Da Ordem Social: bases e valores. Generalidades. Seguridade Social. Educação. Cultura. Desporto. Ciência e Tecnologia.
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- Maria Faria da Silva
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1 Da Ordem Social: bases e valores. Generalidades. Seguridade Social. Educação. Cultura. Desporto. Ciência e Tecnologia. Cretella Júnior e Cretella Neto Direito Constitucional III Prof. Dr. João Miguel da Luz Rivero jmlrivero@gmail.com (19) Base da ordem social brasileira A ordem social brasileira fundamenta-se nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV), de forma a proporcionar o bem-estar e a justiça social à sociedade. Direitos sociais assegurados pela Constituição Federal A CF (art. 6º) assegura direito à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e à infância, e à assistência aos desamparados; além disso, a ordem social assegura proteção à cultura, ao desporto, às ciências e tecnologia, à comunicação social, ao meio ambiente, aos índios, à família, à criança, ao adolescente e ao idoso. Seguridade Social A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, a previdência e à assistência social (art. 194, caput). Princípios da seguridade social A seguridade social deve basear-se nos seguintes princípios: a) da universalidade da cobertura e do atendimento; b) da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) da seletividade e da distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) da irredutibilidade do valor dos benefícios; e) da eqüidade na forma de participação no custeio; f) da diversidade da base de financiamento; e g) do caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (EC nº 20, de 15/12/1998). Fontes de financiamento A seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta ou indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais:
2 I- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; e c) o lucro (EC nº 20, de 15/12/1998). II- do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201(EC nº 20, de 15/12/1998); III- sobre a receita de concursos de prognósticos; IV- do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei o equiparar (inciso acrescentado pela EC nº 42, de 19/12/2003). SAÚDE A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (art. 196). São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Sistema Único de Saúde - SUS O Sistema Único de Saúde SUS integra uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços públicos, organizada segundo as seguintes diretrizes: a) descentralização, com direção única em cada esfera de governo; b) atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e c) participação da comunidade. Benefícios previdenciários Benefícios previdenciários são pagamentos efetuados aos contribuintes e participantes dos planos previdenciários, pelo sistema de previdência social. Benefícios previdenciários que deverão ser objeto de planos de previdência social Os planos de previdência social, mediante contribuição, deverão atender: a) cobertura de doenças, invalidez, morte e idade avançada; b) proteção à maternidade, especialmente à gestante; d) proteção ao trabalhador em situação
3 de desemprego involuntário; e) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e f) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. Serviços previdenciários Serviços previdenciários são prestações assistenciais de natureza não pecuniária, nas áreas de atendimento médico, odontológico, hospitalar e social, além de serviços de apoio para a reeducação e readaptação profissionais. Assistência Social Segundo o art. 203, a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, uma vez que a prestação não está vinculada à condição de contribuinte, não caracteriza adesão do beneficiário a plano de previdência, razão pela qual não há de se falar em seguro social. Objetivos da assistência social A assistência social será prestada com os seguintes objetivos: a) proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) amparo às crianças e adolescentes carentes; c) promoção da integração ao mercado de trabalho; d) habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e promoção de sua integração à vida comunitária; e e) garantia de um salário mínimo de benefício mensal aos portadores de deficiência e ao idoso que não possam prover sua própria subsistência, ou tê-la provida por sua família. Financiamento das ações governamentais na área da assistência social As ações governamentais na área de assistência social deverão ser realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: a) descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; e b) participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis (art. 204). Educação Direito à educação é o direito subjetivo público de receber do Estado e da família (CF, art. 205) o ensino fundamental (gratuito e obrigatório nos estabelecimentos oficiais), até o nível médio. A garantia à educação visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
4 Princípios básicos do ensino Os seguintes princípios devem servir de base ao ensino: a) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; b) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, e divulgar o pensamento, a arte e o saber; c) pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; d) gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; e) valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas (inciso com redação determinada pela EC nº 53, de 19/12/2006); f) gestão democrática do ensino público; g) garantia de padrão de qualidade; e h) piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos da lei federal (inciso acrescentado pela EC nº 53, de 19/12/2006). Garantias constitucionais à universidade À universidade garante-se (art. 207) autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, devendo obedecer ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; a EC nº 11, de 30/04/1996 facultou às universidades (e também às instituições de pesquisa científica e tecnológica) a admissão de professores, técnicos e cientistas estrangeiros. Efetivação do dever do Estado com a educação O dever do Estado com a educação (CF, art. 208, I a VII) será efetivado mediante as garantias de: a) ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria (redação determinada pela EC nº 14, de ); b) progressiva universalização do ensino médio gratuito (redação dada pela EC nº 14, de ); c) atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências, especialmente na rede regular de ensino. Lei nº , de 05/03/2004 institui o PAED Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência; Lei nº 7.853, de 24/10/1989, regulamentada pelo Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, consolida as normas de proteção à pessoa portadora de deficiência; convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência: Decreto nº 3.956, de 08/10/2001; Lei nº , de 24/04/2002, institui a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS);
5 d) atendimento em creche e pré-escola às crianças até 5 (cinco) anos de idade (inciso com redação determinada pela EC nº 53, de 19/12/2006; e) acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; f) oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; e g) atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Além disso, deverão a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizar, em regime de colaboração, seus sistemas de ensino (art. 211, CF). Conseqüência jurídica do não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público ou sua oferta irregular A conseqüência jurídica será a responsabilização da autoridade competente (art. 208, 2º). Condições de participação da iniciativa privada na atividade de ensino O ensino é livre à iniciativa privada (art. 209), devendo ser atendidas as seguintes condições: a) cumprimento das normas gerais da educação nacional; e b) autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. Fontes de recursos da educação oficial, utilizados na manutenção e no desenvolvimento do ensino A educação oficial recebe recursos das seguintes fontes (art. 212, alterado pela EC nº 10/96): a) da União, que deverá aplicar 18%, no mínimo, da receita resultante de impostos federais; b) dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que deverão aplicar 25%, no mínimo, da receita resultante dos impostos de sua competência; c) transferências da União aos Estados, Distrito Federal e Municípios; d) transferências dos Estados aos respectivos Municípios; e e) contribuição social do salário-educação, recolhido pelas empresas. Finalidades do plano nacional de educação O plano nacional de educação visa (art. 214) à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à: a) erradicação do analfabetismo; b) universalização do atendimento escolar; c) melhoria da qualidade do ensino; d) formação para o trabalho; e e) promoção humanística, científica e tecnológica do País. CULTURA - garantia constitucional A garantia constitucional à cultura consiste no reconhecimento dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, mediante apoio e incentivo à
6 valorização e à difusão das manifestações culturais (art. 215, caput); abrange, também, a proteção ao patrimônio cultural brasileiro. Patrimônio cultural brasileiro O patrimônio cultural brasileiro é constituído por bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (art. 216). Bens expressamente incluídos no texto constitucional, que compõem o patrimônio cultural brasileiro Art Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: a) as formas de expressão; b) os modos de criar, fazer e viver; c) as criações científicas, artísticas e tecnológicas; d) as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. A responsabilidade pela promoção e guarda do patrimônio cultural brasileiro compete ao Poder Público, com a colaboração da comunidade, devendo utilizar-se de formas preventivas e continuadas de produção e manutenção dos bens culturais, incluídos inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação (art. 216, 1º). DESPORTO O Estado tem o poder-dever de fomentar práticas desportivas formais e nãoformais, observadas as disposições constitucionais; além disso, deverá o Poder Público incentivar o lazer, como forma de promoção social. Disposições constitucionais a serem observadas na formulação de políticas de fomento ao esporte Devem ser observadas as seguintes disposições constitucionais (art. 217, I a IV): a) autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; b) destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; c) tratamento diferenciado para o desporto
7 profissional e o não-profissional; e d) proteção e incentivo a manifestações desportivas de criação nacional. Justiça desportiva art. 217, 1º e 2º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, reguladas em lei. A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir a decisão final. Ciência e Tecnologia A CF atribuiu ao Estado (art. 218) a tarefa de promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. Finalidade da pesquisa científica básica A pesquisa científica básica (ou fundamental) destina-se à descoberta das lei naturais; a CF dispõe (art. 218, 1º) que deve ser realizada tendo em vista o bem público (a sociedade brasileira, dimensão regional) e o progresso das ciências (dimensão universal). Finalidade da pesquisa científica tecnológica A pesquisa científica tecnológica (ou aplicada) destina-se a solucionar problemas produtivos industriais; a CF dispõe (art. 218, 2º) que deve voltar-se preponderantemente para a solução de problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional. De que forma deverá o Estado apoiar a Ciência e Tecnologia? O Estado apoiará a Ciência e a Tecnologia mediante incentivos: a) à formação de recursos humanos para essas áreas, concedendo benefícios aos que delas se ocupem, tais como meios e condições especiais de trabalho; e b) às empresas que investirem em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País e formação de recursos humanos (art. 218, 3º e 4º). Podem os Estados e o Distrito Federal destinar parte de seu orçamento a atividades ligadas à Ciência e à Tecnologia? Sim. A CF faculta aos Estados e ao Distrito Federal a vinculação de parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica (art. 218, 5º).
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