O sobreendividamento
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- Mariana Eliana Fontes Barreto
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1 Conferência Internacional Promover a Eficácia das Execuções 19 de Junho de 2010 O sobreendividamento O papel do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da DECO Natália Nunes GAS Gabinete de Apoio ao Sobreendividado
2 APOIO AO SOBREENDIVIDADO A DECO criou o Gabinete de Apoio ao Sobreendividado - GAS. E, desde meados do ano 2000, o GAS tem vindo a informar e prestar apoio aos consumidores que se encontram excessivamente endividados e/ou sobreendividados.
3 APOIO AO SOBREENDIVIDADO Pedidos registados entre Janeiro e Maio de 2010 Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Total Contactos Telefónicos Contactos pessoais Contactos escritos Total - Contactos
4 NOÇÃO DE SOBREENDIVIDAMENTO O sobreendividamento, também designado por falência ou insolvência dos particulares, diz respeito aos casos em que o devedor está impossibilitado, de forma duradoura ou estrutural, de proceder ao pagamento de uma ou mais dívidas. Uma parte da doutrina considera ainda como sobreendividamento as situações em que o devedor, apesar de continuar a cumprir os seus compromissos financeiros, o faz com sérias dificuldades. Maria Manuel Leitão Marques
5 SOBREENDIVIDAMENTO ACTIVO Quando o devedor contribui activamente para se colocar em situação de impossibilidade de pagamento, por exemplo, não planeando os compromissos assumidos.
6 SOBREENDIVIDAMENTO PASSIVO Quando a impossibilidade de cumprimento resulta da ocorrência de circunstâncias imprevistas como o divórcio, o desemprego, a morte ou uma doença (os chamados acidentes de vida ), que determinam um aumento de despesas excepcional ou uma quebra no rendimento habitual do devedor.
7 Em regra, os sistemas de tratamento, judiciais ou extrajudiciais, criados para resolver o problema do sobreendividamento dos consumidores aplicam-se às situações de sobreendividamento passivo e, por vezes, a alguns casos de sobreendividamento activo, como o que resulta de uma certa negligência na contratação do crédito ou de uma má gestão do orçamento familiar.
8 COMO SOLICITAR O APOIO DO GAS Qualquer consumidor, sobreendividado passivo, pode solicitar o apoio dos Gabinetes de Apoio ao Sobreendividado, para isso poderá contactar pessoalmente ou por escrito o Gabinete mais próximo.
9 REQUISITOS ESTABELECIDOS PELA DECO QUEM AJUDAMOS: Pessoas singulares (consumidores); de boa fé; com manifesta impossibilidade de fazer face ao conjunto das suas dívidas não profissionais.
10 OUTROS REQUISITOS: Prestamos apoio a todos os consumidores que se encontrem numa situação de sobreendividamento passivo, ou seja, quem por uma razão fortuita e alheia esteja impossibilitado de cumprir pontualmente os seus compromissos decorrente, nomeadamente de: doença grave ou prolongada ou acidente; modificação imprevisível da situação laboral que não seja da iniciativa do trabalhador; alteração do agregado familiar
11 REQUISITOS DAS DÍVIDAS/CRÉDITOS QUE PODEM SER RENEGOCIADAS. Todas as dívidas que não tenham sido contraídas no exercício da sua actividade profissional, dividas não profissionais de um particular. Ficam excluídas as dividas de natureza fiscal (ex. IRS, IRC, IVA, Segurança Social...) e as dívidas que já se encontrem em Tribunal. Dividas que se encontrem em tribunal.
12 QUANDO O CONSUMIDOR PEDE APOIO À DECO: (Já) não existem poupanças; O valor da taxa de esforço ultrapassa muitas vezes o rendimento disponível; Na maior parte das vezes já estão em situação de incumprimento.
13 Rendimentos Despesas Descrição Subsidio Abonos Casa Electricidade 100,00 Desemprego 406,00 Agua 40,00 RIS Gás 50,00 Pensão Renda 800,00 Trabalho Salário 1.870,00 Condomínio Salário Comunicações Telefone Fixo Salário Telefone móvel 50,00 Outras Televisão Cabo 75,00 Outras Rendas Alimentação Alimentação 400,00 Venda de bens Educação Educação 50,00 Juros e Rendimentos Sáude Saúde 30,00 Outras Outras Outras 2- Total das Receitas 1.870,00 Saldo = Positivo /Negativo 1.870,00 1- Total das Despesas 1.595, Total das Despesas + Créditos 1.595,00 3- Total das Despesas + Propostas 1.595,00
14 Credor Tipo de crédito Montante Prestação Millennium pessoal 789,95 82,72 Millennium pessoal 1.592,54 89,38 Millennium pessoal 2.731,88 100,53 Millennium cartão 2.000,00 100,00 Millennium cartão 500,00 50,00 Millennium cartão 2.000,00 100,00 Santander pessoal ,35 350,00 Santander cartão 4.400,00 105,00 Citibank cartão 9.740,23 650,00 Cetelem cartão 1.333,00 52,00 Cetelem cartão 4.332,72 170,00 Cetelem cartão 617,02 25,00 Cetelem pessoal 9.058,00 258,80 Cetelem pessoal 1.700,00 99,01 Barclays pessoal 7.236,00 268,00 Barclays cartão 4.000,00 122,00 Oney cartão 4.750,00 195,00 Oney pessoal 7.000,00 250,00 Ge money pessoal 6.000,00 165,00 Cofidis pessoal 7.000,00 280,00 Cofidis pessoal 2.500,00 75,00 Cofidis pessoal 709,52 88,69 Cofidis pessoal 1.376,40 68,77 Cofidis pessoal 4.817,90 133,83 Cofidis pessoal 4.884,00 148,00 Credibom pessoal ,00 210,00 Credibom cartão 3.500,00 235,00 Crediagora pessoal 3.200,00 90,00 Credifin pessoal 6.000,00 140,00 BPI cartão 1.000,00 75,00 Elcorte ingles cartão 2.500,00 200,00 Santander consumer pessoal 3.300,00 134,00 Santander consumer cartão 800,00 25,00 Unibanco cartão 2.900,00 148,00 Total , ,73
15 PERFIL DO SOBREENDIVIDADO A idade dos consumidores sobrendividado varia entre 20 e 80 anos, mas a maioria situa-se na faixa etária dos 35 a 45 anos. A distribuição por estado civil é maioritária a situação conjugal, seguida da condição divorciado/separado. O número médio de elementos do agregado familiar é de 3 elementos.
16 O rendimento mensal líquido actual do agregado familiar situa-se predominantemente no escalão dos 1500 euros a 2000 euros. Existe um multi-endividamento em regra existem mais de 4 créditos (crédito habitação + crédito automóvel + crédito pessoal)
17 CAUSAS PROCESSOS DE 2010 Causa % Agravamento do custo de crédito 5,3 Desemprego 27,1 Deterioração das condições laborais 15,1 Divórcio/Separaçã o 12,3 Doença 23,2 Morte de um elemento do agregado familiar Outro 12 5
18 TAREFAS DO GAS: Informação / aconselhamento do consumidor endividado/ sobreendividado; Aconselhamento do consumidor sobre a gestão do seu orçamento familiar; Aconselhamento do consumidor na elaboração de um plano de pagamentos, sempre que possível; Apoio ao consumidor na renegociação dos seus encargos/créditos;
19 ANTES DO CONTACTO COM OS CREDORES, O GAS: Procede à análise dos contratos, nomeadamente à analise de eventuais nulidades contratuais, prescrição ou caducidade dos direitos dos credores; No que concerne ao crédito à habitação analisa: Qual o regime do crédito (geral, bonificado) Se a taxa de juros é fixa ou variável Se é variável qual o indexante e qual o valor do Spread; Compara-se a taxa de juro cobrada com as praticadas no mercado, para detectar eventuais juros usurários ou muito elevados; Análise sobre a viabilidade da reestruturação do orçamento.
20 RENEGOCIAÇÃO DOS CONTRATOS COM OS CREDORES: Alteração dos prazos de pagamento como por ex. moratórias ou alargamento daqueles prazos; Perdão de juros; Baixa do spread ; Consolidação das dívidas.
21 PROCESSOS Ano N.º de Processos *
22 Tarefas do GAS no âmbito de um sistema de apoio ao sobreendividado reconhecido pelo Ministério da Justiça Acção Executiva Arbitragem
23 A ACÇÃO EXECUTIVA E OS SISTEMAS DE APOIO AO SOBREENDIVIDADO
24 GAS É RECONHECIDO COMO UM SISTEMA DE APOIO AO SOBREENDIVIDADO Ministério da Justiça reconheceu o GAS como um sistema de Apoio ao Sobreendividado. Ligação entre o GAS e a lista pública de execuções e centros de arbitragem da acção executiva
25 ALTERAÇÕES À ACÇÃO EXECUTIVA Decreto Lei nº 226/2008, de 20 de Novembro Lista Pública disponibilizada na Internet com dados de execuções frustradas por inexistência de bens penhoráveis; cucoes.aspx Possibilidade da utilização da arbitragem institucionalizada na acção executiva.
26 LISTA PÚBLICA Possibilidade do executado em situações de sobreendividamento recorrer aos Sistemas de Apoio ao Sobreendividado com vista à sua adesão a um plano de pagamentos e ao seu pontual pagamento Permite a suspensão dos registos das execuções frustradas( Dec. Lei 226/2008 que alterou o Dec. Lei 201/ art. 16º C)
27 INCLUSÃO NA LISTA PÚBLICA No caso do executado que não tenha pago a quantia em dívida ou aderido a um plano de pagamento é comunicado electronicamente ao agente de execução e ao Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios (GRAL), o agente de execução efectua automática e electronicamente a inclusão dos dados na lista pública de execuções. ( art. 4º da Portaria 313/2009)
28 A ligação entre o sistema de apoio a situações de sobreendividamento, a lista pública e centros de arbitragem permite: A suspensão dos registos constantes da lista pública de execuções frustradas; A suspensão dos processos de execução submetidos aos centros de arbitragem e referentes a executados sobreendividados.
29 Pedidos efectuados ao GAS 0 pedidos efectuados por consumidores Mas Houve diversos pedidos de informação efectuados por agentes de execução, advogados, funcionários dos tribunais Mas É uma medida recente É necessários que os agentes da justiça tenham conhecimento destas medidas /mecanismos
30 MODELOS DE TRATAMENTO DO SOBREENDIVIDAMENTO
31 MODELOS DE TRATAMENTO DE SOBREENDIVIDAMENTO O modelo da fresh start tipicamente anglo-saxónico, ou da nova oportunidade, e o modelo europeu continental da reeducação, presente, entre outros, no direito francês
32 MODELO DA FRESH START É um sistema onde são liquidados os bens do devedor, pagas as dívidas possíveis e perdoadas as restantes. Depois disso, o devedor pode recomeçar a sua vida e aceder ao crédito, sem ter os seus rendimentos presos a qualquer pagamento. Esta filosofia concretiza-se no Capítulo 7 do Bankruptcy Code, dos EUA, e no Insolvency Act, de 1986, do Reino Unido.
33 MODELO REEDUCAÇÃO os indivíduos são encarados como pessoas responsáveis e cidadãos decentes e muito menos como agentes económicos (Huls, 1994: 119). O sobreendividado é alguém que se excedeu, embora tenha sido também em parte vítima de um sistema de crédito de fácil acesso e de constantes apelos ao consumo. Por isso, deve ser ajudado, sobretudo quando as suas dificuldades financeiras resultaram de circunstâncias imprevisíveis e não intencionais (sobreendividamento passivo).
34 CÓDIGO DE INSOLVÊNCIA FINALIDADE DO PROCESSO DE INSOLVÊNCIA (ART. 1º): O processo de insolvência é um processo de execução universal que tem como finalidade a liquidação do património de um devedor insolvente e a repartição do produto obtido pelos credores, ou a satisfação destes pela forma prevista num plano de insolvência, que nomeadamente se baseie na recuperação da empresa compreendida na massa insolvente.
35 SITUAÇÃO DE INSOLVÊNCIA (art. 3º) : 1 - É considerado em situação de insolvência o devedor que se encontre impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas. 4 Equipara-se à situação de insolvência actual a que seja meramente iminente, no caso de apresentação pelo devedor à insolvência.
36 SITUAÇÃO DE INSOLVÊNCIA QUEM? Todo o devedor que se encontre impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas Pessoa singular Pessoa colectiva
37 DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA Devedor pessoa singular não titular de empresa Não é obrigado a prestar-se à insolvência ATENÇÃO PARA BENEFICIAR DA EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE, DEVE FAZÊ-LO NO PRAZO DE 6 MESES (al. D nº 1 do artº 238º)
38 EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE Exoneração dos créditos sobre a insolvência que não foram integralmente pagos no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao encerramento deste, (art. 235º). Atribuição aos devedores singulares insolventes da possibilidade de se libertarem de algumas das suas dívidas, e assim lhes permitir a sua reabilitação económica.
39 PLANO DE PAGAMENTOS O devedor pessoa singular e não tiver sido titular da exploração de qualquer empresa, nos três anos anteriores ao inicio do processo, e à data do inicio do processo não tiver dívidas laborais, nem o seu passivo exceder os ,00 e tiver menos de 20 credores tem o direito de apresentar o plano de pagamentos. (Art. 249º)
40 Obrigado Natália Nunes
41
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