Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Ciclo Cardíaco. Esta aula é em parte um resumo do que o professor disse na aula mas não totalmente.
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- Matheus Henrique Barroso Castelhano
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1 Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Ciclo Cardíaco Aula teórica n.º 12 2.ºano/Fisiologia Leccionada pelo Prof. Doutor A. Leite Moreira 2004/2005 Esta aula é em parte um resumo do que o professor disse na aula mas não totalmente. Em relação ao sistema circulatório, concentramo-nos fundamentalmente nestes aspectos: coração e vasos sanguíneos, mas também há o sangue! As características físicas do sangue interferem com a dinâmica circulatória. Um líquido mais espesso a passar num tubo com determinado comprimento faz variar a velocidade de fluxo conforme a viscosidade do líquido. No que respeita aos vasos sanguíneos temos artérias, arteríolas, veias, vénulas e capilares! Distribuição nas artérias e veias e capilares A área de secção transversal em cada local do aparelho circulatório vai variando. Das artérias aos capilares aumenta embora o diâmetro de cada um diminua o que implica que para que a mesma quantidade de sangue passar por uma área de secção transversal muito maior a velocidade vai ter que diminuir. Portanto temos que da parte central para a periferia a área de secção transversal aumenta e a velocidade diminui. Assim as características desse fluxo variam. Pulsátil a nível central e contínuo a nível periférico (pulsátil não é o mesmo que intermitente, a velocidade é que varia). Isso deve-se às propriedades elásticas das artérias. Durante a diástole as paredes vão-se retraindo e esta retracção mantém a velocidade do sangue ainda constante. O que implica que a cada momento há sempre fluxo em todas as áreas do aparelho circulatório (isto fisiologicamente). Com o envelhecimento (patologia aterosclerótica) isto não acontece. Há perda de elasticidade das artérias. Há maior rigidez e perda de capacidade de absorver e armazenar a energia que acontece aquando da ejecção do sangue. Consequências: o fluxo vai ter uma aceleração muito maior e as pressões sistólica vão aumentar. As pressões diastólicas vão diminuir pois não há armazenamento de energia. Envelhecimento implica pressões sistólicas mais altas e diastólicas mais baixas. O que não significa que seja normal. Tradução: perda de eficácia na perfusão tecidular porque temos velocidades e pressões mais altas na sístole (maior agressão arterial) e perda de eficácia circulatória durante a diástole. É um processo patológico que acompanha o envelhecimento. Se tivermos um idoso com paredes normais o fenómeno está mais esbatido.
2 Outro aspecto importante de realçar é percentagem do fluxo sanguíneo para os diferentes órgãos. Músculo esquelético, fígado, intestino e rins são responsáveis por grande parte da circulação. Cérebro e coração apesar do seu reduzido volume (comparativamente com as outras estruturas) têm uma percentagem também significativa. Isto varia com exercício, temperatura corporal (ex.: circulação cutânea aumenta no verão). A nossa temperatura periférica é menor no Inverno, não apenas pelo frio mas também pela vasoconstrição (somos homeotérmicos e temos que minimizar as perdas de calor). Outro aspecto aqui importante são as propriedades físicas das artérias e das veias. Para o mesmo aumento de volume a pressão aumenta muito mais nas artérias do que nas veias (as veias são menos rígidas que as artérias, as veias são vasos de capacitância, reservatórios de sangue no nosso organismo). Sem perdas nem injecção de líquidos do exterior, o volume circulante não varia mantendo-se constante. O que faz o volume circulante mudar sem perdas nem ganhos do exterior, num território, é a distribuição de sangue no organismo. Se começamos a fazer exercício, e natural que o sangue aflua muito mais para o território muscular, a partir das arteríolas, fazendo com que este abandone as vénulas e veias que o retinham, que se vão contrair e passar mais sangue para o coração e este vai fazer com que mais sangue vá para as artérias, e destas para o músculo que dele necessita para o aporte de substancias necessárias à sua actividade. A percentagem de sangue em circulação varia conforme as necessidades do organismo, havendo por isso uma regulação constante. Assim é-nos possível dar sangue e não se notar na pressão sanguínea porque as veias são capazes de se contrair e compensar a perda de volume, enviando assim mais sangue para o território arterial,
3 claro que só ate um limite que se ultrapassado pode criar uma situação de choque hipovulémico. Tal como em hemorragias muito intensas. Aqui o Professor fez um resumo da circulação sistémica e da circulação pulmonar. É importante referir que as pressões na circulação pulmonar são cerca de 30% inferiores ás pressões sistémicas. A estrutura geral é parte arterial com rede capilar e depois parte venosa. Contudo há três excepções. - Sistema porta hepática: a veia porta forma-se a partir de capilares da rede entérica, a veia porta que no fígado se recapilariza de novo no fígado. Este sistema facilita o processamento de alguns alimentos logo após a sua absorção, caso contrario teriam que ir ao coração e dar uma enorme volta para chegarem de novo ao fígado. - Sistema porta hipofisário: entre o hipotálamo e a hipófise, o controlo da libertação de hormonas pela hipófise é feita a um nível mais superior, no hipotálamo. Assim as hormonas que vão afectar a hipófise a partir do hipotálamo, saem logo de um para o outro. Caso contrario teriam de ser produzidas em enormes quantidades já que teriam de dar a volta ao sistema circulatório e ter a sorte de ser a pequena quantidade que vai para a hipófise! (Rede capilar arteríolo-venosa seguida de uma rede capilar vénulo-venosa)
4 - Sistema renal: rede capilar arteríolo-arteriolar; função de filtração mais eficaz com a pressão mais elevada nos capilares entre as arteríolas aferente e eferente. Não serve para nutrir o órgão. O rim também possui uma rede capilar arteríolo-venosa para nutrir o órgão já que o rim é muito sensível a baixas de fluxo que podem provocar uma isquemia renal e necrose tubular aguda. A condução sanguínea no coração é unidireccional devido á existência de válvulas, em condições fisiológicas. O sangue vai fluindo em função de abaixamentos de pressão de umas câmaras para as outras, e depois dos ventrículos para as grandes artérias pelo o mesmo processo. Assim as válvulas cardíacas abrem e fecham em resposta a variações de pressão entre os compartimentos que as separam. Não esquecer que as válvulas encerram com a contracção dos músculos papilares, e não abrem! 1º som cardíaco Fecho das válvulas aurículo-ventriculares (aurículas - ventrículos) 2º som cardíaco Fecho das válvulas semilunares (ventrículos- artérias) A génese da automaticidade cardíaca está relacionada com células estruturalmente de tipo muscular especializadas (células nodais e sistema de condução) para a génese ou para a condução do estímulo e não para a contracção, daí que os potenciais de acção tenham características muito próprias. A fase de plateau praticamente não existe e durante o repouso há 1ª despolarização espontânea lenta que a certa altura desencadeia o potencial de acção. A velocidade de abertura dos canais iónicos durante o repouso é que vai determinar a frequência cardíaca (caso de células nodais) na fase de repouso.
5 A condução do impulso através de gap junctions permitiria a passagem do sinal mas seria mais lenta. Desse modo quando as primeiras estivessem a relaxar as ultimas estariam a contrair, ou seja, perde-se sincronia na contracção ventricular o que piora a eficácia hemodinâmica da contracção ventricular. Se não for em simultâneo a contracção de uma vai distender a segunda. O que acontece em certas patologias. Mesmo no músculo cardíaco há sempre alguma assincronia normal e fisiológica que é fundamental para que o coração funcione de forma eficaz. Mas ultrapassando os limites torna-se um factor perturbador. Só recentemente se começou a dirigir o tratamento da insuficiência cardíaca para este aspecto. Actualmente sabe-se que muitas vezes os doentes com insuficiência cardíaca têm complexos QRS muito prolongados, ou seja, despolarização ventricular muito prolongada, grandes assincronias, e a eficácia contráctil diminuída leva a um ciclo vicioso em que disfunção leva a disfunção. A colocação de eléctrodos pacemaker em ambos os ventrículos ajuda a uma contracção ventricular sincronizada. Ciclo cardíaco é espaço de tempo entre um fenómeno e a sua repetição no ciclo seguinte, ou seja, pode-se começar a descrever o ciclo onde nos apetecer. Normalmente sob o ponto de vista eléctrico começa-se pela despolarização do nó sinusal, das aurículas, passagem para o nó aurículo-ventricular, daí para os ventrículos simultaneamente com a repolarização das aurículas por fim a repolarização dos ventrículos.
6 Os gráficos conjugados são semelhante nos dois lados do coração, variando as pressões, sendo no lado esquerdo 8-10 a 120 mmhg e no lado direito 6-8 a 30 mmhg Fase de contracção isovolumétrica: o ventrículo contrai e aumenta a pressão no seu interior. Assim o sangue não vai para a aurícula porque as válvulas aurículoventriculares estão fechadas e não vai para a aorta porque a pressão ainda não é suficiente. (Esta fase é isovolumétrica e não isométrica pois o volume mantém-se constante mas as fibras musculares não se contraem todas ao mesmo tempo nem mantêm todas o mesmo comprimento, e assim a contracção não é verdadeiramente isométrica.) No final desta fase a pressão do ventrículo supera a da aorta e o sangue passa para aorta, diminuindo a pressão no ventrículo e aumentando a pressão na aorta. Ejecção rápida: pressão do ventrículo baixa e torna-se inferior á da aorta e o volume de sangue ventricular também desce também Ejecção lenta: apesar da pressão do sangue ser menor no ventrículo que na aorta, o sangue continua a passar para a aorta como que pela inércia (exemplo do carro a 120 Km\h que lhe é engrenada a marcha atrás, primeiro teria que parar e só depois andar para trás se o motor ainda estivesse vivo!). Contudo quando há tendência para o sangue retroceder a válvula fecha (embora uma quantidade mínima que estiver entre os folhetos é regurgitada). Enchimento rápido: queda das pressões dos ventrículos, quase todo o enchimento dos ventrículos é processado aqui pela diferença entre as aurículas e os ventrículos quando as válvulas aurículo-ventriculares se abrem. Enchimento lento: diástase, pressões das aurículas semelhantes á dos ventrículos com um enchimento muito pequeno.
7 Contracção auricular: restante enchimento dos ventrículos com a pressão nas aurículas a elevar-se acima da dos ventrículos. Pontos nos ii a) Razões para uma % de sangue reduzida nos capilares: - finos, parede endotelial - curtos, relativamente - área se secção transversal bastante grande velocidade baixa; difusão a nível tecidular facilitada b) A pressão sistólica é maior nas artérias periféricas que nas grandes artérias centrais. A diastólica diminui das artérias centrais ate ás periféricas. A pressão média cai sempre até à periferia. Ufa!...Já deve estar... Esperamos que seja útil e se o for que o seja bem! Já sabem que se tiverem alguma dúvida ou encontrarem alguma coisa que não bata certo podem perguntar aos professores! Abraços a todos e bons exames. Rui Amendoeira Alexandre Mota ruipga@med.up.pt alexmota@med.up.pt
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