Desenhos dos estudos de Epidemiologia Nutricional Analítica

Transcrição

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2 Desenhos dos estudos de Epidemiologia Nutricional Analítica Estudo experimental ou de intervenção Estudo transversal ou seccional. Estudo caso-controle. Estudo de coorte ou longitudinal.

3 ESTUDO EXPERIMENTAL OU DE INTERVENÇÃO O pesquisador provoca uma modificação intencional em algum aspecto da vida dos sujeitos e avalia os efeitos desta modificação em uma ou mais características dos sujeitos (variáveis). O pesquisador é quem determina quem vai receber a intervenção ou ser exposto a um fator supostamente nocivo (fator de risco) ou benéfico (fator de proteção). É sempre prospectivo, ou seja, os indivíduos estudados são acompanhados ao longo do tempo para se saber o que ocorre com eles. Quando o estudo de intervenção quer pesquisar o resultado de um tratamento para uma doença, os sujeitos estudados podem ser seres humanos.

4 Reduzir a ingestão de carboidratos à noite ajuda mulheres adultas a emagrecer? População de mulheres adultas Defino critérios de inclusão: ser saudável, ter entre 30 e 40 anos, ter IMC acima de 30 kg/m2 Recruto quem preenche estes critérios e quer participar Avalio todos os participantes (medidas de peso e consumo alimentar etc) Aleatorização: por sorteio, divido os participantes em dois grupos Grupo intervenção: Dieta de 1500 kcal, com 30% de gordura, 15% de proteínas e 55% de carboidratos e que não tem fontes de carboidratos no jantar Grupo controle: Dieta de 1500 kcal, com 30% de gordura, 15% de proteínas e 55% de carboidratos e que tem fontes de carboidratos no jantar Depois de um tempo, re-avalio os participantes: Se o grupo intervenção tiver perdido mais peso, é porque reduzir a ingestão de carboidratos à noite ajuda mulheres adultas a emagrecer.

5 Estudos transversais ou seccionais O pesquisador não muda a vida dos sujeitos, apenas observa o que acontece na população estudada. Todos os indivíduos são avaliados em uma única oportunidade, no momento presente. É uma foto que descreve a situação atual de uma população. Avalia-se ao mesmo tempo a exposição (ter ou não o fator de risco ou de proteção) e o efeito (ter ou não a doença) : Os doentes atuais apresentam, atualmente, maior exposição ao fator de risco? Ex.: As pessoas que estão com obesidade fazem menos atividade física? Uso deste tipo de estudo: Gerar hipóteses, que podem ser comprovadas em outros tipos de estudo. Não deve ser usado para determinar causas. No ex. acima, tanto sedentarismo pode ter causado a obesidade, como pode ser uma consequência dela.

6 Estudos caso-controle O pesquisador também não muda a vida dos sujeitos, apenas observa o que aconteceu na população estudada. Pesquisadores identificam pessoas que têm a doença de interesse (casos) e pessoas que não têm essa doença (controles) e compara a exposição desses dois grupos a um fator que pode ter influenciado o risco de ter a doença. Estudos caso-controle são retrospectivos, ou seja, o foco é na exposição que ocorreu no passado, procurando identificar se a pessoa foi ou não exposta ao fator em estudo. Ex.: Adultos obesos faziam menos atividade física na infância, em comparação com adultos eutróficos?

7 Estudos de coorte ou longitudinais O pesquisador também não muda a vida dos sujeitos, apenas observa o que acontecerá na população estudada, de forma prospectiva. Envolvem pessoas que não têm a doença de interesse no início do estudo. No início do estudo, as pessoas são avaliadas e estas são separadas em dois grupos (ou coortes): um exposto ao fator em estudo e outro não. Os grupos são seguidos ao longo do tempo e os casos da doença de interesse que vão surgindo em cada um dos são contados e comparados. Exemplo: Estudo holandês: em 1970, 552 homens foram avaliados e preencheram um questionário de frequência alimentar. Ao longo dos próximos 15 anos, a saúde deles foi examinada. Nestes quinze anos, 42 homens tiveram derrame. Entre estes 42 homens, a ingestão de peixe era menor do que entre os 510 homens que não tiveram derrame. Conclui-se que a ingestão de peixe pode ser um fator de proteção contra derrames.

8 Causalidade e Associação Associação: dois eventos estão relacionados, porém eu não sei qual influencia e qual é influenciado. A associação pode se dar ao acaso. Causa: relação entre dois eventos, sendo que o evento x causa o evento y. A causalidade só pode ser verificada por estudos experimentais. Os outros estudos verificam associações, porém, quanto mais forte a associação, maior é a chance de existir causalidade. Fatores de confusão: características que estão presentes nos grupos pesquisados de forma desigual e que levam a associações espúrias, distorcidas: Existe uma associação entre andar descalço e ser desnutrido. É lógico supor que andar descalço causa desnutrição? Ou será que andar descalço é um fator de confusão, pois as pessoas que andam descalças são pobres e ser pobre é, de fato, um fator de risco para desnutrição?

9 Interpretação dos estudos de Epidemiologia Nutricional Analítica Análise dos Dados Para compreender os resultados dos epidemiológicos, é preciso construir uma tabela de contingência 2x2 com os dados coletados pelo estudo Doentes Não doentes Total Expostos ao fator de risco a b a + b Não expostos ao fator de risco c d c + d Total a + c b + d a + b + c + d a = doentes expostos b = não doentes expostos c = doentes não expostos d = não doentes não expostos a+ b = expostos c + d = não expostos a + c = doentes b + d = não doentes

10 Os riscos relativos podem ser usados para comparar a força de diferentes associações: RR para câncer de pulmão em pessoas que consomem poucas frutas e vegetais é 2,0, em relação àqueles com baixo consumo dos mesmos. RR para câncer de pulmão em fumantes é 10,0 em relação à não-fumantes. Portanto, a associação entre fumo e câncer de pulmão é maior do que entre consumo de frutas e vegetais e câncer de pulmão.

11 Critérios para análise de estudos casocontrole e transversais: Como foi feito o diagnóstico da doença (exames ou relatos)? Os grupos tinham as mesmas características, com exceção da doença? As informações foram coletadas da mesma forma para casos e controles? A avaliação se referiu a um período apropriado de tempo? Os métodos de avaliação eram padronizados, validados e adequados? Os pesquisadores sabiam quem era ou não doente no momento da avaliação? Os controles e os casos vieram da mesma população? O número de sujeitos era adequado?

12 Interpretação dos estudos de Epidemiologia Nutricional Analítica Critérios para análise de estudos experimentais: Havia grupo controle? Os grupos foram divididos aleatoriamente? Os grupos tinham as mesmas características? Quando possível, os sujeitos e os pesquisadores eram cegos ao tipo de intervenção? A adesão dos sujeitos à intervenção foi verificada? Os sujeitos aderiram à intervenção? O número de sujeitos era adequado?

13 Critérios para análise de estudos de coorte: Os sujeitos foram acompanhados por um tempo suficientemente longo para a doença surgir? O número de sujeitos era adequado? Os métodos de avaliação eram padronizados, validados e adequados? Além do início e do fim do estudo, os sujeitos foram avaliados em outros momentos? Muitos sujeitos abandonaram o estudo? Como foi feito o diagnóstico da doença (exames ou relatos)?

14 Responsável pelo Conteúdo: Profª Katia Andrade Revisão Textual: Patrícia Leite Campus Liberdade R. Galvão Bueno, São Paulo SP Brasil Tel: (55 11)