Unidade: Conhecendo a legislação educacional brasileira. Unidade I:

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1 Unidade: Conhecendo a legislação educacional brasileira Unidade I: 0

2 Unidade: Conhecendo a legislação educacional brasileira A legislação é uma forma de apropriação da realidade política por meio de regras declaradas, tornadas públicas, que regem a convivência social de modo a desenvolver o sentimento e a ação da cidadania. Portanto, conhecer a legislação é um ato de cidadania, devendo estender-se à sociedade, sem restringir-se aos especialistas da área jurídica. A educação brasileira divide-se em dois níveis de ensino: Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica é composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. O objetivo da Educação Básica é assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Para que haja um perfeito funcionamento da educação e seus objetivos possam ser plenamente atingidos, é preciso que hajam normas a serem seguidas. O Sistema Educacional Brasileiro é, portanto, regido por um conjunto de leis que compõe sua Legislação Fundamental. Constituição Federal e Educação Uma reflexão acerca da legislação deve necessariamente partir de nossa Constituição Federal. A Constituição vigente, promulgada em 1988, inovou a democracia política brasileira ao alargar mecanismos de exercícios do poder popular através da iniciativa popular, do plebiscito e do referendo. Além disso, propiciou um grande avanço na legislação brasileira na área educacional. O capítulo de educação inserido na Constituição orientou a elaboração da legislação posterior, seja no âmbito dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Surgem a partir de então novas leis para regulamentar os artigos constitucionais e estabelecer diretrizes para educação no Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil, no que se refere à educação, destaca-se, no Título VIII Da Ordem Social, o Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto. 1

3 Determina que [...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art. 205). Sendo assim, constitui dever da família, da sociedade e do Estado [...] assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227). O ensino é livre à iniciativa privada, desde que respeitadas e cumpridas as normas gerais da educação nacional e o poder público autorize e avalie o seu funcionamento. (art. 209). Devem ainda ser fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de modo a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais (art. 210). Consta da Constituição a obrigatoriedade do Ensino Fundamental, com oito anos de duração, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade própria, assim como a universalização progressiva do ensino médio gratuito, cuja duração mínima deverá ser de três anos (art. 208, alterado pela EC n.º 14/96). A Constituição Federal prevê a participação dos sistemas de ensino na oferta da educação, em seu art. 211: Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. Desta forma, a União será responsável pela organização do sistema de ensino federal, financiando as instituições de ensino públicas federais. Exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a 2

4 garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade de ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Caberá aos Estados e o Distrito Federal a atuação, prioritariamente, no Ensino Fundamental e Médio. Já os Municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil. No que diz respeito ao Ensino Superior a Constituição determina que as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. (art. 207, alterado pela EC n.º 11/96). Leia a Constituição Federal/88 na íntegra acessando Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e Educação Assim como o país possui uma Constituição Federal, lei máxima que rege os passos e destinos legais da nação, os Estados organizam e promulgam suas constituições que destacam problemas e situações inerentes e específicos às suas necessidades. Em igual caminho seguem os Municípios, estabelecendo legislação própria para organizar a sociedade municipal. Por este motivo é importante que você conheça as Constituições de seu Estado e Município, especialmente no que determinam em relação à Educação para poder desenvolver seu trabalho com maior segurança e consciência. É importante que se frise que há que se respeitar uma hierarquia em relação à legislação, pois embora tenham autonomia para elaborar suas leis educacionais, os estados devem atender ao que determina a lei federal, e municípios devem estar de acordo com o que determinam as leis estaduais e federais. 3

5 LDB e Educação A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional regulariza em âmbito nacional, a base comum do currículo, a carga horária e presença mínima em aula e as formas de promoção de série, cabendo aos estados, municípios e até mesmo às escolas a normatização das peculiaridades regionais e locais, curriculares e de calendário, de promoção de série e a expedição da documentação escolar de cada aluno da educação básica. Instituída em 20 de dezembro de 1996, a Lei 9.392/96 promove a descentralização e a autonomia das escolas e universidades, além de permitir a criação de um processo regular de avaliação do ensino brasileiro. A LDB promove a autonomia também, dos sistemas de ensino e a valorização do professor e do magistério. O objetivo de nossa aula é a análise das propostas para educação contidas na LDB, trataremos de assuntos como Currículo, Avaliação, Educação, Proposta Pedagógica e Carga Horária. Na atual LDB O conceito de educação é abrangente, mostrando que a educação acontece pode ocorrer em diferentes locais, entre eles, a instituição escolar. Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Podemos perceber que os legisladores procuraram contemplar a questão da verificação do rendimento escolar do Ensino Básico, ao identificarmos no texto da lei palavras como promoção, progressão continuada, ou progressão parcial, que pressupõem que a passagem de uma série para outra possa privilegiar, principalmente aspectos qualitativos e não quantitativos do ensino, buscando maior acompanhamento, diminuindo assim a evasão escolar e a repetência nas séries iniciais. A LDB prevê também que a concepção de série poderá ser modificada, 4

6 podendo ser concebida de diversas formas - ciclos, grupos seriados, com base na idade cronológica ou em outros critérios - desde que estas formas favoreçam o processo de aprendizagem. A verificação do rendimento escolar deve ser contínua e a recuperação deve ser oferecida durante o período letivo. Há exigência de frequência mínima de 75% dos dias letivos. A educação escolar deve ocorrer em instituições próprias (escolas), por meio do ensino (professor). Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Ao tratar de Currículo do Ensino Fundamental (art. 26) e Médio (art. 36), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação instituiu conteúdos obrigatórios, dando, porém abertura às escolas para que esses conteúdos possam ser tratados de acordo com as características regionais. 5

7 Art. 26º. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Está prevista na lei a existência de uma proposta pedagógica para nortear o trabalho nas escolas, executada e elaborada de acordo com as necessidades e situações reais de cada estabelecimento de ensino, visando à autonomia na proposta pedagógica de cada instituição. É importante frisar que esta LDB em particular, favorece grandes avanços e progressos notáveis nas teorias e práticas de aprendizagem. No Título VI - dos profissionais da educação destaca a importância dos profissionais da educação, valorizando-os e chamando a atenção para o aperfeiçoamento profissional continuado. Trata o professor como eixo central da qualidade de educação. Você deve aprofundar seu conhecimento sobre as propostas da LDB vigente, Lei nº 9.394/96 acessando O Plano Nacional da Educação (PNE) Parte integrante da Legislação Educacional Nacional, O PNE tem respaldo legal na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em dezembro de A LDB, em sintonia com a Declaração Mundial de Educação para Todos, determinou a elaboração de um plano nacional de educação no prazo de um ano, a contar da data da sua publicação. Entretanto, depois de três anos de tramitação no Congresso Nacional e muito debate com a sociedade civil organizada e entidades da área educacional, o PNE foi sancionado somente em janeiro de

8 O Plano Nacional de Educação (PNE) é um instrumento da política educacional que estabelece diretrizes, objetivos e metas para todos os níveis e modalidades de ensino, para a formação e valorização do magistério e para o financiamento e a gestão da educação, por um período de dez anos. Sua finalidade é orientar as ações do Poder Público nas três esferas da administração (União, estados e municípios), o que o torna uma peça-chave no direcionamento da política educacional do país. O PNE é a grande política estruturante da educação brasileira, estabelecendo metas decenais para todos os níveis e etapas da educação, apontando para que estados e municípios criem e estabeleçam planos semelhantes compatíveis com as metas nacionais. A Secretaria da Educação Básica SEB realiza a avaliação do PNE e estimula estados e municípios a criarem seus planos correspondentes e avaliarem-no a cada cinco anos, de acordo com a própria lei. Todas as ações e programas da SEB visam o alcance das metas do PNE. Conheça as propostas do Plano Nacional da Educação acessando Outras leis importantes para a educação Como profissional da educação você deve saber que, no trabalho realizado com os alunos, devemos estar atentos a outras leis relativas à educação ou aos sujeitos do processo educacional. Por isso você deve dedicar especial atenção ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Em 1979, foi instituído no Brasil o Código de Menores e, em 1989, com a Convenção Internacional dos Direitos da Criança das Organizações das Nações Unidas iniciou-se um processo de transformações das políticas públicas voltadas às crianças e aos adolescentes. Assim, em 13 de julho de 1990, foi instituído o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, atendendo ao artigo 227 da Constituição Federal: 7

9 Art É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O ECA, instituído como Lei Federal nº 8.069/90, firma-se no pressuposto básico de que as crianças e adolescentes devem ser vistos como pessoas em desenvolvimento, sujeito de direitos e destinatário de proteção integral. O Estatuto é se constitui de 267 artigos que garantem os direitos e deveres de cidadania das crianças e adolescentes. O ECA também determina a responsabilidade dos setores que compõem a sociedade como a família, o estado, o município e a União. O documento, em seus capítulos e artigos, estabelece políticas referentes à saúde, à educação, à adoção, à tutela e a questões relacionadas às crianças e aos adolescentes autores de atos infracionários. É importante que educadores conheçam órgãos de apoio presentes na comunidade, como o Conselho Tutelar, que é uma entidade pública presente no município, composto por conselheiros da comunidade, cujo objetivo é receber denúncias das escolas e da comunidade sobre a violação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Conheça esta importante lei em sua totalidade, acessando Quer conhecer a legislação específica para cada nível ou modalidade de ensino? Acesse :legislacoes&catid=70:legislacoes 8

10 Conclusão Sabemos que embora tenhamos uma legislação que defende direitos iguais para todos, ainda temos que trabalhar e trilhar um longo caminho para que a educação como um direito a serviço do pleno desenvolvimento do educando se torne realidade. Muitas de nossas crianças ainda estão fora das escolas e grande número de jovens e adultos continua sem oportunidades de escolarização. As necessidades atuais emergem na sociedade, que exige cada vez mais educação, fazendo com que a legislação se torne instrumento de formalização de práticas sociais e de orientação para as políticas públicas da educação nacional. Como profissionais da educação precisamos conhecer a legislação, lutar para que ela seja cumprida e defender mudanças que possam efetivar o princípio de igualdade de oportunidades a todos, a fim de que o Brasil seja realmente um país justo, moderno e democrático. 9

11 Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, Disponível em Acesso em abr.2010 Estatuto da criança e do adolescente. Lei 8.069/90. Disponível em Acesso em abr.2010 Lei 9.394, de 20 de dezembro de Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Disponível em Acesso em abr Plano Nacional da Educação Disponível em Acesso em abr.2010 LIBÂNEO, José Carlos& OLIVEIRA, João Ferreira de & TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização. São Paulo. Cortez:

12 11 Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Julia de Cassia Pereira do Nascimento Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, São Paulo SP Brasil Tel: (55 11)