Teoria dos Grafos e Aplicações

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1 Teoria dos Grafos e Aplicações Domingos Moreira Cardoso Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro Mestrado em Matemática - 004/005

2 ii

3 Conteúdo Introdução 1 1 Conceitos e Resultados Básicos Notação e noções fundamentais Resultados gerais Grafos bipartidos Exercícios Grafos de Euler e Grafos de Hamilton 15.1 Circuitos e trajectos de Euler Ciclos de Hamilton Código de Gray * Exercícios Grafos Planares e Generalizações Duais de grafos e digrafos planares Fórmula de Euler e aplicações Condições necessárias para grafos planares Condições necessárias e suficientes para grafos planares * Grafos platónicos Grafos em variedades compactas orientáveis Menores combinatórios e menores topológicos Genus de um grafo e fórmula de Euler generalizada Grafos g-platónicos Exercícios Digrafos e Espaços Vectoriais Associados Espaço dos vértices e espaço dos arcos Variantes do lema de Farkas para grafos Subespaços de circuitos e de cocircuitos Exercícios iii

4 iv CONTEÚDO 5 Independentes, Cliques e Colorações Formulações analíticas para estáveis máximos Grafos com número de estabilidade quadrático convexo Emparelhamentos e coberturas de arestas por vértices Colorações de vértices e arestas Exercícios Resultados Algébricos Associados a Grafos Polinómios cromáticos Espectros de grafos Algumas propriedades dos valores próprios da matriz de adjacência de um grafo Algumas propriedades dos vectores próprios da matriz de adjacência de um grafo * Grafos fortemente regulares Resultados fundamentais Espectros de grafos fortemente regulares Exercícios Bibliografia 93

5 Introdução A origem da teoria dos grafos é, em geral, associada ao problema das pontes de Königsberg (cidade da Prússia que agora se designa por Kaliningrad). Parte desta cidade localizava-se em duas ilhas do rio Pregel as quais estavam ligadas às margens e uma à outra através de 7 pontes, conforme a Figura 1 documenta. A B C D Figura 1: Pontes de Königsberg em 1736 e o respectivo "multigrafo". Consta que os habitantes de Königsberg gostavam de dar passeios de modo a atravessar todas as pontes e que alguns andavam particularmente aborrecidos pelo facto de não encontrarem um trajecto (com partida e chegada a um mesmo lugar) que lhes permitisse atravessar apenas uma vez cada uma das pontes. O matemático suiço Leonhard Euler ( ) ao tomar conhecimento deste problema resolveu-o (indicando a impossibilidade da existência de um tal percurso, numa memória que publicou em S. Petersburgo em 1736) modelando-o pelo multigrafo representado na Figura 1. O problema dual do problema das pontes de Königsberg, é o de saber se um nadador poderia nadar neste mesmo rio e localidade de modo a passar por baixo de todas as pontes sem repetir nenhuma. Um problema com ingredientes semelhantes foi formulado e resolvido (em 1857) pelo matemático irlandês Sir William Hamilton ( ). Este pro- 1

6 CONTEÚDO blema, que consiste em percorrer todos os vértices do dodecaedro representado na Figura, passando uma única vez em cada um, com partida e chegada no mesmo vértice foi designado por viagem à volta do mundo. Figura : Dodecaedro (poliedro regular com 0 vértices de grau 3, 1 faces pentagonais, 30 arestas e 0 vértices. Um outro problema, também bastante antigo, relacionados com a Teoria dos Grafos, diz respeito à coloração de mapas. Com este problema, pretende-se saber qual o menor número de cores necessárias para pintar um mapa de modo que não existam países, com fronteira comum, pintados da mesma cor. Desde muito cedo se conjecturou que 4 cores bastariam para resolver este problema. Com efeito, o cartógrafo inglês Francis Guthrie, já em 185, reclamava a suficiência de 4 cores para distinguir os países num mapa plano e foi precisamente nesse ano (185) que A. de Morgan, numa carta que enviou a W. R. Hamilton, afirmou ter tomado conhecimento deste problema, que designou por problema das 4 cores, através de um seu aluno, Frederick Guthrie (irmão de Francis Guthrie). Em 1878, numa comunicação apresentada na "London Mathematical Society", Cayley referiu-se ao problema das 4 cores como sendo um problema em aberto. Desde então, muitos problemas de natureza combinatória têm sido modelados por grafos com abordagens que, por sua vez, têm gerado novos conceitos e resultados de aplicação generalizada, transformando a teoria dos grafos numa área da matemática contemporânea de grande produção científica.

7 Capítulo 1 Conceitos e Resultados Básicos 1.1 Notação e noções fundamentais Um grafo G é um par de conjuntos (V, E), tal que V = V (G) = {v 1,..., v n } é o conjunto dos vértices e E = E(G) é o conjunto das arestas, a cada uma das quais corresponde um subconjunto de V (G) de cardinalidade, i.e., E(G) = {e 1,..., e m }, com e k = {v ki, v kj }, para k {1,..., m}. Por simplicidade de notação, uma aresta entre os vértices x e y será representada por xy. Um grafo diz-se simples se não existem arestas paralelas (mais do que uma aresta entre os mesmos dois vértices) nem lacetes (arestas com ambos os extremos no mesmo vértice). Neste texto, os grafos simples são designados apenas por grafos e os grafos com lacetes e/ou arestas paralelas por multigrafos. O número de vértices e arestas de um grafo designa-se, respectivamente, por ordem e dimensão do grafo. Os grafos são muitas vezes representado(as) por figuras planas constituídas por linhas e pontos, as primeiras representando arestas (arcos) e os segundos vértices Figura 1.1: Exemplos de grafo e digrafo. Na Figura 1.1 representa-se um grafo de ordem 6 e dimensão 7 e um digrafo 3

8 4 Conceitos e Resultados Básicos Figura 1.: Subgrafo G[{3, 4, 5, 6}] do grafo representado na Figura 1.1. de ordem 6 e dimensão 9. Dado um grafo G (DG), uma aresta diz-se incidente no vértice v, se v é um dos seus extremos e dois vértices, x e y, dizem-se adjacentes se xy E(G) ({(x, y), (y, x)} A(DG) ). Dados dois grafos G e G, diz-se que G é um subgrafo de G e que G é um supergrafo de G quando V (G ) V (G) e E(G ) E(G). Por sua vez, designa- -se por subgrafo de G induzido pelo subconjunto de vértices V e denota-se por G[V ] o subgrafo obtido de G ignorando o subconjunto de vértices V (G) \ V e, consequentemente, as arestas que lhe são incidentes. Por exemplo, na Figura 1. representa-se o subgrafo do grafo G de ordem 6, representado na Figura 1.1, induzido pelo subconjunto de vértices {3, 4, 5, 6}, ou seja, G[{3, 4, 5, 6}]. Designa-se por grafo completo (nulo) de ordem n e denota-se por K n (N n ) um grafo com n vértices dois a dois adjacentes (não adjacentes, ou seja, sem qualquer aresta). Por sua vez, designa-se por grafo complementar de um grafo G e denota-se por Ḡ um grafo com o mesmo conjunto de vértices de G no qual dois vértices são adjacentes se e só se não são adjacentes em G. Denotando por G n o conjunto de todos os grafos de ordem n e por P a relação binária definida em G n tal que G 1 P G se e só se G 1 é um subgrafo de G, é imediato concluir que P = (G n, P ) é um conjunto parcialmente ordenado. Neste conjunto parcialmente ordenado, K n é o único elemento maximal e N n o único elemento minimal. Adicionalmente, dado G G n \ {N n, K n }, é claro que G e Ḡ não são comparáveis. Dado um grafo G e um vértice v V (G) designa-se por grau ou valência de v e denota-se por d G (v) o número de arestas de G incidentes em v. O máximo grau dos vértices de G denota-se por (G) e o mínimo grau por δ(g). Um grafo diz-se p-regular se todos os seus vértices têm grau p (no caso de p = 3 estes grafos também se designam por cúbicos). Tendo em conta que ao adicionarmos os graus de todos os vértices de um grafo arbitrário, G, cada aresta conta duas vezes, com facilidade se conclui que d G (v) = E(G) (1.1) v V (G)

9 Notação e noções fundamentais 5 e, consequentemente, que v V (G) d G(v) = 0 (mod ). Da igualdade (1.1) decorre ainda que δ(g) E(G) (G). (1.) n O conjunto de vértices adjacentes a um vértice v designa-se por vizinhança de v (ou conjunto de vizinhos de v) e denota-se por N G (v). Como consequência, é claro que d G (v) = N G (v). Dados dois grafos G e H, a união de G com H denota-se por G H e corresponde ao grafo G H = (V (G) V (H), E(G) E(H)) e a intersecção de G com H denota-se por G H e corresponde ao grafo G H = (V (G) V (H), E(G) E(H). Com base nesta definição de união e intersecção, podemos afirmar que um grafo G se parte nos grafos G 1 = (V 1, E 1 ),..., G k = (V k, E k ) se G = 1 j k G j e G p G q = p q, onde denota o grafo definido pelo par (, ). Um grafo G diz-se conexo se não admite qualquer partição para além da trivial (i.e, G = G ). Por sua vez, dado um grafo não conexo G, um seu subgrafo diz-se uma componente conexa (ou simplesmente componente) de G, se é um subgrafo conexo maximal, no sentido em que sendo induzido pelo subconjunto de vértices V, x V (G) \ V, o subgrafo G[V {x}] não é conexo. Designa-se por passeio num grafo G, entre os vértices x e y, toda a sequência de vértices e arestas da forma x = v 1, v 1 v, v,..., v k 1, v k 1 v k, v k = y, com eventual repetição de vértices e arestas. Neste caso, os vértices x e y designam-se por vértices extremos do passeio (sendo x o vértice inicial e y o vértice final). Um trajecto num grafo G entre os vértices x e y é um passeio entre x e y sem arestas repetidas (podendo, no entanto, existir vértices repetidos). Um caminho entre os vértices x e y é um trajecto entre x e y sem vértices repetidos. Os trajectos fechados (onde o vértice final coincide com o inicial) designam-se por circuitos e os trajectos fechados, onde os vértices inicial e final são os únicos que coincidem, designam-se por ciclos. Geralmente, os caminhos, trajectos, passeios, circuitos e ciclos representam-se pela respectiva sequência de vértices. Dado um caminho P (ciclo C) de um grafo G designa-se por comprimento de P (C) e denota-se por comp(p ) (comp(c)) o número de arestas que o constitui. Por exemplo, uma aresta é um caminho de comprimento 1 e um vértice um caminho de comprimento 0. Por outro lado, um triângulo é um ciclo de comprimento 3. Dado um grafo G de ordem n e dois vértices x, y V (G), denotando por P G (x, y) o conjunto de todos os caminhos de G entre x e y, designa-se por distância entre vértices de G a função d G : V (G) V (G) {0,..., n 1} { } (1.3) { min{comp(p ) : P PG (x, y)} se P (x, y) d G (x, y) = G (x, y), se P G (x, y) =.

10 6 Conceitos e Resultados Básicos Embora as notações utilizadas para grau de um vértice e para distância entre dois vértices sejam idênticas, é fácil distingui-las de acordo com o contexto. A partir das definições dadas de grafo conexo e de componente conexa, podemos concluir que um grafo é conexo se e só se tem uma única componente ou, em alternativa, se e só se existe um caminho entre quaisquer dois dos seus vértices. A maior distância entre vértices de um grafo G designa-se por diâmetro de G e denota-se por diam(g), por sua vez, designa-se por cintura de G e denota-se por g(g) o comprimento do ciclo de menor comprimento contido em G. Quando G não é conexo, diz-se que tem diâmetro infinito e escreve-se diam(g) = e quando é acíclico (i.e, não tem ciclos) diz-se que tem cintura infinita e escreve-se g(g) =. 1. Resultados gerais Theorem Se o grafo G é tal que δ(g), então G contém um caminho P e um ciclo C tais que comp(p ) δ(g) e comp(c) δ(g) + 1. Demonstração. Seja P = v 0,..., v k um caminho de maior comprimento em G. Então todos os vizinhos de v k estão em P (caso contrário P, poderia ser estendido para um vizinho e não teria comprimento máximo). Logo, comp(p ) = k d G(v k ) δ(g). Por outro lado, se v i é o vértice de menor índice em P tal que v i v k E(G), então v i, v i+1,..., v k, v i é um ciclo de comprimento pelo menos δ(g) + 1 (dado que {v i, v i+1,..., v k } contém todos os vértices adjacentes a v k, cujo número é não inferior a δ(g)). A Figura 1.3 ilustra a demonstração deste teorema. v 1 v v i v k 1 v k Figura 1.3: Ilustração a demonstração de Teorema Theorem 1.. (Mantel, 1907). Dado um grafo G, se E(G) > então g(g) = 3 (ou seja, G contém um triângulo). V (G) 4, Demonstração. Suponha-se que E(G) = m, V (G) = n, m > n e ainda que g(g) > 3. Nestas 4 condições, dados dois vértices adjacentes arbitrários, x, y V (G), os conjuntos dos respectivos vizinhos têm intersecção vazia, ou seja, xy E(G) N G (x) N G (y) =.

11 Resultados gerais 7 Consequentemente, qualquer que seja a aresta xy E(G), d G(x) + d G(y) n, donde vem que (d G (i) + d G (j)) = d G (v) mn. (1.4) ij E(G) v V (G) Por outro lado, de acordo com a desigualdade de Chevishev 1 v V (G) d G (v) ( v V (G) dg(v)) n = 4m n. (1.5) Tendo em conta (1.4) e (1.5), vem que 4m n v V (G) d G (v) mn e, consequentemente, que m n, o que contraria a hipótese. 4 Theorem Se o grafo G contém um ciclo, então g(g) diam(g) + 1. Demonstração. Seja C um ciclo de menor comprimento em G e suponha-se que g(g) > diam(g) + 1, ou seja, que g(g) = comp(c) diam(g) +. Então x, y V (C) tais que d C(x, y) diam(g) + 1. Uma vez que em G existe um caminho P, entre x e y cujo comprimento é não superior ao diâmetro, podemos concluir que P não é um subgrafo de C. Logo em P C (e, consequentemente, em G) existe um ciclo C tal que o que contraria a hipótese. comp(c ) d C (x, y) + comp(p ) < d C (x, y) comp(c), Theorem 1..4 (*). Se o grafo G é tal que g(g) = diam(g) + 1, então G é regular. 1 Note-se que, para p, p 1 p 1 ( z k ) (p 1) zk ( k=1 k=1 p p z k ) p zk. Com efeito, admitindo que a desigualdade ( p 1 k=1 z k) (p 1) p 1 k=1 z k se verifica, vem que p p 1 p 1 ( z k ) = ( z k ) + zp + z p 1 p 1 p( z k ) (p 1) zk + z p + z p z k k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 p 1 p 1 (p 1) zk + z p + p (zp + z k ) = p zk. k=1 k=1 Logo, dado que para p =, a desigualdade é satisfeita na forma de igualdade, por indução, conclui-se que ela é verdadeira para qualquer p. k=1 k=1 k=1

12 8 Conceitos e Resultados Básicos Demonstração. Primeiramente vamos provar que todos os vértices de um ciclo C de comprimento g(g) têm a mesma valência e, posteriormente, prova-se que todos os vértices não pertencentes a V (C) têm a mesma valência dos vértices em C. Sejam x, y V (G) tais que d G(x, y) = diam(g) = d e seja P um caminho de comprimento d entre x e y. Seja z N G (y)\v (P ). Então d = d G (x, y) d G (x, z)+1 d 1 d G (x, z) e, consequentemente, d G(x, z) = d (uma vez que d G(x, z) = d 1 implica a existência de um ciclo em G de comprimento não superior a d). Logo, qualquer que seja z N G (y) \ V (P ) existe um único caminho entre x e z de comprimento d (caso contrário ter-se-ia g(g) d). Cada caminho deste tipo utiliza diferentes vizinhos de x e, consequentemente, x tem pelo menos tantos vizinhos quantos os vizinhos de y. Analogamente se conclui que y tem pelo menos tantos vizinhos quantos os vizinhos de x. Logo, podemos concluir x e y têm exactamente o mesmo número de vizinhos. Sendo C um ciclo de comprimento d + 1, a partir de um dado vértice v, determinando os dois vértices distintos de C à distância d de v, concluímos que ambos têm a valência de v. Assim, todos os vértices de C têm a mesma valência. Considerando um vértice arbitrário v fora de C bem como o caminho de comprimento i entre v e u V (C), podemos concluir que existe em C um vértice w à distância d i de u e, consequentemente, à distância d G(v, w) d i + i. Porém, se d G(v, w) < d então existe um ciclo de comprimento inferior a d o que é contraditório. Logo todos os vértices têm a mesma valência Theorem 1..5 (*). Dado um grafo G tal que k = g(g) 1, verifica-se a desigualdade k 1 V (G) 1 + δ(g) (δ(g) 1) i. (1.6) Demonstração. Primeiramente, dado x V (G), vamos provar, por indução sobre i, com 1 i k 1, que o número de vértices à distância i de x é, pelo menos, δ(g)(δ(g) 1) i 1, i.e, {v V (G) : d G(x, v) = i} δ(g)(δ(g) 1) i 1. i=0 O resultado é trivialmente verdadeiro para i = 1. Suponha-se que o resultado é verdadeiro para i = j, com 1 j < k 1. Se v V (G) é tal que d G(x, v) = j então (a) existe um único vizinho y de v à distância j 1 de x e (b) nenhum vizinho à distância j, conforme a seguir se prova. (a) Suponha-se que existem dois vértices vizinhos de v à distância j 1. Então existem dois caminhos distintos P e P, entre x e cada um destes vizinhos, tais que comp(p ) = comp(p ) = j 1 < k 1, cuja união com as arestas que os ligam a v contém um ciclo C tal que comp(c) comp(p )+comp(p )+ = j < k = g(g) 1 g(g) 1, o que é contraditório. (b) Suponha-se que existe um vértice z adjacente a v, à distância j de x. Então, tal como anteriormente, existem dois caminhos distintos, P e P, entre x e v e entre x e z, respectivamente, cuja união com a aresta vz contém um ciclo C tal que comp(c) comp(p )+comp(p )+1 = j+1 < k = g(g) 1 g(g) 1,

13 Resultados gerais 9 o que, mais uma vez, é contraditório. Logo, para cada vértice v à distância j de x, existem pelo menos δ(g) 1 vértices adjacentes a v à distância j + 1 de x e um único vértice adjacente a v à distância j 1 de x. Analogamente se conclui que, para cada vértice y à distância j+1 de x, existe um único vértice adjacente a y à distância j de x (dado que por hipótese (j + 1) k < g(g)). Uma vez que, por hipótese de indução, existem pelo menos δ(g)(δ(g) 1) j 1 vértices à distância j de x, conclui-se que existem, pelo menos, δ(g)(δ(g) 1) j 1 (δ(g) 1) = δ(g)(δ(g) 1) j vértices à distância j + 1. Consequentemente, tendo em conta que 0 i k V i V (G), onde V i = {v V (G) : d G(x, v) = i}, para i = 0,..., k, vem que V (G) V 0 + V 1 + V V k, 1 + δ(g) + δ(g)(δ(g) 1) δ(g)(δ(g) 1) k 1. k 1 = 1 + δ(g) (δ(g) 1) j. j=0 Deste teorema decorre imediatamente que se k = g(g) 1 e δ(g) > então V (G) 1 + δ(g) (δ(g) 1)k 1. (1.7) δ(g) Um vértice v V (G) diz-se central em G se a maior das distâncias entre v e os restantes vértices é a menor possível. Esta distância designa-se por raio de G e denota-se por raio(g), pelo que raio(g) = min{max{d G (v, x) : x V (G)} : v V (G)}. Com facilidade se conclui que raio(g) diam(g) raio(g). (1.8) Theorem 1..6 (*). Se G é um grafo tal que raio(g) r então r 1 V (G) 1 + (G) ( (G) 1) i. Demonstração. Seja v V (G) um vértice central em G e seja V i = {x V (G) : d G(v, x) = i}, para i = 0,..., r. Então V (G) = r i=0 Vi e Vp Vq = p q, pelo que V (G) = r i=0 V i. Por outro lado, sabe-se que V 0 = 1, V 1 (G), V (G) V 1 V 1 = V 1 ( (G) 1) (G)( (G) 1), V 3 (G) V V = V ( (G) 1) (G)( (G) 1),... V r (G) V r 1 V r 1 = V r 1 ( (G) 1) (G)( (G) 1) r 1, i=0

14 10 Conceitos e Resultados Básicos donde vem que V (G) = r i=0 r 1 V i 1 + (G) ( (G) 1) i. i=0 Como consequência imediata deste teorema, sendo diam(g) = d e tendo em conta (1.8), conclui-se a desigualdade d 1 V (G) 1 + (G) ( 1) i, (1.9) a qual, para (G) >, pode tomar a forma: i=0 V (G) 1 + (G) ( (G) 1)d 1. (1.10) (G) Tendo em conta as desigualdades (1.7) e (1.10), se diam(g) d, k = g(g) 1 e δ(g) >, então (δ(g) 1)k 1 + δ(g) δ(g) ( (G) 1)d V (G) 1 + (G) (G). (1.11) Como exemplo de aplicação, considerando o grafo cúbico G representado na Figura 1.4, onde g(g) = 5 (pelo que k = g(g) 1 = ) e diam(g) = 3, vem que 10 = (3 1) 1 V (G) (3 1)3 1 = Figura 1.4: Grafo cúbico G tal que g(g) = 5 e diam(g) = 3. Theorem 1..7 (*). Sendo G um grafo conexo com diâmetro d, a desigualdade (1.9) verifica-se na forma de igualdade se e somente se G é -regular e g(g) = d + 1. Demonstração. Seja G um grafo conexo tal que diam(g) = d.

15 1.3. GRAFOS BIPARTIDOS 11 Se G não é -regular então, tendo em conta a demonstração do Teorema 1..6, é fácil concluir que a desigualdade (1.9) não se verifica na forma de igualdade (deve observar-se que a escolha do diâmetro em vez do raio, na desigualdade, permite que o vértice v do conjunto singular inicial V 0 seja tal que d G(v) < (G)). Suponha-se que G é -regular e g(g) = d + 1. Nestas condições, fazendo k = g(g) 1, obtém-se k = d e, tendo em conta as igualdades δ(g) = (G) =, combinando (1.9) com (1.6), vem que d 1 d (G) ( (G) 1) i V (G) 1 + (G) ( 1) i, i=0 i=0 ou seja, d 1 V (G) = 1 + (G) ( (G) 1) i. (1.1) i=0 Os grafos para os quais a desigualdade (1.9) se verifica na forma de igualdade, designam-se por grafos de Moore. Como consequência imediata do Teorema 1..7, os grafos de Moore são grafos conexos regulares com cintura d + 1, onde d denota o diâmetro. Por outro lado, de acordo com os Teoremas 1..4 e 1..7, todo o grafo conexo com cintura d + 1, onde d denota o diâmetro, é um grafo de Moore. O grafo de representado na capa deste texto é um exemplo de grafo de Moore. 1.3 Grafos bipartidos Um grafo G diz-se bipartido se existe uma partição do seu conjunto de vértices em V e V tal que não existem arestas entre qualquer par de vértices de V nem entre qualquer par de vértices de V. Um tal grafo bipartido é usualmente representado por G = (V, V, E), onde E denota o respectivo conjunto de arestas. Quando V = m, V = n e x V y V, xy E(G) este grafo denota-se por K mn e designa-se por grafo bipartido completo. Theorem Um grafo admite uma bipartição se e só se não tem circuitos de comprimento ímpar.

16 1 Conceitos e Resultados Básicos Demonstração. Se G = (V, V, E(G)) é um grafo bipartido, então é claro que todos os circuitos têm comprimento par. Com efeito, uma vez que tanto em V como em V"não existem vértices adjacentes, partindo-se, por exemplo, de um vértice em V, de cada vez que se passa para V", para se obter um circuito, tem de se voltar a V na aresta seguinte, pelo que qualquer circuito tem comprimento par. Suponhamos que G não tem circuitos de comprimento ímpar. Uma vez que um grafo é bipartido sse cada uma das suas componentes constitui um subgrafo bipartido, podemos supor, sem perda de generalidade, que G é conexo. Considere-se um vértice arbitrário z V (G) e seja V = {w V (G) : d G(z, w) é ímpar}. Nestas condições não existem arestas que liguem vértices de V (caso contrário existiriam circuitos de comprimento ímpar). Por outro lado, como todos os vértices de V (G) \ V estão a uma distância par de z (em particular z está a uma distância 0 dele próprio), não existem vértices adjacentes em V (G) \ V (uma vez que, por razões idênticas às anteriores, em tais condições, existiriam circuitos de comprimento ímpar). Logo, fazendo V = V (G) \ V obtém-se uma bipartição para G, dada por G = (V, V, E(G)). Os grafos conexos acíclicos (i.e, sem ciclos) designam-se por árvores e constituem uma classe especial de grafos bipartidos. Por sua vez, designa-se por floresta todo o grafo acíclico, pelo que uma floresta é um grafo cujas componentes são árvores. Theorem Sendo G um grafo, são equivalentes as seguintes afirmações: 1. G é uma árvore.. G é conexo e tem V (G) 1 arestas. 3. G não tem circuitos, mas acrescentando-se uma aresta a G resulta um único circuito. Demonstração. Para provar a implicação 1, dado que uma árvore é um grafo conexo, basta provar que se G = (V (G), E(G)) é uma árvore, então tem V (G) 1 arestas, para o que vamos utilizar indução sobre o número de arestas de grafos que definem árvores. Seja G k = (V (G k ), E(G k ) uma árvore comk arestas. Para k = 1 vem V (G 1 ) =, pelo que o resultado se verifica. Suponha-se que o resultado é verdadeiro para k tal que 1 k n 1 e considere-se a árvore G n. Dado que G n não tem circuitos, existe pelo menos um vértice, v, com grau 1. Considerando o subgrafo obtido de G n, retirando-se o vértice v (e consequentemente a aresta que lhe é incidente), determina-se G n 1 que continua a ser uma árvore (uma vez que permanece conexo e sem circuitos), logo, por hipótese de indução, E(G n 1) = V (G n) 1 1. Dado que V (G n ) = V (G n 1 ) + 1 concluí-se que G n tem V (G n ) 1 arestas, completando-se assim a prova da implicação 1. A prova das implicações 3 e 3 1, fica como exercício. Theorem Um grafo G é uma floresta se e só se E(G) V (G) + c(g) = 0, onde c(g) denota o número de componentes de G. Demonstração.

17 1.4. EXERCÍCIOS 13 A prova da condição necessária vai ser feita por indução sobre o número de arestas de G, tendo em conta que o resultado se verifica trivialmente para E(G) = 0. Suponha-se E(G) > 0 e que o resultado se verifica para todas as florestas com menos do que E(G) arestas. Seja G um subgrafo de G obtido por eliminação de uma aresta arbitrária. Logo G é uma floresta com E(G) 1 arestas, V (G) vértices e c(g) + 1 componentes. Por hipótese de indução, aplicada a G, 0 = E(G ) V (G ) +c(g ) = E(G) 1 V (G) +c(g)+1 = E(G) V (G) +c(g). Suponha-se que G tem p componentes, G 1,..., G p, pelo que E(G) V (G) + p = p j=1 ( E(G j) V (G j ) + 1). Então E(G) V (G) + p = 0 p ( E(G j ) V (G j ) + 1) = 0 j=1 e, uma vez que j {1,..., p} E(G j) V (G j) + 1 0, conclui-se que j {1,..., p} E(G j) V (G j) + 1 = 0. Consequentemente, de acordo com o Teorema 1.3., todos os grafos G j, com j {1,..., p}, são árvores. Deste teorema decorre que todo o grafo G tal que E(G) V (G) contém pelo menos um circuito. Dado um grafo conexo G, designa-se por árvore abrangente ou de suporte de G todo o subgrafo de G que é uma árvore e contém todos os vértices de G. Theorem Todo o grafo conexo admite uma árvore abrangente. Demonstração. Seja G um grafo conexo. Se G não tem circuitos então, por definição, é uma árvore e o resultado verifica-se. Suponha-se que G tem um circuito. Então retirando uma aresta a esse circuito o grafo mantém-se conexo (porquê?). Repetindo este processo, ao fim de um número finito de arestas eliminadas, obtém-se uma árvore abrangente (uma vez que o conjunto de vértices não foi alterado). 1.4 Exercícios Sendo G um grafo de ordem n, com n, prove as seguintes afirmações: (a) O número de vértices de grau ímpar é par. (b) Existem dois vértices com o mesmo grau Dado um grafo H de ordem n 3, prove as seguintes afirmações: (a) Se E(H) < n(n ) 4, então g(h c ) = 3. (b) Se n 6, então H ou o seu complementar H c tem um triângulo.

18 14 Conceitos e Resultados Básicos Seja G um grafo que não é uma árvore tal que diam(g) =. (a) Supondo que G é bipartido e não é regular, determine g(g). (b) Prove que se a ordem de G é 8 então g(g) Considere o grafo H representado na Figura 1.4. (a) Determine uma bipartição dos vértices de H em dois subconjuntos V 1 e V, de tal forma que (V 1, V, E(H)) defina um grafo bipartido. (b) Determine uma árvore abrangente de H.

19 Capítulo Grafos de Euler e Grafos de Hamilton.1 Circuitos e trajectos de Euler Um trajecto designa-se por trajecto de Euler se contém todos as arestas (logo também todos os vértices) do grafo ou multigrafo a que se refere. Por sua vez, designaŋse por circuito de Euler, todo o circuito que contenha todas as arestas do grafo. O teorema a seguir estabelece uma condição necessária e suficiente para a existência de um circuito de Euler. Theorem.1.1. Um grafo (ou multigrafo) conexo G admite um circuito de Euler se e somente se todos os seus vértices têm grau par. Demonstração. Uma vez que é imediato verificar que a condição é necessárias, vamos apenas provar que é suficientes, utilizando indução sobre o número de arestas do grafo (ou multigrafo) G. Para um grafo (ou multigrafo) com uma única aresta o resultado é trivial (se a aresta é um lacete, ou seja, existe um único vértice com grau dois, então o grafo admite um circuito de Euler). Assumaŋse que todos os vértices de G têm grau par e que todos os grafos (ou multigrafos) em tais condições com menos arestas do que as de G admitem circuitos de Euler. Escolhaŋse um vértice v V (G) e inicieŋse um trajecto segundo as arestas de G, sem se passar pela mesma aresta duas vezes, até se encontrar v novamente (noteŋse que dada a paridade dos graus este trajecto fechado existe). Posteriormente, retirandoŋse as arestas relativas ao trajecto percorrido obtémŋse um certo número de subgrafos (ou submultigrafos) conexos que cujos vértices continuam a ter grau par. Consequentemente, (por hipótese de indução) admitem circuitos de Euler. Nestas condições, podemos criar um circuito de Euler para G, acrescentando ao circuito inicial os circuitos de Euler de cada um dos subgrafos (ou submultigrafos) obtidos. Os únicos grafos não conexos, cujos vértices têm grau par, que admitem circuitos de Euler são os que têm uma única componente com um número de arestas superior a zero (i. e, as demais componentes são constituídas por vértices isolados). Com base neste teorema fica claro que a pretenção dos habitantes de Königsberg era impossível de satisfazer. 15

20 16 Grafos de Euler e Grafos de Hamilton A prova construtiva do Teorema.1.1 sugere um algoritmo recursivo para a determinação de circuitos de Euler em grafos ou multigrafos conexos, onde todos os vértices têm grau par. Assim, denotando por Euler(G, v 1 ) o algoritmo recursivo para a determinação de um circuito de Euler num grafo ou multigrafo, G, a partir de um vértice v 1 V (G), est tem a seguinte formalização: Algoritmo Euler(G, v 1 ); Se d G (v 1 ) = 0 então Euler(G, v 1 ) := v 1 ; senão faz 1. construir um circuito, C = (v 1, v,..., v k, v 1 ), em G;. fazer G := (V (G), E(G) \ E(C)); 3. devolver (Euler(G, v 1 ), Euler(G, v ),..., Euler(G, v k )); fim faz. Fim do algoritmo. O corolário que se segue estabelece as condições necessárias e suficientes para a existência de um trajecto de Euler nos grafos que não admitem circuitos de Euler (uma vez que um circuito de Euler é também um trajecto de Euler). Corolário.1.. Um grafo (ou multigrafo) conexo G admite um trajecto de Euler, mas não um circuito de Euler, se e somente se tem exactamente dois vértices de grau ímpar. Demonstração. Se G admite um trajecto de Euler que não é um circuito, então, uma vez que os vértices de partida e chegada são distintos, apenas estes têm grau ímpar. Relativamente aos demais, em cada visita, foi utilizado uma aresta para atingir o vértice e outra para o abandonar, pelo que têm grau par. Suponhaŋse que em G todos os vértices têm grau par à excepção de dois. Então, pelo Teorema.1.1, é claro que não existe um circuito de Euler, pelo que resta provar a existência de um trajecto de Euler. Suponhaŋse que u e v são os vértices de grau ímpar em G e considereŋse o grafo (ou multigrafo) G, E(G ) = E(G) {uv} (note-se que no caso da aresta uv já existir em E(G), obtém-se um multigrafo, pelo que, nesse caso, E(G ) é um multiconjunto com arestas repetidas). É claro que G satisfaz as hipóteses do Teorema.1.1, pelo que admite um circuito de Euler. Se a este circuito retirarmos a aresta uv obtémŋse um trajecto de Euler em G. Os grafos (ou multigrafos) que admitem circuitos de Euler designam-se por grafos de Euler ou eulerianos. Existem várias caracterizações de grafos (ou multigrafos) eulerianos, alternativas ao Teorema.1.1, das quais apenas vamos referir a que se relaciona com a partição do conjunto de arestas em ciclos. Theorem.1.3 (Veblen, 191 *). Um grafo ou multigrafo conexo G não nulo (ou seja, com pelo menos uma aresta) é euleriano sse E(G) admite uma partição em arestas.

21 .. CICLOS DE HAMILTON 17 Demonstração. Supondo que G é euleriano, vamos provar, por indução sobre o número de arestas, que então G admite uma partição em ciclos, tendo em conta que o resultado é trivialmente verdadeiro para E(G) =1 (lacete). Com efeito, suponhaŋse que o resultado é verdadeiro para grafos ou multigrafos conexos com um número de arestas, m, tal que 1 m < E(G). Uma vez para todo o vértice v V (G) d G (v), é claro que G contém um ciclo C. Logo, G E(C) = (V (G), E(G) \ E(C)), é um grafo (ou multigrafo), possivelmente desconexo, cujas vértices das componentes G 1,..., G q têm todos grau par. Consequentemente, cada componente é euleriana e, por hipótese de indução, cada uma delas é a união disjunta de um conjunto, possivelmente vazio (no caso da componente ser constituída por um vértice isolado) de ciclos. Se à união destes conjuntos de ciclos (que constituem uma partição para cada uma das componentes) adicionarmos o ciclo C, obtémŋse a partição desejada para G. Reciprocamente, suponha-se que E(G) é a união disjunta dos ciclos C 1,..., C p. Logo, para todo o vértice v V (G), v pertence à intersecção de k v (k v N) ciclos do conjunto {C 1,..., C p }, donde vem que d G (v) = k v e, consequentemente, todos os vértices têm grau par. Um exemplo de aplicação (lúdico) deste corolário, está relacionado com passatempos em jornais e revistas onde se convida o leitor a testar se uma dada figura pode ser decalcada sem se levantar a caneta e sem se repetir qualquer dos segmentos e/ou curvas que o constituem.. Ciclos de Hamilton Um ciclo que contém todos os vértices de um grafo, designa-se ciclo de Hamilton (ou hamiltoniano). Por sua vez, um caminho que contém todos os vértices do grafo diz-se um caminho de Hamilton (ou hamiltoniano). Um grafo que admite um ciclo de Hamilton diz-se um grafo hamiltoniano. Conforme já se referiu na introdução, a associação do nome do matemático irlandês Hamilton 1 a estes grafos, deve-se ao facto de ter sido ele a propor e a resolver (em 1857) um problema que designou por viagem à volta do mundo que consiste em percorrer todos os vértices de um dodecaedro (ver Figura ) passando uma única vez em cada um, com partida e chegada no mesmo vértice. De acordo com (Berge, 1991) Hamilton resolveu este problema observando que quando o viajante chega a um dado vértice, percorrendo uma certa aresta, tem três opções: ou (L) continua pela aresta da esquerda, ou (R) continua pela aresta da direita, (ou) (1) fica no vértice (o que acontece quando percorre um ciclo). A partir desta observação definiu estes procedimentos à custa de operações com L e R, representando, por exemplo, por L R procedimento de voltar duas vezes seguidas à esquerda e posteriormente à direita. Adicionalmente, considerou que duas sequências de operações têm o mesmo resultado se, a partir de um mesmo vértice, ambas conduzem a esse vértice. Este produto, embora não seja comutativo (uma vez que LR RL) é um produto associativo (por exemplo, (LL)R = L(LR)). Devido ao facto das faces serem pentagonais é claro que R 5 = L 5 = 1 e, por outro lado, 1 Sir William Rowan Hamilton nasceu em Dublin na Irlanda em 1805 e faleceu em 1865.

22 18 Grafos de Euler e Grafos de Hamilton com facilidade se verifica que LR 3 L = R. Com base nestas conclusões vem que 1 = R 5 = R R 3 = (LR 3 L)R 3 = (LR 3 ) = (L(LR 3 L)R) = (L R 3 LR) = (L (LR 3 L)RLR) 3 = (L 3 R 3 LRLR) 3 = LLLRRRLRLRLLLRRRLRLR. A sequência obtida contém 0 operações e nenhuma subsequência dá resultado 1 (pelo que não determina subciclos), logo representa um ciclo de Hamilton. Noteŋse ainda que este ciclo se pode iniciar em qualquer dos 0 vértices do dodecaedro. Com facilidade se conclui que também os restantes 4 poliedros convexos regulares, ou seja, o tetraedro, hexaedro, octaedro e icosaedro (que, conjuntamente com o dodecaedro constituem os designados sólidos platónicos) admitem ciclos de Hamilton. Outro exemplo de grafo hamiltoniano é o que se obtém, a partir de um tabuleiro de xadrez, associando a cada um dos seus 64 quadrados um vértice de um grafo G cujas arestas ligam os vértices associados a quadrados entre as quais é possível efectuar um movimento de cavalo. Neste grafo, os ciclos de Hamilton correspondem a movimentos sucessivos de um cavalo de forma a que todos os quadrados (brancos e pretos) são visitados uma única vez. Na Figura.1 representa-se um dos ciclos de Hamilton possíveis para o referido grafo. Figura.1: Circuito de Hamilton. Encontrar um ciclo de Hamilton num grafo de pequena dimensão que o admita é relativamente fácil. Porém, quando a dimensão cresce, provar que não

23 Ciclos de Hamilton 19 existe qualquer ciclo de Hamilton pode tornar-se muito difícil. Na tentativa de obtenção de ciclos de Hamilton deve ter-se em conta as seguintes três regras básicas: 1. Se um vértice tem grau, então ambas as arestas incidentes no vértice devem fazer parte do ciclo.. Não se deve obter qualquer subciclo (ou seja, não se deve percorrer um ciclo que não contém todos os vértices). 3. Uma vez que se visite um dado vértice, todas as arestas incidentes nesse vértice que não foram utilizadas podem ser eliminadas. É claro que os grafos completos são hamiltonianos, pelo que, dado um grafo G não hamiltoniano, adicionando arestas a G, necessariamente se obtém um grafo hamiltoniano. O teorema a seguir, dá-nos uma condição suficiente para que um grafo admita um ciclo de Hamilton. Theorem..1 (Ore, 1960). Seja G um grafo de ordem n. Se para quaisquer dois vértices não adjacentes a soma dos respectivos graus é não inferior a n, então G é hamiltoniano. Demonstração. Suponha-se que G é um grafo que satisfaz as hipóteses mas não é hamiltoniano. Suponha-se ainda que G é um grafo maximal (relativamente ao número de arestas) com esta propriedade, ou seja, é tal que acrescentando uma aresta se obtém um ciclo de Hamilton. Uma vez que G não é completo (caso contrário admitiria um ciclo de Hamilton), existem dois vértices não adjacentes, x, y V (G), e dado que G é maximal (não hamiltoniano), por adição da aresta xy obtém-se um ciclo de Hamilton que contém xy. Logo, G contém um caminho, entre x e y, que percorre todos os restantes vértices de G, i.e., (após, eventual, reordenação dos vértices) contém o caminho (x = v 1, v,..., v n 1, v n = y). Seja Q(y) = {v i : v i 1 N G(y)} (uma vez que o vértice y não é adjacente a ele próprio, i.e., y / N G (y), o conjunto Q(y) está bem definido e Q(y) = N G (y) ). Por hipótese, N G(x) + Q(y) n e, dado que v 1 = x / N G(x) e v 1 Q(y), então N G (x) Q(y) n 1 e, consequentemente, N G (x) Q(y) 1. Seja v i N G (x) Q(y) e, a partir de x = v 1, considere-se o caminho (v 1,..., v i 1), o qual (uma vez que v i 1 N G (y)) se pode estender ao caminho P 1 = (v 1,..., v i 1, v n ). A partir de y = v n, pode obter-se o caminho (v n, v n 1,..., v i ) que, por sua vez (dado que v i N G (x)) se pode estender ao caminho P = (v n, v n 1,..., v i, v 1). A partir dos caminhos P 1 e P podemos construir um ciclo de Hamilton, o que contraria a hipótese. Note-se que qualquer grafo que satisfaça as hipóteses do Teorema..1 é um grafo conexo. Com efeito, supondo que G é um grafo de ordem n com k componentes, G j, para j = 1,..., k, dados dois vértices pertencentes a componentes distintas, x V (G p ) e y V (G q ) (com p, q {1,..., k}), vem que x e y não são adjacentes e, adicionalmente, d G (x) V (G p ) e d G (y) V (G q ). Logo, d G (x) + d G (y) V (G p ) + V (G q ) < V (G), o que contraria a hipótese do Note-se que uma tal situação pode sempre ser atingida sem se alterarem as hipóteses (com efeito, ao acrescentarem-se arestas, unindo vértices previamente não adjacentes, não só não se faz decrescer o grau de nenhum vértice, como não se criam novos pares de vértices não adjacentes).

24 0 Grafos de Euler e Grafos de Hamilton Teorema..1. Como corolário do Teorema..1, pode concluir-se o resultado obtido por Dirac, oito anos antes do teorema de Ore ter sido provado. Theorem.. (Dirac, 195). Seja G um grafo tal que V (G) 3. Se V (G) δ(g), então G é hamiltoniano. Deve observar-se, porém, que a hipótese do teorema de Dirac não pode ser V (G) relaxada para δ(g). Com efeito, o grafo da figura a seguir satisfaz esta última condição e, no entanto, não é hamiltoniano V (G) Figura.: Grafo G não hamiltoniano tal que δ(g). 4 É claro que a um circuito de Euler num grafo G corresponde um ciclo de Hamilton em L(G). Consequentemente, se G é euleriano, então L(G) é hamiltoniano. Considerando como subgrafo dominante de G todo o subgrafo G relativamente ao qual não existem vértices adjacentes em V (G) \ V (G ), em (Harary and Nash-Williams, 1965) relacionam-se os ciclos de Hamilton de L(G) com os circuitos de Euler de G da seguinte forma: Sendo G um grafo conexo tal que E(G) 3, L(G) é hamiltoniano se e só se G tem um subgrafo euleriano dominante..3 Código de Gray * Segue-se uma aplicação directa, muito simples, dos ciclos de Hamilton. Certos instrumentos contadores representam números reais por sequências de dígitos de comprimento fixo (como, por exemplo, os conta-quilómetros dos automóveis). Com estes dispositivos, na maioria dos casos, os números vão variando com a modificação de um único dígito. Porém, em certas situações, a mudança do número obriga à troca de vários dígitos, como no caso da passagem de para , operação que provoca alguns problemas mecânicos de difícil resolução. Nestas passagens, qualquer avaria (mesmo que pontual) no dispositivo mecânico pode provocar erros consideráveis. Para evitar estes erros, podemos definir uma sequência de números de tal forma que de um número para outro apenas se troca um dígito. Com estas sequências, uma avaria pontual (ausência atempada de resposta do dispositivo mecânico) apenas provoca o erro de uma unidade. No caso destas sequências se referirem a representações binárias de números, elas

25 Código de Gray 1 são conhecidas como códigos de Gray. Um grafo, cujos vértices são os n-uplos x n 1, x n,..., x 1, x 0, de zeros e uns, tais que dois vértices são adjacentes se diferem num único dígito designa-se, usualmente, por n-cubo e denota-se por Q n (deve observar-se que, neste n-cubo, existem n vértices, cada um dos quais associado a um número, entre 0 e n 1, representado numa base binária). Na Figura.3 apresentam-se os k-cubos, com k = 0, 1,, Q 0 Q 1 Q Q 3 Figura.3: Representação dos k-cubos, com k = 0,..., 3. Um código de Gray corresponde a um ciclo de Hamilton no n-cubo Q n e a existência de um tal ciclo fica garantida pelo teorema que se segue. Theorem.3.1. Se n, então o grafo Q n é hamiltoniano. Demonstração. A prova será feita por indução sobre n, tendo em conta que, para n =, Q é um ciclo com 4 arestas, pelo que o resultado é verdadeiro (uma vez que se pode obter o ciclo de Hamilton (00, 01, 11, 10, 00)). Supondo que existe o ciclo de Hamilton em Q n, (v 0, v 1,..., v n, v n 1, v 0 ), é claro que (0v 0, 0v 1,..., 0v n, 0v n 1, 1v n 1, 1v n,..., 1v 1, 1v 0, 0v 0) é um ciclo de Hamilton em Q n+1. Na prática, para a codificação e descodificação dos números, é necessário conhecer a posição de cada vértice no ciclo de Hamilton que define o código de Gray. Um modo fácil de o conseguir, consiste em construir o código de Gray de comprimento n+1, a partir do código de Gray de comprimento n, tal como se procedeu na demonstração do Teorema.3.1, primeiro percorrendo a sequência de vértices do caminho de Hamilton de Q n, entre 0 e n 1, colocando um 0 na posição mais à esquerda e, posteriormente, percorrendo o mesmo caminho pela ordem inversa, colocando 1 nessa mesma posição. O teorema a seguir indica um modo sistemática para a obtenção das diferentes representações do código de Gray com cadeias binárias de n de dígitos. Theorem.3.. Considerem-se os vértices do ciclo de Hamilton de Q n (construído tal como anteriormente se indicou), etiquetados com 0, 1,,..., n, n 1, segundo a ordem pela qual são visitados. Se k (com 0 k n 1) é a maior potência de que divide p {1,,..., n 1 }, então no p-ésimo número binário representado, α p, o dígito que se modifica (em relação ao vértice anterior, i.e., em relação ao vértice de ordem p 1) é o k-ésimo a partir da direita. Demonstração. Esta prova vai ser feita por indução sobre n, tendo em conta que para n = se obtém a sequência representada na tabela a seguir.

26 Grafos de Euler e Grafos de Hamilton p α p k k Supondo que a afirmação anterior é verdadeira para n N, vamos analisar o comportamento da sequência de números binários para n = N + 1. Para os primeiros p números representados, com 0 p N 1, vem que α p = 0a N 1a N... a 1a 0, logo, por hipótese de indução, se k é a maior potência de que divide p, então, na passagem de α p 1 para α p é o k-ésimo dígito binário (a contar da direita) que se modifica. Para p = N, o dígito que se modifica é o N-ésimo, pelo que a afirmação continua válida. Por sua vez, para p = N + τ, com 0 τ N 1, verifica-se que α p coincide com α p τ 1 em todos os dígitos à excepção do dígito mais à esquerda (que para α p tem o valor 1 e para α p τ 1 tem o valor 0). Se k a maior potência de que divide p = N + τ, então p = k ( N k + q), com τ = k q e p τ 1 = N τ 1 = k ( N k q) 1, donde se pode concluir que k é a maior potência de que divide (p τ 1) + 1 = p τ. Como consequência, o k-ésimo dígito (a contar da direita) do número α p τ alterou-se em relação a α p τ 1, logo o k-ésimo dígito (a contar da direita) de α p alterou-se em relação a α p 1 (uma vez que, com excepção do dígito mais à esquerda, os dígitos de α p coincidem com os de α p τ 1, e os de α p 1 coincidem com os de α (p 1) (τ 1) 1 = α p τ ). A tabela a seguir dá-nos a sequência de representações binárias produzidas pelo código de Gray, para n = 4 (com indicação, na primeira coluna, da ordem segundo a qual o código produz cada uma das cadeias de dígitos binários obtidas). p α p Com o processo de construção anteriormente referido, podemos obter as regras de codificação e descodificação que o teorema a seguir indica.

27 Código de Gray 3 Theorem.3.3. O código de Gray obtido pelo ciclo de Hamilton que percorre o n-cubo, conforme anteriormente se referiu, admite as seguintes regras de codificação e descodificação: 1. Se p = b n 1... b 0, onde b 0,..., b n 1 são dígitos binários, então α p = a n 1... a 0, com a j = b j + b j+1 (mod ), convencionando-se que b n = 0, para j = 0,..., n 1, ocupa a p-ésima posição.. Se α p = a n 1... a 0, onde a 0,..., a n 1 são dígitos binários, então p = b n 1... b 0, com n 1 b i = a j (mod ), para i = 0,..., n 1. j=i Demonstração. Vamos fazer a prova de 1 por indução sobre n (número de dígitos binários das cadeias produzidas pelo código), tendo em conta que para n = 1 a regra 1 é trivialmente válida. Suponha-se que a regra 1 é válida para 1 n N e que dispomos de um código com cadeias binárias de comprimento N + 1. Sendo α p uma dessas cadeias, se p N 1, então (a menos do zero mais à esquerda) a representação de α p coincide com a representação produzida pelo código de comprimento N. Logo, por hipótese de indução, a regra é válida. Suponha-se que p N e seja p = N+1 1 p (i.e., p = N+1 1 p ). Então, podemos concluir que a regra 1 se verifica para p, uma vez que p = N+1 1 p N+1 1 N = N ( 1) 1 = N 1. Porém, os dígitos binários das cadeias que representam α p = a N... a 0 e α p = a N... a 0, estão relacionados da seguinte forma: a j = a j, para j = 0,..., N 1, a N = 1, a N = 0, pelo que a N = a N + 1. Por outro lado, tendo em conta que p + p = N+1 1 = , sendo p = b N... b 0 e p = b N... b 0, vem que b i = b i + 1 (mod ) (ou seja, se b i = 0, então b i = 1 e se b i = 1, então b i = 0). Como consequência, vem que a i = a i = b i +b i+1 (mod ) = b i +b i+1 (mod ), para i = 0,..., N 1. Adicionalmente, a N = a N+1(mod ) = b N +b N+1+1(mod ) = b N +b N+1 (mod ) (uma vez que b N = 0, b N+1 = 0, b N = 1 e b N+1 = 0). Deste modo fica completa a prova de 1. A prova de obtém-se invertendo 1. Com efeito, tendo em conta a sequência de somas

28 4 Grafos de Euler e Grafos de Hamilton 0 = b 0 + b 1 (mod ), a 1 = b 1 + b (mod ),..., a N = b n + b N+1 (mod ), vem que a i (mod ) = b i + b i+1 (mod ) a i + a i+1 (mod ) = b i + b i+1 + b i+1 + b i+ (mod ) = b i + b i+ (mod ) a i + a i+1 + a i+ (mod ) = b i + b i+ + b i+ + b i+3 (mod ) = b i + b i+3 (mod ). a i + a i a N (mod ) = b i + b N+1 (mod ) = b i (uma vez que b N+1 = 0). Logo vem que b i = N j=1 aj (mod ), para i = 0,..., N, conforme se pretendia demonstrar..4 Exercícios.4.1. Prove que se G é euleriano, então L(G) é hamiltoniano..4.. Dado um grafo G, sabendo que um conjunto S V (G) é (k, τ)-regular se induz um subgrafo k-regular tal que v V (G) \ S N G (v) S = τ, prove que G é hamiltoniano se e só se o seu grafo linha tem um conjunto de vértices (, 4)-regular que induz um subgrafo conexo Indique os valores de p N para os quais K p,p é hamiltoniano Um grafo sequencial é um grafo com m arestas (m 3) e 1, e,..., e m, tais que e i e e i+1 são adjacentes, para i = 1,..., m 1 e e m e e 1 são também adjacentes. Prove que todo o grafo hamiltoniano é sequencial.

29 Capítulo 3 Grafos Planares e Generalizações Os exemplos mais naturais de grafos são os que se referem à representação de mapas de estradas. Em muitos casos, na ausência de viadutos, trata-se de grafos que apresentam a particularidade de se poderem representar numa folha de papel sem que as arestas se cruzem, uma vez que aos cruzamentos e entroncamentos correspondem vértices. Quando um grafo, G, admite uma representação numa superfície, S, sem que existam arestas que se intersectem, diz-se que G é realizável em S. Um grafo diz-se planar se é realizável no plano. Note-se que, apesar de um dado grafo admitir uma representação com arestas cruzadas, isso não significa que esse grafo não seja planar. Com efeito, pode existir outro modo de o representar onde não ocorram arestas cruzadas. 3.1 Duais de grafos e digrafos planares Dado um grafo planar, G, designa-se por grafo dual 1 de G e denota-se por G o grafo (multigrafo) obtido de G por aplicação do seguinte procedimento: 1. A cada face de G faz-se corresponder um vértice de G.. A cada aresta e E(G) faz-se corresponder uma aresta e E(G ) que liga duas faces (vértices de V (G )) vizinhas, cruzando a aresta e. No caso de grafos orientados, G, com excepção dos lacetes, cujo sentido é arbitrário, o sentido de cada um dos arcos, a A( G ), é determinado dividindo o ciclo orientado C que limita a face correspondente ao vértice incidente v em C + e C (consoante os arcos estejam no sentido positivo ou negativo). Se a C +, 1 Alguns autores designam este dual por dual geométrico para o distinguir do dual abstracto, do dual algébrico e do dual combinatório, tendo sido o primeiro proposto por Whitney (Whitney, 193) e por Lovasz (Lovasz, 1979), o segundo por Wilson (Wilson, 197) e o terceiro por Harary (Harary, 1969). 5

30 6 Grafos Planares e Generalizações então o arco de A( G ) que o intersecta tem cauda em v, caso contrário esse arco tem cabeça em v. Theorem (*). Sendo G um grafo planar e G o correspondente dual, podemos concluir o seguinte: 1. G é conexo;. se G é conexo, então (G ) = G. Demonstração. 1. Uma vez que podemos passar de uma face f i para qualquer outra face f j de G ao longo das arestas de G, conclui-se que existe um caminho entre quaisquer dois vértices, v i e v j, de V (G ).. Por construção de G, sabe-se que V (G ) = F 0 (G) e E(G ) = E(G). Uma vez que cada aresta da fronteira de cada elemento de F 0(G ) é atravessada por uma aresta de G, é claro que cada face de G contém, pelo menos, um vértice de G. Adicionalmente, tendo em conta que G é conexo, por aplicação da fórmula de Euler, pode concluir-se que F 0(G ) = V (G), pelo que cada elemento de F 0 (G ) contém, exactamente, um vértice de G. Consequentemente, partindo-se de G e aplicando o procedimento de construção do dual de G, obtém-se a construção inicial, i.e., (G ) = G. 3. Fórmula de Euler e aplicações Dada uma representação plana de um grafo planar, a qual pode ser obtida pela projecção estereográfica de uma realização do grafo na esfera, para além das regiões ou faces limitadas, existe uma região ou face exterior ao grafo (i. e, a porção de espaço que o envolve) que se designa por região ou face ilimitada. Neste texto, F 0 (G) denota o conjunto de faces de uma realização plana de um grafo G. O teorema que se segue consta (sem prova) numa carta enviada por Euler, em 1750, a Goldbach. De acordo com (Beineke, 1997), as primeiras demonstrações da fórmula de Euler para grafos planares, foram obtidas por Legendre (em 1794), l Huilier em (1811 e 181) e Cauchy em (1813). Theorem 3..1 (da Fórmula de Euler, 1750). Se G é um grafo conexo e planar então, para uma sua realização plana, verifica-se a igualdade F 0 (G) = E(G) V (G) +. Demonstração. Vamos fazer a prova por indução sobre o número de arestas, tendo em conta que o resultado é verdadeiro para grafos conexos planares não nulos com zero (0 1 + = 1) ou uma aresta. No segundo caso se E(G) = 1 então V (G) = e F 0 (G) = 1 e obtém-se a igualdade 1 + = 1. Seja G n um grafo obtido após a representação de n arestas. Em geral, para n > 1, o grafo G n obtém-se a partir de G n 1 acrescentando a E(G n 1) uma aresta, de uma das seguintes formas:

31 Fórmula de Euler e aplicações 7 1. A nova aresta incide em vértices de G n 1 (ou seja, liga dois vértices x, y V (G n 1 ) = V (G n )).. A nova aresta liga um vértice de G n 1 a um novo vértice (pelo que x V (G n 1 ) = V (G n) \ {y}). Seja n > 1 e, por hipótese de indução, vamos supor que a fórmula de Euler é verdadeira para grafos conexos planares com menos do que n arestas. Em 1, a nova arestas vai provocar o aparecimento de um novo ciclo, consequentemente, uma nova face, pelo que F 0(G n) = F 0(G n 1) + 1. Assim, dado que E(G n) = E(G n 1 ) + 1 e V (G n ) = V (G n 1 ), conclui-se que a fórmula de Euler continua válida para G n. Em, a nova aresta não provoca o aparecimento de nenhuma face, pelo que F 0(G n) = F 0 (G n 1 ). Uma vez que E(G n ) = E(G n 1 ) +1 e V (G n ) = V (G n 1 ) +1, conclui- -se que a fórmula de Euler também se verifica para G n Condições necessárias para grafos planares Embora o Teorema 3..1 seja válido para multigrafos, tal não acontece para o corolário que se segue. Corolário 3.. (do teorema que estabelece a fórmula de Euler). Se G é um grafo conexo e planar, com E(G) > 1, então E(G) 3 V (G) 6. Demonstração. Defina-se o grau de uma região como sendo o número de arestas da sua fronteira considerando-se que se uma aresta ocorre duas vezes ao longo da fronteira de uma dada região (como acontece, por exemplo, com as arestas incidentes em vértices de grau 1), então conta também duas vezes para a determinação do respectivo grau. Uma vez que cada região de um grafo planar G (com E(G) > 1) tem grau não inferior a 3, podemos concluir que a soma dos graus de todas as regiões r é não inferior a 3r. Por outro lado, esta soma dos graus de todas as regiões é igual a E(G) (dado que cada aresta conta duas vezes para esta soma). Como consequência, obtém-se a desigualdade 3r E(G). Combinando esta desigualdade com a fórmula de Euler vem que 3( E(G) V (G) + ) E(G) E(G) 3 V (G) 6. Como consequência imediata deste corolário, podemos concluir que o grafo completo de ordem 5 (que usualmente se denota por K 5 ) não é um grafo planar. Com efeito, E(K 5 ) = 10 > 9 = 3 V (K 5 ) 6. Note-se, porém, que existem grafos não planares, G, que satisfazem a desigualdade E(G) 3 V (G) 6, conforme a figura a seguir ilustra. Um outro modo de utilizar o Corolário 3.. para se concluir se um grafo é ou não planar, consiste em produzir alterações no grafo (as quais não devem destruir a eventual propriedade de ser planar) e mostrar que o grafo obtido não satisfaz o corolário. Uma das alterações mais usuais, utiliza a contracção de uma das arestas do grafo G em estudo, a qual faz decrescer o número de aresta de uma unidade e o número 3 V (G) 6 de 3 unidades, pelo que a desigualdade do Corolário 3.. poderá passar a ser não satisfeita. Com o recurso a estas contracções, porém, deve ter-se o cuidado de não se produzirem lacetes nem arestas paralelas, uma vez que o corolário não é válido para multigrafos.

32 8 Grafos Planares e Generalizações Figura 3.1: Exemplo de um grafo G não planar que satisfaz a desigualdade E(G) 3 V (G) 6. O corolário a seguir vai permitir a conclusão de que o grafo bipartido completo K 3,3 não é planar. Tal como o Corolário 3.., este corolário também só é válido para grafos. Corolário 3..3 (do teorema que estabelece a fórmula de Euler). Se G é um grafo conexo bipartido planar com E(G) > 1, então E(G) V (G) 4. Demonstração. Esta prova é idêntica à do Corolário 3.., tendo em conta que, desta vez, (de acordo com o Teorema 1.3.1) qualquer circuito de um grafo bipartido tem comprimento par. Logo, cada região (ou face) de um grafo conexo bipartido planar tem grau não inferior a 4. Como consequência, sendo r o número de regiões do grafo conexo bipartido planar G, vem que 4r E(G) 4( E(G) V (G) + ) E(G) E(G) V (G) 4. Deste corolário decorre imediatamente que K 3,3 é não planar. Com efeito, E(K 3,3 ) = 9 > 8 = V (K 3,3 ) 4. Como consequência, podemos afirmar que dos Corolários 3.. e 3..3 decorre a suficiência das condições de Kuratowski para que um grafo não seja planar. A prova de que a condição de Kuratowski (ver Teorema 3..5) é também necessária para que um grafo seja planar pode ser encontrada em (Diestel, 1997). Theorem Todo o grafo conexo planar tem, pelo menos, um vértice de grau não superior a 5. Demonstração. Sendo G um grafo conexo planar e n i o número de vértices de grau i (com δ(g) i (G)), obtêm-se as equações: E(G) = V (G) = (G) i=δ(g) (G) i=δ(g) i n 1, Fazendo as respectivas substituições na desigualdade obtida no Corolário 3.., vem que 1 (G) i=δ(g) i n 1 3 (G) i=δ(g) n i. n i 6 1 (G) i=δ(g) n i(6 i) 6.

33 Fórmula de Euler e aplicações 9 Logo, existe pelo menos um vértice com grau inferior a 6. Particularizando o resultado anterior para os grafos bipartidos planares, com facilidade se conclui a existência, nestes grafos, de pelo menos um vértice de grau não superior a 3 (ver Exercício 3.4.) 3.. Condições necessárias e suficientes para grafos planares * Theorem 3..5 (Kuratowski, 1930). Se G é um grafo, então são equivalentes as seguintes afirmações: 1. G é planar;. G não contém K 5 nem K 3,3 como menores combinatórios; 3. G não contém K 5 nem K 3,3 como menores topológicos. Demonstração. (1 ) Se G é um grafo planar, então qualquer dos seus menores, G, é um grafo planar e, pelo Corolário 3.., E(G ) 3 V (G ) 6. Logo, uma vez que K 5 não é planar (10 = E(K 5 ) > 3 V (K 5 ) 6 = 9), conclui-se que K 5 não é um menor de G. Identicamente, no caso de G admitir como menor um grafo bipartido, G, do Corolário 3..3 decorre a desigualdade E(G ) V (G ) 4 e, uma vez que K 3,3 não a satisfaz (9 = E(K 3,3 ) > V (K 3,3 ) 4 = 8), conclui-se que não é um menor de G. ( 3) Dado que qualquer menor topológico de um grafo G é também um menor combinatório, se G não admite K 5 nem K 3,3 como menores combinatórios, então também não admite K 5 nem K 3,3 como menores topológicos, uma vez que estes também são combinatórios. (3 1) Esta prova pode ser consultada, por exemplo, em (Distel, 1995) ou (Parthasarathy, 1994). Dado um grafo conexo G, designa-se por corte (ou cocircuito) de G todo o conjunto de arestas que desconexa G. Assim, dada uma partição de V (G) nos subconjuntos não vazios V 1 e V, o subconjunto de aresta com um extremo em V 1 e outro em V é um corte (ou cocircuito) de G que se denota por E(V 1, V ). Neste caso, usualmente, o corte E(V 1, V ) também se denota por (V 1 ) ou (V ) que corresponde ao conjunto de arestas de G com um único extrema em V 1 ou com um único extremo em V, consoante o caso. Tendo em conta que G é um dual algébrico de G se existe uma função φ : E(G) E(G ) tal que C é um ciclo de G se e somente se φ(c) é um corte (cocircuito) de G, Whitney introduziu a seguinte condição necessária e suficiente para um grafo ser planar: Theorem 3..6 (Whitney, 193). Um grafo é planar se e somente se admite um dual algébrico. Demonstração. Ver [31] e [3].

34 30 Grafos Planares e Generalizações 3..3 Grafos platónicos Um grafo diz-se platónico se é constituído por um único vértice, ou se é um grafo com mais do que uma aresta, conexo, planar, regular, no qual todas as faces têm o mesmo grau. São grafos platónicos, o grafo constituído por um vértice isolado (K 1 ), os grafos cíclicos (que correspondem aos polígonos regulares), e os grafos formados pelas arestas dos 5 poliedros convexos regulares: o tetraedro, o hexaedro (ou cubo), o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro. Um polígono regular é uma figura poligonal fechada limitada por um número finito de segmentos (arestas) com igual comprimento e com os mesmos ângulos. Existe um número infinito de polígonos regulares, aos quais correspondem grafos cíclicos. O teorema a seguir estabelece a existência de apenas 5 poliedros regulares distintos com mais do que duas faces (aos quais correspondem cinco grafos platónicos). Theorem Existem somente 5 grafos platónicos distintos de K 1 e dos grafos cíclicos. Demonstração. Seja G um grafo d-regular (i.e., qualquer que seja v V (G) d G (v) = d), onde cada face tem grau f. Uma vez que G K 1, podemos concluir que d > 0 e, dado que E(G) > 1, podemos concluir ainda que d > 1. Adicionalmente, dado que G não é um grafo cíclico, conclui-se que d >, ou seja, d 3 e é claro que f 3, f F 0 (G) = E(G) = d V (G) E(G) = d V (G), e F 0(G) = E(G). Como consequência, uma vez que G é planar, por aplicação da f fórmula de Euler, vem que E(G) f = d V (G) V (G) + d V (G) f = d V (G) V (G) + V (G) ( d f + 1 d ) = V (G) (d + f fd) = 4f (3.1) Da igualdade (3.1) decorre a inequação d + f fd > 0 d f + fd + 4 < 4 (f )(d ) < 4, a qual, para f 3 e d 3, apresenta como possíveis soluções apenas os pares de valores (d, f): (3, 3), (3, 4), (3, 5), (4, 3) e (5, 3) que correspondem, respectivamente, ao tetraedro, ao hexaedro, ao dodecaedro, ao octaedro e ao icosaedro. 4f f+d fd, Utilizando a igualdade (3.1), da qual se conclui que V (G) = podemos obter a tabela a seguir, onde se apresentam os graus dos vértices (d), os graus das faces (f), o número de vértices, o número de arestas e o número de faces, para cada um dos poliedros convexos regulares associados aos diferentes grafos platónicos.

35 3.3. GRAFOS EM VARIEDADES COMPACTAS ORIENTÁVEIS 31 d f V (G) E(G) F 0 (G) Designação Tetraedro Hexaedro Dodecaedro Octaedro Icosaedro Na Figura 3. representam-se os 5 grafos platónicos. Na primeira linha o tetraedro, o hexaedro e o octaedro e na segunda linha o dodecaedro e o icosaedro. Figura 3.: Grafos platónicos. 3.3 Grafos em variedades compactas orientáveis Uma vez que a projecção estereográfica converte figuras do planar em figuras da esfera e reciprocamente, podemos afirmar que um grafo é planar se e só se é realizável na esfera. Nesta secção, excepção feita ao planar (que não é compacto), vamos considerar unicamente realizações de grafos em variedades compactas de dimensão orientáveis. Uma variedade compacta de dimensão é uma superfície S com as seguintes propriedades: 1. cada ponto de S tem uma vizinhança homeomorfa a uma bola aberta;. toda a cobertura de S, com bolas abertas, tem uma subcobertura finita. Adicionalmente, dizemos que esta superfície S é orientável se é possível definir um referencial tridimensional (com dois eixos no planar tangente à superfície) que se desloque ao longo de qualquer curva fechada representada em S, sem alterar o sentido dos eixos quando regressa ao ponto inicial. Mais particularmente, nesta secção, apenas vamos considerar a esfera (S 0 ), torus (S 1 ), duplo torus (S ), triplo torus (S 3 ), etc., ou superfícies topologicamente equivalentes a estas. Tais superfícies serão denotadas, genericamente, de agora

36 3 Grafos Planares e Generalizações em diante, por S g, onde g denota o genus da superfície. A realização de um grafo G numa superfície S g, implica que cada vértice de G corresponda a um ponto de S g e cada aresta corresponda a uma curva simples (ver definição mais adiante), ligando dois vértices e que nenhum par de curvas se intersecte em nenhum ponto com excepção dos respectivos pontos extremos (vértices). Assim, do ponto de vista topológico, um grafo G é um par (V (G), E(G)), onde E(G) denota um conjunto finito de curvas simples de S g (que também se designam por arestas), tais que duas quaisquer delas ou têm intersecção vazia ou se intersectam numa das suas extremidades, e V (G) denota o conjunto de vértices, os quais correspondem às extremidades das curvas. Neste contexto, diz-se que um grafo, G, é conexo, se quaisquer dois vértices se podem ligar por uma curva ou por concatenação de várias curvas (arestas) de E(G). Uma curva em E (espaço euclidiano de dimensão ) é um subconjunto de E, C, para o qual existe uma aplicação contínua injectiva c : [0, 1] E tal que c([0, 1]) = C. Se c é apenas injectiva em [0, 1[ e c(0) = c(1), diz-se que C é uma curva fechada de Jordan. Nestas condições, uma curva é um subconjunto de E homeomorfo ao intervalo [0, 1] e uma curva fechada de Jordan é um subconjunto de E homeomorfo à circunferência. Qualquer destas curvas, C, se designa por curva simples e a respectiva aplicação, c, por parametrização de C. Tendo em conta que um subconjunto C de um espaço E separa esse espaço, se E \ C tem mais do que uma componente conexa, Camille Jordan ( ) provou, nos anos de , o teorema de separação para E que a seguir se apresenta. Theorem (da curva fechada de Jordan). Se C é uma curva fechada de Jordan em E, então C separa E. Demonstração. Ver, por exemplo, (Armstrong, 1997), pag Deste teorema decorre que sendo C uma curva fechada de Jordan em E, então E \ C é a união disjunta de dois conjuntos abertos, dint(c) (domínio interior a C) e dext(c) (domínio exterior a C), tais que dint(c) é limitado, dext(c) é ilimitado e tanto dint(c) como dext(c) são conexos por caminhos. Por outro lado, toda a curva que liga um ponto de dint(c) a um ponto de dext(c) tem pelo menos um ponto comum com C. A realização de um grafo (ou multigrafo) numa superfície S g proporciona a partição dessa superfície nas componentes conexas de S g \ C que se designam por regiões, algumas das quais celulares, no sentido em que são homeomorfas a uma bola aberta de E. Sendo (V (G), E(G)) uma realização de um grafo em S g, designa-se por célula ou face toda a componente conexa do complementar de E(G) em E homeomorfa a uma bola aberta. Uma realização diz-se celular se todas as regiões criadas por essa realização são células ou faces. O conjunto das faces criadas por uma realização celular de G em S g denota-se por F g (G). Como regra prática para a detecção de faces (ou células) de um grafo, G, realizado numa superfície S g, pode adoptar-se a seguinte: Note-se que todo o espaço topológico conexo por caminhos é conexo (o recíproco, porém, em geral, não é verdadeiro).

37 Grafos em variedades compactas orientáveis 33 Uma região de G é uma face (ou célula) se e só se a sua fronteira é contractível a um ponto, ou seja, se e só se é possível "reduzi-la", continuamente, até a transformar num ponto. Note-se que de entre as representações de K 4, apresentadas na Figura 3.3, apenas a primeira é uma representação celular. Figura 3.3: Três representações de K 4 no torus, onde só a primeira é celular Menores combinatórios e menores topológicos Existem algumas operações sobre grafos que é conveniente destacar nesta altura, a saber: 1. a eliminação de arestas,. a eliminação de vértices, 3. a contracção de arestas, 4. e a subdivisão de arestas. Seja G um grafo, e E(G) e E = {e 1,..., e k } E(G). 1. Denota-se por G \ e a operação de eliminação da aresta e, obtendo-se o grafo tal que V (G \ e) = V (G) e E(G \ e) = E(G) \ {e}. Mais geralmente, considerando o subconjunto de arestas E, G \ E corresponde ao grafo obtido de G por eliminação sucessiva (independentemente da ordem) das arestas e 1,..., e k.. De um modo semelhante se define a operação de eliminação de vértices, tendo em conta que, neste caso, ao eliminar-se um vértice (ou conjunto de vértices) também se eliminam (automaticamente) as arestas que lhe(s) é (são) incidente(s). 3. A operação de contracção de e em G denotaŋse por G/e e corresponde ao grafo obtido pela sobreposição dos vértices extremos de e e pela eliminação dos lacetes e arestas repetidas, eventualmente produzidas. Mais geralmente, dado um subconjunto de arestas, E, G/E corresponde ao grafo obtido após a contracção sucessiva (independentemente da ordem) das arestas e 1,..., e k.

38 34 Grafos Planares e Generalizações 4. Designa-se por subdivisão de G a adição de um vértice de grau dois a uma aresta e. Esta operação também se designa por expansão de G. Verifica-se que as operações de eliminação e contracção de arestas comutam, i. e, se E e E são dois subconjuntos disjuntos de arestas de um grafo G, então verifica-se a igualdade (G \ E )/E = (G/E ) \ E (a) (b) Figura 3.4: Grafos (a) G, (b) G/3 e (c) G \ 14. (c) Quando um grafo H é obtido de G por sucessivas contracções de arestas diz-se que G é contractível a H ou que H é uma contracção de G. Um grafo obtido, a partir de um subgrafo de G, por sucessivas operações de eliminação e/ou contracção de arestas diz-se um menor de G ou menor combinatório de G. Note-se que, de acordo com esta definição, todo o subgrafo de um grafo é também um seu menor. Se H é uma expansão de G e se H é um subgrafo de um grafo Y, então diz-se que G é um menor topológico de Y. Nestas condições, G é um menor topológico de um grafo Y se existe um subgrafo de Y que é uma expansão de G. A figura a seguir exemplifica a subdivisão de várias arestas do grafo G da Figura 3.4, obtendo-se um grafo H que corresponde a uma expansão de G Figura 3.5: Expansão do grafo G da Figura 3.1 (a). Se H é uma expansão de G e um subgrafo de um grafo Y, então diz-se que G é um menor topológico de Y (e dado que todo o grafo é subgrafo de si próprio, G é também um menor topológico do grafo H). De um modo equivalente diz-se que G é um menor topológico de um grafo Y se existe um subgrafo

39 Grafos em variedades compactas orientáveis 35 de Y que é uma expansão de G. Das definições de menor topológico e menor combinatório decorre que todo o menor topológico de um grafo Y é também um menor combinatório de Y. O recíproco, porém, em geral, não é verdadeiro. Dados dois grafos X e Y, se X é um menor de Y, denota-se esse facto por X Y e com facilidade se prova que esta relação,, é uma relação de ordem parcial no conjunto dos grafos. Um critério muito utilizado na verificação se um grafo é planar ou não, consiste na utilização dos seguinte resultado de Kuratowski: Um grafo é não planar se e só se contém pelo menos uma das configurações não planas básicas, a saber, K 5 e/ou K 3,3, como menores ou como menores topológicos. Mais adiante, far-se-à a prova da suficiência das condições de Kuratowski. Antes, porém, vamos introduzir a fórmula de Euler para grafos planares Genus de um grafo e fórmula de Euler generalizada Designa-se por genus de um grafo G e denota-se por g G (não confundir com a cintura de G que se denota por g(g)) o menor índice da sucessão de superfícies S 0, S 1, S,..., em que G é realizável e onde o índice de S j denota o genus da superfície S j. Como consequência, pode concluir-se que para os grafos planares G, g G = 0. Theorem Todo o grafo tem genus. Demonstração. Seja G um grafo. Se G é planar, então g G = 0. Suponha-se que G não é planar e, mesmo assim, desenhe-se esse grafo no planar e transfira-se, por projecção estereográfica, esse desenho para a esfera (superfície S 0). Seguidamente, adicionem-se tantas anças tubulares quantas as necessárias para que, fazendo passar as arestas que intersectam outras arestas através dessas anças tubulares (uma em cada), não existam arestas cruzadas (i.e. não existam arestas que se intersectem em pontos distintos dos vértices). Sendo p o número de anças tubulares adicionadas, é claro que p E(G). Deformando, continuamente, a superfície obtida é possível produzir um torus com p buracos, S p, onde G se realiza. Consequentemente, tendo em conta que S p pertence à sequência S 0, S 1,..., S p, S p+1,..., conclui-se que G tem genus g G p. Deve observar-se que uma esfera com p anças tubulares é topologicamente equivalente (i.e., homeomorfa) a um torus com p buracos. É claro que se um grafo, G, tem genus g G, então G pode realizar-se em qualquer superfície S j, com j g G. No que se segue, sem perda de generalidade, assumiremos que se G é um grafo conexo de genus g, então G é realizável em S g de tal forma que através de cada buraco de S g passa pelo menos um anel, formado por vértices e arestas de G, que não é contractível em S g. Com efeito, se G tem genus g, então G não admite qualquer realização em nenhuma das superfícies S 0, S 1,..., S g 1. Consequentemente, cada buraco de S g é essencial para a realização de G. Logo, cada buraco deve ser atravessado por, pelo menos, uma aresta de G, de tal forma que ligada a outras arestas forme um anel nas condições referidas. Em alternativa, poder-se-ão obter aneis não contractíveis que contornem buracos. Esta situação,

40 36 Grafos Planares e Generalizações porém, é topologicamente equivalente à anterior no sentido em que conduz aos mesmos resultados, com a metodologia a adoptar na prova do teorema a seguir, onde se estabelece a generalização da fórmula de Euler, para a um grafo, G, com realização numa superfície S gg. Note-se que cortar uma superfície, S g, ao longo de um anel não contractível que atravessa um buraco ou que contorna um buraco produz, em ambos os casos, uma superfície topologicamente equivalente a uma superfície esférica à qual faltam dois círculos. Theorem (l Huilier, 181/1813). 3 Se G é um grafo conexo com genus g, então V (G) + F g (G) E(G) = (1 g). Demonstração. Seja G um grafo conexo de genus g. Então G é realizável em S g de tal forma que para cada buraco de S g existe um anel, não contractível, formado pela concatenação de arestas. Corte-se o torus ao longo de cada um desses g aneis, dupliquem-se os aneis e, consequentemente, as arestas e vértices que definem as fronteiras das regiões circulares que se formaram e colem-se círculos, de modo a tapar todos essas regiões. Por deformação contínua da superfície deste modo obtida, pode construir-se uma superfície esférica, S 0, que lhe é topologicamente equivalente, onde o grafo conexo produzido, H, se realiza. Consequentemente, aplicando a fórmula de Euler a H, vem que V (H) + F 0 (H) E(H) =. Tendo em conta que os novos vértices, que agora aparecem em H, V (H) \ V (G), são os que se produziram com a duplicação de ciclos provocada pelos cortes efectuados em cada um dos g aneis e tendo em conta que nos ciclos o número de arestas é igual ao número de vértices, conclui-se que V (H) V (G) = E(H) E(G). Por outro lado, dado que as novas faces em H são as limitadas pelos g aneis, conclui-se que F 0 (H) = F g (G) + g. Logo, fazendo x = V (H) V (G) = E(H) E(G), vem que V (G) + F g(g) E(G) = ( V (H) x) + ( F 0(H) g) ( E(H) x) = V (H) + F 0 (H) E(H) g = g. A Figura 3.6 ilustra a demonstração do Teorema Supondo que G é um grafo conexo tal que V (G) 3, então 3 F gg (G) E(G) e, por aplicação do Teorema g G 1 6 E(G) 1 ( V (G) ). Consequentemente, tendo em conta que g G é inteiro, conclui-se que g G 1 6 E(G) 1 ( V (G) ). (3.) Theorem (Heawood, 1890). Se n 3, então g Kn (n 3)(n 4) 1. 3 Embora muitas publicações designem este resultado por fórmula de Heawood ou por segunda fórmula de Euler, de acordo com (Biggs et al, 1986), ele foi publicado pela primeira vez por l Huilier em 181/1813.

41 Grafos em variedades compactas orientáveis 37 Figura 3.6: Transformação do duplo torus numa superfície homeomorfa à superfície esférica. Demonstração. Uma vez que n 3 e K n é conexo, tendo em conta a desigualdade (3.), vem que g Kn 1 6 E(Kn) 1 ( V (Kn) ) = n(n 1 n 1 (n 3)(n 4) =. 1 A desigualdade recíproca g Kn (n 3)(n 4) 1 e, consequentemente, a igualdade, embora tenha sido conjecturada por Heawood em 1890, apenas foi provada em 1968 em (Ringel e Youngs, 1968). Como corolário do Teorema 3.3.4, tendo em conta a desigualdade (3.) e que se H é um supergrafo de um grafo conexo G, então g H g G e ainda que, sendo n = V (G), K n é um supergrafo de G, para n 4, concluem-se as desigualdades 1 6 E(G) 1 (n ) g G (n 3)(n 4). 1 Embora nem sempre estes minorante e majorante sejam boas aproximações para g G, existem grafos para os quais eles coincidem. Por exemplo, sendo G um grafo conexo de ordem 5 e dimensão 1.31, 1.3, 1.33, 1.34, 1.35 ou 1.36 vem que 196 = 1 6 E(G) 1 (n ) g (n 3)(n 4) G =

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