Programa Atlas, uma manifestação de cidadania cultural. Marcio FERNANDES 1 Waldecir KURPIAS 2 Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)

Transcrição

1 Programa Atlas, uma manifestação de cidadania cultural Marcio FERNANDES 1 Waldecir KURPIAS 2 Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) ISSN Referência: FERNANDES, Marcio; KURPIAS, Waldecir. Programa Atlas, uma manifestação de cidadania cultural. In: Mídia Cidadã 2009 V Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, Guarapuava. Anais. Guarapuava, p RESUMO A partir de ensinamentos sobretudo de autores como Luiz Artur FERRARETTO e Robert MC LEISH, está estruturado o programa Atlas, cujo slogan (a revista semanal que corre o mundo), já indica o que o ouvinte de qualquer canto do planeta tem à disposição. Veiculado sempre às segundas-feiras à noite em uma emissora de Guarapuava (PR) e em mais duas rádios do Paraná e do Tocantins, o Atlas (disponível ainda em blog) está no ar desde abril de A cada edição, os recortes históricos, geográficos, gastronômicos, musicais e assim por diante de uma nação. Nos 10 primeiros programas, Angola, África do Sul, Japão e Peru são alguns dos exemplos de países retratados, incluindo entrevistas especiais com moradores nativos. Considerase que, ao disseminar informações acerca de outros povos, está-se contribuindo sobremaneira para levar aos ouvintes a importância de se perceber e compreender as manifestações sociais e culturais do outro, de forma a combater estereótipos e preconceitos, dentre outras possibilidades. Palavras-chave: Programa Atlas, Mídia Cultural, Radialismo, Intercâmbios, Cidadania 1 Jornalista com 13 anos de carreira, em mídia impressa e radiofônica de vários Estados e no âmbito do Mercosul. Professor concursado do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro, PR) e responsável pela disciplina Radiojornalismo A (1. série) do mesmo curso. marciorf@globo.com 2 Acadêmico do 1º ano do curso de Jornalismo da Unicentro e produtor/repórter/apresentador do programa Atlas. wkm.play@hotmail.com 1

2 As ideias principais Na tentativa de integrar ao conhecimento popular diversos aspectos, curiosidades e sonoridades referentes a outros países, surgiu dentro de sala de aula, na disciplina de Radiojornalismo A, da 1. série do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro, Paraná), a ideia inicial de criação de um programa de rádio semanal, com duração aproximada de sessenta minutos, que em seu roteiro trabalhasse as diversas áreas de conhecimento focando entretenimento e participação do ouvinte. Com o título de Atlas, o programa foi concebido no primeiro semestre de 2009 para também chamar a atenção do público para culturas diferentes daquela que está acostumado, configurando o que se pode chamar de oferta de um outro olhar. Com estrutura formatada para três blocos, que devem mesclar história, dados gerais, turismo, entrevistas, músicas e as diferentes sonoridades presentes nas distintas manifestações sociais, bem como a culinária, os costumes e tradições de cada povo, o Atlas vai ao ar sempre às segundas-feiras, 20h, pela Rádio Universitária FmM 99.7, de Guarapuava, na região central do Paraná além de ser difundido via Rádio Universitária On Line (de Cascavel/PR), Rádio Ulbra On Line (Palmas/TO) e, a partir de setembro de 2009, pela Rádio UEM FM (Maringá/PR). Por ser um projeto trabalhado em sala de aula, foram separados os alunos participantes em dois grupos com cinco integrantes cada, que, devido à complexidade das informações levantadas de cada nação, tendem a se revezar para a gravação e edição do programa. Outra característica do programa é ainda a alternância na apresentação, possibilitando diálogo entre apresentadores entre si e para com o público. Cabe ressaltar técnicas consagradas de preparação e execução radiofônicas são levadas em conta, a partir de ensinamentos de MC LEISH (2001) e FERRARETTO (2000). As informações em cada edição Cada grupo é responsável pela reunião de pauta e divisão do trabalho de levantamento 2

3 das informações relativas a cada país, atendendo, por certo, a uma quantidade mínima de dados que devem ser distribuídos em blocos e intercalados com entrevistas e músicas. As dez edições iniciais versaram sobre os seguintes países: Turquia, África do Sul, Nova Zelândia, Japão, Suíça, Angola, Jamaica, Peru, Grécia e Libano. Com o objetivo de ser mais que uma revista semanal clássica (com dados que normalmente são de conhecimento da população e simplesmente reproduzidos no ar, sem comentários mais densos ou dados extras), o programa Atlas foca-se também na linguagem necessária para compreensão dos conteúdos por parte de qualquer pessoa, utilizando, para tanto, vocabulário simples o que, ao final, é também um método de educar, disseminando informações culturais. MC LEISH (2001: 19) ensina que O rádio funciona bem no mundo das ideias. Como um meio de promover a educação, ele se destaca com conceitos e também com fatos. Seja ilustrando dramaticamente um evento histórico, seja acompanhando o pensamento político atual, serve para veicular qualquer assunto que possa ser discutido, conduzindo o ouvinte, num ritmo predeterminado, por um conjunto de informações. Rotineiramente, portanto, ao escrever o roteiro, cada grupo se depara com um emaranhado de conteúdos que precisam ser interligados para que seja possível um entendimento por parte do ouvinte. Os alunos buscam, por meio de exemplos bastante didáticos, trazer a realidade muitas vezes distante de outras nações para o cotidiano do brasileiro, exemplificando fatos e personagens com situações e personalidades de nossa realidade além da comparação de dados (quando a população de um país é informada ao ouvinte, faz-se uma analogia com alguma cidade verde-amarela, dentre outras possibilidades). O levantamento das informações de cada país ocorre por meio das ferramentas convencionais de pesquisa livros, revista e Internet, todos devidamente checadas, para que as mesmas não sejam desmentidas durante a gravação ou mesmo pela audiência, posteriormente. 3

4 As entrevistas Além do conteúdo, que é selecionado e checado, cada grupo intenta dar credibilidade aos fatos levantados no programa por meio de entrevistas, com nativos dos países retratados ou com pessoas que por lá estiveram. As participações de personagens das mais diversas áreas possibilitam uma aproximação do ouvinte com os temas que são comentados pelos apresentadores de cada edição. Na estreia, quando da veiculação de material sobre a Turquia, o entrevistado foi o jogador de futebol Fábio Pereira da Cruz, o Pereira, à época zagueiro do clube paranaense Coritiba e ex-atleta do Gaziantepspor, time da primeira divisão daquele país. Na edição acerca da Jamaica, o personagem da semana foi Johnny B. Good, produtor musical de São Paulo de grandes nomes da música nacional como Mutantes, Lobão e Engenheiros do Hawaii, que, além de ter convivido com Peter Tosh um dos personagens emblemáticos do reggae jamaicano atualmente possui uma loja na capital paulista voltada para o gênero e é produtor de bandas do estilo. Pouco antes de falar com o Atlas, ele havia estado na Jamaica, divulgando seu trabalho. As conversas com personalidades servem do mesmo modo como um meio da troca de cultura entre entrevistado, entrevistador e ouvintes, possibilitando um maior dinamismo na apresentação dos conteúdos e, sempre que possível, trazendo para o programa informações do cotidiano local que normalmente não são encontradas em publicações tradicionais. A trilha sonora de cada edição Por se tratar de um programa radiofônico, sabe-se que a trilha sonora é de grande importância. MC LEISH (idem: 19) aponta que para apreciar a música e ensinar línguas, o Rádio é o ideal. Neste cenário, busca-se levar ao ar desde ritmos clássicos de determinada nação (como a música de sopro andina que caracteriza o Peru) até os sons que ultrapassam estes estereótipos. No caso peruano, a banda de rock Emergency Blanket mereceu o devido destaque. Vale dizer, portanto, que cada grupo busca sempre compreender a complexa 4

5 história musical de cada nação, já que a mesma pode induzir o ouvinte a uma total absorção, além de relaxar e induzir ao prazer, à nostalgia, ao entusiasmo ou à curiosidade, como bem pondera MC LEISH (ibidem: 19) As ferramentas de interação Durante o período em que o programa estava sendo pensado nos meses de fevereiro e março de 2009, a turma refletiu acerca da implantação de ferramentas digitais que possibilitassem a interação do ouvinte com os membros das equipes. Em um primeiro momento, criou-se uma conta de , no servidor hotmail. Momento seguinte, partiuse para o blog, que se revelou um método bastante eficiente. Em quatro meses no ar, o blog teve 1,4 mil acessos, de netnautas de várias partes do mundo. Ali, quem eventualmente tenha perdido alguma edição levada ao ar na segunda-feira, pode recuperar o conteúdo, já que, através de podcasts, é possível fazer download de todas as edições. Ressalta-se ainda que, em breve, o site da Rádio Universitária FM igualmente colocará seus programas para download de qualquer usuário da rede mundial de computadores. Incrementar o blog, aliás, é um dos desafios deste segundo semestre, de modo que a participação dos internautas seja ainda maior, deixando um elevado número de comentários, por exemplo, dentre outras possibilidades de participação. Em uma época em que a Era Digital se consolida no tempo presente, incrementar tais ferramentas é essencial para que o Atlas continue a justificar plenamente seu slogan a revista semanal que corre o mundo, de maneira a permanecer condizente com sua proposta de, através de referências culturais estrangeiras, estimular intercâmbios que, em última instância, fortalecem os laços de fraternidade e cidadania entre pessoas de várias partes do mundo. REFERÊNCIAS BARBEIRO, Heródoto. LIMA, Paulo Rodolfo. Manual de Radiojornalismo. Rio de Janeiro: Campus,

6 CÉSAR, Cyro. Como falar no Rádio : prática de locução AM e FM, dicas e toques. São Paulo: Ibrasa, FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio : o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Sagra- Luzzatto, MCLEISH, Robert. Produção de rádio : um guia abrangente da produção radiofônica. São Paulo: Summus, PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo - Jovem Pan. São Paulo: Brasiliense, PRADO, Emílio. Estrutura da informação radiofônica. São Paulo: Summus,