Tecnologia do Consórcio Probiótico (TCP) no Controle de Carrapatos em Gados

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1 Tecnologia do Consórcio Probiótico (TCP) no Controle de Carrapatos em Gados 2015 Sumário Um estudo conduzido para determinar os efeitos da Tecnologia do Consorcio Probiótico (TCP) no controle de carrapatos Rhipicephalus microplus (antes chamado Boophilus microplus, Canestrini, 1887) no gado bovino. Dois lotes de animais híbridos de 15 meses de vida (cinco animais por lote) foram borrifados seis vezes de Outubro a Dezembro com uma solução secundaria de TCP para doenças, usando mochilas borrifadores com capacidade de 20 litros. A cada sessão, os animais individualmente recebiam três litros da solução de TCP diluída em água em 30% ou 50%. Nos primeiros 60 dias após a aplicação da solução, notou-se uma redução significante no numero de carrapatos fêmea ingurgitados. No final de Dezembro, a solução secundaria de TCP para doenças em 30% mostrou um controle eficaz sob a população de carrapatos e redução de custos. Num primeiro momento, o grupo controle que não estava sendo tratado possuía infestações medias ou altas, mas subsequentemente houve-se um aumento na população de carrapatos fêmea ingurgitados. Durante todo o período de observação, o grupo controle mostrou infestações medias e altas. O resultado da aplicação de solução secundaria de TCP eram comparáveis aos pesticidas piretróides convencionais usados no controle de carrapatos. As aplicações da solução secundaria de TCP para doenças à 30% (em intervalos de 15 dias) reduziu significantemente o custo de controle de carrapato comparado à duas aplicações com pesticidas piretroides. A solução secundaria de TCP para doenças também foi eficaz em controlar infestações de oestridae (moscas com larva parasita).

2 Introdução A infestação de carrapatos Rhipicephalus micropolus no gado é um sério problema no Brasil. Essa peste é particularmente a causa de enormes prejuízos econômicos na produção de leite e carne no Estado do Rio de Janeiro. Medidas de controle, baseadas principalmente em pesticidas químicos, também apresentam diversos efeitos colaterais no meio ambiente e na saúde humana. Devido à essas preocupações e ao alto custo do controle químico com acaricidas, leiteiros e rancheiros têm sido impedidos de investir em programas de desenvolvimento genético de animais que podem providenciar uma resistência natural contra os aracnídeos sanguessugas. Consequentemente, com a introdução da Tecnologia do Consorcio Probiótico (TCP) no Brasil como inoculantes microbianos para melhorar a qualidade do solo e proteção das plantas, surgiu um interesse considerável se o TCP pode providenciar um controle biológico contra esses tipos de peste. Enquanto esse foi o principal foco da presente investigação, o efeito do TCP no controle de infestação de oestridae também era de interesse do estudo. Métodos e Materiais - Localização do Experimento: O experimento foi conduzido de Outubro a Dezembro, em uma fazenda localizada a 100km da cidade do Rio de Janeiro. A topografia era montanhosa, o clima tropical com uma temperatura media de 28 o C. Houve uma época de seca que durou de Maio a Outubro e uma época chuvosa de Novembro a Março. - Os animais selecionados e a Epidemiologia:

3 Três lotes de bovinos de corte masculinos, híbridos e com 15 meses de vida (5 animais por lote) foram selecionados para o experimento. Dois lotes foram tratados com solução secundaria de TCP para doenças durante o período experimental, enquanto o terceiro lote serviu como grupo controle, sem tratamento. O perfil de parasitas foi estabelecido em cada animal para avaliar o nível inicial de infestação de carrapatos e o numero de fêmeas ingurgitadas. Os animais eram borrifados com a solução em intervalos de 15 dias e as dinâmicas dos parasitas eram avaliadas pela contagem do numero de fêmeas ingurgitadas com 3mm de diâmetro entre as sessões de pulverização. Cada animal foi identificado pela etiqueta numerada anexada às orelhas. - Concentração e Volume da aplicação de solução secundaria de TCP para doenças: Os animais tratados eram borrifados com a solução de TCP diluída em agua em 50% entre 14 de outubro e 24 de novembro e diluídas a 30% a partir de então, baseado nos resultados positivos atingidos com a maior concentração. Uma mochila borrifadora com capacidade de 20 litros foi usada para a aplicação das formulas de TCP, com cada animal recebendo individualmente 3 litros da solução de TCP a cada sessão de pulverização. Discussão e Resultados - Observações: 1. Os resultados reportados na Tabela 1 indicam que os animais dos dois lotes tratados com solução secundaria de TCP para doenças (diluição em 50%) mostraram uma redução definitiva no numero de carrapatos (Rhipicephalus microplus, antes Boophilus microplus) fêmea ingurgitadas, aproximadamente 40 dias depois da aplicação inicial comparado com o grupo controle. A população de carrapatos continuou a diminuir quando a solução secundaria de TCP para doenças teve a concentração diminuída para 30%, o que indica um efeito residual

4 da solução de TCP. No fim do experimento, alguns dos animais tratados com TCP estavam completamente livres de parasitas, enquanto o grupo controle estava extremamente infestado. 2. Os carrapatos menores que 3mm de diâmetro não foram contados ou reportados na Tabela 1. Entretanto, foi notado que o numero de carrapatos menores que o tamanho padrão, assim como o numero de ovos, foi reduzido significantemente nos animais tratados com a solução secundaria de TCP para doenças. 3. As moscas oestridae são parasitas bovinos que causam um grave dano aos tecidos subcutâneos, reduzindo o valor econômico dos animais. Uma observação importante é que as lesões de pele dos animais tratados com TCP tenderam a ter uma cicatrização mais rápida, preservando a qualidade da pele do animal. Além, a TCP aparentou parasitar as moscas, destruindo elas apos duas ou três pulverizações. 4. Outra observação importante é de que as populações de parasitas tenderam a serem maiores em animais de coloração escura, comparado aos animais de coloração mais clara. No entanto, o oposto é verdadeiro para as populações de moscas oestridae. A razão para isso é incerta e investigações são necessárias para explicar se há razão cientifica para tal. 5. Carrapatos nas áreas do pescoço, orelhas, barbela e inguinal (ex. Virilha) de alguns animais tratados com TCP foram mais difíceis de controlar e continuaram a crescer por algum tempo. Ainda assim, as populações de carrapato nessas áreas não apresentaram um crescimento significante depois do tratamento. 6. A saúde geral dos animais tratados com TCP cresceu progressivamente comparado com o grupo controle. Em seguida ao tratamento, eles mostraram ganho estável de peso, saúde e pele mais brilhosa e colorida, com maiores resistências à doenças e cicatrização mais rápida à feridas.

5 - Comparação do Custo/Benefício do TCP com acaricidas convencionais: O custo do tratamento por animal para as infestações de carrapato usando a solução secundaria de TCP para doenças (aplicadas em diluição de 30%) comparados aos dois acaricidas disponíveis no mercado (Ivermectin e Doramectin, aplicados com 1% de ingrediente ativo) é mostrado na Tabela 2. O custo do tratamento por animal é substancialmente menor para três aplicações da solução de TCP em um período de 45 dias do que das duas aplicações de qualquer um dos acaricidas em um período de 60 dias. Além, ficou mais aparente após o período inicial de tratamento que a solução de TCP providencia um controle aceitável de carrapatos quando aplicada com intervalos mensais, devido ao seu alto efeito residual. Enquanto isso, os animais tratados com acaricidas ainda continham uma população de carrapatos significante, o que indica um baixo efeito residual. Assim, o custo/beneficio da solução secundaria de TCP para doenças é bem melhor do que ambos os acaricidas e eliminou mais efeitos colaterais potenciais do que tais químicos na saúde do animal, humana e no meio ambiente. Conclusão Apesar do curto período em que as observações foram feitas nos animais tratados com TCP, a solução demonstrou ser um bom método com custos eficazes para controle biológico de carrapatos em um gado comparado aos acaricidas. Adicionalmente, a TCP melhorou a saúde e o condicionamento dos animais, aumentando as suas taxas de ganhos e aumentando sua resistência à doenças. O uso da solução secundaria de TCP para doenças apresentou uma promissora, nova e acessível medida de controle da população de carrapatos e infestações em animais bovinos, que evitam poluição ambiental e efeitos colaterais na saúde humana e dos animais.

6 A solução secundaria de TCP para doenças com diluição à 30% foi aplicada 3 vezes durante um período de 45 dias. Ivemectin e Doramectin com 1% de ingrediente ativo foram aplicados 2 vezes em um período de 60 dias. Tabela 1. Número de carrapatos fêmea ingurgitados (Rhipicephalus microplus), por animal, afetados pelo tempo de aplicação da solução secundaria de TCP para doenças A solução secundaria de TCP para doenças foi diluída com agua e aplicada nos animais com as seguintes concentrações para as datas indicadas na tabela 1: até : 50% de solução secundaria de TCP para doenças até : 30% de solução secundaria de TCP para doenças

7 Tabela 2. Custo do tratamento de carrapatos (Rhipicephalus microplus) por animal bovino usando a solução secundaria de TCP para doenças comparado com os dois tipos de acaricidas convencionais. Referências: 1. Alvarado, R. U. and J. C. Gonzales A postura e a viabilidade do Boophilus microplus (Canestrini, 1887), (Acarina, Ixonidae) em condições de laboratorio. Rev. Latamer Microbiol. 2. Correa, O. and R. M. Gloss Estudo sobre a resistência ao toxafeno, de carrapatos Boophilus microplus no Rio Grande do Sul, Bol. Dir. Prod. Anim. R. G. Sul, 13: Leite, C. R Boophilus microplus (Canestrini, 1887). Susceptibilidade uso atual e retrospectivo de carrapaticidas em propriedades das regiões fisiogeográficas da Baixada do Grande Rio e Rio de Janeiro. Uma Abordagem Epidemilógica, Rio de Janeiro. 36 p. 4. Massard, C. L., G. E. Moya Bonja and C. A. Massard Efeito da decametrina sobre Boophilus microplus (Canestrini, 1887) em testes de campo, estábulos e in vitro. In. Congresso da Sociedade Brasileira de Parasitologia, 7, Porto Alegre, 1982, Anais. Porto Alegre, s. ed

8 5. Nuñez, J. L., M. E. Mufiñoz-Cobeñas and H. I. Moltedo Boophilus microplus. Springer- Verlag, New York, N.Y., USA. 204 p. 6. Oliveira, G. P Ecologia Epidemiologia e Dinâmica Parasitária de Dermatobia hominis L., (Diptera: Cuterebridae) na região de São Carlos, Estado de São Paulo, UGSC, Tese de Doutorado. 104 p. 7. Sanavria, A Bioecologia, Patologia e Alternativas de Controle Quimioterápico de Dermatobia hominis L., Rio de Janeiro. UFRRJ, Tese de Doutorado. 200 p. 8. Sartor, A. A Parasitismo por larvas de Dermatobia hominis L. em bovinos no município de Lorena, Estado de São Paulo. UFRRJ, Tese de Mestrado. 76 p. 9. Serra Freire, N. M Ixodídeos parasitas de bovinos leiteiros na zona fisiográgica no município de Resende, Estado do Rio de Janeiro. R. Bras. Med. Vet., 5(3):18-23.