Cezar Taurion. ameniza as tempestades de questionamentos sobre Cloud Computing. Cezar Taurion
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- Eduardo Aldeia Amorim
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1 40 :: TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion Cezar Taurion ameniza as tempestades de questionamentos sobre Cloud Computing Por Flávia Freire Internet! É o que ba sta para os usuários da Cloud Computing. O espaço necessário para armazenamento de dados e os softwares ficam alocados em servidores. Parece simples, não é verdade? Ma s t ant a simplicidade causa certa insegurança, combinada a diversas dúvidas. Valores e c onf ia bilid a d e s ão alg uns d os fat or e s e s clar e cid os nesta entrevista por Cezar Taurion, executivo de nova s tecnologias da IBM e profissional da área de TI há cerca de 30 anos. Autor dos livros "Internet Móvel: Tecnologias, Aplicações e Modelos", "Software Livre: Potencialidades e Modelos de Negócio", "Grid Computing, um novo paradigma computacional", e Software Embarcado: a Nova Onda da Informática, lançou no final do ano pa ssado o Cloud Computing - Transformando o mundo da Tecnologia da Inf or maç ão, c om página s d e muit a inf or maç ão sobre este serviço que tem despertado grande interesse em empresas de pequeno, médio e grande portes, devido à economia em infraestrutura e manutenção de softwares que a Computação em Nuvem oferece. Taurion mantém os blogs computingonclouds. wordpress.com e migre.me/fuqa, nos quais publica f r e q u e n t e m e n t e n o v id a d e s s o b r e Cl o u d C o m p u t in g. A q u i, f i z e m o s u m a p a n h a d o d o s a s s u n t o s m a i s discutidos sobre o tema e trouxemos uma rica entrevista para espant ar a s nuvens carregada s e mostrar um céu limpo e inspirador para que você possa refletir sobre o a ssunto e começar a se acostumar com a mudança que, e m b r e v e, d o minará o p la n e t a e m o d if ic ará a f or ma como vemos a tecnologia. T I : V o c ê m a n t é m dois blogs sobre o assunto e lançou recentemente o livro Cloud Computing - Transformando o mundo da Tecnologia da Informação. Q u a l a r a z ã o d e s t e s e u fascínio pelo tema? Cezar Taurion Taurion: Minha função n a I B M, c o m o e x e c u t i v o de novas t ecnologias, é est ar sempre ant enado com as tendências da área de TI. Computação em Nuvem ou Cloud Computing é uma delas. Em minha opinião, a Computação em Nuvem vai transformar o modelo econômico da TI, t a n t o d o la d o d o c o n s u m i d o r d e T I, q u a n t o d o la d o dos fornecedor es de t ecnologia s e s er viços. Claro que estamos dando os primeiros passos e vemos ainda muitas incertezas e indefinições. Basta ver o imenso número de definições, às vezes conflit antes entre si, que existem. Na pesquisa que efetuei para o livro, identifiquei dezenas delas! Computação em Nuvem não é em hype. Na verdade, constantemente aparecem conceitos e tecnologias ditos d isr u p t i v o s, m a s q u e n ã o d e c ola m. Re l e m b r a n d o Clyton Christensen, em seu livro Innovator s Dilemma, a verdadeira disrupção acontece quando uma inovação t e c n o ló g ic a o u u m n o v o m o d e lo d e n e g ó c io d e s lo c a de for ma inesperada uma t ecnologia ou um modelo já es t abelecido. Em T I, podemos pens ar de imediat o em HTML /HT TP e no open source. Cloud Computing não é
2 TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion :: 41 por si só uma inovaç ão t ecnológic a, pois s e baseia em diversas tecnologias já existentes, como vir tualização e grid computing, ma s é uma verdadeira disrupç ão na maneira de se gerenciar e entregar TI. Comput ação em Nuvem é uma evolução natural da convergência de várias t ecnologia s e conceit os, como o pr ó prio Grid, mais o conceito de Utility Computing, virtualização e autonomic computing, que são sistemas capazes de autogerenciar e corrigir problemas e falhas, acrescidos de tecnologias e tendências como Web 2.0 e o modelo de Sof t ware como Serviço (Sof ware-as-a-service). TI: O que abrange a Cloud Computing? Qual o grande diferencial deste serviço e que vantagens ele traz para as empresas? Taurion: Cloud Computing ou Computação em Nuvem é uma ideia extremamente sedutora: utilizar os recursos ociosos de computadores independentes, sem preocupação com localização física e sem investimentos em novos hardwares. Computação em Nuvem é um ter mo para descrever um ambiente de computação baseado em uma rede massiva de servidores, sejam estes virtuais ou físicos. Uma definição simples pode então ser um conjunto de recursos como capacidade de processamento, armazenamento, c o n e c t i v i d a d e, p l a t a f o r m a s, a p l i c a ç õ e s e s e r v i ç o s disponibilizados na internet. O resultado é que a nuvem pode ser vista como o estágio mais evoluído do conceito de virtualização, ou internas ao firewall da empresa. Uma nuvem interna é, portanto, uma nuvem computacional confinada ao data center da companhia. Algumas aplicações podem ficar em nuvens públicas, como mashups, que fazem uso intenso de plataformas externas, como Facebook. Mas outras, que demandam maior necessidade de controle e estrita aderência às restrições regulatórias ou de compliance, devem ficar dentro do firewal, em nuvens privadas. Quando se usa uma nuvem pública, transferimos a responsabilidade da operação para o provedor da nuvem. Para empresas de pequeno porte, com procedimentos de segurança e recuperação frágeis (o que é bastante comum), pode ser uma alternativa bastante atraente. Mas para empresas de maior porte, com regras e procedimentos de controle, o uso de nuvens públicas é mais restrito. Para estas empresas, o uso de nuvens privadas ou híbridas, em que apenas parte dos serviços está em nuvens públicas, é a estratégia mais adequada. TI: Já está na hora de as empresas aderirem à Cloud Computing ou podemos considerá-la um serviço ainda em fase de testes? Em que situação você acha que uma empresa deve adotar a Computação em Nuvem? Taurion: Em 2010 veremos a Cloud Computing sair da fase de curiosidade e entrar aos poucos nas estratégias de TI das empresas. Será um ano de experimentações e de projetos proof-of-concepts. Alguns aspectos da Computação em Nuvem já passaram desta fase, como aplicações SaaS de automação de Cloud Computing não é por si só uma inovação tecnológica. É uma verdadeira disrupção na maneira de se gerenciar e entregar TI a v i r t u a l i z a ç ã o d o p r óprio d a t a center. Um a m b i e n t e d e nuvem não vai r e s o l v e r t o d o s os problemas de TI de uma empresa. Algumas aplicações irão funcionar muito bem em nuvens e outras não irão. Um exemplo típico de aplicações que podem ser deslocadas para nuvens são aplicações Web 2.0, ambientes de colaboração (como s, webconferencing, wikis e blogs), e-learning, simulações, sistemas de computação analíticos e ambientes de desenvolvimento e teste. Além disso, uma nuvem pode ser usada para as aplicações que demandem os chamados cloud burstings, que são ocasiões específicas nas quais a demanda computacional cresce muito. Um exemplo: uma aplicação de comércio eletrônico que ofereça promoções imperdíveis por curtos períodos de tempo. Outras, principalmente as que demandam um nível de integração grande com sistemas legados ou que tenham limites rígidos de desempenho, ficarão melhor nos servidores operados de forma tradicional. Entretanto, quando falamos em nuvem, não estamos falando apenas de nuvens públicas, mas também de nuvens privadas força de vendas, c o m o p r o p o s t o pelo Salesforce. Vemos, também a o s p o u c o s, o s u s u á r i o s f i n a i s c o m e ç a n d o a se acostumar com o Google Docs, embora ainda muito arraigados ao velho modelo (e hábito) de instalar no seu micro o pacote Office. É indiscutível que muitas empresas estão prestando atenção à Cloud Computing, embora estejam receosas quanto aos seus aspectos de segurança, privacidade e disponibilidade. Este cenário aponta para um interesse maior em nuvens privadas. Nuvens privadas podem ser consideradas como um passo posterior e evolutivo dos processos de virtualização já em andamento em muitas empresas. Portanto, 2010 será um ano bem interessante para a Cloud Computing. Mas um questionamento bastante comum quando se aborda este assunto é sobre sua proposição de valor. Existem muitas e diferentes perspectivas e uma única certeza: confusão e desinfor mação ainda estão muito disseminadas. Redução de custos de infraestrutura e transformação de custos fixos de TI em variáveis vêm sendo um dos mais importantes discursos da Computação em
3 42 :: TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion Nuvem. Mas será que todas as empresas esperam estes mesmo benefícios e na mesma intensidade? As pequenas empresas, com áreas de TI informais, geralmente com budgets mínimos ou até mesmo inexistentes, esperam que Cloud Computing seja a solução para reduzir seus investimentos em capital. Adquirir alguns servidores e mantê-los em operação pode representar um custo elevado para estas empresas. O uso de nuvens públicas permite pensar de forma diferente. Usar uma infraestrutura já montada e com níveis de segurança e disponibilidade melhores que os limitados recursos que a pequena empresa geralmente dispõe é uma proposição de valor bastante significativa. Por outro lado, as grandes empresas tenderão a adotar nuvens privadas ou mesmo híbridas e, portanto, buscarão proposições de valor diferentes. Como ainda investem em capital (conservam e evoluem seu parque de servidores), as proposições de valor concentram-se principalmente na redução dos elevados custos de gerenciamento e suporte desta infraestrutura e na melhoria dos níveis de serviço e velocidade de implementação de novos projetos. TI: O que é SLA (Service Level Agreement) e para que serve? Taurion: Um Acordo de Nível de Serviço (SLA, de Service Level Agreement) é a parte de contrato de serviços entre duas ou mais empresas, no qual o nível da prestação de serviços é definido formalmente. Na prática, o termo é usado no contexto de tempo de entrega de um serviço ou de um desempenho específico. Por exemplo, se uma empresa A contratar um nível de serviço de entregas de 97% em menos de um dia à empresa B, esta já sabe que de todas as entregas que lhe forem dadas para fazer, no mínimo 97% têm que ser feitas em menos de 24 horas. Quando se fala em nuvens públicas, este é um questionamento importante. O prestador deve ter condições de oferecer e garantir níveis de serviço adequados à operação da empresa que o contrata. Nem todos o conseguirão, mas o problema não é inerente ao modelo de Computação em Nuvem, e sim de toda e qualquer operação de terceirização. TI: Em que consiste a arquitetura de referência para Computação em Nuvem multitenancy/multi-inquilino? Taurion: A proposta do modelo de Computação em Nuvem é ter uma aplicação atendendo a múltiplos clientes, chamados de tenants ou inquilinos. Inquilinos não são usuários individuais, mas empresas clientes do software. Uma arquitetura multi-inquilinos (em alguns casos a literatura fala em multiarrendatário, mas eu adoto o termo multi-inquilino, mais comum) é essencial para a Computação em Nuvem, pois permite que múltiplos inquilinos (empresas clientes) compartilhem recursos físicos comuns (hardware e sof tware), mas permanecendo logicamente isolados. Existem, é claro, softwares oferecidos em nuvem que não são multi-inquilinos, como o Google Docs ou o Gmail, pois são orientados a indivíduos e, portanto, não têm o modelo de multi-inquilino embutido em seus projetos. Os modelos são: a) Inquilino isolado - neste modelo, cada inquilino tem seu próprio stack de tecnologia, não havendo compartilhamento de recursos. Na prática, embora o usuário sinta a experiência de multi-inquilino, pois a aplicação é oferecida a múltiplos clientes, a partir do mesmo data center, este modelo não é multi-inquilino. É similar ao modelo tradicional de hosting (hospedagem), em que cada usuário tem seu próprio conjunto de recursos e sua própria instância da aplicação. b ) M u l t i - i n q u i l i n o v i a h a r d w a r e c o m p a r t i l h a d o (virtualização) - neste modelo, cada inquilino tem seu próprio stack de tecnologia, mas o hardware é alocado dinamicamente de um pool de recursos, via virtualização. c) Multi-inquilino via container - neste modelo, vários inquilinos são executados na mesma instância de um container de aplicação (um servidor de aplicações), mas cada inquilino está associado a uma instância separada do software de banco de dados. d ) M u l t i - i n q u i l i n o v i a t o d o o s t a c k d e s o f t w a r e compartilhado - é uma evolução do modelo anterior, agora com todo o stack de software compartilhado. Assim, o banco de dados também é compartilhado. Uma única instância do banco de dados é compartilhada por todos os inquilinos. O modelo (b) de multi-inquilino por compartilhamento de hardware permite uma transição para a Computação em Nuvem com baixo custo e baixo impacto. A razão é simples: preser vam-se os modelos de programação e tecnologia já estabelecidos nas grandes corporações. Os modelos (c) e (d) implementam um nível bem mais avançado de Computação em Nuvem e provavelmente serão os modelos dominantes no longo prazo. Mas hoje são implementados apenas por empresas que não possuem legado para sustentar e, portanto, podem romper com os modelos tradicionais, como o Salesforce e o Google. Como são nativos ao modelo em nuvem, oferecem níveis elevados de flexibilidade e elasticidade, mas ao custo da disrupção nos modelos atuais de programação, plataformas e skills. TI: Um estudo recomendado pela BT Global Services ( à Datamonitor (www. datamonitor.com), que consultou 274 CIOs e executivos de empresas de 12 países, incluindo o Brasil, revelou que mais da metade deles não estão convencidos de que a Computação em Nuvem pode ajudar a economizar dinheiro, devido à localização dos servidores de Cloud Computing. Ter aplicações e dados em ser vidores localizados em outro país é realmente um risco? Quais os lugares mais recomendados para sediar os servidores de Cloud Computing?
4 TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion :: 43 Taurion: Alguns dos questionamentos sobre Computação em Nuvem que mais ouvimos abordam a localização dos dados (Onde os dados das nuvens distribuídos geograficamente são hospedados?), segurança (Um data center que hospeda nuvens, pela concentração de empresas que compartilham a mesma infraestrutura, pode atrair ataques concentrados?), recuperação de dados (Os provedores de nuvens conseguem assegurar que os dados são replicados geograficamente e que, em caso de perda de um data center, os dados podem ser recuperados?), arquivamento de dados (Por quanto tempo o s d a d o s p o d e r ã o s e r a r m a z e n a d o s para fins legais?), p o s s i b i l i d a d e d e permitir auditagem externa a processos, p o s s i b i l i d a d e d e i n v e s t i g a ç õ e s forenses diante de atos ilegais e até m e s m o o s r i s c o s de aprisionamento forçado por parte de nuvens proprietárias (Quão fácil ou difícil é sair de uma nuvem e migrar para outra?). Neste contexto, obser vamos que grande parte destes questionamentos refere-se às nuvens públicas. Uma nuvem pública é uma caixa preta em que a eventual falta de transparência sobre a sua tecnologia, seus processos e sua organização pode tornar muito difícil a uma empresa avaliar, com o grau de detalhamento necessário, o nível de segurança e privacidade que o provedor é capaz de oferecer. Ou seja, os impulsionadores para adoção de nuvens são, ao mesmo tempo, os seus principais fatores de preocupação. Quando se usa uma nuvem pública, transferimos a responsabilidade da operação da infraestrutura e das aplicações para o provedor da nuvem. Mas as responsabilidades legais continuam conosco. Para empresas de pequeno porte, com procedimentos de segurança e recuperação frágeis (o que é bastante comum), pode ser uma alternativa bastante atraente. Mas para empresas de maior porte e órgãos de governo, com rígidas regras e procedimentos de controle, o uso de nuvens públicas será bem mais restrito. Para estas empresas, o uso de nuvens privadas geralmente é a estratégia mais adequada. E o que é uma nuvem privada? É uma nuvem que opera dentro do firewall da empresa, entregando alguns dos benefícios das nuvens públicas, como melhor aproveitamento dos ativos computacionais e menor timeto-market para novas aplicações, ao mesmo tempo em que mantém os processos e procedimentos internos de padrões, segurança, compliance e níveis de serviço. O uso dos modelos de Computação em Nuvem exige novos cuidados de governança, principalmente nos quesitos de segurança, privacidade e disponibilidade. Eventualmente novos processos deverão ser definidos, novos tipos de contratos deverão ser implementados e novos tipos de relacionamentos com os provedores terão que ser construídos. TI: Conectividade e segurança também são dois pontos a serem levados em conta e que ainda causam muito receio na adoção da Computação em Nuvem. Até q u e p o n t o e s t a s p r e o c u p a ç õ e s Uma nuvem pública é uma caixa preta onde a eventual falta de transparência sobre a sua tecnologia, seus processos e organização torna difícil a avaliação do nível de segurança e privacidade que o provedor é capaz de oferecer d e v e m s e r c o n s i d e r a d a s g r a v e s? O q u e f a z e r p a r a e s t a r seguro quanto à conectividade? No caso de se adotar em muitos provedores, o custo ficaria muito mais alto? T a u r i o n : Conectividade é um problema, mas que aos poucos começa a ser resolvido. Estima-se que em 2014 já existirá 1,3 bilhão de conexões de alta velocidade no mundo todo. No Brasil ainda temos muito chão para percorrer, mas vemos esforços neste sentido, como o projeto de banda larga do Governo Federal. Não é uma limitação do modelo, mas uma questão temporal, que pode ser e será resolvida. Quanto à segurança, embora se fale muito nos riscos em nuvens, existem alguns aspectos positivos que merecem atenção. Um deles é que, no modelo de Computação em Nuvem, o valor dos desktops e notebooks estará na nuvem e não em seus HDs. Ora, como as estatísticas apontam que um terço dos problemas de violação de segurança devese ao uso de informações obtidas em laptops roubados, o fato das informações estarem nas nuvens e não mais nos HDs é bastante positivo. Outros aspectos positivos (sob a ótica de segurança) decorrentes do uso de nuvens são os upgrades de software que corrigem brechas de segurança automaticamente (no modelo atual, uma grande parcela dos usuários não atualiza seus softwares adequadamente, deixando os bugs que permitem vulnerabilidades ainda ativos) e a uniformidade dos padrões de segurança, ao contrário do modelo atual, em que os usuários podem ter mais ou menos recursos de segurança ativos em seus PCs e laptops. Também devemos lembrar que muitos data centers de empresas de pequeno a médio porte não têm bons procedimentos de segurança implementados e que nuvens ofertadas por provedores de alto nível possuem não só
5 44 :: TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion procedimentos e recursos sofisticados e auditados, como também um staff técnico com uma expertise acumulada que nenhuma empresa de pequeno porte teria. TI: Fora estas, existem mais limitações relacionadas a este serviço? Taurion: Muitas preocupações e receios quanto ao uso de Cloud Computing são causados pelo desconhecimento e o clássico e conhecido medo do novo. Lembra-se que há dez anos atrás muitos diziam jamais colocarei o número do meu cartão de crédito na internet? Claro que muitas das preocupações têm fundamento. Por exemplo, a maior preocupação dos executivos é quanto às questões de segurança e privacidade. Depois vemos os desafios de integrar nuvens computacionais e aplicações SaaS (Software como Serviço) à infraestrutura já existente nas empresas, a falta de padrões que permitam interoperabilidade entre nuvens de diferentes provedores (e o receio do aprisionamento forçado a um determinado provedor), as dúvidas de como definir ROI para a implementação de n u v e n s e d e c o m o exigir garantias de n í v e i s d e s e r v i ç o d o s p r o v e d o r e s d e n u v e n s. M a s, à m e d i d a q u e o c o n c e i t o f o r evoluindo e virmos mais e mais casos de adoção, muitas destas preocupações serão abrandadas. T I : E m r e l a ç ã o a o s v a l o r e s, c o m o e l e s s ã o mensurados? Dependem de formatos de aquisição de softwares e espaço de disco utilizado? Taurion: O apelo econômico da Computação em Nuvem, de converter despesas de capital (capex) em despesas operacionais (opex), é bem forte, e o modelo de pagar por uso, ou pay as you go, captura muito adequadamente o benefício econômico da proposta. As horas de computação adquiridas de uma nuvem podem ser distribuídas de forma não uniforme, ou seja, podemos usar 80 horas de servidor hoje e apenas 5 amanhã, e pagaremos apenas 85 horas. Adicionalmente, pelo fato de não ser necessário provisionar antecipadamente capex, podemos deslocar este capital para algum investimento diretamente relacionado com o próprio negócio da empresa. Os modelos contratuais são diversos, mas geralmente contratam-se horas de processador, espaço em disco e volume de dados trafegados entre os servidores e os discos. TI: Como você poderia explicar os serviços IaaS (Infrastructure-as-a-Service), PaaS (Plataform-as-a- Service) e SaaS (Software-as-a-Service)? Existe mais algum além destes? Taurion: À primeira vista, quando se fala no assunto, aparece a propensão de imaginarmos um único modelo, geralmente de infraestrutura. Mas, na verdade, existe uma diversidade de serviços de Computação em Nuvem. Podemos dividir os serviços de nuvem em camadas, que podem ser vistos como níveis de abstração, escondendo do usuário as camadas de nível mais baixas. Camada de infraestrutura em nuvem (Infrastructureas-a-Service): com oferta de serviços de hospedagem de capacidade computacional e armazenamento de dados, é a camada mais básica da Computação em Nuvem. Um exemplo típico são as ofertas de serviços em nuvem da Amazon. Camada de desenvolvimento e serviços de gerenciamento em nuvem: um exemplo são as plataformas de desenvolvimento, como as oferecidas pelo Google AppEngine e pela Force.com. Muitas vezes, estas camadas usam serviços e softwares da camada anterior. C a m a d a d e a p l i c a ç õ e s o u Software-as-a- Service: c o m o Salesforce.com, G o o g l e D o c s o u L o t u s L i v e d a I B M. M u i t a s d a s aplicações Web 2.0 m a i s c o n h e c i d a s, como Facebook, Flickr e Linkedin, são serviços baseados em nuvem, embora seus usuários não tenham ideia disso. Esta camada é a parte mais visível da Computação em Nuvem e a que mais enfatiza seus benefícios para os usuários. Camada de processos: envolve processos de negócio baseados nas tecnologias ofertadas pelas camadas anteriores. Um exemplo são os serviços de BPO (Business P r o c e s s i n g O u t s o u r c i n g ) o f e r e c i d o s n o m o d e l o d e Computação em Nuvem. Ainda incipiente, mas que deve no futuro transformar o próprio mercado de BPO. Abaixo de todas estas camadas podemos imaginar uma camada zero, onde se situam os for necedores de tecnologias básicas, que são exatamente os ser vidores, discos, equipamentos de rede, sistemas operacionais. Estes componentes são a base tecnológica das nuvens. Geralmente contratam-se horas de processador, espaço em disco e volume de dados trafegados entre os servidores e os discos TI: O que deve ser avaliado em um provedor de acesso e na empresa responsável pela nuvem para que os dados enviados possam ser confiados à empresa? Taurion: S e l e c i o n a r u m p r o v e d o r d e s e r v i ç o s computacionais externos como uma nuvem passa por alguns itens já conhecidos, como a competência e reputação do
6 TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion :: 45 provedor, acrescidos de outros específicos, como: Custos de troca do provedor. Sim, as nuvens públicas ainda são proprietárias e nem sempre será fácil migrar de uma nuvem para outra, embora os custos possam variar de acordo com o tipo de serviço contratado no modelo de cloud. Por exemplo, trocar um serviço de SaaS é muito mais complicado que trocar de fornecedor de Storage-as-a-Service. Politica de preços. Uma das vantagens do modelo de cloud é pagar apenas pelos recursos utilizados. Assim, é importante validar o nível de transparência da política de preços do provedor e sua aderência a este modelo. Desempenho e disponibilidade da nuvem. Usar serviços computacionais em nuvem faz com que o seu desempenho seja resultante de diversos fatores, alguns deles externos ao provedor. Um bom contrato de SLA, com penalidades para situações de não cumprimento das cláusulas contratuais, é sempre bem-vindo! Transparência da cadeia de valor da nuvem. Um provedor de SaaS pode estar usando uma nuvem de terceiro para sua infraestrutura como base computacional para sua oferta. Saber disso e ter uma avaliação da qualidade deste subcontratante é importante para validar o seu provedor de SaaS. Um item que merece atenção especial é a questão da segurança. Como avaliar a segurança oferecida pelo provedor de nuvem? Bem, existem diversos itens que devem ser analisados. Vamos, por exemplo, considerar uma nuvem na qual usaremos serviços de infraestrutura (como as ofertadas pela Amazon). O que devemos analisar antes de fechar contrato? O provedor tem certificações externas de segurança e governança? Quais os recursos e procedimentos de segurança física? Lembre-se que um provedor de cloud concentra muitas empresas clientes e é um alvo e tanto para hackers. Segurança dos servidores virtuais. Neste caso, avalie a segurança do sistema host, bem como dos sistemas operacionais guest. Na Amazon, os sistemas guests são controlados pelos clientes; portanto, devem implementar eles mesmos os procedimentos de segurança. Este modelo tenderá a ser usado por muitos provedores de nuvens de IaaS (Infrastructure-as-a-Service) públicas. Segurança da rede e dos firewalls. Por exemplo, o provedor está protegido por mecanismos de mitigação de ataques DoS (Denial of Service) ou impedimento de IP spoofing? Backups. Quem é responsável por eles? Na Amazon, o cliente é o responsável pelos backups de seus servidores virtuais. Estamos dando os primeiros passos em direção ao mundo da Computação em Nuvem, com seus grandes benefícios, mas também muitos desafios. Como os provedores de nuvens não são iguais e seu nível de maturidade é bem diferenciado, devemos definir critérios bem detalhados de avaliação. T I : S ã o c o l o c a d o s e m p e c i l h o s n a h o r a d e implementar o serviço, como a segurança dos dados, mas há anos já confiamos dados a servidores virtuais através de nossos s. Podemos comparar o armazenamento de dados de Cloud Computing com s? Taurion: Mesmo sem conhecer o assunto, muita gente já utiliza a Computação em Nuvem: quem tem Gmail ou armazena fotos da família no Flickr, por exemplo. No meu laptop profissional, por razões de segurança e aspectos contratuais, uso apenas os softwares autorizados pela área de TI da empresa. Mas, em casa, em meu desktop pessoal, já estou dependente da Computação em Nuvem. Sou usuário do Google Docs, uso o Gmail, armazeno backups no MozyHome etc. Em resumo, praticamente uso apenas softwares e serviços gratuitos. Que diferença dos primeiros tempos da microinformática, quando éramos obrigados a comprar caixas e mais caixas de softwares, caros para nossa renda, mas necessários, pois era o modelo computacional da época! Foi este modelo que gerou empresas multibilionárias como a Microsoft. Mas é uma era que está chegando ao fim. E por que usamos esses serviços? Simples: são fáceis de usar e muito convenientes. Ter acesso a seus s, fotos e arquivos de texto e apresentações, de qualquer lugar, de qualquer computador, seja o seu próprio, de um amigo ou em um cibercafé, faz muita diferença. Se olharmos para os próximos anos, o uso da Computação em Nuvem deve aumentar significativamente. Além de a tecnologia estar disponível (proliferação de conexões banda larga, processadores mais baratos e cada vez mais poderosos e custo de armazenamento caindo significativamente), permitindo a criação de data centers massivos, algumas pesquisas têm mostrado que os usuários de 18 a 29 anos usam com muito mais intensidade estes serviços que os veteranos, de mais de 45/50 anos. E a geração digital que está começando a despontar no cenário do mercado de consumo e de trabalho vai acelerar mais ainda sua utilização. Daqui a dez anos este pessoal será dominante nas empresas. Além disso, a pressão por uma maior eficiência da infraestrutura de computação é cada vez maior. A cada dia são gerados no mundo inteiro novos 15 petabytes de informação. Os custos de energia elétrica aumentaram pelo menos oito vezes de 1996 até hoje. E se somarmos a isso a previsão de que em 2011 um terço da população mundial estará na internet, fica claro que os modelos de gestão de infraestrutura atuais não são mais adequados. Depois de uma era tecnológica caracterizada pela ascensão do computador pessoal (PC), estamos vendo o ressurgimento da centralização. O último quarto de século foi caracterizado pela descentralização da computação, com o processamento e armazenamento da informação dispersos em cada computador de mesa ou laptop. Embora os custos de aquisição destas máquinas fossem baixos, o custo de integrar e operar redes de milhares de computadores tornouse um grande e caro pesadelo para as empresas. A era que se aproxima deverá trazer uma maior consolidação do poder de
7 46 :: TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion computação, integrada a uma rede massiva de servidores, a Computação em Nuvem. O que se ganha com este modelo? Os usuários domésticos passarão a dispor destas nuvens, obtendo, na prática, acesso praticamente ilimitado a recursos, como espaço em disco e softwares. Veremos um deslocamento do conteúdo de dentro dos PCs para as nuvens computacionais. Provavelmente não serão mais necessários computadores pessoais com grande capacidade de processamento, como hoje. Para que dispor de 120 GB de disco rígido se podemos, via comunicações de alta velocidade, ter acesso a terabytes de dados? As pessoas poderão usar equipamentos portáteis, como smartphones ou netbooks, com um browser para acesso à internet. Através deste browser será possível acessar qualquer informação pessoal e aplicativos, pois estarão todos disponíveis nas nuvens. O PC pode ser praticamente um chip com um monitor ligado à internet. Toda a inteligência estará na rede. Uma frase propagandeada pelo Google reflete bem isso: meu outro computador é um data center. T I : U m a questão bastante d e b a t i d a é o a r m a z e n a m e n t o d e d a d o s governamentais na Cloud Computing. V o c ê a c h a a d e q u a d o q u e o s países decidam por aderir ao serviço? Taurion: O uso de nuvens computacionais pelos governos nos remete a uma série de desafios e questionamentos que merecem todo um capítulo a parte. Governos, claro, estão preocupados em reduzir custos de suas atividades, mas também preocupam-se com as questões de privacidade, acesso a dados e segurança, uma vez que estão, na maioria das vezes, tratando de informações que dizem respeito aos seus cidadãos. Existem alguns riscos e cuidados aos quais os governos devem se atentar: Localização dos dados. De maneira geral, os usuários não precisam saber onde os seus dados estão armazenados nas nuvens computacionais. A premissa das nuvens é exatamente a transparência e, pelo fato de muitos dos provedores serem empresas globais, estes dados podem estar residindo em outros países. Esta é uma situação que pode gerar alguns questionamentos legais. Será que dados referentes aos cidadãos de um país podem residir em outro país? Segurança. É absolutamente necessário ter garantias de que os dados classificados como confidenciais estejam armazenados de forma segura e que sejam acessados apenas pelos usuários autorizados. Auditoria. É necessário que seja plenamente possível rastrear as movimentações em cima dos dados para atender eventuais demandas de investigações. Disponibilidade e confiabilidade. Os dados precisam ser sempre acessados quando necessário. Uma questão a ser resolvida é: se o provedor de uma nuvem sair do mercado, o que acontecerá com os dados armazenados em seus data centers? Portabilidade e aprisionamento. Os governos não podem ficar presos a um determinado fornecedor de tecnologia ou provedor de serviços. Muitas nuvens ainda são fechadas, impedindo que as aplicações interoperem com outras nuvens. Algumas nuvens forçam, inclusive, que a linguagem de programação a ser usada na sua plataforma seja proprietária, como a Force.com. Outras plataformas, como a Google AppEngine, impõem um banco de dados proprietário (BigTable). Portanto, os gestores de TI de governo devem tomar cuidados redobrados quando estiverem desenhando suas estratégias de Computação em Nuvem. Podem, é claro, considerar a utilização de nuvens oferecidas pelos provedores externos para dados e aplicações públicas, como sites ou documentos e Para que dispor de 120 GB de disco rígido se podemos, via comunicações de alta velocidade, ter acesso a terabytes de dados? aplicações de livre a c e s s o. C o m i s s o, reduzem a demanda para seus próprios d a t a c e n t e r s e otimizam o uso da sua infraestrutura. E x i s t e t a m b é m a possibilidade de se criar em nuvens governamentais, interligando data centers de vários órgãos de governo que tenham características similares. Se existir massa crítica entre os data centers de vários órgãos que os permitam operar com eficiência em nuvem, por que não adotar este modelo? Por outro lado, informações altamente sensíveis devem ser avaliadas se podem ou não ser colocadas em nuvens, mesmo governamentais, ou se precisam ficar em data centers isolados, operando da forma tradicional. Mas o papel dos gover nos com relação às nuvens computacionais deve ir além de ser usuário. Os governos podem e devem ser indutores de políticas de incentivo em setores estratégicos. Um deles é exatamente a indústria de software. Para potencializar esta indústria, vemos que as nuvens computacionais abrem novos horizontes para empreendedores. A criação de plataformas de desenvolvimento, nas quais incubadoras e empresas de software que em sua maioria são de pequeno porte e de pouca capacidade de investimento poderiam desenvolver muito mais rapidamente novas aplicações. A exploração mais intensa do modelo SaaS e a criação de marketplaces, como extensões às plataformas de desenvolvimento, ampliaria em muito o alcance de comercialização destes softwares
8 TIdigital / Entrevista / Cezar Taurion :: 47 e per mitiria abrir com mais desenvoltura o mercado internacional para o software brasileiro. O governo poderia investir no fomento à criação de nuvens computacionais para incentivar a indústria. TI: Poderia dar alguns exemplos de aplicações em nuvem e indicar alguns bons provedores que ofereçam o serviço? Taurion: Existem alguns nomes fortes em Computação em Nuvem. Temos a IBM, com ofertas voltadas à criação de nuvens privadas, com a solução do LotusLive, que é uma oferta de SaaS. Temos também a Amazon, o Google, o Salesforce, com sua oferta de CRM em SaaS, e agora a Microsoft, com o Azure. TI: O que ainda podemos esperar da Computação em Nuvem? Taurion: No final do século XVIII, a revolução industrial iniciou a transição da economia baseada na força de trabalho manual pela economia baseada na tecnologia, com máquinas e ferramentas que potencializaram nossos braços e pernas. O nascimento e a evolução da tecnologia nos permitiram criar a sociedade da informação, com os computadores potencializando nossa capacidade de pensar e criar. Evoluímos e, nos últimos vinte anos, saímos da simples automação de processos para usar computadores como ferramentas de apoio à inovação. Hoje, estamos dando mais um passo, saindo da era industrial para uma sociedade focada em serviços. As 25 maiores economias do planeta têm serviços como parte importante e muitas vezes dominante de seu PIB. E uma economia de serviços é basicamente fundamentada em informação. O surgimento do modelo de Computação em Nuvem é mais um passo importante na evolução da nossa sociedade. Estamos agora chegando ao estágio da industrialização dos serviços e o próprio conceito de Computação em Nuvem deve caminhar na direção a ser considerado Servicesas-a-Ser vice ou ser viços como ser viço. Como todos os serviços, quaisquer que sejam eles, demandam mais e mais recursos computacionais. Por isso, é imprescindível que os computadores se tornem tão ubíquos e transparentes a ponto de não precisarmos tê-los dentro de casa. Como nossa sociedade chegou aonde chegou devido à disseminação da eletricidade, quando nós não precisamos gerar nossa própria energia, mas nos basta simplesmente ligar um aparelho na tomada, o mesmo está para acontecer com a computação. O caminho para isso é a Computação em Nuvem. O uso continuado e crescente de Computação em Nuvem, open source e SaaS vai produzir mudanças significativas no modelo e na cadeia de valor de todos os setores de TI, obrigando que toda a indústria busque desenvolver novas combinações de ser viços e produtos, oferecendo-os ao mercado por novos e inovadores modelos de negócio. Provavelmente, veremos nos próximos anos os atores da indústria de TI, que ficaram presos durante anos a modelos de negócios, até então bem-sucedidos, mas business as usual, tendo que se reinventar, criando novos produtos e serviços que seriam inviáveis, tanto tecnológica como economicamente, na fase anterior. A Computação em Nuvem vai afetar a indústria de TI como um todo, que vai entrar em um cenário no qual haverá mais dinheiro construindo e gerenciando nuvens do que fabricando computadores. Aliás, estes sinais já estão se delineando. Um estudo feito pelo MIT mostrou que as principais empresas de software com ações na Nasdaq já obtêm a maior parte de sua lucratividade com manutenção e serviços e não mais com a venda de novas licenças. A Computação em Nuvem também vai afetar a maneira como as empresas operam e como as pessoas trabalham e vivem, permitindo que a tecnologia se entranhe em cada canto da sociedade e da economia, ajudando a reduzir a exclusão digital. Seu impacto pode ser similar ao que aconteceu na nossa sociedade, quando há mais de um século as empresas deixaram de gerar sua própria energia e começaram a adquiri-la de empresas especializadas, as usinas. Este movimento gerou todo um setor industrial, com algumas empresas se posicionando na geração de energia, outras na transmissão e outras na distribuição. Como isso vai acontecer? Será por um conjunto de fatores: data centers operando de forma mais eficiente, tornando-se verdadeiras fábricas de serviços computacionais em escala industrial; softwares sendo fornecidos como serviços, bastando muitas vezes conectar o seu navegador a um provedor (Software como Serviço e o modelo open source vão realmente democratizar o uso do software), e conexões de banda larga disseminadas por todos os lugares. Claro que não acontecerá de um dia para o outro, mas é inquestionável que já estamos caminhando, e rápido, nesta direção. Começamos a ver alguns primeiros debates sobre questões sociais e legais referentes ao uso de Computação em Nuvem. Governos começando a se preocupar com o fato de que os dados e aplicativos das empresas nacionais e de seus próprios departamentos estão em data centers situados no exterior. Isso levanta algumas questões referentes aos aspectos políticos de segurança nacional. O que acontecerá se houver um conflito político entre dois países e um deles for o responsável pelo processamento das aplicações das principais empresas do outro país? O importante é que estamos fazendo parte deste processo de mudanças. Estamos vivenciando a transição do modelo atual de computação, com servidores isolados e aplicações monolíticas, para o modelo de Computação em Nuvem e softwares componentizados, ofertados como serviços. É uma transformação que vai afetar o futuro da sociedade e, como profissionais, devemos estar conectados ao assunto.
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