CONHECIMENTO DA VEGETAÇÃO CAATINGA POR ALUNOS DO 6º ANO DE ESCOLAS DE ENSINO BÁSICO DE DAMIÃO E NOVA FLORESTA NO CURIMATAÚ PARAIBANO
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- Suzana Aranha Gama
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1 CONHECIMENTO DA VEGETAÇÃO CAATINGA POR ALUNOS DO 6º ANO DE ESCOLAS DE ENSINO BÁSICO DE DAMIÃO E NOVA FLORESTA NO CURIMATAÚ PARAIBANO Maria Rizoneide Araújo Belarmino¹, Géssica da Silva Santos², Thaissa Tavares de Araújo³ (1, 2, 3) Discentes. Licenciatura em Ciências Biológicas. Centro de Educação e Saúde (CES), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). rizoneidearaujo@gmail.com RESUMO A caatinga é um importante bioma exclusivamente brasileiro, ao qual possui exuberante vegetação endêmica dessa região. Diante da premissa de que o curimataú paraibano faz parte desse bioma, tornase importante saber se os alunos possuem conhecimento dessa vegetação e seus usos no cotidiano. O presente trabalho teve como escopo, identificar o conhecimento dos alunos a cerca da vegetação da caatinga e seus usos no cotidiano. O estudo foi realizado em escolas públicas de educação básica dos municípios de Damião e Nova Floresta, PB. Através de um questionário semiestruturado, contendo questões abertas e fechadas, com 78 alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, no mês de agosto de Onde pudemos concluir que a maioria 55,1% de alunos eram do sexo masculino, 78,2 % moram na zona urbana, foram citadas pelos alunos 26 espécies de plantas da caatinga que os mesmos conhecem, 62,8% dos alunos disseram que não conhecem nenhuma comida feita com plantas da caatinga, dos 34,6% que conhecem foram citadas 7 tipos de comidas, 66,7% dos alunos disseram não conhecer nenhum remédio feito com plantas da caatinga e dos 29,5% que disseram conhecer citaram 3 tipos de remédios. Os dados obtidos nesse estudo reforçam a necessidade de uma maior intensificação nas escolas de conteúdos que abordem o tema caatinga, sua vegetação e seus usos, tornando assim um assunto popularizado em meio aos estudantes. Palavras-chave: caatinga, estudantes, popularizado. INTRODUÇÃO Exclusivamente brasileiro, o bioma caatinga ocupa oficialmente 844,453 km², equivalente a 11% do território brasileiro (BRASIL, 2016). A caatinga é uma mata xerófila, densa, composta de árvores e arbustos, de folhas caducas, pequenas, e rico de espinhos (LACERDA, 2006). Sendo assim, as plantas da caatinga são muito resistentes a clima árido e semiárido. Na Paraíba a caatinga compreende uma área de 40,539 km², sendo maior área de cobertura vegetal (BRASIL, 2016). A caatinga traz uma grande relevância econômica, amparando diversas atividades, para diversos fins, principalmente nos ramos farmacêuticos, de cosméticos, químicos e de alimentos (BRASIL, 2016), trazendo fonte de renda para milhares de pessoas que tentam sobreviver numa área de clima árido. O Brasil possui a flora mais rica do mundo, com mais de
2 espécies de plantas (GIULIETTI, 2005). Diante de uma vegetação tão rica e relevante, o aluno necessita desenvolver sua criticidade e conhecimento sobre questões a sua volta, pois se torna mais fácil estudar com o que se tem ao seu redor do que com o que não podemos ver. Entende-se por cotidiano como aquilo que está presente diariamente na vida do sujeito (...) Santos (2012, p. 57). Para isso também é essencial que os professores estejam em harmonia com práticas pedagógicas atuais e que possam sair do ensino convencional e transformando-as em ações concretas e práticas. Sebalch (2010) diz que toda aula de ciências deve representar sempre uma ferramenta que ajude o aluno a desenvolver e construir sua aprendizagem. Partindo da necessidade de analisar o que os alunos conhecem sobre a vegetação caatinga e a importância desta para a população de nossa região, resolvemos analisar o conhecimento depreendido pelos alunos do ensino fundamental de escolas públicas de ensino básico a respeito da vegetação caatinga e seus usos no seu cotidiano. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no mês de gosto de 2016, em instituições de ensino básico, nas cidades de Damião e Nova Floresta ambas localizadas no Curimataú paraibano. As escolas supracitadas comtemplam o Ensino Fundamental II e disponibilizaram a acolher a pesquisa, favorecendo o levantamento de dados. O procedimento adotado para estruturação da pesquisa foi de caráter quantitativo, com a aplicação de questionários semiestruturados contendo questões abertas e fechadas, com 78 alunos que estudam o 6º ano do Ensino Fundamental II para uma análise do conhecimento que os mesmos detêm sobre a vegetação da caatinga e seus usos. Os dados quantitativos foram compilados e adaptados para o formato de texto crítico, tabelas demonstrativas e gráficos com porcentagens, fazendo uso do software Excel do Windows 7. Os dados foram seguidos de arguições a cerca do tema. RESULTADOS E DISCUSSÕES Em relação ao questionário aplicado, iniciamos com os dados socioeconômicos dos alunos, a primeira pergunta foi sobre o sexo predominante nas salas de aula, onde 55,1 % são do sexo masculino, 39,7% são do sexo feminino e 5,1% não responderam.
3 Como diz (BRASIL, 2015, p. 11) em 2012, as mulheres eram mais de 51% da população brasileira, fato que não foi observado dentre as turmas pesquisadas. Figura 1: Distribuição percentual dos alunos (n= 78) quanto ao gênero dos discentes pesquisados nas escolas de Damião e Nova Floresta- PB, Quanto a sua localidade de moradia, 78,2 % dos alunos residem na zona urbana e 21,8% residem na zona rural dos municípios pesquisados. Com isso, podemos perceber que no Nordeste existe grande reserva de migrantes no meio rural para o meio urbano, a bastante tempo, como salienta Alves et. al (2011). Foi pedido para os alunos citarem quatro plantas que os mesmos conhecem que fazem parte da caatinga. Nós vivemos em área de caatinga, que é o ecossistema mais representativo do semiárido nordestino brasileiro e trata-se de uma área que possui características próprias e atributos ambientais valiosos (LACERDA, 2006, p. 40). E torna-se importante o conhecimento e potencialidades a cerca dessa temática dentre os estudantes, poia as habilidades decorrentes das competências adquiridas e confluem para o saber fazer diz Krasilchik (2008, p. 20). Foram mencionadas 26 espécies de plantas, sendo as mais expressivas dentre os alunos a palma (Opuntia fícus Indica Mill) mencionadas 38 vezes, a jurema preta (Mimosa tenuiflora (Wild) Pair) mencionada 15 vezes e o cajueiro (Anacardium occidentale L.) mensionado12 vezes. Tabela 1. Dados relacionados as plantas da caatinga que os alunos (n=78) possuem conhecimento, NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO QUANTIDADE
4 Mandacaru Cereus jamacaru DC 6 Facheiro Pilosocereus pachycladus Ritter 6 Cajueiro Anacardium occidentale L. 12 Palmatória Opuntia palmadora (Briton & Rose) Catingueira Caesalpinea pyramidalis Tul 8 Marmeleiro Croton blanchetianus Baill 9 Umburana Amburana cearensis 3 Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart. 4 Palma Opuntia fícus Indica Mill 38 Umbuzeiro Spondias tuberosa Arruda 10 Xique-Xique Pilosocereus gounellei (F.A.C Weber) Goiabeira Psidium guajava L. 1 Laranjeira Citrus sinensis (L.) 4 Limoeiro Citrus limonea Osbeck 1 Arbusto Bananeira Musa paradisíaca L. 2 Coqueiro Cocos nucifera L. 3 Jurema Preta Mimosa tenuiflora (Wild) Pair 15 Planta Carnívora Batata Solanum tuberosum Ssp. 2 Jerimum Curcubita moschata Duch. 1 Pé De Pinha Annona squamosa L. 3 Urtiga Cnidoscolus urens (L.) Arthur 3 Agave Agave sisalana Perrine 2 Uva Vitis vinifera L. 1 Coroa De Frade Melocantus Sp Sobre o conhecimento dos alunos sobre alguma comida feita com plantas da caatinga, 34, 6% disseram que sim, 62,8% disseram que não e 2,6% não responderam o questionamento. Daí a importância de incluir assuntos importantes como esse no currículo das
5 escolas do semiárido, pois, contextualizar conteúdos significa integrar a teoria com a prática educativa da reprodução e da transmissão de conhecimento ainda presente no fazer pedagógico de muitas escolas (VENTURA, 2014, p. 12). Figura 2: Distribuição percentual (n= 78) quanto ao conhecimento de comidas feitas com plantas da caatinga pelos discentes pesquisados nas escolas de Damião e Nova Floresta - PB, Os alunos citaram algumas comidas que conhecem feitas com plantas da caatinga, como mostra a tabela a baixo. Como complementa Santos et. al (2012) o Spondias tuberosa Arruda (umbuzeiro) está entre os principais representantes com frutos comestíveis (...) consumidos in natura ou na forma de doces, sorvetes ou polpa industrializada. Os alunos citaram 7 tipos de comidas conhecidas por eles. Tabela 2. Dados relacionados as comidas feitas com plantas da caatinga que os alunos (n=78) possuem conhecimento, COMIDAS FEITAS COM PLANTAS DA CAATINGA Umbuzada Doce de caju Canjica Pamonha Doce de cacto Doce de umbu Doce de abobora
6 Se os alunos possuem conhecimento de algum remédio feito com plantas da caatinga, responderam da seguinte forma: 29,5% disseram que conhecem, já 66,7% disseram não conhecer nenhum remédio e 3,8% não responderam a pergunta. Diz (FERRÃO, 2014) que as práticas relacionadas ao uso popular de plantas medicinais são repassadas de geração para geração (...), mesmo a prática popular de utilizar plantas medicinais para curar doenças, a maioria dos alunos disse não conhecer nenhum remédio feito com plantas medicinais. Figura 3: Distribuição percentual (n= 78) quanto ao conhecimento de remédios feitos com plantas da caatinga pelos discentes das escolas de Damião e Nova Floresta - PB, O homem utiliza as plantas como uma alternativa terapêutica para perpetuações de informações valiosas passando por gerações, diz Ferrão (2014). Sobre o conhecimento de remédios feitos com plantas da caatinga, os alunos responderam segundo a tabela 3. Foram citados 3 tipos de remédios. Tabela 3. Dados relacionados aos remédios feitos com plantas da caatinga que os alunos (n=78) possuem conhecimento, REMÉDIO Remédio para tosse Lambedor Xaropes Chá Diante do pesquisado fica evidente a necessidade de articular mais ações educacionais voltadas para a contextualização dos temas que são repassados para os alunos, e a caatinga faz parte do cotidiano deles, entretanto, este assunto merece destaque, para que a
7 escola possa proporcionar-lhes um melhor entendimento do valor que esse bioma possui não só para eles, mas para todo o país. CONCLUSÃO Identificamos que a maior parcela dos alunos questionados não possui um conhecimento expressivo sobre as plantas da caatinga - plantas que são de sua própria região. Daí a relevância da aplicação desse questionário e posteriormente aulas a despeito do tema supracitado, fazendo uma articulação das plantas da caatinga e seus usos pela população. Diante do exposto, a sugestão de novas abordagens, metodologias e propostas sobre o tema devem ser consideradas pelos professores, podendo ser até adicionadas ao currículo das escolas pesquisadas. Um assunto dessa natureza não pode passar por despercebido, principalmente com alunos que estão iniciando a segunda fase do ensino fundamental, como também sua criticidade, para que a ciências naturais sejam mais popularizadas dentre os estudantes, contribuindo para valorização da caatinga e seu potencial farmacêutico. REFERÊNCIAS ALVES. E. SOUZA, G. S. MARRA, R. Êxodo e sua contribuição à urbanização de 1950 a Politica agrícola. Ano XX nº 2 abr./maio/ jun BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Relatório Anual Socioeconômico da Mulher. 1ª Impressão. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, março de p.. Ministério do meio ambiente. Bioma caatinga. Disponível em < > acesso em: 22/04/2016. FERRÃO, B. H. OLIVEIRA, H. B. MOLINARI, R. F. TEIXEIRA, M. B. FONTES, G. G. AMARO, M. O. F. ROSA, M. B. CARVALHO, C. M. Importância do conhecimento tradicional no uso de plantas medicinais em buritis, MG, Brasil. Ciência e natura, v 36 ed, especial, 2014, p GIULIETTI. A. HARLEY. R. M. QUEIROZ. L. P. de. WANDERLEY. M. G. L. BERG. C. V. D. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. Megadiversidade. Vol. 1. Nº 1. Julho, 2005.
8 KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4ª ed. Ver. E ampl. 2ª reimpressão. Editora da USP, São Paulo SP, LACERDA, A. V. de. BARBOSA F. M. Matas ciliares no domínio das caatingas. Ed. Universitária/UFPB, João Pessoa, SANTOS, C. S. Ensino de ciências: abordagem histórico-crítica. 2ª ed. Armazém do ipê, Campinas SP, SELBACH, Simone. Ciências e didática. Petrópolis, RJ: Vozes, VENTURA, C. F. GOMES, G. OLIVEIRA, K. B. PRADO, M. R. M. SILVA, N. R. R. MACIEL, R. A. M. Experimentos biológicos a prática no cotidiano. IFRN editora. Natal- RN, 2012.
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