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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA PRISÃO PREVENTIVA: A APLICAÇÃO DIANTE DA LEI N /2011 (LEI SOBRE PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA) Por: Diego da Silva Napolião Orientador Prof. Jean Alves DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL Rio de Janeiro 2014

2 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA PRISÃO PREVENTIVA: A APLICAÇÃO DIANTE DA LEI N /2011 (LEI SOBRE PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA) Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em direito e processo penal. Por: Diego da Silva Napolião

3 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pela Luz com que me guiou durante esta pesquisa e em minha vida. Aos meus pais que me apoiaram em minhas escolhas. Ao Professor e Orientador Jean Alves, pelo apoio e encorajamento contínuos na pesquisa.

4 4 DEDICATÓRIA Dedico esta obra à minha esposa por ser minha companheira, minha razão de viver.

5 5 RESUMO No Brasil, os crimes vêm sendo punidos, desde muitos anos atrás, com relevante rigor, ante o conceito de que o tratamento severo expurgaria o infrator da comunidade, como teria a utilidade de servir como exemplo aos seus demais integrantes, prevenindo a reiteração. Tal entendimento é ultrapassado e apenas alguns poucos estudiosos ainda a defendem, contrariando o desenvolvimento do pensamento penalista, que busca privilegiar a oportunização aos que incorreram em infrações penais, de formas diversas de reparar o erro. A Prisão preventiva é vista como um tipo de medida cautelar de natureza processual, sendo também a mais relevante delas, e esse tipo de prisão processual é fixada por um juiz e pode ocorrer tanto na fase do inquérito policial como na instrução criminal. Portanto, a prisão preventiva ocorre para se garantir a plena conveniência da instrução criminal e, consequentemente, a preservação da ordem pública, sendo empregada para afiançar que o acusado não fuja e também, para afiançar que o acusado não coaja testemunhas, sempre devendo existir o indício suficiente de autoria e da materialidade do delito.

6 6 METODOLOGIA O objeto de estudo será a medida cautelar de constrição à liberdade do indiciado ou réu, denominada prisão preventiva. O intuito é investigar como ficou a aplicação da prisão preventiva após a entrada em vigor da lei /2011(lei sobre prisão e liberdade provisória). O trabalho será desenvolvido através de pesquisa bibliográfica onde se analisará livros, artigos, periódicos, sites jurídicos, além das leis e códigos existentes no ordenamento jurídico.

7 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL Lei nº / Medida Cautelar Distinção entre Prisão Preventiva e Prisão Temporária 16 CAPÍTULO II - PRISÃO PREVENTIVA Resumo Histórico e construção do atual conceito de Prisão Preventiva A Lei n /2011 e Prisão Preventiva Pressupostos Vitais da Prisão Preventiva A Aplicação da Prisão Preventiva Cessação dos Motivos da Prisão Preventiva 43 CONCLUSÃO 53 BIBLIOGRAFIA 55 ÍNDICE 57 FOLHA DE AVALIAÇÃO 59

8 8 INTRODUÇÃO O presente estudo irá versar sobre a medida cautelar de constrição à liberdade do indiciado ou réu, denominada prisão preventiva, ou seja, o estudo não é sobre prisão-pena, e sim sobre uma das modalidades de prisão cautelar, prisão sem pena ou prisão processual. O intuito é investigar como ficou a aplicação da prisão preventiva após a entrada em vigor da lei /2011(lei sobre prisão e liberdade provisória). A aprovação, relativamente recente, pela Câmara dos Deputados, em 07 de abril de 2011, do Projeto de Lei nº 4.208/01, posteriormente transformado na Lei nº , com vigência em 04 de julho de 2011, trouxe grande repercussão no mundo jurídico e acadêmico. A lei altera dispositivos do Código de Processo Penal relativos às medidas cautelares de natureza pessoal. No Brasil, a prisão preventiva é considerada como uma espécie de prisão cautelar de natureza processual, sendo a mais importante delas. Esse modelo de prisão processual é ligado a uma medida restritiva de liberdade que é determinada pelo juiz. Essa determinação pode ocorrer tanto na fase do inquérito policial como o da instrução criminal. Ela ocorre como uma medida de segurança processual para afiançar uma eventual execução de pena, preservando a conveniência da instrução criminal e mantendo a ordem pública. O disciplinamento legal da prisão preventiva (CPP, arts. 311, 312, 313, 314, 315 e 316) tem justificado práticas processuais comprometidas com um modelo punitivo ultrapassado, em nome do qual são sacrificados os Direitos Fundamentais do cidadão. O ajustamento dos conteúdos legais por meio de uma interpretação garantista será capaz de modificar esta práxis judicial, tornando-a condizente com o estado democrático de direito e, consequentemente, adequada para assegurar a efetividade dos Direitos Fundamentais.

9 9 É fundamentada no Código de Processo Penal, nos artigos 311 a 316, onde o seu artigo 312 assim o diz, a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indicio suficiente de autoria. Entende-se que a prova da materialidade delitiva e o indício suficiente da autoria são elementos indicadores da plausibilidade jurídica da pretensão e se constituem nos pressupostos fundamentais para a decretação da prisão preventiva. No que diz respeito à infração penal, exige-se certeza, sendo insuficientes meras suspeitas, indícios ou até mesmo presunções. Os componentes objetivos, descritivos, subjetivos e normativos da figura penal deverão ser comprovados, além da antijuridicidade e culpabilidade do agente. Assim, tendo em vista que a ampla maioria da doutrina e jurisprudência entende que a prisão preventiva é a ultima ratio (última opção), tem caráter excepcional, considera-se relevante compreender a aplicação desta prisão cautelar, pois, observa-se um uso inadequado desta, traduzindo-se em autêntica punição sem condenação, importando em afronta direta ao princípio constitucional da presunção de inocência. No que diz respeito à elaboração da monografia, será adotada a metodologia de pesquisa bibliográfica, sendo que, a pesquisa bibliográfica é aquela fundamentada na apreciação da literatura já editada em forma de livros, periódicos, publicações avulsas, imprensa escrita e até de forma eletrônica que é disponibilizada na Internet, dentre outros. No trabalho, a revisão de literatura/pesquisa bibliográfica contribuirá para: alcançar informações relevantes sobre a situação atual do tema pesquisado; conhecer publicações existentes sobre o assunto e os aspectos que já foram tratados e analisar os julgamentos semelhantes e diversos a respeito da questão ou de aspectos ligados ao tema da pesquisa.

10 10 CAPÍTULO I MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL 1.1 Lei nº /11 A Lei nº , promulgada em 04 de maio de 2011, modificou o Título IX do Código de Processo Penal, e sem nenhum tipo de surpresa, o legislador novamente obrou em enormes erros, tanto no aspecto da estrutura deste normativo quanto em relação ao seu conteúdo. Em relação à estrutura, faz-se tal afirmação, dentre outras, em razão de que parte da liberdade provisória sem fiança continuou sendo prevista no Capítulo II (art. 310 e parágrafo único), que trata da prisão em flagrante, e no Capítulo VI, no seu art. 321, e ainda a liberdade provisória, com fiança ; tal qual ocorria antes desta mudança legislativa, regulando agora tanto a concessão de liberdade provisória com, quanto sem fiança. Já relativamente ao conteúdo, verifica-se a manutenção das mazelas que já estavam contidas no regramento anterior, v.g., ao invés de prever quais as hipóteses em que é possível a concessão de liberdade provisória, indica de forma negativa as situações em que não se aplica esta modalidade de benesse. Segundo Paulo Alves Franco 1 : De qualquer sorte houve avanços, ainda que o legislador tenha perdido a oportunidade de tornar mais coerentes e lógicos estes institutos (prisão em flagrante, prisão preventiva e liberdade provisória), no Código de Processo Penal. Na verdade, as mazelas estruturais que existiam praticamente não 1 FRANCO, Paulo Alves. Prisão em flagrante: preventiva e temporária. 4.ed. Campinas-SP: Lemos & Cruz Livraria e Editora, p. 241.

11 11 foram alteradas, o que é de se lamentar em razão de se perder a oportunidade de corrigir os equívocos cometidos pelo legislador anterior. Já no aspecto de alteração normativa propriamente dita, vê-se evolução relevante, que dentre elas podemos citar a previsão da chance de concessão de liberdade provisória com fiança independentemente da quantidade da pena mínima prevista para o tipo penal imputado ao acusado (na Lei anterior apenas era possível a concessão deste benefício aos acusados da prática de crime cuja pena mínima não ultrapassasse a dois anos de reclusão CPP, art. 323,inc. I). De acordo com Sidney Eloy Dalabrina 2 : Há possibilidade de aplicar-se outras medidas cautelares, em substituição à prisão, ainda que haja equívoco quanto a sua aplicação face a prisão preventiva, a qual ao nosso ver não pode ser substituída, desta maneira, ainda que esta modificação legislativa não tenha sido mais arrojada ao ponto de atender todas as expectativas daqueles que militam nesta área de direito, é inegável que otimizou e para melhor. A nova lei que alterou o Título IX do Código de Processo Penal, alterou ou revogou apenas os arts. 282, 283, 289, 298, 299,300, 306, 310, 311, 312, 313, 314, 315, 317, 318, 319, 320, 321, 322, 323, 324, 325, 334, 335, 336, 337, 341, 343, 344, 345, 346, 350, 439 e 595, ficando os demais intactos. O Título IX foi modificado de prisão e liberdade provisória para Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória. Está mal colocada a expressão das medidas cautelares haja vista que neste Título, as medidas cautelares são tratadas na condição de prisão temporária, preventiva e outras em substituição a estas (v.g. Capítulo V), enquanto existem outras medidas cautelares previstas no normativo alterado (v.g., sequestro, arresto, busca e 2 DALABRINA, Sidney Eloy. Prisão preventiva: uma análise à luz do garantismo penal. Curitiba: Juruá, p. 57.

12 12 apreensão etc.). De qualquer sorte é inquestionável que a expressão medidas cautelares está referindo-se à substituição da prisão anterior à condenação transitada em julgado. As previsões do art. 310, incs. I e II, combinada com o art. 313,inc. I, gerou grande mudança no ordenamento jurídico na medida em que determina a necessidade do juízo, ao receber a comunicação da prisão em flagrante, convertê-la em prisão preventiva, quando presentes os motivos para tal, quando não presentes os requisitos para a substituição por alguma ou algumas das medidas cautelares relacionadas no art. 319, seus incisos e 4º, também quando presentes os requisitos exigidos pelo art. 282, incs. I e II, todos da reforma ora em estudo. Interpretando estes dois dispositivos é possível concluir que todas as prisões em flagrante devem ser relaxadas, com base no art. 310, inc. I, quando o apenamento máximo previsto para o delito imputado ao autuado não exceder a 04 (quatro) anos, o que não é verdade. Apesar de este Capítulo indicar que trata da prisão, lamentavelmente, a reforma em estudo não tratou da prisão temporária, ainda que fosse apenas para sistematizar o instituto da prisão, repetindo-se os mesmos termos contidos na Lei n /89, que regula esta matéria. Em relação à liberdade provisória houveram mudanças substanciais e dentre elas, pode-se citar elevação do patamar da pena máxima de 04 (quatro) anos prevista para o tipo a possibilitar a concessão de liberdade provisória com fiança pela autoridade policial. Retirou-se o requisito ligado ao apenamento mínimo previsto para o tipo penal imputado como infringido, para fins de concessão pelo juízo de liberdade provisória com fiança. Elevou o valor mínimo e diminuiu o máximo do quantum pecuniário, além da sua correção através de salário mínimo, para fins de fixação da fiança, sendo neste particular mais coerente com a realidade. Gerou também confusões enormes, especialmente, quando se faz uma interpretação

13 13 sistemática deste Título, em inúmeras oportunidades, e, em especial, por não haver adequado a redação de vários dispositivos produzidos no ano de 1941, em completa falta de sintonia com a nossa atual realidade. O Capítulo I, do Título em estudo, cuidou das disposições gerais, entretanto, nelas limitou-se a indicar aspectos relacionados unicamente com a prisão e as medidas cautelares nele reguladas, deixando de tratar de questões relacionadas com a liberdade provisória com ou sem fiança. Esta omissão, de qualquer forma, não importou prejuízo em qualquer sentido, especialmente, quanto a questões relacionadas com a liberdade provisória. Em relação às equivocadamente denominadas medidas cautelares, o legislador valeu-se de critério inusitado, uma vez que, primeiramente, previu no art. 282 as hipóteses em que ela deve ser aplicada e somente no art. 319, no Capítulo V, indicou quais seriam estas medidas. Jorge Vicente Silva 3 ressalta que: Há, inegavelmente, erro topográfico na colocação destes dois normativos, na medida em que são colocados em Capítulos diversos ainda que tratem de matérias umbilicalmente interligadas. De qualquer forma, considerando pecados mais graves que cometeu o legislador com esta reforma, inclusive por omissão, este é apenas um pecado venial passível de superação sem maiores dificuldades. Concretamente, a disposição do art. 282 produziu uma enorme transformação, inclusive na estrutura da prisão e da liberdade provisória prevista no nosso ordenamento jurídico, sendo ela inovadora e equivocada na medida em que a lei prevê a sua aplicação em substituição da prisão preventiva, a qual entende-se que não pode ser substituída, salvo em caso de prisão domiciliar Ainda que a aplicação destas denominadas medidas cautelares tenha enorme relevância no Título objeto da reforma ora em estudo, verifica-se

14 14 falta de maior esclarecimento quanto a sua incidência, especialmente quanto aos requisitos para aplicação desta benesse. Não há como negar que ocorreram avanços nesta reforma e de utilidade prática, ainda que estejam presentes enormes erros, omissões e equívocos, mas isso já é de tradição do nosso legislador. 1.2 Medida Cautelar O artigo 282 é plenamente novel no ordenamento jurídico, estando as previsões nele contidas contempladas, em parte, no próprio art. 282 do CPP, sendo que as modalidades de aplicação vêm previstas no art. 319, ora em estudo, cuidando ele e todos os seus parágrafos em regulamentar questões ligadas com encarceramento provisório do acusado, trazendo inovações extremamente relevantes em relação à lei anterior. Os incs. I e II indicam expressa e exaustivamente as hipóteses em que a prisão preventiva pode ser substituída pelas medidas cautelares contempladas no art. 319, atrás citado, desta forma, somente é possível a aplicação destas medidas em substituição da prisão preventiva quando presentes os requisitos indicados nestes dois incisos e limitada àquelas expressamente relacionadas na lei. Os incisos I e II do art. 282 do CPP prescrevem o seguinte: Art. 282 As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; 3 SILVA, Jorge Vicente. Comentários à lei /11: prisão, medidas cautelares e liberdade provisória. Curitiba: Juruá, p. 20.

15 15 II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. Existe para emprego destas medidas cautelares o anseio de serem combinados os requisitos para concessão desta benesse com as hipóteses expressamente elencadas na lei, cujas formas de aplicação estão dispostas nos 1º a 6º, do artigo ora em estudo. Luiz Antonio Câmara 4 entende que: Pelo que se depreende desta previsão, as prisões cautelares relacionadas com a prisão antecipada do acusado somente podem ser aplicadas, segundo o novo regramento, quando presentes riscos para a aplicação da lei penal, para a garantia da persecução criminal, lato sensu, e para a garantida da ordem pública, retirando-se para isso o imputado infrator do convívio social. Neste particular, há de se considerar que o art. 312 do Código de Processo Penal prevê, além dos fundamentos atrás postos, com o intuito de fundamentar decreto de prisão cautelar, também a prisão para fins de afiançar a ordem econômica: Art A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver provada existência do crime e indício suficiente de autoria. Diante deste quadro, pergunta-se, o que prevalece? A previsão do art. 282 na parte em que regula as hipóteses de medidas cautelares penais prisionais, que de forma exaustiva excluiu a prisão para fins de garantia da ordem econômica, ou a não alterada, do art. 312, no qual ela prevê este motivo 4 CÂMARA, Luiz Antonio. Medidas Cautelares Pessoais: prisão e liberdade provisória. 2.ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, p. 123.

16 16 a ensejar a prisão preventiva, destacando ainda que este normativo é anterior ao novo regramento alterado pela reforma. De acordo com o enunciado do caput do art. 282, inc. I, no Título em referência, não está contemplada a substituição da prisão preventiva de acusados sobre o fundamento da garantia da ordem econômica, por isso não é possível aplicar dita substituição. Pode-se depreender do que foi exposto que, a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares, ora em estudo, somente é possível nas hipóteses de decretação desta modalidade de prisão cautelar sob os atrás postos, ficando excluída a hipótese de garantia da ordem econômica. 1.3 Distinção entre Prisão Preventiva e Prisão Temporária É comum observar entre os iniciantes do direito e entre os não estudantes das disciplinas jurídicas uma certa confusão entre as modalidades de prisão cautelar, principalmente entre a prisão temporária e a prisão preventiva. Deve-se atentar que prisão cautelar também é sinônimo de prisão provisória, processual ou sem pena. Convém resumir o conceito de ambas as modalidades de prisão cautelar para contextualizar e poder fazer a distinção entres elas. Conceitua-se a prisão preventiva como sendo espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente, mediante representação da autoridade de polícia judiciária ou requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, em qualquer fase das investigações ou do processo criminal, nesta podendo ser decretada de ofício pelo magistrado, sempre que estiverem presentes os requisitos legais e ocorrerem os motivos autorizadores listados no ar. 312 do CPP, e desde que se evidencie descabido ou insatisfatório as medidas cautelares diversas da prisão.

17 17 Enquanto prisão temporária é uma modalidade de prisão cautelar, cujo fim é assegurar uma eficaz investigação policial. Está prevista na lei 7960/89 e foi idealizada para substituir, legalmente, a antiga prisão para averiguação, que era hábito da polícia judiciária realizar, justamente para auxiliar nas investigações. Existem pelo menos quatro motivos que distinguem a prisão preventiva da prisão temporária, são eles: 1) a prisão temporária só pode ser decretada no decurso da fase de inquérito policial. Enquanto a prisão preventiva pode ser decretada tanto no período da fase de investigação policial quanto no decurso do processo. 2) A prisão temporária não pode ser decretada de ofício, lei nº 7960/89, art. 2º; no decurso da instrução processual, é cabível a decretação da prisão preventiva de ofício do magistrado. 3) A prisão temporária só é cabível em relação a um rol taxativo de delitos, listados no art. 1º, inc. III, da lei nº 7960/89, e no art. 2º, 4º da lei nº 8072/90 (lei de crimes hediondos e equiparados); não existe nenhum rol taxativo de crimes relativos aos quais seja cabível a decretação da prisão preventiva, restando, tão somente, o preenchimento dos pressupostos previstos no art.313 do CPP. 4) A prisão temporária tem prazo pré-estabelecido de cinco dias, prorrogáveis por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, e quando se tratar de crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo será de trinta dias, prorrogáveis por mais igual período no caso extrema e comprovada necessidade. Findo este prazo, o preso será colocado imediatamente em liberdade, independentemente da expedição de alvará de soltura do preso. Já, a prisão preventiva não tem prazo pré-determinado.

18 18 Sobre este assunto, Gulilherme de Souza Nucci 5 diz: É rara a decretação da prisão preventiva durante a fase de investigação policial, sendo por vezes incompreensível que o juiz o faça, pois atualmente existe, como medida cautelar mais adequada, a prisão temporária, indicada justamente para os crimes mais graves, que estariam a demandar a segregação cautelar do investigado. 5 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 9. Ed. Ver., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, p.604.

19 19 CAPÍTULO II PRISÃO PREVENTIVA A prisão preventiva é fundada em uma comprovada necessidade que vem da própria sociedade, de que o indivíduo o qual lhe atribuem um fato delituoso, seja cerceado antes mesmo de ser condenado. Esse anseio de se obter uma prisão preventiva, é visto quando se analisa os pressupostos do fumus comissi delicti, também denominado fumus boni iuris, que é a prova da materialidade do crime e indícios de sua autoria, e do periculum libertatis, também denominado periculum in mora, que é o risco de decisão tardia, perigo em razão da demora. A prisão preventiva, conforme prescreve o art. 311 do Código de Processo Penal, poderá ser decretada pelo Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, querelante, ou diante de representação da Autoridade Policial, durante o inquérito policial ou a investigação criminal. Nesta última hipótese, somente poderá ser decretada pelo Juiz mediante provocação, sob pena de abalo em sua imparcialidade, com violação ao sistema acusatório de processo, para o qual é imprescindível o distanciamento entre quem dá ensejo à persecução criminal e quem a julga, sendo assim reservada a iniciativa probatória, ainda que na fase extrajudicial, exclusivamente, às partes. O Juiz deverá ser expectador, dedicado, principalmente, à objetiva e imparcial valoração dos fatos e não um inquisidor que, na condição de representante do poder punitivo, seja dotado de capacidade investigativa. Por ausência de previsão legal, não se pode falar na possibilidade de o assistente da acusação pleitear a medida, não sendo admissível interpretação extensiva, já que se trata de norma restritiva de Direito Fundamental.

20 Resumo Histórico e construção do atual conceito de Prisão Preventiva A prisão preventiva tem sua origem na Antiguidade, tendo precedido a própria pena privativa de liberdade, encontrando seu ápice na Idade Média, com a evolução do processo inquisitório, onde se tornou o pressuposto ordinário da instrução, fundada na disponibilidade do corpo do acusado como meio de obtenção da confissão através do emprego da tortura. Posteriormente, foi estigmatizada pelo iluminismo. Luigi Ferrajoli 6 entende que: Não muito obstante, em nome de necessidades variadas, como a possibilidade de evasão, de deteriorização das provas ou a gravidade do delito e necessidade de prevenção, acabou sendo validada por todo o pensamento liberal. Em 1832, o Código de Processo Criminal do Império, instituiu a medida para os crimes inafiançáveis, tendo o Código de Processo Penal baixado pelo Decreto-lei n , de , cuja fonte inspiradora foi o regime autoritário em vigor na Itália, contemplado-a no art. 312, cuja redação original era a seguinte: a prisão preventiva será decretada nos crimes a que for cominada pena de reclusão por tempo, no máximo, igual ou superior a dez anos. Aceitando uma inequívoca presunção de necessidade, criou-se a prisão preventiva compulsória, medida cautelar que apenas desapareceu em 1967, por meio da Lei n Com a novel legislação, que tornou a prisão preventiva facultativa, extinguindo o critério da gravidade do crime, o Capítulo 6 FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão. Teoria do garantismo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 443.

21 21 III do Código de Processo Penal sofreu relevante modificação, contendo a seguinte redação: Art Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou do querelante, ou mediante representação da autoridade policial. Art A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indícios suficientes da autoria. Art A prisão preventiva poderá ser decretada: I nos crimes inafiançáveis; II nos crimes afiançáveis, quando se apurar no processo que o indiciado é vadio ou quando, havendo dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou indicar elementos suficientes para esclarecê-la; III nos crimes dolosos, embora afiançáveis, quando o réu tiver sido condenado por crime da mesma natureza, em sentença transitada em julgado. Art A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições do art. 19, incs. I, II e III do Código Penal. Art O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentado. Art O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. O art. 313 do Código de Processo Penal foi posteriormente modificado pela Lei n /77, passando então a dispor: Art Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos: I punidos com reclusão;

22 22 II punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la; III se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 46 do Código Penal. Outrossim, o art. 312 do Código de Processo Penal sofreu nova alteração, agora através da Lei n /94, passando a prescrever: Art A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente da autoria. Sob o princípio da presunção de inocência, sendo tipo de prisão cautelar, a prisão preventiva apenas pode ser justificada quando empregada em caráter excepcional, em circunstâncias em que a liberdade do acusado possa comprometer o regular desenvolvimento e a eficiência da atividade processual. Cumpre analisar, sendo assim, as hipóteses que, legalmente, justificam sua adoção, antes, porém, sua oportunidade e iniciativa. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 ofertou tratamento claro para a estrutura do aprisionamento cautelar, ou processual, que vem sendo reiteradamente ignorado em uma estratégia de agigantamento da prisão sem pena, como compensação do movimento lei e ordem ao crescimento da postura crítica em relação à pena de prisão. El Tasse e Santos 7 ressaltam que: A verdade é que a garantia do estado de inocência, como instituto fundamental à segurança dos cidadãos deve 7 TASSE, Adel El; SANTOS, Cássia Camila Cirino dos. Cautelares no Processo Penal: comentários à Lei de 4 de maio de Curitiba: Juruá, p. 19.

23 23 impulsionar a formação de uma mentalidade mais adaptada ao pensamento global, no sentido de se considerar toda e qualquer forma de prisão processual como medida excepcional, aplicável somente em casos de extremada necessidade e que não haja possibilidade alguma de se manter o acusado respondendo ao processo em liberdade. Importante que se visualize que o encarceramento, enquanto medida punitiva final do processo penal encontra-se em ataque direto, ante a constatação de seus efeitos maléficos tanto para a pessoa do acusado, que acaba por se tornar, ao final da execução penal muito mais agressivo, quanto para a sociedade, que tem em tal sistema punitivo um modelo absolutamente ineficaz, onde o condenado raramente apresenta melhoras comportamentais. Conforme se prescreve no art. 311 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva poderá ser decretada no decorrer do inquérito policial ou também no curso da instrução criminal. Segundo Paulo Rangel 8, por instrução criminal, deve-se entender: O período englobado entre o interrogatório do acusado e as alegações finais, já que no decorrer deste período as partes tentam instruir o juiz do acerto de suas teses, levando para os autos do processo todos os meios de provas legais, bem como os moralmente legítimos admitidos no direito. Embora o dispositivo legal reproduzido não o revele categoricamente, apenas ao longo da instrução criminal e não durante o inquérito policial, é possível a decretação da prisão preventiva pelo juiz, sem provocação, haja vista o sério impróprio que representa o fato de um mesmo indivíduo decidir sobre a sua necessidade, valorando a sua própria legalidade. 8 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 5.ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, p

24 24 É que, em virtude do sistema de processo do tipo acusatório, o juiz deve ser afastado das funções investigatórias, de modo a preservar ao máximo a sua imparcialidade, coibindo-se o contato com o material probatório, posto que voltado exclusivamente ao Ministério Público. Nas palavras de Eugênio Pacelli de Oliveira 9 : Em outros termos, tratando-se de medida voltada a afiançar a efetividade da persecução penal, a iniciativa para o exame de sua necessidade, na fase investigatória, compete aos destinatários da missão de promoção ativa da persecução criminal, seja sob o aspecto dos meios (Polícia Judiciária), como sob a perspectivados fins (Ministério Público). Possibilitar ao juiz, na fase preparatória da ação penal, a possibilidade de decretação da prisão preventiva do suspeito sem qualquer provocação, não há como negar-se que representa um resgate da ultrapassada figura do juiz inquisidor, já que o afeta com o destino do material cognitivo investigatório indicador da necessidade do ato constritivo, fator apto a abalar sensivelmente sua imparcialidade. Como consta da Exposição de Motivos do Código Processual Modelo para a Ibero-América, não é suscetível de ser refletido que um mesmo indivíduo se transforme em um investigador eficiente e, ao mesmo tempo, em um guardião zeloso da segurança individual; o bom inquisidor mata o bom juiz ou, ao contrário, o bom juiz desterra o inquisidor. A separação das funções entre juiz e acusação, constitui o mais importante elemento constitutivo do modelo acusatório de processo, figurando como premissa fundamental do garantismo penal. Na mesma linha de raciocínio, afirma Eugênio Pacelli de Oliveira 10 que a prisão preventiva, na fase de investigação, somente pode ser decretada 9 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 2.ed. rev., ampl. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, p. 492.

25 25 a requerimento dos responsáveis pela investigação legitimados à persecução em juízo, o que, evidentemente, não impede a atuação jurisdicional antes da ação penal, sendo missão constitucional do Poder Judiciário, nesta etapa, a tutela das liberdades públicas, no exercício da qual caberá a ele, com exclusividade,a decretação da prisão preventiva, expedição de mandados e a determinação de quaisquer restrições de direitos fundamentais. A prisão preventiva pode ser decretada pelo juiz de ofício, isto é, independente de requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial, assim, apenas no curso do processo e não do inquérito policial, já que frente o sistema acusatório de processo, foi o juiz afastado da fase investigatória, deixando-a a cargo somente do Ministério Público e da autoridade policial. A lei não permite o assistente da acusação a requerer a prisão preventiva, assim, por se tratar de medida de caráter excepcional, que alcança de forma intensa o Direito Fundamental do cidadão, tem-se como descabida qualquer interpretação extensiva ou analógica, devendo o elenco do art. 311 do Código de Processo Penal, portanto, ser recebido como taxativo e não exemplificativo. Se até mesmo o aprisionamento daqueles que restaram condenados em sentença penal transitada em julgado encontra-se hoje em franco processo de decadência, o que se dirá da prisão cautelar, ainda no curso do processo, contra pessoa que apresenta todas as possibilidades legais de, ao final, ser declarada inocente. Nesse sentido, se fortalece a certeza quanto ao caráter excepcional da medida de privação da liberdade no cunho do processo penal, sendo absolutamente precisas as palavras de Fernando da Costa Tourinho Filho 11, observando que: 10 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 2.ed. rev., ampl. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, p TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 11.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, p. 445.

26 26 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada e proclamada aos 10 dias do mês de dezembro de 1948, em Paris, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, ali reunida, para a qual o Brasil concorreu com sua presença e voto, peremptoriamente, no inc. I do art. 11 acentuou: Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prove sua culpabilidade, conforme a lei, em julgamento público, e em que lhe hajam assegurado todas as garantias necessárias para sua defesa, assim, também, o art. 5º, LVII, da Constituição Federal de 1988: Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. A decretação, assim, da custódia prisional preventiva desde a Constituição Federal de 1988 dependeu da existência de fortes razões, no sentido de que a liberdade do acusado represente concretamente prejuízo para o processo, quadro este por vezes ignorado na atuação judicial, o que produziu o dilatado aprisionamento processual existente no Brasil e na América Latina. Ao longo dos anos, passou a se valer de temor imaginário para com a pessoa do acusado ou da repulsa causada ao julgador, em seu subjetivismo, pelo fato em apuração para a segregação cautelar da pessoa, quando sempre foi fundamental que houvesse necessidade objetiva da segregação do acusado que ainda mantém seu status de inocente, pois inexistente sentença penal condenatória com trânsito em julgado. 2.2 A Lei n /2011 e Prisão Preventiva No Brasil, a prisão de acusado da prática de crime somente pode ocorrer em duas hipóteses. A primeira, quando houver prisão em flagrante, nos termos que atrás vimos, e a segunda, por ordem judicial devidamente fundamentada, de autoridade competente, nos termos previstos no art. 5º, inc.

27 27 LXI, da Constituição Federal de 1988, a qual biparte-se em duas modalidades; a prisão preventiva e a prisão temporária. A reforma inovou revogando o Capítulo IV, o qual regulava a apresentação espontânea do acusado, utilizando este local para contemplar a regulamentação da prisão domiciliar em substituição à prisão preventiva. É certo que ainda permanece a prisão em razão da pronúncia, mas, ela é típica da modalidade preventiva, em todos os seus aspectos. Em relação à manutenção da prisão do acusado face decreto de prisão em flagrante, respectiva necessidade de conversão em prisão preventiva, sob pena de ineficácia daquela prisão, verifica-se enorme alvoroço por parte dos aplicadores do direito face o teor do art. 313, inc. I, da reforma, apontando diversas interpretações muitas vezes totalmente equivocadas sobre esta matéria. Para sanar esta dúvida, toma-se a liberdade de transcrever entendimento de Fernando Capez 12 : Antes da condenação definitiva, o sujeito só pode ser preso em três situações: flagrante delito, prisão preventiva e prisão temporária, mas, apenas poderá continuar preso nas duas últimas, não existindo mais a prisão em flagrante como hipótese de prisão cautelar garantidora do processo. Ninguém responde mais preso a processo em virtude da prisão em flagrante, a qual deverá se converter em prisão preventiva ou convolar-se em liberdade provisória. Antes da sentença final, é imprescindível a demonstração dos requisitos de necessidade e urgência para a prisão cautelar. Além da prisão temporária, cabível nas restritas hipóteses da Lei n /89 e somente quando imprescindível para a investigação policial de alguns crimes elencados em rol taxativo, só existe a prisão preventiva, como modalidade de prisão provisória. 12 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20.ed. São Paulo: Saraiva, p. 329.

28 28 Em se tratando de infrações inafiançáveis, como crimes hediondos, racismo, tráfico de drogas etc., não havendo necessidade de prisão preventiva, nem de providências cautelares alternativas, também caberá liberdade provisória. Só que aqui, não existe a possibilidade de o juiz optar pela fiança, já que esta é vedada para tais crimes. Em vez de gravame, ao que parece, estáse diante de um benefício: mesmo que o juiz queira impor uma fiança de 200 mil salários mínimos para um traficante, a lei o impedirá, pois, se trata de crime inafiançável. Segundo a nova lei, só cabe prisão preventiva para os crimes punidos com pena máxima superior a 04 anos (CPP, art. 313). Nos demais crimes, mesmo que demonstrada a necessidade e urgência, a medida não poderá ser imposta. Imagine-se a hipótese, por exemplo, de um sujeito preso em flagrante por praticar na presença de uma criança de 09 anos, ato libidinoso a fim de satisfazer lascívia própria (CP, art.218-a). Fernando Capez 13 ressalta que: Há indícios de ameaça à vítima e testemunhas, pondo-se em risco a produção da prova. O juiz constata a necessidade de decretar a prisão preventiva, mas, não pode, tendo em vista que a pena máxima do crime não é superior a 04 anos, assim, e agora? Entende-se que, mesmo fora do rol dos crimes que autorizam a prisão preventiva, o juiz poderá converter o flagrante em prisão preventiva, desde que presente um dos motivos previstos na lei: necessidade de garantir a ordem pública ou econômica, conveniência da instrução criminal ou assegurar a aplicação da lei penal + insuficiência de qualquer outra medida cautelar para garantia do processo. É que a lei, ao tratar da conversão do flagrante em preventiva não menciona que o delito deva ter pena máxima superior a 04 anos, nem se refere a qualquer outra exigência prevista no art. 313 do Código de Processo Penal. Conforme se denota da redação do art. 310, II, do Código de Processo Penal, para que a prisão em flagrante seja convertida em preventiva, basta a demonstração da presença de um dos requisitos ensejadores do 13 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20.ed. São Paulo: Saraiva, p. 329.

29 29 periculum in mora (CPP, art. 312), bem como a insuficiência de qualquer outra providência acautelatória prevista no art Não se exige que esteja o crime no rol daqueles que permitem tal prisão. Deve-se distinguir a prisão preventiva decretada autonomamente, no curso da investigação policial ou do processo penal, que é a prisão preventiva genuína, a qual exige necessidade e urgência, e só pode ser ordenada para crimes com pena máxima superior a 04 anos, da prisão preventiva imposta devido à conversão do flagrante, a qual se contenta com a existência do periculum in mora. Neste último caso, a lei só exige dois requisitos: uma das situações de urgência previstas no art. 312 do Código de Processo Penal + a insuficiência de outra medida cautelar em substituição à prisão (art. 310, II, do CPP). O tratamento foi distinto, tendo em vista a diversidade das situações. Na preventiva convertida, há um agente preso em flagrante e o juiz estaria obrigado a soltá-lo, mesmo diante de uma situação de periculum in mora, porque o crime imputado não se encontra dentre as hipóteses autorizadoras da prisão, seria uma liberdade provisória obrigatória a quem frustrará os fins do processo. Já na decretação autônoma da custódia cautelar preventiva, o réu ou indiciado se encontra solto e o seu recolhimento ao cárcere deve se cercar de outras exigências. Jorge Vicente Silva 14 entende que: Não se cuida de soltar quem não pode ser solto, mas de recolher ao cárcere quem vinha respondendo solto ao processo ou inquérito, daí o tratamento legal diferenciado, mas, não é só. Em relação aos requisitos para decretação da prisão preventiva, ou a conversão da prisão em flagrante nesta modalidade prisional, há que se interpretar de forma sistemática o disposto nos arts. 312, 313, inc. I, 310, inc. II, e 322, da norma em análise, e daí concluir-se quanto a possibilidade de aplicação desta medida cautelar para os casos de infração a delitos com apenamento igual ou inferior a04 (quatro) anos. 14 SILVA, Jorge Vicente. Comentários à lei /11: prisão, medidas cautelares e liberdade provisória. Curitiba: Juruá, p. 177.

30 30 Destaca-se a existência de um conflito entre o disposto no art. 313, inc. I (nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos), art. 310, inc. II (ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:... II converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes às medidas cautelares diversas da prisão), art. 312 (a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria) e art. 322 (a autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos). Analisando os três dispositivos verifica-se que não há proibição expressa no sentido de que não pode ser convertida a prisão em flagrante em prisão preventiva para crimes apenados com sanção privativa de liberdade igual ou inferior a quatro anos. Há proibição sim de ser decretada a prisão preventiva, mas, não a conversão da prisão em flagrante nesta modalidade prisional. Sidney Eloy Dalabrina 15 diz que conceitualmente decretar e converter não são procedimentos sequer parecidos, menos similares, daí por que o anseio de interpretação sistemática do presente normativo, inclusive neste aspecto. Há proibição para ser decretada a prisão preventiva, mas, não há esta previsão quanto à conversão da prisão em flagrante em preventiva. A situação de uma pessoa que está solta em relação a outra que está presa, 15 DALABRINA, Sidney Eloy. Prisão preventiva: uma análise à luz do garantismo penal. Curitiba: Juruá, p. 122.

31 31 para os fins de prisão e liberdade provisória, há uma enorme diferença, sendo relevante este aspecto para fins de interpretação dos artigos ora em estudo. Em termos de interpretação da lei, especialmente, quando há falta de clareza como ocorre no presente caso, deve o intérprete valer-se do espírito dela, que no presente caso invoca-se o teor do art. 314, primeira parte, segundo o qual a prisão preventiva em nenhum caso será decretada (...), demonstrando-se com isso que nos casos em que o legislador quis proibir a decretação da prisão preventiva, o fez expressamente e de forma clara. Em contrapartida, considerando que no regramento ora em estudo não ocorreu esta proibição, há que se interpretar nos termos do disposto no art. 310, inc. II, segundo o qual é permitida a conversão da prisão em flagrante em preventiva independentemente do apenamento previsto para o tipo, desde que presentes os requisitos para tal. Outra circunstância que vem confirmar que o legislador não teve a intenção de prever o que de uma leitura gramatical extrai-se do art. 313, inc. I, da norma em estudo, está ligado ao regramento estabelecido no art. 322 do Código de Processo Penal, pela nova redação, segundo o qual a autoridade policial poderá conceder liberdade provisória mediante fiança para os delitos cujo apenamento máximo não ultrapasse a 04 (quatro) anos. Segundo Fernando Capez 16 : Caso o legislador pretendesse prever que é vedada a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva para os delitos com apenamento máximo igual ou inferior a quatro anos, a consequência automática seria o relaxamento da prisão em flagrante nestas modalidades de delito, nos termos do art. 310, inc. I, combinado com o art. 313, inc. I, da norma instrumental ora em análise. Neste caso, jamais haveria a possibilidade da autoridade policial conceder liberdade provisória mediante fiança para os delitos com este mesmo apenamento, tornando-se o art. 322, efetivamente letra morta, pois, com o obrigatório relaxamento da prisão não sobraria oportunidade para ser aplicado. 16 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20.ed. São Paulo: Saraiva, p. 335.

32 32 Não é razoável aceitar que o legislador em um mesmíssimo momento produziu dois dispositivos em que um elimina o outro, de forma intencional, assim, não havendo a intenção do legislador no sentido do art. 313, inc. I, eliminar o art. 322, a interpretação de ambos deve ser realizada de forma sistemática, que é proibir apenas a decretação da prisão preventiva pura, e não a conversão da prisão em flagrante em preventiva, devendo a soltura do preso ocorrer através de liberdade provisória, seja com ou sem fiança, mas, não pelo relaxamento da prisão. A propósito, o Capítulo que regulou a fiança, ainda que tenha sofrido alteração em diversos artigos, não previu a concessão desta modalidade de liberdade provisória somente para os delitos cujo apenamento máximo ultrapasse a 04 (quatro) anos. Ao contrário, eliminou a possibilidade do preso livrar-se solto, independentemente de concessão de liberdade provisória, conforme previa a antiga redação do art. 321 da norma instrumental em estudo. Nas palavras de Sidney Eloy Dalabrina 17 : Havendo o legislador em diversas oportunidades previsto a possibilidade de concessão de liberdade provisória para os delitos com este apenamento, assim, o fez porque entende que esta quantidade de pena não confere ao preso o direito ao automático relaxamento da prisão em flagrante, de consequência, é possível que ela seja transformada em preventiva quando configurar as hipóteses previstas no art. 310, inc. II do Código de Processo Penal. O legislador cometeu mais um erro, tal qual em tantas outras chances da reforma aqui em estudo, porém, esta sua irresponsabilidade não pode transformar-se em agressão à sociedade, o que ocorrerá caso infratores que deveriam ficar presos, especialmente, quando necessário para garantia da 17 DALABRINA, Sidney Eloy. Prisão preventiva: uma análise à luz do garantismo penal. Curitiba: Juruá, p. 122.

33 33 ordem pública, sejam colocados em liberdade ainda que com a certeza de que soltos continuarão a praticar crimes. Proibir a conversão da prisão em flagrante em preventiva quando presentes os requisitos para tal seria uma afronta aos mais elementares e comezinhos princípios de direito processual penal, daí por que a necessidade da matéria objeto do presente estudo ser interpretada de forma sistemática, levando em consideração para fins de aferir a intenção do legislador a sua irresponsabilidade cometida em diversos outros dispositivos da lei ora em análise. 2.3 Pressupostos Vitais da Prisão Preventiva Para que seja provável o decreto de prisão preventiva, deve-se ressaltar a identificação de dois pressupostos essenciais, são eles: prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Sem a coexistência destes dois elementos, a prisão preventiva constitui flagrante constrangimento ilegal, sanável via habeas corpus. Referem-se ao fumus comissi delicti, isto é, à plausibilidade do direito invocado, à probabilidade de êxito da pretensão punitiva deduzida. É reservada para as possibilidades em que se tenha como provada a existência do crime, ainda que em juízo cautelar, necessária se faz uma plena verificação dos elementos que integram a figura típica, já que apenas há prova da existência do crime quando presentes estiverem todos os elementos que o integram. Insta averiguar a possibilidade de conformação da conduta típica com o preceito primário da norma penal incriminadora, com a identificação de todos os seus elementos, objetivos, subjetivos ou normativos, não sendo possível a plena adequação peculiar, incogitável a prisão preventiva. Do mesmo modo, constituindo um dos elementos da infração penal, a

34 34 antijuridicidade, uma vez ausente, obstrui qualquer possibilidade de custódia cautelar, razão pela qual dispõe o art. 314 que: A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições do art. 19, ns. I, II ou III do Código Penal. No Brasil, a prisão preventiva é uma espécie do gênero medida cautelar e encontra-se expressamente disposta no Capítulo III, artigos 311 à 316 do Código de Processo Penal. Fernando da Costa Tourinho Filho 18 diz que: Prisão preventiva é uma medida restritiva da liberdade que é determinada pelo Juiz, em qualquer fase do inquérito ou da instrução criminal, como medida cautelar, seja para afiançar eventual execução da pena, seja para manter a ordem pública, ou econômica, seja por conveniência da instrução criminal. Nos dias atuais, a prisão preventiva é o principal tipo de prisão cautelar que há no ordenamento jurídico brasileiro, sendo para Aury Celso Lopes Júnior 19, a espinha dorsal de todo sistema cautelar. No país, a prisão preventiva teve seu início, legalmente, no ano de 1822, com a proclamação da Independência, sendo assim, pode-se perceber que a prisão cautelar continua até os dias atuais no ordenamento jurídico, mesmo que sofrendo relevantes críticas, uma vez que não objetiva somente afiançar o acusado para uma futura aplicação da lei penal, porém, há fundamentos que visam a defesa social, tais como, por exemplo, a garantia da ordem pública e a ordem econômica. Ademais, é necessário limitar o seu uso 18 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 10.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, v. 3. p LOPES JÚNIOR, Aury Celso Lima. Introdução Crítica ao Processo Penal. 4.ed. atual. ampl. Rio de Janeiro: Lumen Júris, p. 199.

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