USO DE IMAGENS EM UM JOGO VIRTUAL COMO APOIO PARA A PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS ESCRITAS DE ESCOLARES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

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1 USO DE IMAGENS EM UM JOGO VIRTUAL COMO APOIO PARA A PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS ESCRITAS DE ESCOLARES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Jáima Pinheiro de Oliveira Analiz Lazaro Ariane Seiko Kubo Yassuda Ângelo Antônio Puzipe Papim Eixo Temático: Rede de apoio na constituição do processo escolar inclusivo Agência Financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 1. Introdução Nesse trabalho abordaremos a temática dos suportes interdisciplinares para as práticas pedagógicas com foco inclusivo. Esses suportes podem ser originados de áreas distintas da Educação e podem vir também do apoio especializado que a escola possui. Algumas áreas têm se destacado em relação à construção de recursos e estratégias para favorecer o processo de inclusão de escolares públicos-alvo da Educação Especial (DELIBERATO, 2014; 2013; MENDES; ALMEIDA, 2012; OLIVEIRA, 2015; OLIVEIRA et al, 2014). O ideal é que essa construção ocorra de maneira conjunta, em ações dentro da escola, pois o uso e a apropriação desses recursos exige, entre outras coisas, uma grande aproximação entre os profissionais. O objetivo desse estudo é descrever os efeitos do uso de um recurso virtual associado a imagens como apoio para a produção de histórias de escolares com deficiência intelectual. 2. Aspectos Metodológicos Os resultados a serem apresentados nesse estudo fazem parte de subprojetos desenvolvidos no interior dos estados do Paraná e de São Paulo. Estes subprojetos fazem parte de um projeto maior que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/405359/2014-9). Os procedimentos metodológicos específicos utilizados nessa experiência foram os sugeridos por Oliveira e Braga (2012), acrescidos da elaboração de uma ferramenta virtual em formato de jogo, que tem

2 acompanhado os estudos de um programa metatextual para apoio ao processo de alfabetização de escolares (OLIVEIRA; BRAGA, 2012). Participaram dessa experiência duas professoras atuantes no Atendimento Educacional Especializado (AEE) e quatro alunos, com diagnóstico de deficiência intelectual. Essas professoras davam suporte para estes alunos, regularmente matriculados nos 2 s e 3 s anos do Ensino Fundamental. As professoras possuíam formação em nível superior, média de idade de 37 anos, sendo uma delas com experiência de 12 anos, com turmas de alfabetização e dois anos no AEE. Os alunos tinham média de idade 11 anos e o diagnóstico de deficiência intelectual foi emitido pela equipe multiprofissional e coordenação pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, composta por profissionais das áreas de Psicologia, Pedagogia, Psicopedagogia e Fonoaudiologia. Com os alunos foi utilizado o PRONARRAR. Esse programa, desenvolvido por Oliveira e Braga (2012), conta com uma versão para jogo disponível para plataforma Android, na qual um personagem chamado Reru conduz o jogador pelas mesmas etapas que o programa inicial, ou seja, as etapas de construção de cada parte de uma narrativa (cenário, tema, enredo e resolução). Os procedimentos que devem ser realizados nessa plataforma digital se diferem do programa inicial pela presença do personagem e pela sobreposição da câmera do dispositivo (Tablet) sobre cada figura. Quando ocorre essa sobreposição de maneira correta, o personagem fornece as instruções e após a elaboração dessa parte, é possível avançar para a próxima etapa, acionando um botão específico, até finalizar as quatro etapas da história. Foram realizadas seis sessões com os escolares crianças e três encontros com os professores para discussão e devolutiva sobre os resultados dessas sessões. 3. Resultados a) Desempenho dos escolares no PRONARRAR Tabela 1 Distribuição das pontuações obtidas pelas crianças com deficiência intelectual Histórias/sessões Pontuação das crianças P1 P2 P3 P4 1ª sessão ª sessão ª sessão ª sessão

3 5ª sessão ª sessão Fonte: coleta de dados dos autores. Quadro 1 Transcrição das produções (1 e 6) de dois escolares participantes do estudo Participantes P1 P2 Fonte: coleta de dados das autoras. Sessões Sessão 1 Sessão 6 Um a dia o tato fugiu e seatolo lana e a sua Um dia o palhçoestava felis da bici cleta do dona deu banho e o seu tano de eucalino circo e um dia a bici cleta quebro. E segou um mininu e ajudou aconcertar, no outro dia de noite ele feis um chou bem é u tia uque tavoceto lipato o seu venha. é ele teu teuno o seu o vique é a sua mae veio. é fico paps é reibo é squisito. legal. Era uma vez tez coelos fazendo ovos na cozinha e um derubo e quebro e sua mae fico furiosa e montarão o ovo. Os escolares apresentaram uma baixa pontuação nas histórias, porém, com um indicador de progressão, exceto na 5ª sessão. É importante salientar que uma das adaptações feitas nesse estudo tratou-se do apoio permanente nas sessões. No PRONARRAR esse apoio ocorre de maneira intercalada nas sessões, ou seja, uma sessão com tutoria e outra sem. Sobre a pontuação, o PRONARRAR permite até 18 pontos nas histórias. O indicador de progressão das histórias em seis sessões pareceu ser mais evidente em relação às produções, propriamente ditas. Podemos observar que alguns elementos das partes da história aparecem nas produções finais das crianças, tais como: personagens, lugar, problema. Ainda que em frases simples e elementares. 4. Discussão Os resultados obtidos indicaram elementos para uma avaliação satisfatória da aplicação do instrumento com os escolares. Especificamente com a população com deficiência intelectual, essa foi a primeira aplicação do instrumento. Portanto, não é poss veil ainda, comparar tais dados com estudos anteriores. Com crianças com desenvolvimento típico, Lins-Silva e Spinillo (2000) relataram em sua pesquisa que as histórias com uma estrutura e organização linguísticas mais sofisticadas foram aquelas produzidas nas situações em que era fornecido apoio visual (sequência de gravuras) ou verbal (a partir da história

4 ouvida). Entretanto, este efeito não foi observado entre as crianças das séries mais adiantadas (3ª e 4ª série do Ensino Fundamental, à época), cujas histórias apresentavam uma estrutura narrativa elaborada em todas as condições de produção: livre, oral/escrita, sequência de gravuras e reprodução. 5. Considerações finais Os resultados desse estudo permitiram concluir que o uso do PRONARRAR com os escolares com deficiência intelectual favoreceu a progressão de suas produções escritas, relativamente às histórias propostas. Desse modo, ressaltamos a relevância deste estudo para indicar novas possibilidades de pesquisas e intervenções nas áreas de linguagem (oral e escrita), associadas também ao processo de alfabetização dos alunos públicos-alvo da Educação Especial. Destacamos, por fim, a importância da construção e adaptação de recursos que favoreçam todo o processo de escolarização destes alunos, especialmente no que se refere à apropriação linguística oral e escrita. Referências MENDES, E. CIA, F. ONEESP: um observatório nacional para a comunidade da educação especial. In: MENDES, E.; ALMEIDA, M. A. A pesquisa sobre inclusão escolar em suas múltiplas dimensões: teoria, política e formação. p , OLIVEIRA, J. P.; CRUZ, G. C.; MIURA, R. K.; MELLO, P. M.; OLIVEIRA, R. T. O. Perspectivas e contribuições da Educação Especial para a inclusão escolar. 1. ed. Curitiba: Editora CRV, p.13-35, OLIVEIRA, A. A. S. de. Avaliação da condição de alfabetização de estudantes com Deficiência Intelectual no contexto inclusivo. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas / Education Policy Analysis Archives. Dossiê Educação Especial: Diferenças, Currículo e Processos de Ensino e Aprendizagem II, v.23, n.31, p.31-48, Referências

5 CÁRNIO, M. S.; CASEMIRO, J. R.; RIBEIRO, K. B.; SOARES, A. J. C. Estímulos visuais e produção escrita de escolares com e sem queixas de alterações na escrita. Psicologia: Reflexão e Crítica, 26(3): , CAVALCANTE, T. C. F. Pensando a alfabetização da pessoa com deficiência intelectual. In: Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Caderno de educação especial : a alfabetização de crianças com deficiência : uma proposta inclusiva / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília : MEC, SEB, 2012, p OLIVEIRA, J. P.; BRAGA, T. M. S. PRONARRAR: Programa de intervenção metatextual: apoio para escolares com atraso no processo de alfabetização. Curitiba-PR: CRV, OLIVEIRA, P. J.; SANTOS, M.F.; SORIANO, K.M. Mudanças na produção escrita de escolares como efeito de um programa metatextual (pronarrar). Disponível em:< Acesso em: 27 de mar OLIVEIRA, J. P.; SORIANO, K. R.; MATA, S. P. Ferramenta virtual como apoio para a formação permanente de alfabetizadores e a produção de histórias de seus alunos. In: III Congresso Nacional de Formação de Professores (CNFP) e XIII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores (CEPFE), Águas de Lindoia, SP. São Paulo: Unesp, (no prelo).

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