O Gavião e a Coruja. Espaço TERRA NOVA - BAHIA

Transcrição

1 O Gavião e a Coruja Espaço TERRA NOVA - BAHIA.p65 1

2 Apresentação O Bangüê, uma entidade cultural beneficente, instalada no município de Terra Nova, Região do Recôncavo da Bahia, vem elaborando o projeto A Família e a Escola visando, na escola pública, os alunos da pré-escola. O projeto parte do pressuposto de que: - Aprendizado é uma função direta da Escola, do Aluno e da Família: Ap = E +A + F. - Família (mais precisamente a mãe) não tem a participação condizente com a sua importância no processo de aprendizagem. A aproximação Família-Escola pode ser feita pelo Estado ou pela Comunidade. O Estado, através dos projetos de Transporte Escolar, Bolsa Família, Merenda Escolar, tem conseguido aumentar significativamente a matrícula escolar, entretanto essas ações não fazem com que professora e mãe de alunos interajam. É por isso que, considerando-se como uma entidade comunitária, o Bangüê espera ver integrada a Escola e a Família. Faz isso porque acredita ser fundamental que aulas e deveres ministrados na escola sejam acompanhados em casa. Sendo evidente, para nós do Bangüê, a pouca participação da família na escola, temos adotado algumas ações mais diretas, inclusive disponibilizando no Espaço Bangüê uma Biblioteca completa, TV, DVD e computador. Uma tentativa para integração é este livro de história,, parte de vários outros com histórias de era uma vez, constantes da pasta Contos Vovó, do arquivo Bangüê. A força das histórias no processo de integração Família-Escola pode gerar um efeito multiplicador, explícito, por exemplo, com os alunos do segundo grau como Contadores e Ilustradores de Histórias era uma vez. Terra Nova, dezembro de p65 2

3 Dedico esta história aos meus netos, Noé e Francisco, que me inspiraram a escrevê-la. EXPEDIENTE AUTOR/ PRODUTOR Viraldo Ribeiro PROGRAMAÇÃO VISUAL Robério Cordeiro ILUSTRAÇÕES Stúdio Cedraz REVISÃO DE TEXTOS Ivanete Paixão Maria Luíza C. Ribeiro.p65 3

4 O gavião e a coruja. Era uma vez uma cidade. Que tinha suas ruas, Sua mata, sua igreja. Tinha até um rio..p65 4

5 Na igreja, lá no alto, escondido na torre, A coruja fez seu ninho. Mesmo com a zoada do blain- blain do sino, Duas ou três vezes ao dia, todo dia, ela era feliz..p65 5

6 Lá na mata que mais parecia uma floresta, O mestre Gavião tinha o seu ninho. Seu ninho na árvore mais alta, Protegido com muito espinho. Dona Coruja, há muito tempo, Também como o amigo Gavião, Fazia seu ninho na floresta..p65 6

7 Só quando se mudou para a torre da igreja, É que ela passou a ser uma ave noturna. Mesmo assim, no começo, Dona Coruja, Saía da sua casa um pouco antes do anoitecer. Só depois do acontecido, É que ela passou a sair no escuro, Quando não havia mais pássaros voando. Voando nos ares, principalmente o amigo Gavião..p65 7

8 O acontecido aconteceu assim: Os filhos da coruja, as corujinhas, Começaram a desaparecer do ninho Toda vez que o gavião estava por perto. Aí a amiga Coruja perguntou: - Amigo Gavião, os meus lindos Filhotes têm desaparecido do ninho Toda vez que eu saio. Por que será?.p65 8

9 - É mesmo, amiga? Que coisa! Deve de ser porque eles caem do ninho. - Nada disso, acho que é outra coisa. - Que outra coisa, amiga Coruja? Nas ninhadas escapava uma ou outra corujinha. A coruja, então, resolveu se mudar. Mudou-se para a cidade. Fez seu ninho na igreja, lá no alto da torre. Mudou-se sem avisar a ninguém, particularmente ao amigo Gavião..p65 9

10 O gavião ficou encabulado. - Olá, meu elegante Urubu, Tem visto a professora Coruja? O urubu se fez de distraído E não deu resposta. Bem que ele sabia! - Amigo Bem-te-vi, o senhor tem visto a coruja? - Tenho não, compadre Gavião. Perguntou a todos os pássaros. Ninguém deu notícias..p65 10

11 Um dia, ele perguntou à andorinha: - Amiga Andorinha, a senhora que voa baixo, A senhora que voa alto e que vive em todos os lugares, Tem visto por aí nossa querida amiga Coruja? Cheia de prosa a vaidosa andorinha disse: - Ah! Ela se mudou pra cidade, Tenho visto ela o sol já indo embora. Quando ali e acolá o bem-te-vi, no alto de uma árvore, saúda a noite, Se despede do dia com um bem-te-viii!.p65 11

12 No outro dia o Gavião Ficou na espreita resmungando. - Hoje eu descubro. E descobriu. - Nem se despediu dos amigos, hein! - Foi tudo muito de repente. - Estás morando bem? - É, moro ali na torre. - A senhora está saindo tarde!? - É que o barulho aqui é demais, Só no fim da tarde melhora..p65 12

13 Na tardinha seguinte o gavião ficou espreitando Até que descobriu o ninho dela e ficou de bico calado. - Amigo Gavião, vamos fazer um trato? - Vamos. Respondeu o Gavião. - Se por acaso o senhor ver uns filhotes, filhotes bem bonitos, O amigo fica sabendo, sabendo que são meus e não bole. - Tá bem, comadre, filhotes lindos....p65 13

14 No outro dia o gavião crau. Quando a coruja descobriu Quase se bate no sino da igreja. - Mas seu miserável, e o nosso trato? - Eu respeitei. O único filho de pássaro que comi Foi um horroroso, olho esbugalhado, Cara inchada, nada da beleza de seus filhos. A coruja engoliu a mentira.p65 14

15 Foi por esse acontecido Que a coruja passou a sair Depois que o sol se escondia. Mas antes, Ela deu uma lição no gavião. Ficou proseando com ele Até o sol se esconder..p65 15

16 Como ele não sabia voar de noite... Saiu se batendo e só chegou em casa manhãzinha, todo ferido. Os filhos nem abriram o bico pra comer. Morreram de frio durante a noite. E nunca mais o gavião Quis saber da coruja. Era um pra um lado, outro pro outro..p65 16

17 Aí, o papagaio criou a modinha: Era um pro lado Outro pro outro Gavião de dia. Coruja de noite.p65 17