Desenho de Construção Naval
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- Marcelo Carlos di Azevedo
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1 Desenho de Construção Naval Manuel Ventura Secção Autónoma de Engenharia Naval 2006
2 Arranjo Geral do Navio Desenho de Construção Naval Instituto Superior Técnico Secção Autónoma de Engenharia Naval
3 Sumário O que é o desenho de Arranjo Geral? Organização típica do desenho Como se representa? O que se representa? Símbolos e informação adicional Arranjo da superstrutura Arranjo de camarotes típicos Representação simbólica de escadas M.Ventura 3
4 Introdução O Arranjo Geral é um desenho que representa o navio na sua totalidade O seu nível de detalhe evolui ao longo do projecto do navio e construção do navio: No projecto básico, começa por ser um esboço com as dimensões principais e a compartimentação da zona de carga É um dos documentos necessários para um Contracto de construção do navio Continua a ser detalhado até à forma de desenho as built, entregue juntamente com o navio Serve de base a vários outros desenhos (Plano de Capacidades, Plano de Segurança, etc.) M.Ventura 4
5 Arranjo Geral Típico M.Ventura 5
6 Organização Típica do Desenho De acordo com as regras do desenho técnico para as projecções ortogonais, representa-se no mínimo um alçado principal, um alçado lateral e uma planta O alçado principal representa o perfil do navio, sempre com a proa virada para o lado direito A planta representa o convés exposto (weather deck) e o pavimento correspondente da Superstrutura (em corte) M.Ventura 6
7 Alçado Lateral O alçado lateral direito representa-se do lado direito (método americano), geralmente em corte a meio-navio na chamada secção mestra (midship section) Representam-se as anteparas longitudinais e pavimentos caso existam Indicam-se os limites dos tanques pelas suas diagonais M.Ventura 7
8 Alçado Principal (Perfil) No alçado principal, o navio é representado inteiramente em vista, ou em vista até à linha de água carregada e em corte abaixo (meio corte) Quando representado em vista, respeita-se a convenção de representar as linhas invisíveis a traço interrompido M.Ventura 8
9 Cortes Adicionais Representam-se uma planta por cada um dos restantes pavimentos da superstrutura (em corte), dispostos por ordem crescente de altura, até à ponte de comando Representa-se também (em vista) o tecto da ponte M.Ventura 9
10 Cortes Adicionais Se o navio tiver pavimentos abaixo do convés, representa-se um corte adicional em planta por cada pavimento, até ao duplo-fundo Em alguns casos, ainda se representa um corte abaixo do duplo-fundo para apresentar o arranjo dos tanques M.Ventura 10
11 Como se Representa? Desenho não cotado, com a excepção dos comprimentos dos porões Vãos de baliza Em todas as vistas é representada a linha base (traço contínuo fino) com a localização e numeração das balizas As balizas não necessitam de ser todas numeradas. Em geral podem ser numeradas de 5/5 ou 10/10, mas numerando também as balizas associadas a anteparas transversais. No perfil são representados os valores dos espaçamentos de baliza Representar as Perpendiculares de ré e de vante, com traço misto M.Ventura 11
12 O Que se Representa? Casco, Superstruturas, casotas e castelos Porta do leme Braçolas e tampas de escotilhas de carga Balaustradas, borda falsa, escadas exteriores, escada do portaló Meios de salvação (baleeiras, jangadas, embarcação de socorro) Meios de amarração (guinchos, cabeços, buzinas) Meios de fundeação (molinetes, ferros e amarras) Mastros e faróis Sistema de carga no convés (navios tanques) M.Ventura 12
13 O Que se Representa? Na superstrutura, representam-se portas, janelas e vigias Quanto ao mobiliário, deve representar-se pelo menos num camarote de cada tipo M.Ventura 13
14 Texto Identificação das vistas Identificação dos compartimentos da superstrutura Identificação dos porões e tanques Numeração de vante para ré Limites de tanques definidos por diagonais (traço misto) Informação complementar Características principais do navio Porte Capacidade de carga Dimensões principais Potência propulsora e velocidade de serviço Tripulação Sociedade Classificadora e Classificação do navio M.Ventura 14
15 Símbolos e Convenções Simbologia Meio-navio Identificação da Linha Base Identificação das Linhas de Centro Representações convencionais Linha de Água de projecto Alcance de aparelhos de elevação Abertura de portas Zonas na vertical de aberturas Linha Base Meio-Navio Linha Centro M.Ventura 15
16 Compartimentos Linha de Água de Projecto (DWL=Design Water Line) Diagonais dos Compartimentos (traço misto) Vão de Baliza Representação e M.Ventura 16 (Frame Spacing) Numeração das Balizas
17 Superstrutura e Alojamentos
18 Arranjo da Superstrutura Acessos (escadas e corredores) Camarotes tipo Mobiliário Paióis de mantimentos Cozinha e copa Hospital M.Ventura 18
19 Anteparas e Divisórias Anteparas de aço, sem revestimento (traço contínuo grosso) Divisórias em painéis (duplo traço contínuo fino paralelo) Anteparas de aço, com revestimento (traço contínuo grosso + traço contínuo fino paralelo) M.Ventura 19
20 Anteparas e Divisórias Anteparas e pavimentos com isolamento de acordo com exigências A60 e A30 da SOLAS para segurança contra incêndios (@Rockwool). M.Ventura 20
21 Representação de Anteparas e Divisórias Anteparas metálicas (aço, alumínio), sem isolamento Anteparas metálicas, com isolamento Divisórias em painéis não metálicos M.Ventura 21
22 Representação de Escadas Plano de corte M.Ventura 22
23 Elevadores (1) M.Ventura 23
24 Elevadores (2) M.Ventura 24
25 Elevadores (3) M.Ventura 25
26 Navio Multi-Purpose M.Ventura 26
27 Navio Tanque de Produtos M.Ventura 27
28 Paióis de Mantimentos (1) Os paióis de mantimentos são localizados tipicamente num dos pavimentos inferiores da superstrutura que Tenha facilidade de acesso do exterior e Fique perto da cozinha, no mesmo pavimento ou na vertical Neste último caso, um elevador para mantimentos costuma ser instalado. M.Ventura 28
29 Paióis de Mantimentos (2) Geralmente dispõem de uma zona comum (handling area) que dá acesso a: Zonas arrefecidas (temperaturas positivas, mas abaixo da temperatura ambiente) e a Zonas frigorificadas (temperaturas negativas). A temperatura mantida em cada um dos compartimentos é definida de acordo com o tipo de mantimentos armazenado. M.Ventura 29
30 Cozinha, Messes e Copa Na cozinha, a área por pessoa servida deve ser aproximadamente de 0.65 m 2, diminuindo até 0.55m 2 para grandes números de utentes Sempre que possível, tentar garantir a proximidade entre a cozinha e as messes. Messes separadas para tripulação, mestrança e oficiais A copa, geralmente anexa à cozinha, permite refeições ligeiras aos elementos da tripulação de quarto M.Ventura 30
31 Hospital / Enfermaria (1) Navios com arqueação superior a 500 GRT e com tripulação superior a 15 devem ser equipados com hospital (Conv.164/1987 OIT) Normalmente é localizado no convés, para maior facilidade de entrada de pessoas acidentadas, dispondo de acesso directo para o exterior e também para o interior da superstrutura. As portas devem ter pelo menos 0.80 m de largura De notar no exemplo da figura a existência de um posto de primeiros socorros, com acesso directo do exterior do hospital. M.Ventura 31
32 Hospital / Enfermaria (2) Dispõe de casa de banho própria, equipada com banheira ou chuveiro. M.Ventura 32
33 Camarote Típico de Tripulante Mobiliário num camarote típico de um tripulante num navio mercante moderno: 1 cama/beliche 1 sofá 1 secretária 1 cadeira M.Ventura 33
34 Cama c/ Gavetões Cama com gavetões (metálica) M.Ventura 34
35 Beliches Simple e Duplos Beliche duplo (madeira) Beliche simples (madeira) Representação simplificada de beliche simples (1 diagonal) e duplo (2 diagonais). M.Ventura 35
36 Mobiliário em Camarotes Beliche de rebater Secretária c/ 1 módulo de gavetas Armário individual M.Ventura 36
37 Camarotes da Tripulação Os beliches estão normalmente dispostos na direcção longitudinal do navio, em que a amplitude dos movimentos é menor, de modo a minimizar o incómodo para os tripulantes. É prática corrente os camarotes disporem de um sofá-cama em posição perpendicular à do beliche, como alternativa quando o balanço do navio é muito forte. M.Ventura 37
38 Instalações Sanitárias M.Ventura 38
39 Louças Sanitárias M.Ventura 39
40 Instalações Sanitárias Modulares Em navios mercantes é comum a utilização de módulos préfabricados equipados com lavatório, sanita e base de chuveiro e também com todos os acessórios (torneiras, chuveiro, etc.) As portas do WC têm aprox. 600 x 2000 mm M.Ventura 40
41 Instalações Sanitárias Modulares Os módulos têm já os encanamentos internos instalados e preparados para as ligações às redes de água doce e esgotos M.Ventura 41
42 Camarote de Tripulante (1) Arranjo de um camarote para duas pessoas que satisfaz a exigência da OIT (Convenção 133) de 4.75 m 2 por tripulante, em navios com GRT> Arranjo em navio moderno: Área = 8.5 m 2 WC s individuais, geminados Beliche + sofá M.Ventura 42
43 Camarote de Tripulante (2) Em navios com restrições de espaço pode haver necessidade de instalar mais do que um tripulante por camarote Neste exemplo cada WC é partilhado por dois camarotes Navio de Pesquisa M.Ventura 43
44 Camarote de Oficial Área total ~ 9.5 m 2 Porta: 0.70 m Área WC ~ 2.75 m 2 Porta: 0.65 m M.Ventura 44
45 Camarote de Oficiais Superiores (1) Geralmente os camarotes do Comandante e do Chefe de Máquinas são semelhantes, estão localizados no pavimento imediatamente abaixo da ponte, e são muitas vezes simétricos EE/BB. Dispõem geralmente de 3 zonas distintas Quarto Sala de estar Escritório Dispõem de casa de banho própria, geralmente equipada com banheira. M.Ventura 45
46 Camarote de Oficiais Superiores (2) Notas: Acessos separados para o escritório e a sala de estar Sala de estar separada de quarto de dormir WC com chuveiro M.Ventura 46
47 Ponte de Comando Áeas funcionais: Zona de comando Zona para leitura de cartas Zona de comunicações WC Asas da ponte M.Ventura 47
48 Portas As portas exteriores das superstruturas são estanques, providas com braçola e fechadas por um conjunto de tranquetas M.Ventura 48
49 Janelas e Escotilhas O sombreado permite a representação de janelas mais sugestiva. M.Ventura 49
50 Balaustrada A balaustrada destina-se a proteger tripulantes e passageiros de queda no convés e nos acessos exteriores à superstrutura As dimensões mínimas são impostas pela Convenção das Linhas de Carga (IMO) M.Ventura 50
51 Arranjo e Equipamento do Convés
52 Equipamento de Salvação Baleeira totalmente fechada (totally enclosed lifeboat) Jangadas (liferafts) M.Ventura 52
53 Baleeiras Baleeira parcialmente fechada (partially enclosed lifeboat) Baleeira de queda livre (free-fall lileboat) M.Ventura 53
54 Embarcações de Socorro Embarcação de socorro (rescue boat) M.Ventura 54
55 Turcos de Gravidade 1. Na posição normal a baleeira encontra-se suspensa, acima do pavimento 2. O turco é rebatido e a baleeira fica posicionada ao nível do pavimento de embarque 3. Finalmente a baleeira é lançada à água por guinchos. [1] [2] M.Ventura 55
56 Escadas Escada do portaló (Accommodation ladder) Prancha (Gangway) M.Ventura 56
57 Aparelhos de Elevação O alcance máximo dos aparelhos de elevação (gruas, paus-de-carga, cegonhas, etc.) é representado por um arco a traço misto Muitas vezes também se indica a capacidade e o alcance numericamente (Exemplo: 25 t x 20 m) M.Ventura 57
58 Contentores Em navios porta-contentores é prática corrente indicar as pilhas de contentores no convés e nos porões Contentores representados por rectângulos a traço misto ou apenas pelos cantos dos rectângulos. Linha a traço interrompido mostra a visibilidade da ponte possível com o navio carregado M.Ventura 58
59 Carga Rodada Dimensões típicas de alguns veículos M.Ventura 59
60 Sistema de Amarração Localizar guinchos de manobra Traçar a traço-ponto as linhas de passagem dos cabos Localizar roletes nos pontos de mudança de direcção dos cabos Localizar cabeços paralelos às linhas de cabos e buzinas nos pontos onde os cabos saem do navio M.Ventura 60
61 Guinchos de Amarração Guincho (winch) M.Ventura 61
62 Cabeços e Buzinas Cabeço duplo (double bollard) Buzina de rolos (roller fairlead) M.Ventura 62
63 Sistemas de Fundeação e Reboque Amarra Buzinas Roletes Cabeço Molinete/ Guicho Combinado M.Ventura Cabo de massa 63
64 Sistemas de Fundeação e Reboque Localizar molinetes de amarração Localizar cabeços e buzinas, traçando a traço-ponto as linhas de passagem dos cabos Localizar ferro sobressalente (caso exista) Localizar sistema de reboque M.Ventura 64
65 Molinetes, Escovens e Gateiras Posicionamento de escovéns em relação à borda e das gateiras em relação aos paióis da amarra M.Ventura 65
66 Molinetes e Cabrestantes Molinete (windlass) Cabrestante (capstan) M.Ventura 66
67 Ferros e Amarras Amarra (Chain cable) Ferro (Stockless anchor) M.Ventura 67
68 Casa da Máquina
69 Casa da Máquina (Perfil) Quando o desenho corresponde a um estado mais avançado do projecto, podem-se representar alguns dos componentes mais relevantes da casa da máquina (máquina principal, máquinas auxiliares, linha de veios, etc.) M.Ventura 69
70 Casa da Máquina (Plantas) Os elementos representados no perfil devem ser igualmente representados nos vários pavimentos da Casa da Máquina M.Ventura 70
71 Desenho do Arranjo Geral (2D) Manuel Ventura
72 Sequência de Trabalho (1) Criar as layers Desenhar e identificar as linhas de referência Linha base (no perfil) Perpendiculares AV e AR (traço-ponto) Linhas de centro (nas plantas) Desenhar linha do pontal Localizar as anteparas transversais (perfil) Desenhar as linhas seguintes, obtidos do plano geométrico: Linha do tosado Contornos de popa e de proa, no perfil Contorno do convés à borda Contorno da linha de água à cota do duplo fundo M.Ventura 72
73 Sequência de Trabalho (2) Desenhar superstrutura (perfil) Desenhar cada um dos pavimentos da superstrutura (em planta) Desenhar Chaminé, Mastros Desenhar baleeiras, embarcação de socorro e jangadas Desenhar balaustradas Desenhar escadas exteriores (superstrutura), escada do portaló M.Ventura 73
74 Sequência de Trabalho (3) Desenhar molinetes, guinchos, cabeços e buzinas (representar cabos a traço-ponto) Traçar diagonais (a traço ponto) que definem limites de porões e tanques (no perfil, convés e duplo-fundo) Numerar e identificar os porões e tanques de carga e água de lastro (Cargo/WB) Numeração de vante para ré Identificar o bordo (SB/PS) Identificar os tanques restantes (HFO, FO, DO, LO, FW) Identificar todos os compartimentos da superstrutura Escrever, acima da legenda, as características principais do navio M.Ventura 74
75 Linha Base / Linha de Centro As linhas de base e de centro devem ser o ponto de partida do desenho Permitem localizar e referenciar equipamentos e elementos estruturais Desenhar marcas de todas balizas, de acordo com a distribuição dos espaçamentos A linha e as balizas devem ser representadas a traço contínuo, fino Numerar as balizas, de ré para vante, apenas de 5/5 ou 10/10, para facilitar a leitura do desenho No AutoCad, pode-se usar o comando <ARRAY> para desenhar rapidamente as marcas de baliza. M.Ventura 75
76 Bibliografia SNAME T&R Bulletin, "7-2 General Arrangement Drawing Format" SNAME T&R Bulletin, "7-3 General Arrangement Drawing Details" SNAME T&R Bulletin, "7-4 General Arrangement Design Criteria & Constraints M.Ventura 76
77 Apêndice A. Exemplos de Desenhos de Arranjo Geral
78 Liquefied Natural Gas Carrier (LNG) M.Ventura 78
79 Navio RO/RO M.Ventura 79
80 Navio de Pesca M.Ventura 80
81 Apêndice B. Normas Relevantes
82 Normas (1) DIN (1996), "Ships and marine technology - General arrangement plans for ships - Part 1: Requirements, layout DIN Beiblatt 1, "Ships and marine technology - General arrangement plans for ships - Example bulk carrier DIN Beiblatt 2, "Ships and marine technology - General arrangement plans for ships - Example containership DIN Beiblatt 3, "Ships and marine technology - General arrangement plans for ships - Example multipurpose ship DIN Beiblatt 4, "Ships and marine technology - General arrangement plans for ships - Example RO/RO ship" M.Ventura 82
83 Normas (2) DIN Beiblatt 5, "Ships and marine technology - General Arrangement plans for ships - Example passenger vessel DIN Beiblatt 6, "Ships and marine technology - General Arrangement plans for ships - Example frigate DIN Beiblatt 7, "Ships and marine technology - General Arrangement plans for ships - Example submersibles" DIN Beiblatt 8, "Ships and marine technology - General Arrangement plans for ships - Example inland vessels DIN (1998), "Ships and marine technology - General Arrangement plans for ships Part 2: Graphical symbols M.Ventura 83
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