DECLARAÇÃO DE GUAYAQUIL CONSIDERANDO QUE:

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1 DECLARAÇÃO DE GUAYAQUIL Os representantes dos órgãos gestores de Sistemas Integrados de Transporte Público e Sistemas Rápidos de Ônibus (BRT), reunidos na cidade de Guayaquil, no dia 28 de abril de 2011, no marco da Segunda Assembléia Geral da Associação Latino Americana de Sistemas Integrados e BRT SIBRT decidem subscrever a seguinte declaração: CONSIDERANDO QUE: 1. A América Latina é uma das regiões mais urbanizadas do planeta. No ano de 2050, as cidades latino-americanas acolherão 652 milhões de pessoas, significando 85% do total regional. 2. Com a urbanização e o crescimento econômico foi importo um processo de motorização no qual se predomina os veículos motorizados individuais, a construção de vias para servi-los e a propensão a viagens longas e desnecessárias. O número de veículos na América Latina cresce numa razão de 2,5 novos veículos por cada nascimento. 3. Esta situação não somente tem contribuído para uma estruturação urbana ineficiente e inviável, afastando e deteriorando o transporte público existente, más também, o que é mais grave, tem afetado seriamente a saúde pública e a qualidade de vida urbana, em particular, os setores mais vulneráveis, da seguinte maneira:

2 a. As vítimas fatais por acidentes de trânsito na América Latina e no Caribe são quase o dobro da média mundial. Os acidentes de trânsito são a nona causa de mortalidade na escala mundial, com 1,3 milhões de mortes por ano e entre 20 e 50 milhões de pessoas lesionadas e deficientes. Os acidentes nas cidades são responsáveis por mais de 50% das vítimas fatais. b. De acordo com o Observatório de Mobilidade Urbana da América Latina, da Corporação Andina de Fomento (CAF), o transporte coletivo emite nove vezes menos poluentes locais e quatro vezes menos CO2 que o transporte individual. c. A falta de atividade física no âmbito urbano, onde prevalece o modo de vida sedentário e o transporte motorizado, é a principal causa de morte prematura em nível mundial, 3,2 milhões de mortes por ano e 19 milhões de anos de vida saudável perdidos. 4. Os sistemas integrados de transporte e os BRTs tem características que lês permitem proporcionar uma mudança desta situação: baixo custo, rápida implantação, alto desempenho e grandes impactos positivos na redução de congestionamento, poluição, acidentes e gera um aumento de atividade física, pois recupera espaços públicos para seus usuários. 5. Os sistemas integrados de transporte e os BRTs são soluções de transporte sustentável, que se converteram em uma alternativa real para a melhoria do transporte público urbano a nível global e regional: existem cerca de 120 cidades no mundo com BRT ou corredores exclusivos de ônibus, 97 delas entraram na lista nos últimos 10 anos. 32 cidades da América Latina contam com BRT ou corredores de ônibus (26% do número de cidades no mundo), mobilizando 17,6 milhões de passageiros por dia (66% do total mundial).

3 6. As tendências regionais indicam a vontade de muitas cidades em implantar sistemas integrados e BRT. Observa-se a consolidação de esquemas de associação público-privadas para a prestação do serviço, o incremento do apoio nacional aos projetos de transporte urbano, o crescimento e consolidação de fornecedores regionais de veículos, carrocerias e tecnologias de coleta e controle, e a melhora na capacidade das empresas operadoras de ônibus. 7. A pesar do crescimento dos sistemas integrados e dos BRTs, existem múltiplos temas que requerem atenção especial: que exista um entendimento comum do alcance dos mesmos; que se considerem que os sistemas de ônibus são alternativas de alta qualidade e custobenefício para as necessidades do transporte coletivo; e que se gerem processos de melhoramento continuo na regulamentação, planejamento, implantação, controle, operação e manutenção. 8. Um tema especial em relação a gestão de sistemas integrados e BRT na região é o conflito entre tarifa e qualidade do serviço que parece afetar a satisfação e a segurança dos usuários, ocasionando uma perda gradativa na demanda em favor de modelos menos eficientes para a sociedade em seu conjunto: motocicletas e automóveis particulares. 9. As agências gestoras associadas à SIBRT trabalham de maneira conjunta para intercambiar experiências e aprender com os erros e acertos de cada sistema, e para estruturar sistemas de transporte coletivos eficientes e sustentáveis em beneficio da qualidade de vida e saúde nas cidades da América Latina.

4 ACORDARAM: 1. Solicitar respeitosamente aos presidentes da América Latina para que incluam a política de mobilidade e desenvolvimento urbano sustentável, com base nas linhas estratégicas sugeridas, como uma prioridade na agenda da política regional. 2. Impulsionar a adoção de uma política regional de transporte e desenvolvimento urbano sustentável tenha como sustentação os seguintes elementos: (i) integrar o transporte como um elemento fundamental no desenvolvimento das cidades e da saúde urbana; (ii) priorizar o transporte público coletivo e a implantação de sistemas de transporte público integrados, acessíveis, confortáveis, seguros, com baixa emissão de gases, eficientes de grande capacidade; (iii) promover o uso racional de veículos particulares; (iv) impulsionar o uso de transporte não motorizado, sua integração ao sistema de transporte público e a mobilidade urbana inclusiva e tudo o que implique em restaurar e dignificar os espaços públicos; (v) incorporar a tecnologia de veículos e combustíveis mais limpos; (vi) promover a igualdade no uso dos espaços públicos e os meios de transporte, garantindo acesso para todos ao emprego, comercio, serviços públicos, entretenimento, etc.; (vii) colocar em funcionamento mecanismos regulatórios, institucionais e financeiros inovadores para a materialização das políticas. 3. Persuadir aos ministros de Transporte, Saúde, Energia, Meio Ambiente e Finanças dos países da América Latina a concretizar acordos que permitam incluir a mobilidade e o desenvolvimento urbano sustentável de maneira explicita e sistemática na agenda das prioridades políticas dos países.

5 4. Encarregar o Comitê Executivo da SIBRT para que impulsione as ações necessárias a fim de que se considere como tema principal e prioritário a mobilidade e o desenvolvimento urbano sustentável nas cúpulas políticas que se realizarão na região. 5. Trabalhar para conseguir que: (i) os sistemas integrados e BRT sejam reconhecidos como eixos fundamentais na modernização regional do transporte urbano nas cidades latino-americanas; (ii) que a prestação de serviço de transporte público seja considerada na América Latina como um serviço público essencial sujeito ao apoio financeiro do estado complementar as tarifas que garanta um serviço de alta qualidade para todas as pessoas. 6. Desenvolver e implantar um sistema de benchmarking dos sistemas integrados e BRT para melhorar substantivamente seus rendimentos e a qualidade dos seus serviços, dando solução a problemas comuns no design, seleção, implantação e operação dos sistemas, assim como, para medir e potencializar seus impactos favoráveis na saúde e na qualidade de vida urbana. 7. Implantar as estratégias e ações enquadradas no Plano para a Década de Ação da Segurança Viária assumido pela Organização Mundial da Saúde. Nesse sentido, adiantar ações para que haja zero tolerância a lesões graves e mortes nos sistemas integrados de transporte e corredores BRT. Em particular, melhorar o desenho e a operação dos sistemas integrados de transporte e corredores BRT, para incrementar a segurança viária de todos os usuários, especialmente pedestres e ciclistas, assim como, educar aos condutores de veículos e re-coletar dados relacionados aos acidentes de trânsito. O primeiro caso do sistema de benchmarking estará focado na melhoria das condições de segurança viária dos sistemas e a constituição de equipes especializadas.

6 Firmado em Guayaquil, 28 de abril de 2011 Daniel Marx Couto, Diretor de Implantação de Projetos BHTRANS- Empresa de Transportes e Transito de Belo Horizonte S/A Brasil Jose Carlos Xavier, Presidente CMTC- Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos de Goiania. Sebastián Nieto Salazar, Diretor MACROBÚS - Guadalajara, México Henry Antonio Cabreras Díaz, Diretor MEGABUS- Pereira Colombia Rodrigo Salazar Sarmiento METRO CALI- Sistema Integrado de Transporte Masivo (SITM) de Cali, Colombia Federico von Buchwald, Presidente METROVÍA - Guayaquil, Equador Fernando Tehuintle, Diretor Geral de Mobilidade OPTIBÚS-SIT - León, México

7 Marcos Hinojosa, Gerente de Transporte AREQUIPA-BUS Juan Tapia Grillo, Presidente Ejecutivo PROTRANSPORTE Lima, Perú Raimundo Cruzat Correa, Coordenador Geral TRASANTIAGO- Santiago de Chile, Chile Jairo Fernando Páez Mendieta, Gerente Geral TRANSMILENIO- Bogotá, Colombia Jose Tomas Rivarola Godoy METROBUS PYO Y PORA - Asunción, Paraguay Marcos Valente Isfer, Presidente URBS- Urbanização de Curitiba S.A. Brasil Luis Ricardo Gutierrez Asociado Honorario SIBRT

8 Monica Vanegas Betancourt Associada Honorária SIBRT