Análise do uso de estresse hídrico como estratégia para aumento da receita obtida com lima-ácida Tahiti em período de entressafra

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1 Análise do uso de estresse hídrico como estratégia para aumento da receita obtida com lima-ácida Tahiti em período de entressafra Antonio Fabio Silva Santos (1), Fúlvio Rodriguez Simão (2), Daniel Philipe Veloso Leal (3), Polyana Mara de Oliveira (2), Luciana Pereira Junqueira Simão (4), Sergio Vinicius Oliveira Diniz (5), Bruna Nayara dos Santos (6) (1) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, (2) Pesquisadores EPAMIG - Nova Porteirinha, fulvio@epamig.br; polyanna.mara@epamig.br; (3) Bolsista BIC FAPEMIG/EPAMIG, philipeveloso10@yahoo.com.br; (4) Administradora EPAMIG - Nova Porteirinha, lucianajunqueira@epamig.br; (5) Graduando Agronomia UFMG, viniciusdiniz86@hotmail.com; (7) Bolsista BIC Júnior FAPEMIG/EPAMIG, brunanayaradossantos@yahoo.com.br Introdução No Brasil, a lima-ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka) destaca-se hoje como um dos frutos cítricos de maior importância comercial. Estima-se a produção em 1 milhão de toneladas/ano, em, aproximadamente, 40 mil ha (AGRIANUAL, 2004 apud NEVES et al., 2008). Essa cultura tem uma grande preferência dos produtores, pela formação de plantas vigorosas com copas arredondadas e, em especial, pela ausência de espinhos. O consumidor, por sua vez, tem no Tahiti uma fruta rica em acidez, perfumada, de casca fina e sem sementes. As estatísticas disponíveis indicam a existência de 5 a 6 milhões de árvores de Tahiti no Brasil, 80% das quais em São Paulo. Em Minas Gerais, a região Norte se destaca na produção da cultura. Estima-se que a área total de limão plantada no Perímetro Irrigado do Jaíba, em Jaíba, MG, é de 850,0 ha, dos quais 425 ha são cultivados por 317 agricultores familiares. Uma das suas valiosas características é o seu florescimento quase continuado, o que permite uma colheita de frutos praticamente o ano todo (SOUZA et al., 2008). A lima-ácida Tahiti tem uma variação de preços ao longo dos meses do ano, o que na maioria das vezes determina o sucesso do produtor na cultura. Assim, os produtores têm saído à

2 2 busca de clones, porta-enxertos e técnicas que levem às maiores produções em épocas de preços melhores, ou seja, aumentem ou concentrem-se num determinado período (BALDUÍNO, 2008). A utilização de déficit hídrico, reposição apenas parcial da evapotranspiração de referência da cultura vem sendo apontada por alguns autores (COELHO FILHO et al., 2006) como alternativa para a economia de água e energia na cultura da lima-ácida Tahiti. Acredita-se, também, que os produtores possam beneficiar-se da técnica de concentração de produção por meio do estresse hídrico. Com base nisso, o presente trabalho objetivou verificar o efeito do estresse hídrico na receita bruta obtida na comercialização dos frutos de lima-ácida Tahiti. Material e Métodos O experimento foi instalado em plantio comercial, localizado na Gleba C2 do Projeto de Irrigação Jaíba, município de Matias Cardoso, MG, propriedade da empresa Fahma Planejamento e Engenharia Agrícola, administrada pela empresa Nova Esperança Agropecuária e Agroindustrial. Segundo a classificação de Köppen o clima da região é do tipo AW. A condução da cultura e o manejo da irrigação foram feitas segundo o descrito por Simão et al. (2008). O delineamento foi em blocos casualizados, e os tratamentos corresponderam a parcelas experimentais com três plantas úteis cada, que sofreram e que não sofreram estresse hídrico, distribuídas em 16 blocos. Foi utilizado um grande número de plantas como bordadura do experimento. O referido estresse foi imposto por meio do fechamento total de registro instalado nas linhas que compuseram as tais parcelas, com duração de cerca de 45 dias, iniciando-se no mês de abril, durante o período não chuvoso. Por ocasião das colheitas da propriedade, que ocorreram com a frequência de uma semana a um mês, em função do desenvolvimento dos frutos e das oportunidades de comercialização, foram realizadas as pesagens dos frutos e a cotação de preços na data de comercialização.

3 3 Resultados e Discussão Pelo teste F a 5% de probabilidade, não houve diferença estatística significativa entre a receita obtida dos tratamentos que sofreram estresse e os que não sofreram, como mostra a Tabela 1. No entanto, a receita média no tratamento que não sofreu estresse foi de R$ 29,82 por planta, no ano de 2007, enquanto o tratamento que sofreu estresse obteve uma receita de R$ 28,48 por planta, em média. Considerando uma densidade populacional de 285 plantas por hectare, essa diferença representaria um montante de R$ 380,77 por hectare ao ano. A concentração da produção como resultado do efeito do estresse nas plantas ocorreu com maior relevância no início do mês de dezembro de Os melhores preços pagos pela lima-ácida Tahiti, segundo média histórica da Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas), vão do final do mês de setembro até meados de novembro (CEASAMINAS, 1997 a 2007). Assim, caso o efeito do estresse tivesse ocorrido alguns dias antes, esse quadro de preços tornaria contrário, com o tratamento que sofreu estresse bem mais rentável, devido à significativa diferença de produção, em torno de 4 kg a mais por planta em relação ao outro tratamento. Ainda deve levar em consideração que a prática do estresse hídrico gera uma economia de água e, consequentemente, de energia elétrica, no período em que está sob o tratamento, o que contribui com uma redução dos custos de produção da lavoura irrigada. Conclusão No ano de 2007, não se verificou estatisticamente diferença na receita da cultura da lima-ácida Tahiti, quando utilizada a prática do estresse hídrico.

4 4 Agradecimento Às empresas Fahma Planejamento e Engenharia Agrícola e Nova Esperança Agropecuária e Agroindustrial, parceiras do projeto; ao Consórcio P&D Jaíba, pelo auxílio financeiro necessário para a realização deste trabalho e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pela concessão de Bolsa de Iniciação Científica (BIC) e Bolsa de Iniciação Científica Júnior (BIC Júnior) a estudantes que atuaram neste trabalho. Referências BALDUÍNO, P.A. A lima ácida Tahiti. Brasília: AGROFIT, Disponível em: < 65%3Aa-lima-acida-tahiti&option=com_content&Itemid=18>. Acesso em: 25 out CEASAMINAS. Preço médio produto em kg: mercado - CEASA-MG Unidade Grande BH - produto - limão. Belo Horizonte, [1997 a 2007]. Disponível em: < php>. Acesso em: 29 out COELHO FILHO, M.A.; COELHO, E.F.; SIMÕES, W.L.; COSTA, E.L. Uso regulado do déficit de irrigação nas fases de crescimento de frutos de lima ácida Taiti, irrigado por gotejamento. In: CONGRESSO NACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, 16., 2006, Goiânia. Resumos... Goiânia: Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem, NEVES, L. C.; BENEDETTE, R. M.; SILVA, V. X. da; VIEITES, R. L.; ROBERTO, S. R. Dano de frio em limas-ácidas Tahiti, colhidas em diferentes épocas e submetidas a tratamentos térmicos e bioquímicos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.30, n.2, p , jun Disponível em: < &lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 23 out

5 5 SIMÃO, F.R.; COSTA, E.L.; OLIVEIRA, P.M.; SANTOS, A.F.S.; LEAL, D.P.V.; DINIZ, S.V.O.; SANTOS, B.N. dos. Efeito do estresse hídrico na produção da limeira ácida tahiti irrigada durante o ano de In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 20., 2008, Vitória. Anais... Vitória: INCAPER, CD-ROM. SOUZA, I. A. de; SANTOS JÚNIOR, J. J. dos; LOPES, R. A.; SOUZA, V. S. de. Lima ácida Tahiti: Citrus latifolia Tanaka. Espaço Aberto: Informativo da unidade Emater-MG no Projeto Jaíba, Jaíba, p.2, jan./mar Tabela 1 - Análise de variância (ANOVA) FV GL SQ QM F Blocos ,98 - Tratamentos 1 14,28 14,28 0,398 ns Resíduo ,48 35,90 Total ,73 NOTA: Coeficiente de variação (CV) = 20,55. FV - Fontes de variação; GL - Graus de liberdade; SQ - Soma de quadrados; QM - Quadrado médio. ns - F não significativo a 5% de probabilidade.