-se insuportável. 7 Nas frases abaixo, classifique e transcreva o predicado e o predicativo: a) Ela parecia uma figura de retrato. (Autran Dourado) b) A vida dele era necessária a ambas. (Machado de Assis) PORTUGUÊS 367

100 8 (PUC-RJ) Não vira para trás, Bianca... Temos nessa frase um predicado verbal. Assinale a oração abaixo que apresenta o mesmo tipo de predicado: a) O rapaz virou fera. b) Teria ele realmente virado um revolucio nário? c) O vento forte virou o barco depressa demais. d) Ele virou inimigo da própria mulher. e) Ele virava aflito as páginas do livro. 9 (MED-Pouso Alegre) Assinale a alter na tiva em que o verbo não é de ligação: a) A criança estava com fome. b) Pedro parece adoentado. c) Ele tem andado confuso. d) Ficou em casa o dia todo. e) A jovem continua sonhadora. Módulo 13 Crônica: interpretação Texto para as questões de A a F APELO Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na con ver sa de esquina. Não foi ausência por uma sema na: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho. Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coa - lhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pi lha de jornais ali no chão, ninguém os guar dou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o caná rio ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite e eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda. E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada O meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor. (Dalton Trevisan) 1 (UNIRIO) Assinale a opção que contém a frase que justifica o título do texto. a) Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. (L. 7-8) b) Toda a casa era um corredor deserto (...) (L. 10) c) Acaso é saudade, Senhora? (L. 18) d) Que fim levou o saca-rolhas? (L ) e) Venha para casa, Senhora, por favor. (L. 23) 2 (UNIRIO) Considerado o sentido geral do texto, a signi - ficação de es quecido em esquecido na conversa de esquina (L. 3-4) é: a) não lembrado por Senhora. b) entretido com os companheiros, na esquina. c) afastado da sensação da ausência de Senhora. d) absorto pela falta da mulher. e) pensativo por causa da conversa na esquina. 3 (UNIRIO) Assinale a opção que justifica a afir ma tiva Pri - mei ros dias, para dizer a verdade, não senti falta (L. 2-3). a) A quebra da rotina traz a sensação de liberdade. b) A relação amorosa estabelece limites para a liberdade de cada um. c) A sensação de liberdade faz falta a algumas pessoas. d) O estranhamento causado pela ausência do ser amado é acentuado pela rotina. e) O novo tem um apelo encantatório, que afasta o sentimento da ausência. 4 (UNIRIO) A marca da Senhora está contra di to ria mente impressa em fatos que ocorrem na sua au sên cia. Assinale a opção imprópria para exem pli fi car o que se afirma nesta questão. a) (...) não senti falta. (L. 2-3) b) (...) o leite primeira vez coalhou. (L. 7-8) c) (...) a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. (L. 8-10) d) (...) o canário ficou mudo. (L ) e) Não tenho botão na camisa, (...) (L ) 5 (UNIRIO) O penúltimo período do texto dimensiona o papel de Senhora na família. Assim, ela pode ser definida como a) sublevadora. b) apaziguadora. c) sofredora. d) dominadora. e) impostora. 6 (UNIRIO) A eclosão do apelo, no terceiro parágrafo, vaise construindo por meio de uma função da linguagem nele predominante e que se denomina função a) poética. b) fática. c) apelativa. d) emotiva. e) referencial. Módulo 16 Predicado verbal 1 Classifique sintaticamente o predicado de cada oração: (1) verbal (2) nominal a) ( ) Tu pareces triste. b) ( ) Era noite. c) ( ) Notícias mais graves não poderia haver. d) ( ) Quem está aí? e) ( ) Alguém falou. f) ( ) Estava a morte ali. g) ( ) A casa era azul. 2 (FF-RECIFE-PE) Assinale a oração em que há erro quanto à clas sificação do verbo. a) Meus prognósticos estariam certos? (de ligação) b) A costureira pagou a conta? (transitivo direto) c) Pagou a conta à costureira? (transitivo direto e indireto) d) Neide apresentou-me a seus pais. (transitivo direto e indi re to) e) As feras rugiram em suas jaulas. (transitivo indireto) 368 PORTUGUÊS

101 3 (PUC-MG) Considerando que verbo transitivo direto requer comple mento verbal chamado objeto direto, assinale a alternativa em que esse termo ocorre. a) O tostão é regateado com cerimônia. b) Como viverei sem ti, meu bem? c) Vamos disse Jesuíno. d) Eram todos irmãos, felizmente. e) E vão fazendo telhados. Texto para a questão D. Quando repeti isto, pela terceira vez, pensei no semi - nário, mas como se pensa em perigo que passou, um mal abortado, um pesadelo extinto; todos os meus nervos me disseram que homens não são padres. (Machado de Assis) 4 (UNIP-SP) Os verbos destacados são, respectivamente, a) transitivo direto transitivo indireto intransitivo. b) transitivo direto transitivo direto transitivo direto. c) transitivo indireto intransitivo transitivo direto. d) intransitivo intransitivo intransitivo. e) intransitivo transitivo direto transitivo direto. 5 (UNIP-SP) Dentre as opções seguintes, indique a única que apresenta objeto indireto. a) O embaixador não gostou de Londres. b) Mário lê muitos livros e aprende pouco. c) A testemunha viu o assassino fugir. d) Ela satisfez o pedido do pai. e) O inspetor visou o diploma. Módulo 17 Crônica narrativa: interpretação Texto para as questões de A a C. PARA QUE NINGUÉM A QUISESSE Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as rou pas de seda, da gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à pas sagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos. Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interes sava por ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair. Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetiza - da com os móveis e as sombras. Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela. Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitarlhe o que restava dos cabelos. Mas ela tinha desaprendido a gostar des sas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda. (COLASANTI, Marina. Para que ninguém a quisesse. In: Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro, Rocco, p ). 6 (VUNESP-SP) Amanhã faz um mês que a se nho ra está longe de casa. Da oração em destaque, na frase transcrita, é correto dizer: a) Trata-se de uma oração em que o sujeito está elíp tico, e o verbo é de ligação. b) A oração tem por sujeito a palavra amanhã, e o verbo é transitivo direto. c) A oração tem por sujeito um mês, e o verbo é intransitivo. d) Trata-se de uma oração sem sujeito, e o verbo é transitivo direto. e) A oração tem um sujeito indeterminado, e o verbo é de ligação. 7 (PUC) No trecho Os próprios moradores descreveram a algazarra à reportagem, pode-se dizer que os dois termos destacados são, respectivamente, a) o sujeito e o predicado do verbo "descre veram". b) o adjunto adnominal e o adjunto adverbial do verbo descre - veram. c) o objeto direto e o objeto indireto do verbo descreveram. d) o aposto e o vocativo do verbo descre veram. e) o complemento nominal e o agente da passiva do verbo descreveram. (UFMT Adaptado) Julgue os itens como verda deiros (V) ou falsos (F). 1 ( ) O texto defende a ideia de que a posição da mulher no lar e na sociedade deve ser definida em con - traste com a posição do homem. ( ) O texto reflete sobre a condição humana, sobre a opressão que a mulher pode sofrer dentro do pró - prio lar. ( ) O fato de o homem e a mulher não terem sido nomeados também revela o tratamento uni ver sal dado ao tema. ( ) O texto satiriza as relações em que predo mi nam o ciúme, a vaidade e a submissão. 2 ( ) Sem estar estruturado por meio de enredo e per - sonagens, o texto é uma crônica. ( ) Este texto pertence ao gênero narrativo. ( ) Os eventos narrados obedecem a uma ordem cro - nológica. ( ) Através do discurso direto o leitor conhece a per - sonalidade das per sonagens deste texto. PORTUGUÊS 369

102 3 ( ) Há exemplo de sinestesia na expressão fina sau - dade e metáfora em olhar viril. ( ) A expressão tosquiou-lhe os longos cabelos eviden - cia o ponto cul minante da submissão da mulher. ( ) Na frase Esquiva como um gato, não mais atra ves - sava praças, há metáfora. ( ) No texto, o corte de seda está para a sen sua li dade e o prazer de viver, como o vestido de chita está para a anulação da feminilidade e o desinteresse pela vida. Módulo 18 Complementos verbais 1 Substitua os termos destacados por um pronome pessoal oblíquo: a) Os domingos, porém, pertenciam aos dois. (F. Namora) b) Naquele ano Ismael achou o avô mais macambúzio. (Autran Dourado) c) Mas quem daria dinheiro aos pobres? d) Mas quem daria dinheiro aos pobres? e) Mas quem daria dinheiro aos pobres? f) Quis seu castigo como a um prazer. g) Ofereceram presentes aos necessitados. h) O rapaz podia vender a motocicleta. 4 (FGV-SP) Assinale a alternativa em que, pelo menos, um verbo esteja sendo usado como transitivo direto. a) Dependeu o coveiro de alguém que rezasse. b) Oremos, irmãos! c) Chega o primeiro raio da manhã. d) Loureiro escolheu-nos como padrinhos. e) Contava com o auxílio de Marina para cuidar do evento. 5 (UNIP) Qual das alternativas seguintes substitui cor - retamente os trechos destacados nas orações de I a III? I. O menino fugiu de mim. II. III. A moça enviou o livro a ele. Carlos deu um abraço no seu primo. a) fugiu-me lhe enviou-o deu-lhe b) fugiu-se enviou-lhe deu-o c) fugiu-me enviou-lho deu-lhe d) fugiu-me enviou-lhe-o deu-o e) fugiu-se enviou-o-lhe deu-lhe 6 (ESPM MODELO ENEM) Observe as frases abaixo. 2 Assinale a alternativa cujo verbo da man chete é tran sitivo direto e indireto. a) Tremor mata pelo menos 50 pessoas no Equador. (FSP, , p. 1-1) b) Europa ajuda britânicos na crise da carne. (FSP, , p. 1-1) c) Cai estoque para aviões. (FSP, , p. 2-1) d) Javali traz o sabor de caça à feijoada. (FSP, , p. 5-1) e) Processos e inquéritos somem. (FSP, , p. 3-1) 3 (FGV) Assinale a alternativa que completa correta mente as lacunas da frase: Eu encontrei ontem, mas não reconheci porque anos que não via. a) lhe, lhe, há, lhe. b) o, o, haviam, o. c) lhe, o, havia, lhe. d) o, lhe, haviam, o. e) o, o, havia, o. As empresas globais têm condições de melhorar os pro - dutos. Os portugueses romperam o monopólio das cidades. O chip acabará tendo o mesmo preço. Substituindo-se o termo destacado em cada frase pelo pronome correspondente, têm-se, respectivamente, a) lhes lhe lo. b) lo lhe o. c) los no o. d) lhes no lo. e) los o lhe. 7 Substitua os termos destacados por um pronome pessoal. a) O engenheiro refez os cálculos. b) Entregaram as provas ao professor. c) Entregaram as provas ao professor. d) O ministro discutiu o assunto com seus asses sores. e) O promotor analisou as provas do crime. 370 PORTUGUÊS

103 Módulo 19 Interpretação de textos metalinguísticos Texto para as questões de A a C. A QUESTÃO É COMEÇAR Coçar e comer é só começar. Conversar e es cre ver tam - bém. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conver - sação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apres sada, o bom dia, o boa tarde, como vai? já não fun cionam para engatar con ver sa. Qualquer assunto ser - vindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso enca deado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamen tável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o con - trário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos alfabetizados, em obe diência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desen volvimento e um fim predeterminados. Isso es tra gava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Ten taremos agora (quem? eu e você, leitor) con versando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínha mos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. Pare aí, me diz você. O escrevente escreve antes, o leitor lê depois. Não!, lhe respon do, Não consi go escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho. Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com inter - locutores invi síveis, impre visíveis, virtuais apenas, sequer ima ginados de carne e ossos, mas sempre ativamente pre - sentes. Depois é espichar conversas e novos interlo cutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde. (MARQUES, M.O. Escrever é Preciso) 1 (PUC) Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: Em nos sa civilização apressada, o bom dia, o boa tar de já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é quebrar o gelo. Indique a alternativa que explicita es sa função. a) Função emotiva. b) Função referencial. c) Função fática. d) Função conativa. e) Função poética. 2 (PUC) Considerando a relação entre estes dois enun - ciados: Coçar e comer é só come çar e Conver sar e escre ver também, assinale qual é o valor expresso pela pala vra também nesse contexto. a) Oposição em relação à ideia anterior. b) Retomada de ideia já anteriormente expressa. c) Causa da ideia posterior. d) Consequência da ideia anterior. e) Condição para a ideia posterior. 3 (PUC) Segundo o autor, está sendo apresentada uma forma nova e particular de se conceber o ato de escrever. Assinale a alter nativa que traduz essa concepção. a) Escrever é um processo de interlocução decorrente da ima - ginação. b) Escrever é um processo de interlocução realizado exclu - sivamente pelo leitor. c) Escrever é um processo de seleção de ideias expres sas de forma correta. d) Escrever é um processo de interlocução realizado exclu - sivamente pelo autor. e) Escrever é um processo de interlocução entre o autor e seus possíveis leitores. Módulo 20 Predicado verbo-nominal 1 Numere as orações abaixo, de acordo com a seguinte indi - cação: (1) oração com predicado nominal. (2) oração com predicado verbal. (3) oração com predicado verbo-nominal. a) ( ) Acabarás doente. b) ( ) Acabei a lição. c) ( ) Acabei, cansada, a lição. d) ( ) Caiu doente. e) ( ) Caiu do automóvel. f) ( ) Caiu, ferida, do automóvel. 2 Assinale a alternativa em que aparece um pre di cado verbonominal. a) Os viajantes chegaram cedo ao destino. b) Demitiram o secretário da instituição. c) Nomearam as novas ruas da cidade. d) Compareceram todos atrasados à reunião. e) Estava irritado com as brincadeiras. 3 Indique a alternativa em que o predicado é verbo-nominal. a) Desde então ficou desconfiado. b) Eu ia caminhando pela avenida. c) Encontrei Maria Clara mais envelhecida. d) Viajarei amanhã de manhã. e) Conheço o rapaz mentiroso. PORTUGUÊS 371

104 Texto para a questão D. Capitu ria alto, falava alto, como se me avisasse; eu con - tinuava surdo, a sós comigo e o meu desprezo. 4 O pre dicado dos verbos ria, falava e continuava é, respec - tiva mente, a) verbal, verbal, nominal. b) nominal, verbo-nominal, verbal. c) verbal, nominal, verbo-nominal. d) verbo-nominal, nominal, verbal. e) verbo-nominal, verbo-nominal, verbo-nominal. 5 Em Os excursionistas retornaram felizes a sua cidade, temse predicado a) verbal com verbo transitivo direto. b) nominal com verbo de ligação. c) verbo-nominal com predicativo do sujeito. d) verbo-nominal com predicativo do objeto direto. e) verbo-nominal com predicativo do objeto indireto. Classifique os termos grifados como predica tivo do sujeito ou do objeto. 6 Meu tio foi nomeado embaixador. T Em O mestre tachou-nos de indiscipli nados, o termo des - ta cado é a) objeto direto. b) predicativo do sujeito. c) predicativo do objeto. d) objeto indireto. e) sujeito. U21 (MACKENZIE) Julgaram-no o me lhor presiden ciá vel. O termo destacado acima exerce a função sintática de a) sujeito. b) objeto direto. c) predicativo do sujeito. d) objeto indireto. e) predicativo do objeto. U22 Reescreva em um único período a oração abaixo eliminando a ambiguidade. Ele encontrou o amigo feliz. a) feliz como predicativo do sujeito b) feliz como predicativo do objeto Módulo 21 Provérbios e ditos populares 7 Alguns acharam meu discurso um desastre parlamentar. 8 Consideraram meu irmão como malfeitor. 9 Recebi a notícia como verídica. Coloque: A) para verbo de ligação; B) para verbo intransitivo; C) para verbo transitivo. J ( ) Sou favorável ao novo projeto. K ( ) O carrapato lembrava miséria e abandono. L ( ) Era muito feliz. M ( ) A fogueira estalava. (Graciliano Ramos) N ( ) A fazenda renasceria. (Graciliano Ramos) O ( ) Vede como está contente, pelos hor rores escri - tos. (Cecília Meireles) P ( ) Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. (Carlos Drummond de Andrade) Q ( ) Meu pai virou uma fera. R ( ) O carro virou na esquina. S ( ) A criança virou a xícara. 1 Identifique o provérbio que mais se apro xima da interpre - tação do último quadrinho: a) Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madru ga. b) Deus dá o frio, conforme o cobertor. c) Quem ri por último, ri melhor. d) O homem põe e Deus dispõe. e) Cada um por si e Deus por todos. 372 PORTUGUÊS

105 Módulo 24 Adjunto adverbial Texto para a questão A. Há muito tempo, sim, que não te escrevo. (Carlos Drummond de Andrade) 1 Os termos sim e não são adjuntos adverbiais, respec tiva - mente, de a) lugar e modo. b) afirmação e negação. c) dúvida e negação. d) afirmação e intensidade. e) afirmação e afirmação. Texto para a questão B. Falava baixinho; pegou-me na mão e pôs o dedo na boca. (Machado de Assis) 2 Completando o último quadrinho, chegaría mos ao ditado Em Roma, como os romanos. Assinale dentre os provérbios abaixo aquele que recupera essa mensagem: a) Todos os caminhos levam a Roma. b) Diga-me com quem andas e te direi quem és. c) Quem não tem cão, caça com gato. d) Em terra de sapo, de cócoras como ele. e) Quem dorme com morcego, acorda de cabeça para baixo. 2 Os termos destacados indicam, respectivamente, cir cuns - tância adver bial de a) modo lugar lugar. b) causa causa modo. c) condição modo causa. d) causa modo condição. e) concessão condição concessão. 3 Assinale as orações com adjunto adverbial. a) Todos falavam alto. b) O som estava alto. c) Passeávamos com o intérprete. d) Fomos à Bahia. e) De modo algum te intrometas na vida alheia. f) Esqueçamos esta dor sem remédio. g) Viajava folgadamente. h) Estava folgado. i) Vives bem mal. 4 Adjunto adverbial de causa está em a) Compro livros com o dinheiro. b) O poço secou com o calor. c) Estou sem amigos. d) Vou ao Rio. e) Pedro é efetivamente bom. (Exame) 3 (ENEM) Entre os seguintes ditos popu lares, qual deles melhor cor responde à figura anterior? a) Com perseverança, tudo se alcança. b) Cada macaco no seu galho. c) Nem tudo que balança cai. d) Quem tudo quer, tudo perde. e) Deus ajuda quem cedo madruga. 5 (FEI-SP) Resolva as questões a seguir conforme o código que segue: a) adjunto adverbial de lugar; b) adjunto adverbial de tempo; c) adjunto adverbial de modo; d) adjunto adverbial de causa. I. ( ) Segunda-feira haverá um jogo importante. II. ( ) Com o mau tempo não podemos trabalhar ao relento. III. ( ) O livro foi acolhido com entusiasmo pelos lei tores. IV. ( ) O automóvel parou perto do rio. PORTUGUÊS 373

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