EQUADOR COMPRARÁ SUPER TUCANO

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Benedito de Paiva Rios
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1 EQUADOR COMPRARÁ SUPER TUCANO Roberto Portella Bertazzo, Bacharel em História pela UFJF, Membro da Sociedade Latino Americana de Historiadores Aeronáuticos (LAAHS) e Membro de Centro de Pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Sousa da UFJF. robertobertazzo@hotmail.com O ataque da Força Aérea Colombiana em 1 de março último, a um acampamento das FARC Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, localizado adois quilômetros dentro do território do Equador, trouxe inúmeras conseqüências políticas e militares. A deterioração nas relações com a Colômbia e a suspeita levantada de que poderia estar sendo tolerante com a presença de grupos terroristas em seu território, levou o governo equatoriano a reagir. Historicamente, o Equador sempre tratou de evitar uma expansão do conflito colombiano a seu território. A ampliação de um conflito que já dura cerca de cinqüenta anos, traria conseqüências terríveis para a sua população. O êxito das ações militares, do governo da Colômbia, na luta contra as Farc tem levado a um grande enfraquecimento daquele grupo e a um recuo a regiões mais afastadas do território da Colômbia. O problema é que estas regiões estão na fronteira da Venezuela e do Equador. No tocante ao Equador, suas forças armadas, particularmente a Força Aérea, não dispõem de meios adequados para enfrentar essas novas ameaças, como as incursões de forças militares colombianas e infiltrações de grupos de terroristas em seu território. Em 2006 foi criada uma ala de combate na região fronteiriça entre ambos os países. A Ala de Combate 31, equipada com quatro aeronaves Cessna A-37B Dragonfly, não pode ser mantida operacional por muito tempo devido à baixa disponibilidade do material e seu alto custo operacional. De fato, a Força Aérea Equatoriana FAE, que foi uma das mais bem equipadas da América do Sul nas décadas de oitenta e noventa, vem sofrendo nos últimos anos com o baixo nível de recursos alocados para a sua manutenção e modernização.

A última compra importante de material foi a de um esquadrão de IAI Kfir C- 2/TC-2 feita a Israel em 1983.

Após este conflito, no mesmo ano foi desativado o Esquadrón 2312 Tiburones, que possuía cerca de vinte Lockheed AT-33.

Em 2002, foi desativado o Esquadrón 2111, equipado com um dos mais capazes aviões de ataque da América do Sul: o Sepecat Jaguar Internacional.

mais de trinta anos de uso, próximos do final de sua vida útil, com muito baixa disponibilidade.

2 A última compra importante de material foi a de um esquadrão de IAI Kfir C- 2/TC-2 feita a Israel em Em fevereiro de 1995, houve o conflito fronteiriço com o Peru, chamado Guerra do Cenepa, com uma clara vitória equatoriana. Após este conflito, no mesmo ano foi desativado o Esquadrón 2312 Tiburones, que possuía cerca de vinte Lockheed AT-33. A baixa desses aviões ocasionou uma redução significativa na capacidade contra insurgência (Coin) da FAE. Em 2002, foi desativado o Esquadrón 2111, equipado com um dos mais capazes aviões de ataque da América do Sul: o Sepecat Jaguar Internacional. Os aviões com alguma capacidade contra-insurgência ainda disponíveis, são os Cessna A-37B Dragonfly, Bae Strikemaster MK-89 e Beech T-34C Turbo Mentor, todos com mais de trinta anos de uso, próximos do final de sua vida útil, com muito baixa disponibilidade. Quatro A37-B sobrevoa a Selva amazônica e Strikemaster operandoo na Selva (Fotos: FAE) Dois T34C Turbo Mentor e K-fir C-2 em vôo. (Fotos: FAE) Talvez a mais grave limitação dos meios atualmente disponíveis para a FAE nas missões contra insurgência seja a tecnológica. Suas aeronaves, com exceção dos Kfir CE, não possuem capacidade de executar missões noturnas, ataques de precisão com emprego de armas inteligentes, nem meios de transmissão de dados criptografados.

Diante destes fatos, o governo equatoriano tomou as medidas cabíveis para dotar a FAE de meios modernos com o fim de impedir que seu país seja arrastado para o conflito colombiano.

escolhido. Correia, no mês de abril, também informou que a modernização dos restantes seis de um total de doze caças supersônicos IAI Kfir C-2 para o nível CE também será concluída em breve.

3 Diante destes fatos, o governo equatoriano tomou as medidas cabíveis para dotar a FAE de meios modernos com o fim de impedir que seu país seja arrastado para o conflito colombiano. Antes mesmo do ataque colombiano ao acampamento das Farc, o presidente equatoriano Rafael Correa havia anunciado a compra de oito helicópteros de transporte para a FAE, cujo modelo ainda não foi escolhido. Correia, no mês de abril, também informou que a modernização dos restantes seis de um total de doze caças supersônicos IAI Kfir C-2 para o nível CE também será concluída em breve. O Equador, juntamente com a Colômbia, são os únicos usuários do Kfir na América do Sul. No dia 22 de abril, o Brigadeiro General Rodrigo Bohórquez, Comandante da Força Aérea Equatoriana, anunciou que o governo iniciou negociações com a Embraer para a aquisição de 24 aviões Super Tucano. No dia anterior o presidente equatoriano havia anunciado um plano para a modernização das Forças Armadas que inclui a aquisição dos aviões Super Tucano. Em visita ao Equador, o Ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobin declarou em entrevista coletiva transmitida pelo canal Ecuavisa que o Brasil estaria disposto a começar imediatamente o treinamento dos pilotos equatorianos e que a FAB cederia aviões destinados a ela na linha de produção da Embraer para atender ao pedido do Equador. A compra de 24 Embraer Super Tucano envolve um montante total de aproximadamente 215 milhões de dólares, incluindo treinamento e peças de reposição. O Equador pagará uma entrada de 45 milhões de dólares e o restante será negociado. Espera-se que os primeiros aviões sejam entregues até o fim de Também foi anunciada a possível compra de dois Embraer 145 AEW para FAE, que seriam de grande valia para a detecção de aeronaves e localização de transmissões. Se a compra estimada em 200 milhões de dólares for concretizada, o Equador se tornará o quinto país a operar aquela versão depois do Brasil, México, Grécia e Índia. Concepção de um futuro Super Tucano da FAE, aproveitando a camuflagem usada no Brasil e um em vôo da Força Aérea Brasileira. (Fotos e montagem: autor) Nos últimos anos, a Embraer se converteu em um importante fornecedor da FAE, ao equipar a Linha Aérea Tame com quatro aeronaves Embraer 170/190.

tornou em um fator decisivo para a sua aquisição.

4 Também estaria sendo negociado um Embraer Legacy, para uso do presidente da república. Embraer R-99 da Força Aérea Brasileira. (Foto: autor) É muito provável que as negociações para a aquisição dos Super Tucano já estivesse em andamento há algum tempo, porém o sucesso do seu emprego por parte da Força Aérea Colombiana se tornou em um fator decisivo para a sua aquisição. A missão de uma aeronave, em combate real, realizando uma difícil missão de ataque noturno empregando bombas de sub-munição com kit de guia laser, obtendo total sucesso, serve para comprovar as promessas do fabricante. A ausência de crateras e o fato dos corpos dos guerrilheiros mortos estarem inteiros e apresentarem inúmeras feridas por estilhaços descartam a possibilidade de haver sido utilizados bombas MK-82 convencionais com o kit de guiagem a laser. Além da capacidade de ataques de precisão, a característica de poder utilizar mísseis ar-ar Python 3 também foi importante, pois esses mísseis já dotam o arsenal equatoriano. Super Tucanos das FAC com Python 3 e detalhe de uma bomba de frgamentação com suas esferas de aço.(fotos: FAC e autor)

5 Possivelmente a FAE deverá dividir os Super Tucano em dois esquadrões, um baseado em Manta, para treinamento avançado e outro em Quito ou mesmo em Lago Agrio com a missão primária de defender a fronteira norte do país. Coincidentemente, a Força Aérea do Chile FACH também se decidiu em abril por comprar doze Super Tucano. Após a incursão colombiana, o governo do Equador tomou medidas diplomáticas e militares, para impedir que se repitam violações de seu território. No início do mês de maio, as forças armadas equatorianas realizaram várias missões de patrulhamento na região fronteiriça com a Colômbia, onde foram detectados dois grandes acampamentos das Farc, destinados ao processamento e refino de cocaína. Um destes acampamentos, situado na Província de Esmeraldas, tinha capacidade de abrigar mais de sessenta pessoas, com hospital, cozinha e outras instalações. Vendo-se diante de uma situação em que ambos os lados tentam envolver seu país em um conflito que não é de seu interesse, o governo do Equador decidiu reforçar seus meios defensivos como única saída para preservar a paz em seu território. Como ficou demonstrado em 1995, uma pequena, porém bem equipada força aérea, pode ser o diferencial para a manutenção da soberania de um país.

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