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- Amélia Assunção Esteves
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1 COMUNICAÇÃO TÉCNICA Nº Corrosão galvânica do par aço-carbono/aço inoxidável em ácido sulfúrico concentrado. Claudete Silva Barbosa Neusvaldo Lira de Almeida Gutemberg de Souza Pimenta Robson Rodrigues Moura Zehbour Panossian Palestra apresentada no CONGRESSO INTERNACIONAL DE CORROSÃO INTERCORR, Búzios, 2016 A série Comunicação Técnica compreende trabalhos elaborados por técnicos do IPT, apresentados em eventos, publicados em revistas especializadas ou quando seu conteúdo apresentar relevância pública. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A - IPT Av. Prof. Almeida Prado, 532 Cidade Universitária ou Caixa Postal 0141 CEP São Paulo SP Brasil CEP Tel /4000 Fax
2 Corrosão galvânica do par aço-carbono/aço inoxidável em ácido sulfúrico concentrado Claudete Silva Barbosa - Fipt Neusvaldo Lira de Almeida IPT Gutemberg de S. Pimenta Robson Rodrigues Moura Petrobras Zehbour Panossian IPT
3 2
4 Armazenar e transportar H 2 SO 4 concentrado não é tarefa fácil. Apesar de haver no mercado ligas metálicas altamente resistentes ao H 2 SO 4 concentrado, as mais usadas são os aços inoxidáveis austeníticos AISI 304 e AISI 316 e os açoscarbono. Em condições de pouca movimentação, os aços-carbono são preferidos e, em condições dinâmicas, os inoxidáveis. 3
5 Essas duas ligas podem ser utilizadas numa mesma unidade industrial por exemplo, tanques de aço-carbono podem ser interligados a tubulações de aço inoxidável, podendo ocorrer a formação de um par galvânico entre ambos. Numa extensa revisão bibliográfica realizada pelos autores, não se localizou nenhum trabalho sobre a corrosão galvânica aço inoxidável/aço-carbono em ácido sulfúrico concentrado. 4
6 Objetivo geral O objetivo deste estudo é verificar o comportamento do par galvânico AISI 316L/aço-carbono em ácido sulfúrico a 93,5 % e a 96 %, mantidos a 33 C. Objetivo específico Levantamento de curvas depolarização de cada liga individual para conhecimento do comportamento eletroquímico nos meios selecionado. 5
7 Materiais metálicos dimensões dos corpos de prova: Ensaios de imersão: 7,6 cm x 1,3 cm x 0,15 cm; Ensaios de par galvânico: 9,8 cm x 2,0 cm x 1,3 cm; Curvas de polarização: 7,6 cm x 7,6 cm x 0,35 cm. Elemento ASTM A36 AISI 316L Nominal Resultado Nominal Resultado C (%) máx. 0,25 0,04 ± 0,01 máx. 0,030 0,03 ± 0,01 Si (%) máx. 0,40 0,015 ± 0,002 máx. 1,00 0,50 ± 0,01 Mn (%) - 0,36 ± 0,02 máx. 2,00 1,5 ± 0,2 P (%) máx. 0,04 0,0047 ± 0,0003 máx. 0,045 0,019 ± 0,002 S (%) máx. 0,05 0,015 ± 0,001 máx. 0,030 0,002 ± 0,001 Cr (%) - 0,012 ± 0,001 16,00 a 18,00 17,7 ± 0,8 Ni (%) - 0,0032 ± 0, ,00 a 14,00 10,3 ± 0,6 Mo (%) - 0,0005 2,00 a 3,00 2,4 ± 0,5 N (%) 0,0042-0,038 Al (%) - 0,036 ± 0,001-0,017 ± 0,001 Cu (%) ,045 ± 0,001 Co (%) ,063 ± 0,007 6 V (%) ,028 ± 0,001
8 Ensaios de imersão para determinação das taxas de corrosão individuais de cada liga: como o ácido sulfúrico concentrado é extremamente higroscópico, torna-se necessário evitar o seu contato com o ar atmosférico úmido; normalmente, a solução é o uso de células herméticas; no caso do ácido sulfúrico concentrado, esta solução não se aplica, pois ocorre a formação de H 2 ; Desenvolvido uma célula de ensaio especial descrita em PANOSSIAN, Z.; SILVA, C. S.; SANTOS, M.; RUFINI, C. H.; PIMENTA, G. S.; PEREIRA, J. F.; ARAUJO, C. M. Corrosão do aço-carbono em ácido sulfúrico concentrado In: INTERCORR, 2012, Salvador. Anais... Salvador: Associação Brasileira de Corrosão, 2012, CD ROOM ensaios de imersão de cada uma das ligas estudadas individualmente, sendo as taxas de corrosão determinadas após 30 dias de imersão 7
9 Levantamento das curvas de polarização anódicas de cada liga individual: Aparelhagem: célula eletroquímica tipo Tait: com a tampa adaptada para evitar a entrada de ar e permitir o escape de H 2, instalada em umag aiola de Faraday; contraeletrodo: cesta de platina com 54 cm 2 de área; eletrodo de referência: Ag/AgCl imerso em solução saturada de KCl com ponte eletrônica de platina; potenciostato: Princeton Applied Research PARSTAT 2273 Condições: Varredura: a 0,166 mv/s; Polarização: iniciada após 30 min de imersão do eletrodo de trabalho no ácido e a 100 mv abaixo do valor do potencial de circuito aberto. 8
10 Ensaio com par galvânico 30 dias: Imersão de corpos de prova das duas ligas, com as mesmas dimensões e com contato elétrico, em um mesmo recipiente contendo o ácido sulfúrico; contato elétrico dos corpos de prova feito de maneira cuidadosa para evitar contato com ácido; Após a montagem do ensaio, o potencial de corrosão de cada liga era determinado separadamente, utilizando o mesmo eletrodo de referência usado para o levantamento das curvas de polarização; após a conexão elétrica, o potencial do par era medido; periodicamente, era feita a leitura da corrente galvânica circulante entre as duas ligas, instalando-se um amperímetro FLUKE 289 de resistência interna muito baixa entre os mesmos; foi determinada a perda de massa de cada liga, adotando o mesmo procedimento dos ensaios de simples imersão. 9
11 Ensaios de imersão: Taxas de corrosão em µm/a dos metais obtidos após 30 dias de imersão em ácido sulfúrico concentrado a 33 C, sem conexão galvânica. Concentração do ácido sulfúrico AISI 316L - sem conexão elétrica (µm/ano) ASTM A36 - sem conexão elétrica (µm/ano) Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão 93,5 % 1,67 0, % 1,280 0, Somente os resultados obtidos com ácido a 93,5 % serão discutidos, pois as conclusões são semelhantes aos obtidos para a 96 %. 10
12 E (V) vs. Ag/AgCl E (V) vs. Ag/AgCl Curvas de polarização: 3,0 H 2 SO 4 93,5 % a 33 C 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0-0,5-1,0 1,0E-07 1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 log i (A/cm2) 2,5 2,0 AISI 316L - H 2 SO 4 93,5 % a 33 C Observações importantes: A densidade de corrente de passivação do AISI 316L está entre 10-7 A/cm 2 e 10-6 A/cm 2 ; Esse valor esse inferior aos valores da densidade de corrente de passivação do açocarbono que, na região de sulfatação, assume valores entre 10-5 A/cm 2 e 10-4 A/cm 2. 1,5 1,0 0,5 0,0-0,5 1,0E-09 1,0E-08 1,0E-07 1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 log i (A/cm2) 11
13 E (V) vs. Ag/AgCl Curvas de polarização: 3,0 H 2 SO 4 93,5 % a 33 C 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0-0,5 Passivação natural Sulfatação -1,0 1,0E-07 1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 log i (A/cm 2 ) 12
14 E (V) vs. Ag/AgCl Curvas de polarização: 3,0 H 2 SO 4 93,5 % a 33 C 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 Reativação Filme Fe 2 SO 4 torna-se instável (Fe 2+ Fe 3+ ). Filme mais poroso. -0,5-1,0 1,0E-07 1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 log i (A/cm 2 ) 13
15 E (V) vs. Ag/AgCl Curvas de polarização: 3,0 H 2 SO 4 93,5 % a 33 C 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 Segunda passivação. Filme de Fe 2 O 3 misturado a Fe 2 (SO 4 ) 3.5H 2 SO 4 e FeSO 4.3H 2 SO 4 Mais efetiva -0,5-1,0 1,0E-07 1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 log i (A/cm 2 ) 14
16 Ensaios de par galvânico AISI 316L/ASTM A36 a 33 C e concentração de H 2 SO 4 a 93,5 % Pela polaridade do par, a corrente galvânica sai do ASTM A36 em direção ao AISI 316L, o que indica que o AISI 316L funciona como o catodo do par, esperando-se uma taxa de corrosão menor para esta liga do que para a liga ASTM A36. Concentração do ácido sulfúrico AISI 316L - após conexão elétrica Média Desvio Padrão ASTM A36 - após conexão elétrica Média Desvio Padrão 93,5 % %
17 AISI 316L/ASTM A36 a 33 C e concentração de H 2 SO 4 a 93,5 % Esperava-se também que a taxa de corrosão do AISI 316L diminuísse e a do aço-carbono aumentasse após a conexão elétrica. Taxa de corrosão em µm/a dos aços AISI 316L e ASTM A36 a 33 C antes e após a conexão elétrica AISI 316L ASTM A36 Individual (antes da conexão elétrica) Par galvânico (após a conexão elétrica) Individual (antes da conexão elétrica) Par galvânico (após a conexão elétrica) 1,
18 Esse valor permaneceu praticamente constante durante os 30 dias 17
19 O aço ASTM A36 galvanicamente conectado ao AISI 316L (par) permaneceu durante todo o ensaio no estado passivo (primeira passivação), o que explica a diminuição da sua taxa de corrosão. Por que a taxa de corrosão é mais baixa no par do que na condição individual? Nos ensaios de imersão, verificou-se que o potencial flutua e o filme de sulfato ferroso desprende-se periodicamente na forma de flocos brancos. No par, o potencial permaneceu constante e a quantidade de flocos foi 18 consideravelmente menor!
20 O potencial de circuito aberto aço inoxidável AISI 316L é muito maior do que o potencial do par, o que mostra que a conexão elétrica com o aço ASTM A36 determinou uma significativa polarização catódica (cerca de 0,350 V); Esso deslocamento deve ter levado a liga para a região ativa, o que explica o aumento da taxa de corrosão. 19
21 Os resultados obtidos nesse estudo mostram que o conceito clássico de corrosão por par galvânico não pode ser generalizado. Se os metais constituintes do par encontram-se no estado ativo e não apresentam tendência à passivação no meio considerado, então o conceito clássico se aplica, qual seja: num par galvânico, o metal mais nobre, catodicamente polarizado, tem a sua taxa de corrosão diminuída e, o metal menos nobre, anodicamente polarizado, tem a sua taxa de corrosão aumentada. No entanto, se um ou ambos os metais constituintes do par se passivam no meio em estudo, o comportamento do par dependerá do nível de polarização imposta pela conexão elétrica entre os metais. No caso do par AISI 316L/ASTM A36 em ácido sulfúrico a 93,5 % e a 96 % na temperatura de 33 C, a taxa de corrosão do AISI 316L aumentou, pois a polarização catódica levou a liga ao estado ativo, enquanto o aço ASTM A36 apresentou uma diminuição de sua taxa de corrosão, pois a polarização anódica imposta pela conexão galvânica manteve o potencial estável na zona de passivação. 20
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