EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: DESAFIOS DOCENTES NESTA MODALIDADE DE ENSINO

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1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: DESAFIOS DOCENTES NESTA MODALIDADE DE ENSINO SOUZA, Marcia Maria Previato de (UEM) GASPARIN, João Luiz (Orientador/UEM) INTRODUÇÃO Fazemos parte de uma sociedade conhecida como sociedade da informação e nesse contexto todas as instituições, entre elas as escolares, sofreram mudanças significativas na última década. Os avanços científicos e tecnológicos trouxeram conseqüências para a educação e novas exigências para a formação do professor. As novas tecnologias instauradas na sociedade a partir da metade do século passado ganham a cada dia mais espaço no cenário educacional e a educação a distância EaD, passou a assumir relevância neste contexto. Desde a sua regulamentação a partir da nova Lei de Diretrizes e Bases LDB, 9394/96 de 20 de dezembro de 1996, houve a ampliação e intensificação de cursos a distância em nível de graduação. Esta viabilidade legal proporcionou a democratização do ensino para aqueles que não têm a possibilidade de estarem no mesmo espaço e tempo com seus professores e colegas de turma. Além disso, a EaD alcança uma dimensão social e geográfica que acaba por estimular o processo de inclusão educacional. Os discursos que giram em torno dessa modalidade de ensino são evidenciados no atual cenário da educação. A preocupação de como ocorre o processo ensino aprendizagem, mediado pelas novas tecnologias é a grande preocupação das instituições de ensino que aderiram ao trabalho com EaD. 1

2 Os caminhos para integrar-se a essas novas tecnologias, em especial as utilizadas pela EaD devem perpassar a transmissão de informações, estas que nos dias atuais são facilitadas com o uso da internet. Um dos maiores desafios colocados ao educador é tornar a informação significativa. Moran, Masetto e Behrens (2000) afirmam: Na sociedade da informação, todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar; reaprendendo a integrar o humano e o tecnológico, a integrar o individual, o grupal e o social. É importante conectar sempre o ensino com a vida do aluno. Chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela experiência, pela imagem, pelo som, pela representação (dramatizações, simulações), pela multimídia, pela interação on-line e off-line (p.61) A distância entre professor e aluno, seja de tempo ou espaço, exige mudanças de perfis, novas posturas e novos paradigmas. As metodologias utilizadas em cursos na modalidade a distância devem ser diferenciadas daquelas utilizadas em cursos presenciais, procurando encurtar a distância física através da comunicação que as tecnologias proporcionam a professores e alunos. A EaD no Brasil está consolidada e a busca pela qualidade no ensino é algo que vem sendo discutido. Considerando uma intensa proliferação de instituições que oferecem esta modalidade de ensino, a garantia de qualidade aos cursos deve necessariamente estar caracterizada por dois fatores: o tecnológico e o pedagógico. A tecnologia isoladamente não garante o sucesso da modalidade, deve haver sintonia com o pedagógico. Nessa esfera, o papel do professor vai além de transmitir informações. A interação entre professor e aluno, sua postura e metodologia utilizada é que vai criar condições para que esse aluno aprenda. Lidar com essas mudanças exige do professor a busca pelo novo. No ciberespaço da sala de aula on-line, professores e alunos são desafiados a um modelo de aprendizagem 2

3 diferente das salas presenciais, onde a interatividade, as teorias de aprendizagem, os conteúdos científicos e a organização de um plano de trabalho que visa começo, meio e fim devem estar presentes. A relação ensino aprendizagem que se estabelece em cursos à distância fica geralmente exposta e registrada. É diferente do universo das salas de aula tradicionais, onde raramente pessoas que ali estejam no momento do encontro saibam em detalhes o que acontece. Essa exposição na EaD pode ser incômoda por revelar boas prática e outras não tão adequadas assim. (SATHLER, 2008, p. 8) O projeto que ora apresentamos está vinculado à linha de pesquisa Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores, do Departamento de Teoria e Pratica. A proposta de trabalho é desenvolver uma pesquisa bibliográfica que investigará maneiras de compreender a mudança provocada no perfil docente para ser capaz de atender às novas exigências da EaD. Através do resgate histórico, procuraremos compreender aspectos relevantes que possam contribuir para o processo ensino-aprendizagem, tendo sempre como base a convergência da tecnologia e do humanismo. Propomos ainda, uma pesquisa de campo de cunho qualitativo com professores que atuam em cursos de Pedagogia - EaD para diagnosticar na prática, os desafios, as deficiências, a cultura em relação a esta modalidade, as resistências no ensinar e aprender, o domínio dos instrumentais tecnológicos à disposição, entre outros aspectos relevantes que possam surgir no decorrer da pesquisa. A relevância da pesquisa se justifica pelo fato de ser a EaD um tema significativo que promove o conhecimento a cerca da educação atual. Visto que a proliferação da educação a distância causa grandes inquietações para os profissionais da educação. 2. JUSTIFICATIVA Perante a transição entre uma sociedade onde predomina o controle direto da escola presencial para outra de predomínio do controle indireto, próprio da EAD, 3

4 transformações ocorrem e adaptações se fazem necessárias. Uma delas, talvez uma das maiores, diz respeito ao papel do professor. A presença das novas tecnologias, concomitantemente à promoção da aprendizagem e formação de novos valores, exige uma nova postura do docente. Revisões e atualizações são necessárias para a busca constante do aperfeiçoamento, através da formação continuada, visto que, atuam como agentes transformadores no processo educacional. A educação a distancia é uma modalidade de ensino que vem se difundindo em vários países, entre eles o Brasil. Desta forma, o docente deve estar preparado para fazer parte deste mundo virtual. A postura de um professor do ensino a distancia, não é, certamente, a mesma que de um professor do ensino presencial. A tecnologia que facilita o contato pelo espaço virtual cria uma nova sala de aula. Neste novo espaço que a eletrônica possibilita, problemas velhos deixam de existir, mas surgem novos obstáculos. O recorte temático desta pesquisa compreenderá o período a partir de 1996, ano em que a Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases LDB regulamentou a EAD como uma modalidade de ensino no Brasil. Esta delimitação proporcionará viabilidade de pesquisa a ser concluída no período proposto para conclusão do curso de mestrado. Além de uma pesquisa de cunho bibliográfico, será realizada também uma pesquisa de campo direcionada a professores que ministram aulas a distância, buscando compreender aspectos práticos relevantes e inerentes a ação docente do ponto de vista da EaD. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral 4

5 Compreender a mudança do padrão docente a partir do recrudescimento da EaD no Brasil, motivado entre outros, pela regulamentação desta modalidade de ensino na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 e pela disseminação do uso da internet, buscando determinar as principais especificidades funcionais que caracterizam o novo perfil docente requerido. 3.2 Objetivos Específicos - Resgatar historicamente aspectos relevantes do ensino à distância com ênfase a sua implantação no Brasil; - Identificar os fatores determinantes que influenciaram no crescimento da EaD no Brasil; - Demonstrar a transição do perfil docente advindo do impacto transformador da modalidade de ensino à distância; - Procurar pelo ponto de convergência entre tecnologia e humanismo em prol do processo ensino-aprendizagem adequado a nova sociedade do século XXl; - Transpor o espaço entre a teoria e a prática através da análise qualitativa obtida com uma pesquisa de campo a ser realizada com professores do curso de Pedagogia - EaD. 4. BREVE REVISÃO DA LITERATURA Estamos vivendo uma época de plena revolução tecnológica e o núcleo desta revolução permitiu a criação interativa de um ciberespaço. A mudança tecnológica pode não ser o fator central que define a existência humana como uma variável independente, pois as tecnologias são criadas para serem utilizadas pelo homem. Da mesma forma que a imprensa revolucionou o mundo do século XV permitindo a decuplicação da informação escrita e o acesso de centenas de pessoas ao conhecimento, o computador foi o responsável pela globalização como núcleo da sociedade da informação, conforme designa Ramal (2002, p.66) 5

6 Uma sociedade dominada pela tecnologia é, portanto, a responsável pela criação de um ciberespaço e, uma cibercultura. A hipertextualidade é um fenômeno amplamente discutido que merece relevância no trabalho de quem se propõe a estudar sobre as novas tecnologias na educação. Enquanto nas sociedades das oralidades primárias os interlocutores partilhavam o mesmo contexto, e na era da escrita surgia a possibilidade do distanciamento entre a produção do texto e o momento da recepção nos mais diversos contextos, situações ou épocas, hoje temos atores da comunicação conectados e uma rede, dividindo um mesmo hipertexto, numa relação totalmente nova com os conceitos do contexto, de espaço e de tempo das mensagens. RAMAL, 2002, p.81 A visão disciplinar no espaço das Tecnologias da Informação e Comunicação TICs, é portanto, bem diversa daquela anterior as décadas de 1970 e Segundo Pablos (2006), essa visão produziu uma mudança fundamental com relação à construção do conhecimento escolar. O próprio conceito de disciplina, vinculado ao processo de produção, difusão e reprodução do conhecimento mudou, e a perspectiva interdisciplinar se tornou tão necessária quanto à incorporação de novos métodos, estratégias e até novos vocabulários no ambiente escolar. Libâneo (2004) faz uma conecção bastante oportuna entre o sistema produtivo e o setor educacional, os avanços tecnológicos e as necessidades de informação. O autor destaca algumas problemáticas que envolvem de um lado a sociedade informacional e de outro a escola. O impacto das TICs e a pouca receptividade dos educadores escolares que temem pela morte da escola, influencia de maneira geral o processo educacional brasileiro. Impõe-se neste momento a necessidade de um novo paradigma, pois o uso da tecnologia informática na escola não implica necessariamente na substituição do professor. 6

7 O que está por ser avaliado é o momento de confronto entre o ensino presencial nas salas de aula confinadas pelo espaço físico e as salas virtuais do ensino a distância com alcance global. Atualmente muitos encaram a ideia de cibercultura como a ampliação de um fenômeno essencialmente econômico, uma vez que o ensino a distância barateia custos e proporciona ao aluno uma flexibilidade de horários, proporcionando-o administrar seu tempo de estudo. Sendo assim, podemos afirmar que o ciberespaço e as TICs trouxeram novidades, estas que se somam em desafios para as instituições educativas. Pablos nos alerta: As novas realidades exigem um outro tipo de preparação cognitiva, social e afetiva. Identificam-se novas capacitações e habilidades, cada vez mais vinculadas à capacidade para se adaptar a situação de mudanças pessoais e profissionais. (2006, p. 65) Para Hargreaves (2004) a sociedade do século XXl será, sem dúvida uma sociedade de idéias, onde o que valerá é a criatividade e as invenções, mais importantes do que o aprender, será o reaprender e desenvolver habilidades para enfrentar mudanças. A sociedade do conhecimento é uma sociedade de aprendizagem e para defini-la melhor podemos usar a expressão de Peter Drucker: economia do conhecimento. Esse autor, professor e administrador foi um dos primeiros a anunciar o trabalhador do conhecimento como uma nova categoria. Os trabalhadores do conhecimento irão proporcionar à sociedade emergente do conhecimento seu caráter, sua liderança e seu perfil. Eles podem não ser a classe dominante dessa sociedade, mas já são a classe que lidera. DRUCKER apud HARGREAVES ( p. 34) 7

8 Estas premissas nos conduzem as perspectivas abertas pelas TICs e aos dilemas que podem se apresentar para os professores em seus saberes docentes. Ensinar é perseguir fins, finalidades. TARDIF (2006, p.125) A autoridade do professor foi por assim dizer, atacada pelas TICs na medida em que o monopólio da informação não mais lhe cabe. Qualquer pessoa hoje, dispondo do meio eletrônico pode ter acesso às informações que desejarem. Da nossa casa podemos nos comunicar com o resto do mundo e saber notícias dos mais diferentes lugares. Isso é a globalização do conhecimento. Como resgatar o respeito do aluno em sua prática docente é um problema posto aos professores da sociedade na informação. O ensino a distancia ocorre em um quadro de possibilidades e fins que se difere em alguns pontos do ensino presencial. Sobretudo as potencialidades educativas das redes informáticas obrigam a repensar muito seriamente a dimensão individual coletivas dos processos de ensino aprendizagem. (PABLOS, 2006, p.73) A formação pedagógica dos professores em TICs se converte em um fator chave para a educação e está destinada a configurar um modelo virtual de grandes possibilidades. O autor ainda afirma: Os sistemas hipermídia e multimídia, como ambientes de aprendizagem, se constituem hoje em uma opção formativa que se apóia nas tecnologias digitais. A utilização de redes como a internet propiciou uma profunda reformulação dos modelos de formação a distancia. (PABLOS, 2006, p. 74) A educação a distância já é uma realidade e ao que parece assume cada vez mais importância, marcando presença como possibilidade de aprendizagem a muitos que não puderam dar continuidade aos seus estudos. Sob diferentes nomes (estudo em casa nos Estados Unidos, Tele-ensino na França, Tele-educação em Portugal ou EaD no Brasil) a ideia de autonomia talvez seja a maneira mais exata de explicar a educação a distância. 8

9 Isso significa que os programas de EaD devem ser avaliados principalmente quanto à autonomia responsabilidade e compromisso que oferece ao aluno. Segundo Maia e Mattar (2007), os primeiros registros de iniciativas de educação a distância no Brasil podem ser encontrados a partir de 1904, época em que a EaD era voltada para o ensino profissionalizante acompanhado por movimentos internacionais, com o objetivo de atender a demanda de mão-de-obra qualificada e também do ensino básico, buscando proporcionar acesso a educação a classe menos favorecida socialmente e economicamente. O processo histórico da EaD é marcado por diferentes momentos e metodologias, mas é a partir de 1996 com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96, de 20 de dezembro) que houve a regulamentação oficial no Brasil através de um artigo específico destinado a educação a distância como uma modalidade de ensino. Pretende-se investigar com mais profundidade este período, buscando identificar o processo de normatização e credenciamento de instituições de nível superior na oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica à distância. 5. METODOLOGIA Em um primeiro momento, a metodologia consiste na realização de uma pesquisa de cunho bibliográfico em diversas fontes, priorizando livros que documentem a trajetória da EaD no Brasil para compreender os avanços desta modalidade de ensino em nosso país. Partindo deste contexto, identificaremos e particularizaremos as repercussões que o papel docente assumiu neste novo cenário educacional da EaD. Finalmente, e não menos importante, será realizada uma pesquisa de campo de cunho qualitativo, por meio de entrevista direcionada a professores que ministram aulas a 9

10 distância, especificamente para cursos de Pedagogia - EaD, buscando catalogar e compreender aspectos práticos relevantes que possam transmitir do ponto de vista da EaD, os desafios, as deficiências, a cultura em relação a esta modalidade, as resistências no ensinar e aprender, o domínio dos instrumentais tecnológicos à disposição, entre outros aspectos relevantes que possam surgir no decorrer da aplicação da entrevista. 6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Tarefas/Mês Fev/abr Mai/ag Set/dez Jan/mar Abr/jun Jul/set Out/dez Jan/fev Disciplinas X X X Levantamento X X X X bibliográfico Leitura de X X X X materiais Análise dos X X X conteúdos Pesquisa de Campo X X X Redação da X X X dissertação Exame de X Qualificação Redação final X X Revisão Final Defesa de dissertação X X REFERÊNCIAS HARGREAVES, Andy. O ensino na sociedade do conhecimento: a educação na era da insegurança. Porto Alegre: Artmed, LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? novas exigências educacionais e profissão docente. 8. ed. São Paulo:Cortez, LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009 LITWIN, Edith. Tecnologia Educacional: políticas, histórias e propostas. São Paulo: Artmed, MAIA, Carmem; MATAR João. ABC da EaD: a educação a distância hoje. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,

11 MORAN, José M.; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3. ed. Campinas (SP): Papirus, PABLOS, Juan de. A visão disciplinar no espaço das tecnologias da informação e comunicação. In: SANCHO, Juana; HÉRNANDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, pg. 63 a 81. RAMAL, Andréa C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, SATHLER, Luciano; JOSGRILBERG, Fábio; AZEVEDO, Adriana B. Educação a Distância: uma trajetória colaborativa. São Paulo: Editora Metodista, TARDIF, Maurice. Saberes docente e a formação profissional. 6. ed. Petrópolis (RJ): Vozes (2006, p.125) 11

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