a r t i g o Marcelo Goedert

Transcrição

1 O DRM no Brasil e no Marcelo Goedert O rádio brasileiro vive um momento complexo e confuso. A migração da população para as cidades inchou o dial do FM; o AM foi esvaziado; a fatia do rádio no bolo publicitário diminui a cada ano; muitas emissoras pedem socorro; órgãos governamentais procuram estruturar-se para regulamentar o setor; o modelo de negócio da maioria das emissoras é antiquado, novos formatos como rádios comunitárias e rádios educativas lutam por seu espaço no espectro e na audiência; as rádios piratas proliferam; a concorrência das novas mídias digitais desafia o rádio, a indústria de transmissores passa por dificuldades; a indústria de receptores está parada a espera da definição do sistema de rádio digital. As emissoras públicas atendem à população do interior em ondas curtas e utilizam tradicionais linguagens e métodos; o ouvinte brasileiro evoluiu e detecta novas utilidades para o rádio como informações de trânsito; as rádios all news custam caro aos seus produtores mas ganham espaço; o ouvinte deseja cada vez mais participar da programação; enfim, está complicado. Nossos ouvintes urbanos querem mais do que o rádio pode entregar hoje e a população rural ainda tem o rádio como sua principal ligação com o mundo. Somos a única mídia que ainda utiliza a mesma tecnologia de transmissão desde a sua invenção, 90 anos atrás. O rádio precisa organizar-se, evoluir, renovar-se, se atualizar e encontrar seus papéis econômicos e sociais no século XXI. O primeiro passo é atualizarmos a tecnologia do rádio, o que só é possível com a sua digitalização. Digitalizar é vital para a sobrevivência do rádio como mídia de comunicação de massa, senão ficaremos mais obsoletos do que já nos consideram. Mas a escolha do sistema de rádio digital a ser adotado no Brasil é delicada. É simplista demais pensarmos que o novo sistema só precisa funcionar bem e ser comercialmente viável. Ser aprovado em testes de recepção e apresentar custos baixos é vital, mas está longe de ser o suficiente. Para funcionar como um princípio organizador deste momento confuso e nos ajudar a reerguer nosso amado rádio, o novo sistema precisa ser também flexível, adaptável. É preciso um conjunto de fatores extratécnica, que atendam e contemplem todo o universo de atores envolvidos com o meio no Brasil, desde a indústria até o ouvinte, desde as ondas curtas até o FM. O sistema a ser adotado deve ter a flexibilidade e a liberdade de ser adaptado à nossa realidade, deve poder ser modificado e desenvolvido para o nosso modelo de negócio. Não nos interessa um modelo de negócio pronto, rígido, nem um sistema que só atenda ao lado comercial do rádio. É necessário um formato que permita à indústria brasileira de transmissores, que conhece muito bem a realidade dos radiodifusores, continuar a trabalhar, aumentar sua produção; que permita às emissoras comerciais desenvolverem estratégias para aumentar seu faturamento; o desenvolvimento 24

2 AVANÇA mundo em 2012 Sonia Mele Ruxandra Obreja da BBC Londres, e presidente do Consórcio DRM dos atributos sociais do rádio e incremente o conteúdo oferecido ao interior do país. Formato esse que atenda aos baixos orçamentos das rádios comunitárias, o desenvolvimento de aplicativos para as rádios educativas e tudo mais para que o radio brasileiro retome o seu crescimento, com suas características únicas. Para isso, um fator é indispensável: o sistema tem que ser aberto, livre, sem custos disfarçados e escondidos. Assim é o DRM Digital Radio Mondiale, um dos sistemas que se apresenta ao governo brasileiro, para o ser adotado em nosso país. O DRM não é um sistema proprietário, é aberto. Ser aberto significa que não é necessária nenhuma licença para a indústria começar a produzir transmissores e receptores DRM; as emissoras também não precisam comprar ou pagar uma licença para transmitirem em DRM. O Digital Radio Mondiale é assim: qualquer fabricante brasileiro pode começar a desenvolver, apresentar ao mercado e vender produtos ou aplicativos DRM imediatamente, pois todas as informações técnicas necessárias são públicas. Não existem segredos industriais escondidos ou elementos da tecnologia disponíveis sob licença restrita de uma única empresa comercial e nenhuma grande soma de dinheiro precisa ser paga adiantada para acesso a alguma fonte de tecnologia exclusiva. Transferência de tecnologia é desnecessária, pois toda a informação está à mão e disponível gratuitamente. Imagine o quanto isso pode impulsionar a indústria nacional! Pense em o quanto podemos desenvolver essa base tecnológica para as nossas necessidades e torná-lo um sistema brasileiro. Royalties sobre equipamentos? Toda tecnologia possui royalties, o DRM não é diferente. Mas o detalhe é que, normativamente, em sistemas de códigos abertos os royalties são muito menores, pois só são cobrados sobre o valor do produto final fabricado. Emissoras e usuários não pagam nada, os royalties são pagos pela indústria, isso se utilizarem componentes já prontos. E mais, o Brasil pode desenvolver e incrementar o sistema, e logo receber royalties de outros países. Quem organiza e divulga a norma pelo mundo é o Consórcio DRM, uma organização sem fins lucrativos, conforme nos explica a Sra. Ruxandra Obreja (foto), presidente do Consórcio DRM: O nosso objetivo é promover a norma DRM, único sistema aberto e global. O Consórcio DRM não faz comércio. Difunde e ensina a tecnologia DRM, e acompanha a sua implantação. Os membros do Consórcio DRM são 100 organizações do mundo todo, estruturas públicas e comerciais que incluem radiodifusores, centros de pesquisa, universidades e organizações civis. Todos unidos para a melhor rádio digital. DRM é um sistema que está pronto para ser um sistema mundial, é robusto, e seria muito bom se o Brasil adotasse o DRMe contribuisse para a adoção de 25

3 Divulgação Da esq. para dir.: Rafael Diniz (Unicamp/Pres.DRM Brasil), Carlos Acciari (RFI e convidados). Centro: Marco Túlio (SGR) coordena Painel no Congresso SET um sistema mundial de rádio digital, sem proprietários. O consórcio não recebe royalties, ele é sustentado por anuidade paga por seus membros. Neste ano de 2012 o Consórcio DRM investiu na divulgação do sistema por aqui. DRM na Abert e na SET A presença do DRM no XXVI Congresso Brasileiro de Radiodifusão, realizado pela Abert, em Brasília, foi um sucesso. Foi lançado e demonstrado o primeiro transmissor DRM brasileiro, de ondas médias, fabricado pela BT Broadcast Transmitters, de Porto Alegre. João Marcos Bertoldi (foto) nos diz: A BT iniciou um processo de aproximação e intercâmbio tecnológico com empresas europeias para fornecimento mútuo de tecnologia. Recebemos na fábrica em Porto Alegre os representantes da empresa Digidia (França) para dar início aos testes com o rádio digital que usam a tecnologia DRM. Quem esteve no congresso pôde observar a demonstração da transmissão na faixa de ondas médias e em simulcast, o que significa que era transmitido o áudio digital e analógico simultaneamente no mesmo canal. Isto permitia ao ouvinte a comparação direta de qualidade dos dois áudios transmitidos. Também foi possível apreciar imagens de logotipos e textos publicitários que o sistema DRM permite dentro da mesma transmissão. DRM na SET Este ano, os participantes da Feira Broadcast & Cable organizada pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), tiveram a oportunidade de conhecer de fato o que é o Rádio Digital. Durante todo o evento, em seu stand, o DRM demonstrou o sistema com transmissão em FM digital (DRM+), além de vários modelos de aparelhos de receptores DRM expostos. A palestra sobre o DRM foi ministrada por Carlos Acciari (RFI) e Rafael Diniz (especialista da Unicamp e Presidente da Plataforma Multissetorial DRM Brasil) e realizada dentro do Seminário de Rádio, coordenado por Marco Túlio (SGR). Carlos Acciari destacou as capacidades técnicas do sistema como o uso reduzido de largura de espectro. Segundo Acciari: Em FM digital, o DRM utiliza somente 100khz enquanto o analógico usa 200Khz. O sistema digital americano, concorrente, utiliza 400Khz. Ele ainda alertou que, em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, onde o espectro de frequências já está lotado, apenas o DRM poderá comportar todas as rádios existentes. Em AM digital o DRM ocupa somente 10khz de largura de banda, contra 30Khz do sistema concorrente, lembrou ainda que o delay de áudio da DRM é o menor, o que favorece transmissões esportivas. Também na feira, a TELETRONIX apresentou o seu transmissor DRM+, e transmitiu em FM, multicast, com duas 26

4 programações musicais. Segundo Rogério de Sousa Correa (foto): Ficamos satisfeitos em promover o único padrão de rádio digital aberto, verde e flexível. O sistema DRM O padrão DRM possui duas configurações principais: DRM 30, para transmissão nas bandas AM, abaixo de 30 MHz (OT, OC, OM) DRM+, acima de 30 MHz, em VHF (Banda I, II e III), inclusive nos canais 5 e 6 da televisão. O sistema DRM já foi testado em todo o mundo, e vem sendo oficialmente testado no Brasil desde 2010, tanto em ondas médias (DRM 30) como em FM (DRM+). Os testes foram realizados pelo Ministério das Comunicações, a Anatel e o Inmetro e já foram publicados no site do Ministério. Os resultados foram extremamente robustos e satisfatórios, com coberturas maiores do que a transmissão analógica, inclusive com economia de energia, conforme nos diz Alexander Zink (foto), vice-presidente do Consórcio DRM, Vice-presidente do comitê de tecnologia do DRM e técnico do instituto alemão Fraunhofer: O DRM já comprovou trabalhar com eficiência em todas as frequências com robustez, está pronto e testado. É só usar! Todos os resultados de testes no mundo estão disponíveis em nosso site e toda a documentação para implementação do sistema está disponível para download gratuito. Segundo Alex tem mais no DRM do que somente áudio, é claro que no rádio o som é o principal, mas você pode entregar ao seu ouvinte muito mais conteúdo digital. Com o DRM, uma emissora pode transmitir, na mesma frequência, até quatro conteúdos em multicast. Pode, por exemplo, transmitir três programações em áudio e uma com dados. Seu rádio DRM terá uma tela onde a emissora pode, por exemplo, colocar uma foto, o telefone de um anunciante, a lista das próximas músicas, mostrar o conteúdo do seu site, os resultados dos jogos da rodada ou até um cupom que você poderá imprimir, pois o seu radio digital pode ser conectado na sua impressora, e ganhar um desconto em alguma compra. Imagina... Quaisquer tipos de dados podem ser transmitidos para o seu rádio sem conexão com internet. Vários aplicativos de dados já estão disponíveis, como o Journaline que transmite informações e mensagens de textos interativos, aplicativos de slideshow e de meteorologia, entre outros. Em um padrão aberto como o DRM, o Brasil pode desenvolver seus próprios aplicativos e se tornar participante. Lançamento da plataforma DRM Brasil Aconteceu no dia 1º de outubro, em São Paulo, um grande evento promo- Alexander Zink (foto), VP do Consórcio DRM, VP do comitê de tecnologia do DRM/técnico do instituto Fraunhofer (Alemanha) Sonia Mele

5 DRM e a indústria brasileira A indústria brasileira enxerga no sistema DRM uma possibilidade de desenvolvimento e de crescimento. Por isso a Associação Brasileira da Indústria da Radiodifusão (ABIRD), enviou ao Ministro das Comunicações Paulo Bernardo uma carta, no último mês de setembro, se colocou totalmente a favor da adoção do DRM no Brasil. A carta está à disposição, na íntegra no site do DRM Brasil ( content/associa%c3%a7%c3%a3obrasileira-da-ind%c3%bastria-da-radiodifus%c3%a3o-envia-carta-favordo-drm-ao-paulo-bernard). A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) também apoia o sistema, outras importantes associações industriais já manifestaram o mesmo apoio. Transmissores: três indústrias brasileiras já fabricam transmissores DRM. Assim, além de abastecer o mercado nacional, poderão exportar, por exemplo, para Índia e Rússia, países que já adotaram o sistema. João Eduardo Ferreia r t i g o vido pelo Consórcio DRM, onde foi realizado o lançamento da Plataforma Multissetorial DRM Brasil. Rafael Diniz (Unicamp), presidente da Plataforma nos diz: Nós do DRM Brasil temos atuado principalmente na conscientização das pessoas sobre o que é o rádio digital, as vantagens do DRM em relação aos outros padrões. O DRM Brasil tem algumas semelhanças com o Fórum do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital). Um lado que a gente tem trabalhado bastante é mostrar que o DRM funciona tanto para pequenas quanto pra grandes emissoras, e somos o único sistema que já tem testes realizados nos canais 5 e 6 de TV. E o DRM também atende às rádios comunitárias. Paulo Lara, sociólogo e cientista político, e diretor da Comissão de Articulação Institucional da Plataforma DRM Brasil, foi um dos pioneiros a defender o DRM em nosso país e afirma: A plataforma brasileira remete a 2009 quando um grupo de interessados procurou em Londres o consórcioe foi extremamente bem recebido. tivemos conversas com a presidente que nos deu uma segurança e uma garantia de que podíamos continuar um trabalho em parceria com eles e trazer isso pro Brasil. Continuando este processo de interesse na migração do rádio analógico para o digital, outros atores foram agregados a essa iniciativa brasileira e isso começou a tomar um corpo. Esse é o grande beneficio da plataforma brasileira, permite a inserção dos atores nacionais. Então o pessoal Rabo Quente foi um termo que apareceu no Brasil entre o final de 1940 e início da década de 1950, para designar os rádios alimentados por tensão 110 ou 220 volts AC/DC (sem transformador). Para alimentar os filamentos das válvulas que eram ligadas em série, usava-se um resistor de fio que ficava ao longo do cordão de alimentação. Após algumas horas de funcionamento, o cordão de alimentação aquecia, principalmente quando usado em 220 volts. Daí o termo rabo quente. Fonte: Revista Galileu no 90 Editora Globo tanto da academia com da indústria, os radiodifusores, a sociedade civil têm muito a agregar à nossa plataforma. (áudio com mais informações) Silvio Rhatto, desenvolvedor de software e vice-diretor da Comissão de Comunicação e Promoção, nos fala sobre como está estruturada a plataforma em relação aos associados: A plataforma DRM Brasil possui três níveis de associação. O mais alto é o ASSOCIADO PLENO: ele tem direito a voto, tem a participação integral, define os rumos e elege o conselho deliberativo. O segundo nível é o ASSO- CIADO EFETIVO: não tem direito a voto, mas tem acesso a toda documentação estratégica e pode candidatar-se ao conselho deliberativo. E nós temos o ASSOCIADO APOIADOR, que é aberto para qualquer pessoa física ou jurídica, basta preencher o formulário no site do DRM Brasil ( e associar-se. A Plataforma DRM Brasil pretende realizar convênios com organizações de financiamento, de pesquisa e de fomento à educação para a realização de cursos presenciais e a distância, para que radialistas aprendam a usar a grande ferramenta que é o rádio digital.

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7 Sonia Mele Esq.: Silvio Rhatto, Marcelo Goedert, João M. Bertoldi, Ruxandra Obreja, João Eduardo Filho, Alexander Zink. Dir.: Carlos Acciari, Marcelo Parada, Ataliba e Del Bianco ra da Silva Filho, diretor MTA/Digicast Eletrônica e Vice-presidente da Plataforma DRM Brasil, nos fala: As fábricas brasileiras já estão bem adiantadas na fabricação de equipamentos compatíveis com DRM. Acreditamos que uma vez o sistema escolhido pelo governo, poderemos contar imediatamente com toda a força e experiência da indústria brasileira de equipamentos para radiodifusão na implantação do DRM de forma consistente no Brasil. Com respeito pelas particularidades de um país tão vasto como o nosso... Receptores Diversos modelos de receptores DRM estão disponíveis no mercado internacional, tanto modelos baratos quanto sofisticados. Indústrias nacionais estão com estudos prontos para início imediato da produção em escala e afirmam que não será problema abastecer o mercado com receptores para carros, celulares ou modelos standalone. O Brasil ainda não produz chipsets, que é o coração do rádio, e como nos receptores de televisão, eles terão que ser importados. Nos últimos anos, os maiores fabricantes desenvolveram chipsets DRM, como a NXP e a Parrot (Dibcom). No chipset da Parrot, por exemplo, será suportado ambos os padrões ISDB-Tb e DRM (TV e rádio digital). Como o DRM utiliza o mesmo formato de codificação do SBTVD, uma fábrica pode facilmente criar produtos híbridos para recepção de TV e rádio com baixo custo. Marcelo Parada da Parrot FAE Brasil e vice-diretor da comissão técnica do DRM Brasil comenta: Um tendência mundial dos fabricantes de chipsets, demoduladores e sintonizadores é a fabricação em uma plataforma SDR. É um hardware definido por software, ou seja, ao alterar o software que tá embarcado naquele chip você consegue receber diferentes padrões de rádio ou TV, inclusive. Uma vantagem do DRM é que os fabricantes têm que pagar menos royalties para um chipset DRM, fica mais barato carregar o software do DRM. Outra vantagem é que o DRM usa o mesmo codec da TV Digital, o que também deixa o chipset mais barato, pois não há royalties sobre o codec, além de facilitar a integração do rádio com a TV Digital. Ainda é cedo pra termos o preço dos receptores de rádio digital, depende de fatores ainda não conhecidos (taxas, impostos e escala). Estudos do DRM mostram que o módulo central do receptor pode custar de 20 a 4 dólares, o preço cai com a quantidade produzida. Mas a proposta é manter os custos baixos, o rádio é um veículo popular e precisa estar acessível a todos. O Ginga no DRM É fundamental a adoção de um padrão de rádio digital que tenha abertura para a entrada de novos atores nas dinâmicas da comunicação: o DRM é o único que apresenta essa proposta. Na concepção da TV Digital brasileira, baseada no padrão japonês, foi incorporada uma plataforma de apresentação e execução de software desenvolvida para levar interatividade à TV: o Ginga. Essa modificação no padrão japonês é tida como a maior contribuição brasileira ao sistema de TV Digital. Consideramos, portanto que a inclusão do Ginga ao rádio digital é o caminho natural no processo de integração dos sistemas de radiodifusão. O middleware foi concebido e desenvolvido inteiramente no Brasil, sob coordenação do professor Luiz Fernando G. Soares, da PUC-Rio. A incorporação ao DRM permitirá que receptores portáteis de TV digital one-seg compartilhem exatamente o mesmo software para o rádio digital. E como o codec de áudio do DRM é o mesmo da TV Digital, o AAC, têm os sistemas de difusão interoperáveis que compartilham da mesma tecnologia, o que barateia o custo dos receptores e da produção de conteúdo interativo, como nos explica Rafael Diniz: Nós da Plataforma DRM Brasil propomos não só a implantação do DRM puro, mas mas também a adição de algumas características nacionais como o Ginga, de forma que o DRM não vai ser um padrão totalmente importado, mas um padrão também construído no Brasil. DRM no mundo A proposta inicial do DRM de tornarse um sistema mundial está a todo o vapor. O sistema foi criado com a flexibilidade pensada para atender a todos os ambientes e situações econômicas. Países que já compreenderam a importância da radiodifusão como meio de informação, educação e cultura já adotaram o sistema, como por exemplo, a Índia e a Rússia. Ruxandra Obreja finaliza e comenta: Não temos a solução completa, pronta e fechada, com garantias, todo o processo e seu consequente sucesso dependerá de todos os setores do rádio brasileiro. Achamos que o Brasil pode pegar o DRM e transformá-lo em um padrão brasileiro, aí não falaríamos mais em DRM e sim no Sistema Brasileiro de Rádio Digital, pensamos que vocês podem ser líderes, ao divulgar na América Latina e no restante do Mundo. É nisso que acreditamos. Mais informações: www. drm.org e Marcelo Goedert é produtor de conteúdo radiofônico há mais de 25 anos, estudioso do rádio e mestrando em comunicação pela Universidade Católica de Brasília. 30