PANORAMA DA RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO NO BRASIL
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- Amélia Peralta Valverde
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1 PANORAMA DA RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO NO BRASIL Março 2015
2 VALOR DA DÍVIDA ATUAL COMPROMETE ATÉ 453% DA RENDA FAMILIAR MENSAL DOS INADIMPLENTES O estudo do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz sobre Recuperação de Crédito traz um panorama completo das dívidas dos consumidores brasileiros, buscando entender a conjuntura que levou inadimplentes e ex-inadimplentes a esta situação. Consideramos nesta pesquisa aqueles que não têm o nome sujo, mas já estiveram nesta situação, como ex-inadimplentes. A pesquisa investiga os padrões de comportamento dos consumidores e das empresas credoras para a recuperação de crédito: quais são as estratégias de negociação mais utilizadas, quais são as empresas que mais acionam a justiça, com que frequência os consumidores procuram ou são procurados pelos credores, quais são os fatores de maior motivação para um possível acordo e de que forma os entrevistados se preparam para a negociação. Os dados sobre inadimplentes e ex-inadimplentes são sempre apresentados de forma individualizada, para que seja possível identificar diferenças de atitude, compreender como agem aqueles que já conseguiram sair desta situação e entender quais são as reais dificuldades enfrentadas pelos consumidores para quitarem seus débitos. 2
3 MAPA DA DÍVIDA E RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO NO BRASIL CONSUMIDORES ¼ Pretende pagar primeiro a conta com os juros mais altos, seguida pelas contas de internet, luz, água e telefone 43% Consideram sempre importante ter o nome limpo 71% Irá pagar a dívida pois acredita ser o correto 3,1 2,6 Nº de empresas credoras Nº de empresas que inseriram o nome do devedor em cadastros de proteção ao crédito 70% 84% 48% Farão acordo com o credor, parcelando o valor do débito Procuraram ou foram procurados pelo credor para fazer uma negociação da dívida Dos que aceitaram a proposta dos credores estão com parcelas da dívida negociada atrasadas DÍVIDAS Valor inicial médio é de R$ 7.817,00, o que representa 260% da renda mensal média familiar O valor atual da dívida dos inadimplentes é de R$ ,00, crescimento de 70% 768% Renda comprometida para pagamento da dívida, no caso dos inadimplentes 10 22% 67% Cartão de crédito e cartão de lojas são as contas que mais causam inadimplência 2,2 anos Tempo médio da inadimplência 2,1 anos Tempo médio para quitação da dívida Média de contatos que são feitos na tentativa de negociação Média do desconto dado na negociação Taxa de sucesso da renegociação da dívida Do total de parcelas feitas, 48% a 59% não foram pagas, considerando todos os instrumentos de crédito 3
4 1. PROCESSO DO ENDIVIDAMENTO Em média, os resultados mostram que os respondentes possuem dívidas não pagas para aproximadamente três empresas distintas (3,1), sendo 3,7 entre os atuais inadimplentes e 2,4 entre os exinadimplentes. Observa-se que oito em cada dez empresas (84%) inserem o nome do consumidor em cadastros de proteção ao crédito, com média de 2,6 empresas que registram o nome do consumidor. 8 em cada 10 empresas inserem o nome do consumidor em cadastros de proteção ao crédito Deixar de pagar o cartão de crédito (63%) é a principal razão apontada para a inadimplência, ao lado do cartão de loja (53%), empréstimos (29%) e do boleto bancário (29%). No caso dos atuais inadimplentes, é significativamente maior o percentual de contas não pagas em boleto bancário (37%), em comparação aos ex-inadimplentes (20%). Considerando o detalhamento das contas não pagas do cartão de crédito, percebe-se que os entrevistados apontam, em primeiro lugar, o próprio cartão como um todo (61%) o que sugere que muitos deles não souberam desagregar as contas, possivelmente por haver dívidas antigas, ou por não fazer um controle adequado no que é gasto neste meio de pagamento. 4
5 O cartão de crédito também é apontado como a principal conta não paga, dentre várias outras modalidades de pagamento a saber: empréstimo (citado por 44% dos que deixaram de pagar esta conta), cheque devolvido (43%), limite do cheque especial (55%) e financiamento (56%). Entre os atuais inadimplentes, observa-se que algumas modalidades de pagamento apresentam percentuais consideravelmente maiores de contas não pagas do cartão de crédito, na comparação com os ex-inadimplentes. É o caso dos empréstimos (55%, contra 28% dos ex-inadimplentes); cheque devolvido (51%, contra 37% dos ex-inadimplentes); e financiamento (67%, contra 41% dos ex-inadimplentes). TIPOS DE CONTAS SEM PAGAMENTO TIPOS DE CONTAS Principal conta não paga, resultando em nome sujo Percentual geral da citação das contas não pagas Percentual entre Inadimplentes Percentual entre exinadimplentes Cartão de crédito Fatura como um todo 61% 60% 62% Cartão de loja Varejistas 55% 34% 76% Empréstimo Cartão de crédito 44% 55% 28% Boleto bancário Telefone fixo 48% 58% 29% Cheque devolvido Limite do cheque especial Cartão de crédito 43% 51% 37% Cartão de crédito 55% 43% 68% Financiamento Cartão de crédito 56% 67% 41% Dívida atual compromete até 449% da renda familiar mensal dos inadimplentes O real impacto do endividamento nas finanças do consumidor pode ser avaliado quando se observa o valor total médio dos gastos que deixaram o nome do consumidor sujo: R$ 7.817, chegando a R$ entre os atuais inadimplentes, quando é feita a análise comparativa entre os segmentos. Em média, seria necessário comprometer 260% da renda familiar de R$ para quitar o valor total da dívida inicial dos entrevistados (considerando a média entre inadimplentes e ex-inadimplentes). 5
6 Percebe-se que a condição dos atuais inadimplentes é consideravelmente mais grave, uma vez que para pagar o valor da dívida inicial seria preciso comprometer 453% da renda familiar média - R$ Já entre os ex-inadimplentes, 102% da renda familiar de R$ seriam comprometidos para quitar os débitos. A pesquisa também revela que a dívida atual daqueles que estão com o nome sujo, considerando multas e taxas, chega a R$ , o que representa aumento de 70% em relação à dívida inicial, comprometendo 768% da renda familiar mensal de R$ dos consumidores inadimplentes (1.435% entre os homens e 1.171% entre os pertencentes à classe C/D/E). Cálculos baseados nos valores médios Geral Boletos bancários Cartão de crédito Cartões de loja Empréstimos Financiamentos Cheque devolvido Limite de cheque especial Outros Dívida média inicial Dívida média final % de aumento da dívida Tempo da dívida (em anos) 70% 84% 66% 104% 73% 77% 89% 86% 127% 2,2 2,1 2,4 2,2 2,5 1,2 2,4 2,5 2,0 Renda média % Comprometimento inicial % Compromentimento final 453% 848% 873% 740% 1.292% 1.600% 1.699% 1.338% 224% 768% 1.558% 1.454% 1.507% 2.240% 2.827% 3.217% 2.493% 507% 6
7 Inadimplentes e ex-inadimplentes deixam de pagar de 48% a 59% das parcelas feitas no momento da compra O estudo indica que as parcelas não pagas representam algo entre 48% e 59% do total de parcelas acordadas no momento da compra. Observa-se que a condição dos atuais inadimplentes é pior, considerando os financiamentos: 63% das parcelas ficaram em aberto, contra 22% entre os ex-inadimplentes. A tendência é a mesma para os empréstimos (72% para inadimplentes, 38% para ex-inadimplentes). O estudo indica que as parcelas não pagas representam algo entre 48% e 59% do total de parcelas acordadas Em média, os inadimplentes já estão nesta situação há pouco mais de dois anos (2,2), praticamente o mesmo período (2,1) enfrentado por aqueles que já conseguiram limpar o nome. O estudo sugere, portanto, que os atuais inadimplentes vão demorar um pouco mais para pagar suas dívidas (em média serão necessários 1,8 anos para fazer essa regularização). 48% dos consumidores ouvidos na pesquisa apontam a falta de planejamento no orçamento pessoal como razão para não pagar as contas. Em seguida, entre as justificativas citadas, vêm a perda do emprego (28%), a diminuição da renda (21%), atraso de salário (17%) e compras acima do que permitia o orçamento (16%). 48% dos consumidores ouvidos na pesquisa apontam a falta de planejamento no orçamento pessoal como razão para não pagar as contas 7
8 Atitudes e dificuldades do consumidor para recuperar o crédito no mercado Em média, os entrevistados acreditam que vão levar quase 2 anos (1,8) para pagar as dívidas. As estratégias mais utilizadas para acertar os débitos são: a negociação com os credores, apontada por 70% da amostra; o corte de custos (22%); o recebimento de dívidas de terceiros (13%); e a geração de renda extra (13%). A primeira conta a ser paga será aquela que apresentar os juros mais altos, para 26% dos respondentes. Estratégias mais utilizadas para acertar os débitos: Negociação com os credores 70% Corte de custos 22% Recebimento de dívidas de terceiros 13% Geração de renda extra 13% A pesquisa indica que a tendência do consumidor, quando decide cortar gastos para quitar seus débitos, é diminuir as despesas com vestuário/ calçados (39%), lazer (38%), alimentação fora de casa (34%), salão de beleza (21%) e telefonia celular (21%). 19% desejam negociar suas dívidas, mas não sabem como fazê-lo Na hora de pagar as dívidas, 41% dos entrevistados alegam que a maior dificuldade enfrentada é o valor proposto na negociação, considerado acima de suas possibilidades. 21% alegam que o valor da dívida está muito acima de seus ganhos, enquanto 19% citam a dificuldade em negociar prazos de pagamento. Há ainda os que desejam negociar, mas não sabem como fazer (19%), e aqueles que afirmam sentir dificuldade em deixar de comprar as coisas que gostam (17%). 8
9 62% dos consumidores estão desconfortáveis com o nome sujo e 71% acreditam que pagar as dívidas é o correto a fazer Seja pela possibilidade de restrição ao consumo, ou por razões de ordem ética, a maioria dos consumidores parece entender que a inadimplência os deixa numa condição indesejável: sete em cada dez entrevistados (71%) ouvidos na pesquisa do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz pretendem pagar suas dívidas por acreditarem que é o correto a ser feito. 62% alegam que não se sentem confortáveis tendo o nome sujo, enquanto 33% temem que o valor da dívida aumente, devido à demora para pagar. Segundo parte considerável dos consumidores (27%), a motivação para quitar os débitos tem a ver com o próprio consumo, uma vez que a inadimplência impede novas compras parceladas. Finalmente, 19% afirmam que a motivação é o fato de se sentirem incomodados com as cobranças feitas pelos credores. De acordo com a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ainda que os consumidores se sintam desconfortáveis com o nome sujo, menos da metade da amostra acredita que é sempre importante ter o nome limpo (43%). Ela lembra ainda que dentre os momentos em que estar com o nome limpo é mais valorizado estão a abertura de conta em banco (25%), o pedido de empréstimo (25%) e a procura de emprego (23%). 43% acredita que é sempre importante ter o nome limpo Momentos em que estar com o nome limpo é mais valorizado: Abertura de conta em banco 25% Pedido de empréstimo 25% Procura de emprego 23% 9
10 Seis em cada dez consumidores só podem comprar à vista, em decorrência da inadimplência Levando em conta as consequências de não pagar o que deve, a maior parte dos consumidores (64%) acredita que a principal é ter de esperar cinco anos para a dívida sair do cadastro de devedores em atraso. 42% afirmam que o nome ficará para sempre sujo, pois podtem ser cobrados pelo credor na justiça. Há ainda os que argumentam que seus bens podem ser penhorados (39%). Além dos temores do consumidor em relação ao que pode acontecer, em decorrência da inadimplência, a pesquisa também indica quais são as consequências já vivenciadas, na prática, por aqueles que ficaram com o nome sujo: percebe-se que as principais estão relacionadas à restrição de crédito para fazer novas compras parceladas: 62% dizem que só conseguem fazer compras à vista. 49% alegam que não conseguiram fazer um novo cartão de crédito, de loja, abrir crediário, situação ainda mais comum entre os homens inadimplentes (61%). Para 36% da amostra o problema foi o impedimento na hora de abrir conta em banco, fazer empréstimo, usar cheque especial, ter talão de cheque. O estudo mostra ainda que as operadoras de cartão de crédito foram as que mais recorreram à prática de entrar na justiça, registrar em cartório, penhorar bens ou protestar a dívida (citados por 39% dos entrevistados). Em seguida vêm os varejistas (33%) e empresas de financiamento de carro/ moto (27%). 10
11 Consequências vivenciadas por não pagar o que deve: 62% 49% 36% Restrição de crédito para fazer novas compras parceladas Alegam que não conseguiram fazer um novo cartão de crédito, de loja, abrir crediário Impedimento na hora de abrir conta em banco, fazer empréstimo, usar cheque especial, ter talão de cheque Quem mais recorreu à prática de entrar na justiça, registrar em cartório, penhorar bens ou protestar a dívida: 39% Operadoras de cartão de crédito 33% Varejistas 27% Empresas de financiamento de carro/moto 11
12 2. NEGOCIAÇÃO DAS DÍVIDAS 84% dos consumidores procuram ou são procurados pelos credores para acordo. Empresas de telefonia celular são as que mais tomam a iniciativa (46%) No momento em que descobriram que estavam com o nome sujo, 27% dos consumidores ouvidos afirmam ter procurado os credores a fim de resolver a situação, o que é a opção mais efetiva para a resolução de pendências. 20% optaram por procurar o serviço de proteção a crédito que fez o registro, e outros 9% recorreram ao Procon. Há ainda os que foram a eventos ou mutirões para limpar o nome e aqueles que procuraram a justiça (respectivamente 6% e 3%). Atitudes de quem descobriu que estava com o nome sujo: 27% 20% Procuraram os credores a fim de resolver a situação Optaram por procurar o serviço de proteção a crédito que fez o registro 9% Recorreram ao Procon Empresas de celular são as que mais procuram os devedores para uma possível negociação 84% Dos consumidores que procuraram ou foram procurados pelos credores para um acordo sobre os débitos Quando a iniciativa parte do consumidor, empresas de TV a cabo estão em primeiro lugar entre as mais procuradas 54% 46% 12
13 O estudo do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz indica que 84% dos consumidores inadimplentes e exinadimplentes procuraram ou foram procurados pelos credores para um acordo sobre os débitos. No geral, 23% dos entrevistados foram procurados pelo credor, sendo que o percentual aumenta para 38% entre os inadimplentes mais jovens. As empresas de celular são as que mais procuram os devedores para uma possível negociação (46%), seguidas das companhias de outros financiamentos (45%), internet (44%) e financiamento de carros/motos (43%). Por outro lado, quando a iniciativa parte do consumidor, os resultados indicam que as empresas de TV a cabo estão em primeiro lugar entre as mais procuradas (54%). Oito em cada dez consumidores fazem contraproposta aos credores. Principal reivindicação é por valores menores (62%) Em média, os respondentes que tentaram negociar entraram em contato com as credoras praticamente cinco vezes (4,7). O resultado é mais expressivo considerando apenas as empresas de celular, que foram procuradas pelos consumidores em sete ocasiões (7,3), com resultado de 4,4 para cartão de crédito e 2,3 para outros financiamentos. Considerando os consumidores que renegociaram suas dívidas, 62% sugeriram valores menores, 10% propuseram um número diferente de parcelas e 8% demandaram valores e número de parcelas diferentes. Apenas um em cada cinco entrevistados (19%) optou por não fazer contraproposta aos credores. 5 é o número de contatos com credores para negociação 19% 10% 36% Optaram por não fazer proposta aos credores Não se prepararam para o momento da negociação Dos que se prepararam, pesquisaram o valor inicial da dívida e os juros cobrados 13
14 Observa-se ainda que 10% dos entrevistados não se prepararam para o momento da negociação, e 3% alegam terem sido surpreendidos pelo contato do cobrador, sem tempo de pesquisar. Dentre aqueles que afirmam ter se preparado, a atitude mais comum é a de pesquisar o valor inicial da dívida e os juros cobrados (36%). Os entrevistados também utilizam a estratégia de revisar as despesas do orçamento e fazer as contas antes, para saber as condições reais de pagamento e verificar se a prestação cabe no bolso (20%). A taxa de sucesso nas negociações é de praticamente sete em cada dez (67%), mas o estudo também mostra que 48% dos consumidores que conseguiram um acordo estão com parcelas atrasadas. Descontos para pagamento da dívida à vista chegam a 44%, no caso de telefonia celular Em geral, os descontos concedidos nas negociações para pagamento à vista são significativos, sobretudo no que se refere à telefonia celular: média de R$ para o valor final após a negociação, chegando a R$ 487 em caso de pagamento à vista, com desconto de 44%. GERAL CELULAR OUTROS FINANCIAMENTOS CARTÃO DE CRÉDITO Valor inicial da dívida Média do valor final após a negociação Valor médio do desconto dado para pagamento à vista Desconto dado 22% 44% 21% 32% Número de prestações negociadas 8,6 4,8 8,0 9,8 14
15 Os fatores de maior motivação para que os consumidores aceitem a proposta para a quitação da dívida são o valor da prestação e o desconto concedido. Para 30% da amostra, o mais importante foi a prestação num valor que o respondente poderia pagar. Outros 29% citam a redução significativa no valor da dívida para o pagamento parcelado, enquanto 21% falam em desconto significativo para o pagamento à vista. O principal meio encontrado para o pagamento das parcelas acordadas é o corte de gastos: 23% pretendem economizar, enquanto 13% afirma que utilizarão o décimo terceiro salário; outros 12% garantem que farão empréstimos com familiares e amigos. Apenas 6% dos respondentes pretendem utilizar a poupança para o pagamento das dívidas. Ao mesmo tempo, observa-se que 26% dos atuais inadimplentes possuem poupança (16% entre os homens e 42% entre os pertencentes à Classe A/B), o que sugere falta de informação entre os consumidores a respeito das melhores estratégias para limpar o nome. Os fatores de maior motivação para que os consumidores aceitem a proposta para a quitação da dívida são o valor da prestação e o desconto concedido 15
16 Quitação das dívidas gera alívio (63%) e estimula mudança de atitude: 68% passam a controlar mais os gastos Após quitarem a dívida os consumidores relatam, principalmente, o sentimento de alívio (63%). A maior parte dos entrevistados (55%) pesquisou para saber se o nome estava limpo, de fato, após a quitação. Outros 12% alegam que não tiveram interesse na verificação. A mudança de atitude mais relevante, depois de passar pela experiência de ter o nome sujo, é o maior controle dos gastos, para 68% dos entrevistados. 26% garantem que passaram a evitar o uso do cartão de crédito, e a mesma proporção (26%) afirma que só compra quando pode pagar à vista. Vale destacar ainda aqueles que passaram a pensar muito antes de fazer compras (22%). 68% dos entrevistados alegam que a mudança de atitude mais relevante, depois de passar pela experiência de ter o nome sujo, é o maior controle sobre os gastos 16
17 3. CONCLUSÃO O estudo do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz sobre recuperação de crédito revela os graves problemas enfrentados pelos consumidores que vivenciam a inadimplência. Um dos resultados mais importantes é o de que seria necessário comprometer 260% da renda familiar média de R$ 3.004, a fim de quitar o valor total da dívida inicial dos entrevistados, sendo que o percentual chega a 453%, considerando os atuais inadimplentes. A dívida atual dos entrevistados que estão com o nome sujo é de R$ , com aumento de 70% em relação ao valor inicial. Neste caso, seria necessário comprometer 768% da renda familiar média (R$ 2.822) para a quitação total. A economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ressalta que o mau uso do cartão de crédito é um dos principais motivos para levar o consumidor à inadimplência: deixar de pagar o cartão é a razão apontada por 63% dos consumidores, com citações também expressivas do cartão de loja (53%), empréstimo (29%) e boleto bancário (29%). Quando são consideradas as parcelas acordadas no momento da compra, o estudo indica que em torno de 48 a 59% destas parcelas ficam em aberto, sendo que a condição dos atuais inadimplentes é pior: 72% das parcelas de empréstimos deixam de ser pagas, contra 38% entre os ex-inadimplentes. 17
18 A inadimplência, na prática: consumidor relata restrição ao consumo e meios de pagamento A pesquisa revela as consequências práticas da inadimplência, sendo que as principais dizem respeito à restrição ao consumo e aos meios de pagamento: 62% dos entrevistados dizem que só conseguem fazer compras à vista, e 49% dizem que não conseguiram fazer um novo cartão de crédito, de loja, abrir crediário. Os consumidores também afirmam terem sido impedidos de abrir conta em banco, fazer empréstimos, usar o cheque especial, ter talão de cheque etc (36%). Ao mesmo tempo em que parecem estar cientes dos inúmeros contratempos ocasionados pela inadimplência, muitos consumidores dão importância relativa à atitude de manterem o nome sem restrições: menos da metade da amostra (43%) considera que é sempre importante ter o nome limpo. Por outro lado, quitar os débitos, na opinião de sete em cada dez entrevistados (71%), é o correto a fazer. O fato de não se sentirem confortáveis tendo o nome sujo motiva 62% dos consumidores a pagar as dívidas. Buscar acordo é o caminho mais curto para deixar a inadimplência. Taxa de sucesso na negociação é de 67% Entre aqueles que decidem agir para deixar a inadimplência, a pesquisa mostra que negociar é a estratégia mais utilizada (70%). Nesta hora, o maior obstáculo é entrar em acordo sobre o valor proposto, considerado acima das possibilidades do consumidor, em 41% os casos. Oito em cada dez consumidores ouvidos (84%) procuraram ou foram procurados pelos credores para um acordo sobre as dívidas, sendo que as empresas telefonia celular (46%) são as que mais tomam a iniciativa de procurar o consumidor. Já quando a atitude parte dos entrevistados, as empresas mais procuradas são as de TV a cabo (54%). Em média, os entrevistados entram em contato 4,7 vezes com as empresas credoras para negociarem. A taxa de sucesso nas negociações é expressiva, chegando a 67%, embora quase 48% dos que efetivamente entraram em acordo estejam com parcelas atrasadas. 18
19 Pela perspectiva do consumidor, observase que a motivação para aceitar uma proposta de negociação tem a ver com valores finais e descontos: 30% da amostra afirmam que o fator determinante é a prestação num valor que possam pagar; para 29%, é fundamental a redução significativa no valor da dívida, e 21% citam o desconto significativo para o pagamento à vista. Enquanto os ex-inadimplentes afirmam ter levado 2,1 anos para limpar o nome, os atuais inadimplentes já estão nesta situação há 2,2 anos, o que indica que a dívida destes últimos deverá persistir por mais tempo. Deixar a inadimplência traz mudanças positivas de atitude Ao quitar suas dívidas, a maior parte dos entrevistados relata o sentimento de alívio (63%). A experiência de ter o nome sujo parece trazer mudanças de comportamento importantes para a maioria dos consumidores: 68% citam o maior controle dos gastos, enquanto 26% passaram a evitar o uso do cartão de crédito; a mesma proporção (26%) garante que, agora, só compra quando pode pagar à vista. Como alerta, destaca-se que 6% dos entrevistados admitem agir da mesma forma, mesmo tendo enfrentado a inadimplência. Finalmente, a pesquisa sugere que muitos consumidores não estão a par das melhores estratégias para limpar o nome: 26% dos entrevistados garantem ter poupança; ao mesmo tempo, apenas 5% pretendem utilizá-la para o pagamento das dívidas. Além disso, como lembra o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, percebe-se que parte das complicações advindas da inadimplência poderia ser evitada, se os consumidores agissem de modo mais responsável em relação às finanças: para 43% dos atuais inadimplentes, a falta de planejamento no orçamento pessoal é a principal justificativa para não pagar as contas. 19
20 4. METODOLOGIA Público-alvo: Residentes nas 27 capitais brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais, atuais inadimplentes ou ex-inadimplentes há no máximo 5 anos. Método de coleta: Pesquisa realizada via web e pós-ponderada por sexo, idade, classe e escolaridade. Tamanho amostral da pesquisa: 715 casos, gerando margem de erro no geral de 3,6 p.p para um intervalo de confiança a 95%. Questionário: Foram aplicadas 70 questões. Data de coleta dos dados: Primeira semana de fevereiro de
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