JULGAMENTO DE RECURSO ADMINISTRATIVO. Seleção de Fornecedores Pregão Presencial nº 004/2016 Processo ASF nº 053/2016

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1 JULGAMENTO DE RECURSO ADMINISTRATIVO Seleção de Fornecedores Pregão Presencial nº 004/2016 Processo ASF nº 053/2016 Objeto: Registro de Preços para eventual aquisição de Equipamento Médico Hospitalar de Baixa e Média Complexidade e Mobiliários Hospitalar para utilização nas Unidades de Saúde administradas pela Associação Saúde da Família e Unidade Central e Filiais, pelo critério menor valor por item. 1 Ref.: Recurso Administrativo interposto pela empresa R.C. Artigos e Equipamentos Hospitalares Ltda. RC Móveis e contrarrazões apresentada pela empresa J.C.F. Marana ME. I DAS PRELIMINARES A empresa R.C. Artigos e Equipamentos Hospitalares Ltda. RC Móveis apresentou recurso tempestivamente, nos termos do item 22.1 do edital. Da mesma forma, a empresa J.C.F. Marana ME apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso interposto. II DA ANÁLISE DO RECURSO E CONTRARRAZÕES A empresa R.C. Artigos e Equipamentos Hospitalares Ltda. RC Móveis alega que a empresa J.C.F. Marana ME não possui Autorização de Funcionamento perante a ANVISA, bem como não apresentou cadastro/registro perante a Anvisa do equipamento exigido no item 34 do Anexo I Memorial Descritivo Mesa Ginecológica com gabinete. Alega ainda que a empresa J.C.F. Marana ME foi declarada vencedora para os itens 26, 27, 28, 30, 31, 32, 34, 37, 38, 40, 41, 42 e 43, contrariando os dispositivos de lei, pois somente empresas devidamente inscritas perante a ANVISA, com a devida Autorização de Funcionamento é que podem fabricar, comercializar, distribuir produto médico/hospitalar.

2 A empresa recorrente afirma ainda que no item 8.2, letra f, do edital, foi vedada a participação de empresa cujo objeto social e/ou atividade econômica não seja pertinente e compatível com o objeto deste Pregão. Alega que com essa colocação entende-se que a instituição previu que somente empresas devidamente regularizadas perante os órgãos fiscalizadores em Saúde Pública no Brasil poderiam participar do certame. 2 J.C.F. Marana ME. Dessa forma, a recorrente requereu a desclassificação da empresa A empresa J.C.F. Marana ME apresenta contrarrazões ao recurso apresentado, alegando que alguns dos itens para os quais foi declarada vencedora são isentos de registro na ANVISA, como comprovado no processo. Alega também que todos os produtos ofertados pela empresa preenchem os requisitos do edital, conforme proposta apresentada, onde constou o número do registro na ANVISA de cada item ofertado. A empresa recorrida alega que é fornecedora em vários órgãos da esfera municipal, estadual e federal, como comprovam os atestados de capacidade técnica apresentados no processo, o que demonstra o cuidado, capacidade e permissividade no fornecimento dos produtos objeto do certame. Alega ainda que para todos os produtos/itens que o edital exigia registro na ANVISA, os respectivos comprovantes foram apresentados. E conclui afirmando que não se pode exigir dos participantes do certame e da equipe julgadora que utilizem de fatos ou exigências que não estão descritas no edital e que vão contra o certame e a competitividade. Inicialmente salientamos que o edital, no item 7, possibilitou às empresas interessadas no certame a apresentação de esclarecimentos ou impugnação ao instrumento convocatório. Esse seria o momento oportuno para que as empresas pudessem alegar eventual contrariedade às exigências e normas legais, no entanto, a recorrente não apresentou nenhum pedido de esclarecimento ou impugnou o edital.

3 Esclarecemos também que a Associação Saúde da Família é instituição de direito privado associação civil sem fins lucrativos - atuante na área da saúde, e por integrar o Terceiro Setor, não faz parte do conceito constitucional de Administração Pública direta e indireta. Por essa razão, nas contratações com terceiros deve observar o regulamento próprio da entidade Orientação Normativa para Compras e Contratação de Obras e Serviços, bem como os princípios constitucionais instituídos no artigo 37, caput, da Constituição Federal. 3 à lei. As exigências no presente processo foram feitas em total observância O edital não previu que as empresas participantes deveriam apresentar Autorização de Funcionamento perante a ANVISA, no entanto, para assegurar que os equipamentos ofertados atenderiam as necessidades da entidade e apresentariam boa qualidade, a entidade tomou o cuidado de exigir, na qualificação técnica, no item 15.2, a apresentação dos registros dos equipamentos na ANVISA, para aqueles itens que possuem registros no órgão e para aqueles em que não havia a obrigatoriedade, deveria ser apresentada a comprovação da isenção do registro. Entendeu a Associação Saúde da Família, no presente caso, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) concentra em si o poder de polícia, para, na matéria de suas competências, regulamentar e fiscalizar a produção, importação e comercialização de determinados produtos. Se algum particular produz ou comercializa produtos específicos sem a autorização da ANVISA, caberá ao órgão, em procedimento próprio, fiscalizar e autuar o particular, exercendo a função de polícia administrativa. Assim, a empresa J.C.F. Marana ME atendeu a todas as exigências constantes do edital, inclusive quanto a questão dos registros na ANVISA para os itens para os quais foi declarada vencedora. A empresa J.C.F. Marana ME foi vencedora para os seguintes itens: 01, 04, 07, 08, 09, 10, 19, 24, 26, 27, 28, 30, 31,32, 33, 37, 38, 40, 41, 42, 43, 44.

4 O Anexo I Memorial Descritivo não exigiu registro na ANVISA para os itens 01, 19, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 33, 38, 40, 41 e 44 que a empresa J.C.F. Marana ME venceu. A comprovação de registro na ANVISA ou dispensa para os demais itens para os quais foi vencedora nº s 04, 07, 08, 09, 10, 24, 37, 42 e 43 encontra-se às fls. 377, 383, 384, 387, 388 e A empresa J.C.F. Marana ME também atendeu a exigência constante no item 8.2, letra f, pois da análise de seu objeto social relacionado às fls. 134 e da atividade secundária descrita no cartão do CNPJ, às fls. 140, verificase que são compatíveis com o objeto licitado. A identidade entre o objeto social e o objeto licitado tem por objetivo identificar empresas que estejam aptas a executar o fornecimento pretendido, dentro dos limites legais. Considerando que a presente Seleção de Fornecedores é um procedimento formal, e aplicando-se por analogia o que ocorre nos processos administrativos de licitação da Administração Pública, há que se observar as regras estipuladas no instrumento convocatório. A doutrina posiciona nas lições de Hely Lopes Meirelles 1 vinculação ao instrumento convocatório: sobre a A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. (...) O edital é a lei interna da licitação, e, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu. Assim, estabelecidas as regras do certame, tornam-se inalteráveis para aquela licitação, durante o procedimento. A vinculação ao edital não significa formalismo. Procedimento formal não se confunde com formalismo, que se caracteriza por exigências inúteis e desnecessárias. Pelos motivos expostos, entendeu a comissão julgadora sobre a desnecessidade de apresentação pelas empresas interessadas no certame da Autorização de Funcionamento perante a ANVISA, bem como entendeu correta a habilitação e declaração de vencedora da empresa J.C.F. Marana ME para os itens acima elencados, visto que ela atendeu todas as exigências do edital. 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 32ª edição, Ed. Malheiros, pág

5 A recorrente também alegou que o edital não exigiu o registro na ANVISA para o item 34 Mesa Ginecológica com gabinete do Anexo I Memorial Descritivo, e após análise das considerações apresentadas, a Associação Saúde da Família reexaminou a questão da exigência ou não desse registro para o item. A elaboração da descrição do item 34, do Anexo I Memorial Descritivo foi feita com base na Resolução RDC nº 260/2002, da ANVISA, que trata da dispensa de registro de produtos para Saúde, considerando o Anexo I, parte C, item 22: Art. 1º - Os produtos para saúde sujeitos ao cadastramento previsto no art. 3º da Resolução-RDC n.º 185/01, são os constantes da relação do Anexo I desta Resolução. 1º Exclui-se do disposto neste artigo os reagentes para diagnóstico de uso in-vitro. 2º Os produtos referidos neste artigo e seus fornecedores ficam sujeitos ao controle previsto na legislação sanitária aplicável. 5 Art. 2º - Os produtos para saúde sujeitos a cadastramento, constantes do Anexo I desta Resolução, obedecem às seguintes exigências e condições: I - Todo produto médico enquadrado em qualquer classe de risco, incluindo suas partes e acessórios, deve ser registrado na ANVISA. II- Todo produto para saúde enquadrado em classe de risco II ou superior, conforme classificação de risco da Resolução-RDC n.º 185/01, incluindo suas partes e acessórios, deve ser registrado na ANVISA. (...) ANEXO I - RELAÇÃO DE PRODUTOS PARA SAÚDE SUJEITOS A CADASTRAMENTO (...) C- Produtos utilizados para apoio ou infra-estrutura hospitalar item 22- Mesa, Cadeira ou outro suporte sem identificação para apoio a procedimento médico ou odontológico No entanto, após análise minuciosa do item 34, a Comissão de Licitação observou que houve um entendimento diverso na interpretação da norma acima quando da elaboração do descritivo, e que de fato, a Mesa Ginecológica com gabinete não está isenta do registro na ANVISA. A obrigatoriedade do registro desse item na ANVISA está descrita no Anexo I, da Resolução nº 260/2002, parte A, item 17.5: (...) ANEXO I - RELAÇÃO DE PRODUTOS PARA SAÚDE SUJEITOS A CADASTRAMENTO

6 A Produtos não-estéreis indicados para apoio a procedimento de saúde item 17.5 Mesa para exame clínico. Assim, tendo em vista a obrigatoriedade de registro na ANVISA para o item 34, acolho em parte as alegações feitas pela empresa R.C. Artigos e Equipamentos Hospitalares Ltda. RC Móveis em relação à obrigatoriedade de registro na ANVISA para o item e 34, do Anexo I Memorial Descritivo. 6 Dessa forma, a fim de que não se restrinja o caráter competitivo da licitação e muito menos viole o principio da isonomia entre os licitantes, declaro prejudicado o item 34. III - DA DECISÃO Diante do acolhimento parcial das alegações apresentadas pela empresa R.C. Artigos e Equipamentos Hospitalares Ltda., mantenho a decisão que habilitou e declarou vencedora a empresa J.C.F. Marana ME para os seguintes itens: 01, 04, 07, 08, 09, 10, 19, 24, 26, 27, 28, 30, 31,32, 33, 37, 38, 40, 41, 42, 43, 44, e declaro prejudicado o item 34, reconsiderando assim a decisão que havia habilitado e declarado vencedora a empresa J.C.F. Marana ME para o referido item. Tendo em vista a reforma parcial da decisão de habilitação proferida no presente processo, o submeto à autoridade competente, nos termos do item 22.3 do edital. São Paulo, 27 de julho de Maria Isabel Campos Coordenadora Administrativa