PARLAMENTO EUROPEU PROJECTO DE PARECER. da Comissão para a Cultura, a Juventude, a Educação, os Meios de Comunicação Social e os Desportos

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1 PARLAMENTO EUROPEU Comissão para a Cultura, a Juventude, a Educação, os Meios de Comunicação Social e os Desportos PROVISÓRIO 9 de Novembro de 2001 PROJECTO DE PARECER da Comissão para a Cultura, a Juventude, a Educação, os Meios de Comunicação Social e os Desportos destinado à Comissão das Liberdades e dos Direitos dos Cidadãos, da Justiça e dos Assuntos Internos sobre a proposta de decisão do Conselho relativa à segurança por ocasião de jogos de futebol com dimensão internacional (C5-0435/ /0824((CNS)) Relatora de parecer: Marieke Sanders-ten Holte PA\ doc PE

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3 PROCESSO Na sua reunião de 16 de Outubro de 2001, a Comissão para a Cultura, a Juventude, a Educação, os Meios de Comunicação Social e os Desportos designou relatora de parecer Marieke Sanders-ten Holte. Nas suas reuniões de, a comissão procedeu à apreciação do projecto de parecer. Na última reunião, a comissão aprovou as alterações que seguidamente se apresentam por votos a favor, contra e por unanimidade. Encontravam-se presentes no momento da votação (presidente), (vice-presidente), (relatora de parecer), (em substituição de ), (em substituição de, nos termos do nº 2 do artigo 153º do Regimento),... e.... PA\ doc 3/8 PE

4 BREVE JUSTIFICAÇÃO 1. Procedimento: Nos termos do artigo 34 do Tratado UE, o Conselho pode adoptar decisões no quadro do terceiro pilar (cooperação policial e judiciária em matéria penal) por iniciativa da Comissão ou de um Estado-Membro. A presente iniciativa foi tomada pela Presidência belga. 2. A violência no futebol internacional: O futebol é o desporto mais popular na Europa. A nível amador, tem reconhecidamente uma importante função social, promovendo, não só a saúde, como também valores como o trabalho de equipa e o sentido de fair play. O futebol profissional, especialmente a nível internacional, movimenta grandes interesses. Infelizmente, o futebol profissional vê-se frequentemente prejudicado pelo fenómeno do hooliganismo e da violência, dentro e fora dos estádios. Todos os Estados-Membros têm os seus hooligans, mas o controlo da violência em jogos internacionais coloca problemas particulares. Vários Estados-Membros têm promulgado leis que autorizam as autoridades judiciais a impedir que reconhecidos ou presumíveis hooligans viajem para o estrangeiro quando se disputam jogos internacionais. Os intercâmbios de informação entre as forças policiais nacionais podem ajudar as autoridades a impedir a entrada de hooligans conhecidos nos países onde se realizam jogos internacionais. E a certeza da perseguição judicial no país em que o jogo se disputa ou no país de origem do hooligan reduziria, sem dúvida, a violência e a perturbação da ordem pública associadas ao futebol internacional. 3. O projecto de decisão: No projecto de decisão afirma-se que os intercâmbios de informação entre as autoridades nacionais competentes têm um papel importante na manutenção da lei e da ordem nos jogos internacionais de futebol. Mas o actual sistema de intercâmbio de informações, baseado em acordos não vinculativos e em contactos ad hoc entre as autoridades nacionais e que se limita, em grande medida, ao intercâmbio de informações sobre adeptos presumivelmente desordeiros, mostrou as suas limitações. O que é necessário, segundo o projecto de decisão, é que cada Estado-Membro crie ou designe um centro nacional de informações sobre futebol dirigido pela polícia (actualmente, apenas o Reino Unido, a Alemanha, os Países Baixos e a Bélgica dispõem de centros deste tipo, com carácter permanente) que funcione como "ponto de contacto único, directo e central". Os centros estarão encarregados da "recolha, tratamento e análise de informações relativas às características de todos os adeptos,... tanto dos adeptos em geral como dos adeptos de risco". 4. Observações da relatora: Embora possam ser úteis, as medidas tomadas pelos Estados-Membros para combater o fenómeno da violência no futebol e as disposições do projecto de decisão não podem resolver o problema. Os tribunais mostram-se reticentes (com razão) em restringir a liberdade de circulação de pessoas sem cadastro. Além disso, os Estados-Membros preferem frequentemente deportar - em vez de perseguir judicialmente - os adeptos estrangeiros detidos em encontros de futebol. Por outro lado, aumenta o número de indícios preocupantes de que o fenómeno do hooliganismo e da violência no futebol não são provocados por pequenas minorias de marginais e elementos de extrema direita, nem pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Dada a sua popularidade, não é de estranhar que o futebol traga à superfície todas as diferenças (de carácter racial, tribal ou sectário) que existem em todas as sociedades. Segundo um perito, o comportamento agressivo e a violência no futebol devem-se fundamentalmente "ao sentimento de virilidade e de defesa do território e à PE /8 PA\ doc

5 excitação" e são fonte essencial "de importância, de estatuto ou de "reputação" e de agradável excitação emocional". Uma actuação policial implacável apenas servirá para agravar as tensões. 5. O fenómeno do hooliganismo e da violência nos jogos de futebol são fundamentalmente problemas do foro penal e não de carácter desportivo ou cultural. A relatora propõe, no entanto, várias alterações ao projecto de decisão em domínios da responsabilidade da Comissão da Cultura: Novo considerando: acrescenta-se uma referência à Declaração sobre o desporto anexa ao Tratado de Nice, que sublinha a grande importância social do desporto; Novo considerando: sublinha a responsabilidade primordial das organizações desportivas e dos Estados-Membros na condução das actividades desportivas; nº 5 do artigo 3º: uma maior participação das equipas e das associações de adeptos poderia contribuir para melhorar o comportamento dos adeptos futebolísticos. Por exemplo, os jogadores e treinadores poderiam ser muito mais claros na condenação, não só da violência fora dos estádios, mas também dos cânticos racistas e xenófobos e dos apupos aos hinos estrangeiros no interior dos estádios. Também as associações de adeptos poderiam valorizar o facto de os adeptos que se deslocam com a equipa serem embaixadores do seu país, devendo comportar-se em conformidade. As autoridades nacionais deveriam consultar as equipas e estas associações quando preparam os perfis das equipas antes dos jogos internacionais. nº 2 do artigo 4º: poderiam evitar-se confrontos desnecessários com a polícia se esta estivesse mais bem informada acerca de padrões comportamentais dos adeptos da equipa visitante directamente relacionados com o meio cultural em que vivem. Estes aspectos deveriam estar incluídos nos intercâmbios regulares de informações previstos no projecto de decisão. ALTERAÇÕES A Comissão para a Cultura, a Juventude, a Educação, os Meios de Comunicação Social e os Desportos insta a Comissão das Liberdades e dos Direitos dos Cidadãos, da Justiça e dos Assuntos Internos, competente quanto à matéria de fundo, a incorporar as seguintes alterações no seu relatório: Texto da Comissão 1 Alterações do Parlamento Alteração 1 Considerando -1 bis (novo) (- 1 bis). A Declaração relativa relativa às 1 JO C , p. 7. PA\ doc 5/8 PE

6 características específicas do desporto e à sua função social na Europa, apensa como anexo IV ao Tratado de Nice, afirma que o desporto "constitui um factor de inserção, de participação na vida social, de tolerância, de aceitação das diferenças e de respeito pelas regras"e que, por conseguinte, "a Comunidade deve ter em conta... as funções sociais, educativas e culturais do desporto, fundamento da sua especificidade"; Justificação Acrescenta-se uma referência pertinente que destaca o mais amplo significado do desporto. Alteração 2 Considerando -1 ter (novo) (- 1 ter). A Declaração afirma ainda que "as organizações desportivas e os Estados-Membros têm uma responsabilidade primordial na condução das questões desportivas"; Justificação Acrescenta-se uma referência pertinente que destaca a responsabilidade primordial das organizações desportivas e dos Estados-Membros na condução das questões desportivas. Alteração 3 Artigo 3, nº 1 O centro nacional de informações sobre futebol assegura a coordenação do intercâmbio de informações policiais por ocasião de jogos de futebol com dimensão O centro nacional de informações sobre futebol mantém estreitos contactos com os clubes de futebol e as organizações de adeptos. Assegura a coordenação do PE /8 PA\ doc

7 internacional. Este intercâmbio de informações pode também envolver outras autoridades responsáveis pela aplicação da lei que contribuam para a ordem e segurança públicas. intercâmbio de informações policiais por ocasião de jogos de futebol com dimensão internacional. Este intercâmbio de informações pode também envolver outras autoridades responsáveis pela aplicação da lei que contribuam para a ordem e segurança públicas. Justificação Os clubes de futebol e as associações de adeptos têm uma importante função a desempenhar na luta contra o fenómeno da violência no futebol. Por isso, os centros nacionais de informações sobre futebol deverão manter estreitos contactos com eles. Alteração 4 Artigo 4, nº 2 2. As informações gerais trocadas por ocasião dos jogos de futebol com dimensão internacional são de natureza estratégica, operacional e táctica. Neste contexto, entende-se por: informações estratégicas: dados que descrevem o evento em todas as suas dimensões, especialmente no se refere aos riscos em termos de segurança que o mesmo comporta. informações operacionais: dados que permitem ficar com uma imagem correcta dos factos ocorridos no quadro do evento. informações tácticas: dados que permitem aos responsáveis operacionais agir adequadamente no quadro da manutenção da ordem e da segurança por ocasião do evento. 2. As informações gerais trocadas por ocasião dos jogos de futebol com dimensão internacional são de natureza estratégica, operacional e táctica. Neste contexto, entende-se por: informações estratégicas: dados que descrevem o evento em todas as suas dimensões - incluindo informações gerais sobre padrões de comportamento adoptados pelos adeptos que decorrem especificamente do meio cultural em que se inserem -, especialmente no se refere aos riscos em termos de segurança que o mesmo comporta. informações operacionais: dados que permitem ficar com uma imagem correcta dos factos ocorridos no quadro do evento. informações tácticas: dados que permitem aos responsáveis operacionais agir adequadamente no quadro da manutenção da ordem e da segurança por ocasião do evento. PA\ doc 7/8 PE

8 Justificação Há provas de que uma actuação policial pouco sensata, que interprete erradamente formas de comportamento ligadas ao contexto cultural específico dos adeptos que assistem a jogos internacionais, pode provocar confrontos entre a polícia e os adeptos. PE /8 PA\ doc