O BARROCO NO BRASIL SÉCULO XVIII AO INÍCIO DO SÉCULO XIX

Transcrição

1 O BARROCO NO BRASIL SÉCULO XVIII AO INÍCIO DO SÉCULO XIX

2 O Barroco no Brasil O barroco foi o movimento artístico mais importante do Brasil colonial, colocando em ascensão o catolicismo e a fé;

3 O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses, leigos e religiosos. Seu desenvolvimento pleno se dá no século XVIII;

4 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa; Estendendo-se até as duas primeiras décadas do século XIX; Constitui de diversas tendências, tanto portuguesas quanto francesas, italianas e espanholas;

5 UM SÓ BRASIL, VÁRIOS BARROCOS

6 Tal mistura ética é acentuada nas oficinas laicas (prática nas oficinas dos mosteiros), em que mestres portugueses se unem aos filhos de europeus nascidos no Brasil e seus descendentes caboclos e mulatos para realizar algumas das mais belas obras do barroco brasileiro;

7 REGIÕES QUE IRRIQUECERAM COM A MINERAÇÃO E O COMÉRCIO DE AÇUCAR MINAS GERAIS RIO DE JANEIRO BAHIA PERNAMBUCO

8 As primeiras manifestações do espírito barroco no país estão presentes em fachadas e frontões; Principalmente na decoração de algumas igrejas; Meados do século XVII A talha barroca dourada em ouro, de estilo português, espalha-se pela Igreja e Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, construída entre 1633 e 1691

9 Igreja Igreja da Ordem e Mosteiro Terceira de São se São Bento Francisco do Rio de da Janeiro Penitência Rio de Janeiro Talha barroca dourada em ouro; Motivos folheares; Multidão de anjinhos e pássaros;

10 Igreja da Ordem Terceira se São Francisco da Penitência Rio de Janeiro Talha dourada, motivos florais, linhas curvas realizadas por escultores portugueses: Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito

11 RIO DE JANEIRO SÓ VEM A TER DESTAQUE ECONOMICO E CULTURAL COM O ÍNICIO DA EXTRAÇÃO DO OURO DE MINAS GERAIS, NO SÉCULO XVIII O PORTO ACABA SENDO O CENTRO DE INTERCÂMBIO ENTRE A REGIÃO DA MINERAÇÃO E PORTUGAL SE TORNA NOVA CAPITAL

12 AMBIENTE BARROCO NO INTERIOR DE UMA ARQUITETURA CLÁSSICA A vegetação barroca é introduzida na Bahia no fim do séc. XVII; Igreja dos Jesuítas; Capela Dourada Com seus cachos de uva, pássaros, flores tropicais e anjos-meninos;

13 Capela Dourada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, no Recife. construída e decorada entre 1696 e 1724.

14 As obras de Aleijadinho

15 Foram feitas 66 figuras em madeira policromada que reproduzem os Passos da Paixão de Cristo.

16 Pulpito da Igreja de N. Sra do Pilar Ouro Preto por Francisco Xavier de Brito e seus aprendizes

17 30 anos marcado pelo estilo Nacional Português, no Brasil, sem grandes variações nas diversas regiões...

18 Entre os anos de 1700 e 1730 uma vegetação de pedra esculpida tende a se espalhar nas fachadas; Contraste entre a relativa simplicidade de seus exteriores e as ricas decorações interiores Característica portuguesa. Como imitação dos retábulos (construção de madeira, de mármore, ou de outro material, que fica por trás e/ou acima do altar), seguindo a lógica da ornamentação barroca; MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE ANTÔNIO DIAS Um dos templos mais importantes de Ouro Preto, por sua qualidade arquitetônica e esplêndida ornamentação interna. Representa o estilo joanino (corrente artística portuguesa), característico da segunda fase do barroco mineiro.

19 Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto transição ao rococó mineiro Início das obras em 1756

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21 Em 1766 o dinamismo conquista o exterior; Arquitetura em planos circulares, com graciosa decoração em pedra-sabão. Pela primeira vez de forma ostensiva na fachada; Igreja de São Francisco, de Antônio Francisco Lisboa em Ouro Preto. Marcando o início do rococó em Minas Gerais. Escultura autoria de Aleijadinho e pintura de Ataide

22 RIO DE JANEIRO / MINAS GERAIS Rio de Janeiro, transformada em capital da colônia em 1763; Minas Gerais, desenvolvida à custa da descoberta de minas de ouro (1695) e diamante (ca.1730); Não por acaso, dois dos maiores artistas barrocos brasileiros trabalham exatamente nesse período.

23 MESTRES DO BARROCO Mestre Valentim - Manuel da Costa Ataíde (escultor, entalhador e urbanista ), no Rio de Janeiro; Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa (escultor e arquiteto), em Ouro Preto e adjacências;

24 MINAS GERAIS Alto poder aquisitivo proporcionado pelo ouro; Sensibilidade artística foram os principais fatores que animaram a produção de arte em Minas Gerais.

25 Regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração; Encontramos igrejas com trabalhos em relevos feitos em madeira; Talhas (técnica escultórica em que madeira é talhada ) recobertas por finas camadas de ouro; Janelas, cornijas, óculo (uma abertura redonda na fachada) e portas com detalhados trabalhos de escultura.

26 Arquitetura Minas Gerais foi o berço da mais forte e mais bela expressão de uma Arte Barroca genuinamente brasileira.

27 O Barroco em Minas Gerais Capela de N. Sra. Do Ó Sabará Matriz Igreja N. Sra Conceição - Sabará

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29 Igreja de Nossa Senhora da Conceição Ouro Preto

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31 Igreja de N. Sra do Pilar Ouro Preto ( ) Borromini San Carlo Alle Quattro Fontane 1636 ( Roma )

32 Igreja de N. Sra do Carmo - Diamantina Erguida entre 1760 e 1784, a igreja tem uma característica curiosa - a torre fica nos fundos da construção. O interior guarda um altar folheado a ouro e órgão de 549 tubos. A torre única foi construída na parte posterior, solução absolutamente original e inusitada. O frontispício obedece ao sistema construtivo tradicional da arquitetura religiosa da região em madeira e adobe. O conjunto de retábulos concebidos e executados no estilo de D. João V é o que de melhor se encontra no género em toda a região. Quanto à ornamentação, destaca-se o forro da capela-mor de José Soares de Araújo (1766).

33 A composição deste forro, pintado por José Soares de Araújo no ano de 1766, em perspectiva arquitetônica, apresenta quatro pilastras laterais unidas por arcos centrais, servindo como uma espécie de suporte para o desenvolvimento dos temas ornamentais que, tratados com abundância de detalhes, dão impressão de obras de ourivesaria, reforçada ainda pelo predomínio da tonalidade cinza com realces ouro distribuídos em pequenos toques.

34 Transformações que marcaram estilos diversos? Igreja de São Francisco de Assis Ouro Preto. Início do rococó mineiro?

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36 O barroco brasileiro é claramente associado à religião católica; O barroco é a nossa verdadeira raiz nacional; O ponto culminante da integração entre arquitetura, escultura, talha e pintura aparece em Minas Gerais.

37 Barroco Chegou ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Basílica Nossa Senhora do Carmo, Recife

38 As maiores partes das obras concentram-se em igrejas. Estas cidades eram ricas e possuíam uma intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento. SANTUÁRIO DO BOM JESUS DE MATOSINHO CONGONHAS DO CAMPO, MINAS GERAIS

39 Acabou adquirindo características próprias por receber influência de vários lugares da Europa. Em Minas, com Aleijadinho na arquitetura já no século XVIII, o barroco apresentase desenvolvido e com as características do rococó (nas artes: tons pastéis, delicadeza, brilho, suavidade e cromatismo). Igreja de São Francisco, Salvador

40 . Igreja de São Francisco, Salvador

41 O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho; Suas obras, de forte caráter religioso; Feitas em madeira e pedra-sabão;

42 Aleijadinho Filho de um mestre de obras português com uma escrava. Desenvolveu na idade adulta uma doença degenerativa que dificultava seu trabalho. Os instrumentos de trabalho eram amarrados ao seu corpo. Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto

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48 Além de extraordinário arquiteto e decorador de igrejas, foi também incomparável escultor. Antônio Francisco Lisboa - "O Aleijadinho". Seus projetos para as igrejas mineiras expressam uma obra de arte plena e perfeita. Desde a portada, com um belíssimo trabalho de medalhões, anjos e fitas esculpidas em pedra-sabão até aos doze profetas.

49 Características da escultura de Aleijadinho Olhos espaçados; Nariz reto e alongado; Lábios entreabertos; Queixo pontiagudo; Pescoço alongado em forma de V.

50 Tipo específico de expressionismo, que acaba tornando-se sua principal marca. Cristo carregando a cruz, Congonhas

51 A escultura era sua principal expressão, embora tenha papel importante na arquitetura. Os principais materiais utilizados eram a madeira e a pedra-sabão. Profeta Abdias, Congonhas

52 Os Doze Profetas e Os Passos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG).

53 Igreja Bom Senhor Jesus do Matosinhos, Congonhas

54 Manuel da Costa Ataíde Suas principais obras estão nos tetos de várias igrejas barrocas de Minas Gerais; A expressividade da pintura e o jogo de cores únicas fizeram dele um dos principais expoentes barrocos do período. Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto

55 Manuel da Costa Ataíde Suas principais obras estão nos tetos de várias igrejas barrocas de Minas Gerais; A expressividade da pintura e o jogo de cores únicas fizeram dele um dos principais expoentes barrocos do período. Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto

56 Mestre Ataíde Usava cores vivas e alegres e gostava muito do azul; Utilizava tanto a tinta a óleo (que importava da Europa) como a têmpera; Os pintores da época nem sempre podiam importar suas tintas; Faziam então suas próprias cores com pigmentos e solventes naturais aqui da terra.

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58 Mestre Ataíde entre outros, usava terra queimada, leite e óleo de baleia, clara de ovo, além de extratos de plantas e flores; É claro criavam suas próprias receitas que eram mantidas em segredo; Talvez por isso que se diz que não existe, no mundo inteiro, um colorido como o das cidades mineiras da época do barroco.

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60 Arte Barroca, esta basicamente voltada para a religiosidade; É uma arte muito rica e fascinante; Caracteriza-se pela preocupação e cuidando em cada detalhe; Por tentar transmitir uma sensação de sagrado utiliza o uso da estética para atrair a fé; Demonstra a emoção do povo e de toda a sociedade em geral da época.

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62 Foi de grande importância na história da arte brasileira. Não foi representado com tanta riqueza, mas sim com uma expressão mais modesta. Mas sempre com o intuito na fé.

63 Igreja Sant ana Salvador Detalhe da pintura do forro com áreas preenchidas com massa antes dos retoques. Peça já retocada com área refeita demonstrando a marcação da intervenção.

64 Igreja de Sant ana

65 Convento de Santo Antônio do Paraguaçu e o Convento de Santo Antônio de Cairu

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67 Convento de Santo Antônio Paraguaçu - BA É possível verificar a existência de vários trechos que identificam painéis de azulejos, já bastante desgastados.pelo tempo Muitos trechos estão riscados pela ação de vândalos, já que não há muito tempo, havia acesso irrestrito ao Convento.

68 Azulejaria do Convento de Santo Antônio de Cairu

69 Técnicas: Alicatado, Majólica e Vidrado Museu do Azulejo Lisboa: A complexidade do processo de manufatura do azulejo, entretanto, apesar da resistência apresentada, não o imuniza contra os danos provocados pelas condições de sua utilização na construção civil. A azulejaria era considerada apenas como um elemento de revestimento arquitetônico, que resolvia problemas de umidade, temperatura, associando também a decoração.

70 São Luís do Maranhão

71 Cachoeira - BA A Igreja do Carmo da Ordem Primeira

72 O interior da Ordem primeira do carmo A Igreja da Ordem Primeira do Carmo quase teve o forro da nave descartado com o entulho de uma limpeza geral feita nas áreas do Convento. Mas graças à ação de Seu Doró, o carroceiro que iria carregar aquele entulho foi possível aos técnicos do IPHAN fazerem uma recomposição com o que eram os restos do forro original, datado do período colonial ( século XVIII ).

73 Cachoeira Igreja Matriz do Rosário A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, de meados do século XVIII, mantém em seu interior uma decoração em azulejaria e trabalho de talha e douramento do baixo coro e púlpitos que por analogia podemos comparar também com o Convento de Paraguaçu.

74 Cachoeira Igreja Matriz do Rosário

75 REGIÕES QUE NÃO HAVIA AÇÚCAR NEM OURO COMO SÃO PAULO, AS IGREJAS APRESENTAVAM TRABALHOS MODESTOS DE ARTISTAS MENOS EXPERIENTES

76 A Capela de São Miguel Arcanjo Igreja datada de Recentemente, a construção passou por um processo de restauração, iniciado em 2006, e ganhou um museu, que está em funcionamento desde O mais interessante, no entanto, é que neste processo foram redescobertas duas pinturas murais que estavam escondidas atrás dos altares. Pesquisadores acreditam que estas pinturas sejam do século XVII e que estiveram cobertas pelos altares desde Agora, elas estão sendo restauradas, mas, após o restauro, elas deverão voltar para detrás dos altares. Depois disso, só será possível ver estas obras em reprodução fotográfica que ficará exposta no museu da Capela em São Miguel Paulista.

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78 Igreja de Nossa Senhora do Carmo Itu

79 Teto da capela-mor da igreja do Carmo, em Itu, São Paulo, pintado pelo frei Jesuíno do Monte Carmelo

80 Descobertas sob o forro da capela Altar Mor da Igreja do Carmo Medalhão central do forro da nave imagem de Santa Tereza Segundo o pesquisador do IPHAN, Carlos Gutierrez em palestra efetuada em fevereiro último dentro da própria Igreja, esta pintura que estamos vendo, se observarmos bem não está mais como no original, após uma tentativa de restauro de Peri Guarany Blackman ( ), ocorrida algum tempo antes de Mário de Andrade haver estudado e escrito um artigo sobre a pintura do padre Jesuíno, considerando-a com uma aparência inusitada, como em uma festa de arraial. Mas mesmo antes do Peri Blackman é provável que a obra tenha sido retocada. Já que nos meados do século XIX partes do tabuado tiveram de ser retiradas por ataques de cupins. Pode ter sido neste momento que alterações importantes tenham sido feitas. Assim, algumas áreas de prospecção revelaram outras colorações, que apenas um trabalho mais intenso, que ainda poderá ser feito, irá decifrar.

81 RESTAUROS E DESCOBERTAS na Igreja do Carmo na sé em São Paulo Resultados da redescoberta e do restauro da chamada pintura invisível do padre Jesuíno do Monte Carmelo na Igreja da Ordem Terceira do Carmo de São Paulo, realizadas entre 2008 e 2012 mostraram que a pintura do padre artista, originalmente executada entre 1796 e 1798, desde meados do século XX estava coberta por camadas de repintura. Sua descoberta só foi possível a partir das hipóteses lançadas pelo escritor modernista Mário de Andrade no início da década de São tombadas pelo IPHAN desde 1996 (1176-T-85).

82 Igreja Matriz de Itu

83 Pintura do teto da capela mor por Patricio da Silva Manso

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87 OUTRAS DESCOBERTAS RECENTES: Quando ocorreu o primeiro restauro da Igreja Matriz de Itu, a partir de 2001, a equipe responsável pela obra foi informada pelo professor Luís Roberto de Francisco, pesquisador do Museu da Música Itu, da existência de pranchas (tábuas de madeira) aparentemente muito antigas, contendo sinais de pinturas artísticas. Essas pranchas protegiam internamente o relógio da fachada da igreja. Já durante o segundo restauro, em 2014, as pranchas foram prospectadas e revelaram traços característicos da obra do Padre Jesuíno do Monte Carmelo, já mencionado, o mais famoso pintor colonial paulista, autor das telas da capela mor da Igreja Matriz de Itu, do forro da capela mor da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, do projeto arquitetônico e quadros da igreja de Nossa Senhora do Patrocínio de Itu, e de numerosas obras pictóricas e escultóricas em São Paulo e Santos, entre muitas outras.