OFICINA DE PRODUÇÃO DE SABÃO REALIZADA NO PROJETO RONDON OPERAÇÃO CATOPÊ. Palavras-chave: Projeto Rondon, óleo de cozinha usado, reciclagem, sabão.

Transcrição

1 OFICINA DE PRODUÇÃO DE SABÃO REALIZADA NO PROJETO RONDON OPERAÇÃO CATOPÊ Área Temática: Meio ambiente Daniel Bartiko (Coordenador da Ação de Extensão) Daniel Bartiko 1 Bruna Carina Menon 2 Renata Brasileiro Franco 3 Palavras-chave: Projeto Rondon, óleo de cozinha usado, reciclagem, sabão. Resumo: O óleo de cozinha usado quando descartado inadequadamente causa sérios danos ao ecossistema aquático, impermeabilização do solo, obstrução de encanamentos e galerias de esgotos, contribuindo assim para problemas de odores, proliferação de vetores, enchentes, dentre outros. Algumas das ações desenvolvidas no Projeto Rondon, Operação Capotê, em Julho e Agosto de 2014, contribuíram para com questões ambientais do município de Francisco Sá/MG, visando a educação ambiental e a conscientização sobre a problemática do óleo de cozinha usado. Neste contexto, foram desenvolvidas oficinas de Produção de Sabão, com o intuito de reciclar o óleo de cozinha, preservar o meio ambiente, conscientização ambiental e inserção de novos hábitos, além de possibilitar novas fontes de renda, aumento da economia local, e atingir multiplicadores da prática na comunidade. Introdução A oficina de Produção de Sabão foi ofertada no município de Francisco Sá, Minas Gerais, durante a Operação Catopê, no Projeto Rondon que ocorreu do dia 20 de Julho a 3 de Agosto de Esta foi ministrada pelos acadêmicos da Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, com o intuito de conscientizar a população sobre os benefícios trazidos pela reciclagem do óleo de cozinha usado, incentivar nova fonte de renda e, principalmente, atingir multiplicadores dentro da comunidade. O óleo de cozinha proveniente de residências, comércio e indústrias é um potencial poluidor quando descartado inadequadamente. Asseiam-se alternativas para sua reciclagem, garantindo equilíbrio ambiental, econômico e social (ZUCATO, WELLE, SILVA, 2013). 1 Mestre. Docente do Departamento de Engenharia Ambiental da UNICENTRO, campus de Irati. danielbartiko@hotmail.com 2 Acadêmica do Curso de Engenharia Ambiental da UNICENTRO, campus de Irati. 3 Acadêmica do Curso de Administração da UNICENTRO, campus de Irati. Especialista em Ensino da Geografia e História, da ESAP Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação das Faculdade Integradas do Vale do Ivaí e Bacharel em Turismo pela UNICENTRO.

2 Os óleos são substâncias hidrofóbicas, formados predominantemente por ésteres de triacilgliceróis. Em função desta imiscibilidade e por possuir densidade menor que a água, quando em contato com esta, emerge para a superfície (WILDNER & HILLIG, 2012). Segundo o Programa de Gestão Ambiental - PGA (2012), um litro de óleo contamina 1 milhão de litros de água, ou seja, o suficiente para uma pessoa usar durante 14 anos. Isso acontece porque o óleo impede a troca de oxigênio e mata todos os seres vivos como plantas, peixes e microrganismos que vivem na água, além impermeabilizar o solo, contribuindo para as enchentes. Diversos estabelecimentos comerciais e residênciais descartam o óleo de cozinha usado na rede de esgoto. Este descarte incorreto gera problemas com higiene, mau cheiro e compromete o funcionamento das estações de tratamento de água e de esgoto (ALBERICI & PONTES, 2004). Quando é descartado no ralo ou na pia provoca entupimentos nos encanamentos e aumenta os custos de limpeza nas caixas de gordura residenciais, o que contribui para aumentar a proliferação de ratos, baratas e outros vetores transmissores de doenças (PROGRAMA BIOLEO (b), [20-?]). Atualmente, as tecnologias mais utilizadas para reciclagem de óleo vegetal usado em frituras são: a saponificação, a produção de biodiesel e a constituição de ração animal. Uma pequena parcela também é destinada a utilização como matéria prima para a fabricação de tintas e massa de vidraceiro (NEZI, UHDRE, ROMERO, 2011). Segundo o Programa Bióleo (a) ([20-?]), a reciclagem do óleo acarreta em benefícios diretos para a natureza, economia e melhora a qualidade da vida; deixa de ser um resíduo contaminante, se transforma em insumo para a produção; reduz consideravelmente os custos com o tratamento da água que abastece cidades; transforma resíduo custoso e impactante ao meio ambiente em um insumo de valor econômico e ambiental. Nexte contexto, a simples atitude de não jogar o óleo de cozinha usado direto no lixo ou no ralo da pia pode contribuir para diminuir até o aquecimento global (PGA, 2012). Metodologia O presente trabalho estrutou-se em 2 momentos. Primeiramente, baseou-se em pesquisa e revisão bibliográfica para confeccionar as apostilas e a oficina de Produção de Sabão, bem como foram feitas visitas à fabrica de sabão localizada em Irati para aprender a fabricar o sabão junto com o Clube de Mães da Associação de Morados do Bairro de Engenheiro Gutierrez AMEG. Posteriormente, viajou-se até a cidade de Francisco Sá em Minas Gerais onde a equipe da UNICENTRO participou da Operação Catopê do Projeto Rondon. A oficina de Produção de Sabão foi estruturadas em 2 etapas. A primeira caracterizava-se por apresentação teórica, com auxílio de slides, e conversação com os participantes a respeito dos impactos causados pelo descarte incorreto do óleo

3 de cozinha usado, bem como os benefícios que a reciclagem pode trazer. Ainda nesta etapa explicou-se a receita e o procedimento de fabricação do sabão. Salientou-se que a fabricação de sabão requer cuidados, e exige-se equipamentos de proteção individual, como óculos, luvas, avental e máscara para evitar queimaduras com a soda cáustica. Na segunda etapa da oficina, realizou-se a confecção do sabão ecológico. Salientou-se que poderiam ser feitas receitas com quantidades menores ou maiores do ingredientes, desde que, nas mesmas proporções. Materiais: 200 ml de Sabão em Pó; 2 L de Água; 400 ml de Vinagre; 1 L de Soda cáustica (NaOH 99%); 6 L Oléo de cozinha usado; 200 ml de desinfetante ou amaciante; Preparo: Colou-se em um balde o sabão em pó e o dissolveu em água. Acrescentou-se a soda cáustica e a mexeu até dissolve-lá. Em seguida, acrescentou-se o desinfetante, o vinagre, e por útlimo o óleo de cozinha usado, e mexeu-se até que a mistura adquirisse textura mais consistente. Após, colocou-se o sabão, ainda liquido, em potes plásticos usados, como os de margarina, sorvete, garrafas Pet e caixinhas de leite cortadas. Resultados e discussão A primeira oficina de Produção de Sabão foi realizada no dia 29 de Julho de 2014 no polo da UAB, onde contamos com a presença de 11 participantes (Figura 1). Devido a procura pela oficina, esta foi reofertada para a população. A segunda apresentação da oficina realizou-se no distrito de Catuni, no dia 1º de Agosto, para alunos do 3º ano do ensino médio e funcionários da escola, com participação de aproximidamente 25 indivíduos (Figura 2). E a terceira realizou-se no dia 2 de Agosto, na Casa da Pastoral da Criança, para os reponsáveis pelo estabelcimento. Nas oficinas, confeccionamos o sabão a partir do óleo de frituras doado por algumas lanchonetes e restaurantes do município. O sabão demorou, aproximadamente, 12 horas para ficar firme e assim poder ser desenformado. Ainda que firme, salientou-se a importância de esperar um tempo de cura, de aproximadamente 1 mês, antes de utilizá-lo. Em relação aos ingredientes, o vinagre foi usado com o intuito de abaixar o ph do sabão. Aconselhou-se usar o desinfetante na receita, quando o intuito do sabão é o uso para serviços em geral, e este pode ser substituído pelo amaciante quando o intuito é fabricar sabão para lavar roupas. Durante a oficina, alguns participantes relataram que já fabricavam sabão a partir do óleo descartado, porém, com receitas mais trabalhosas.

4 * Figura 1. *Figura 2. Considerações finais O processo de reciclagem do óleo vegetal através da produção de sabão ecológico é simples e prático, minimiza os impactos no meio ambiente, agrega-se valor ao transformar o resíduo, possibilita nova renda, gera aumento na economia local, melhora a qualidade de vida e conserva o meio ambiente. Através do Projeto Rondon 2014, conseguimos atingir uma parcela da população, e estes atuarão como multiplicadores, aumentando a rede de conhecimento desta prática.

5 Referências ALBERICI, R. M; PONTES, F. F., F DE. Reciclagem de óleo comestível de usado através da fabricação de sabão. Engenharia Ambiental, Espirito Santo do Pinhal, v. 1, n. 1, p , NEZI, S. M; UHDRE, D. F; ROMERO, A. L. Implementação do projeto Reciclagem de óleos e gorduras usados em frituras através a fabricação de sabão na UTFPR. In: VI Encontro de Produção Científica e Tecnologica. Outubro de PROGRAMA BIÓLEO DUPLAMENTE SUTENTÁVEL. Benefícios da Reciclagem. [20-?]. Disponível em: < em: 07 de Maio de 2014.(a) PROGRAMA BIÓLEO DUPLAMENTE SUTENTÁVEL. Descarte inadequado. [20-?]. Disponível em: < Acessado em: 07 de Maio de (b) PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL PGA. Sabão feito com óleo de cozinha: uma forma de diminuir o efeito estufa e a contaminação das águas Disponível em: < Acesso em: 07 de Maio de 2014 WILDNER, L. B. A; HILLIG, C.Reciclagem de óleo comestível e fabricação de sabão como instrumentos de educação ambiental. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v(5), n 5, p , REGET/UFSM (e- ISSN: ). ZUCATO, L.C; WELLE, I; SILVA, T. N. Cadeia reversa do óleo de cozinha: coordenação, estrutura e aspectos relacionais. REA Revista de Administração de Empresas/FGV-EAESP.São Paulo, v. 53, n. 5, p , set-out 2013.