Desembargador Jeová Sardinha de Moraes 6 ª Câmara Cível MS

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1 MANDADO DE SEGURANÇA Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA IMPETRANTE : DAYSE MYSMAR TAVARES RODRIGUES IMPETRADO : COORDENADOR DO ASSESSORAMENTO DA DIRETO- RIA GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS RELATOR : DESEMBARGADOR JEOVÁ SARDINHA DE MORAES RELATÓRIO E VOTO Versam os presentes autos sobre Mandado de Segurança impetrado por DAYSE MYSMAR TAVARES RODRIGUES contra ato supostamente ilegal praticado pelo COORDENADOR DO ASSESSORAMENTO DA DIRETORIA GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS. De início, noticiou a impetrante que, no ano de 2006, ingressou com vários pedidos administrativos visando o recebimento de Gratificação de Incentivo Funcional (GIF) em razão de haver concluído os seguintes cursos: Especialização em Políticas e Estratégias (processo nº /2006); Especialização em Administração Rural (processo nº /2006) e Mestrado em Agronegócios (processo nº /2006). Noticiou, ainda, que os referidos pedidos foram administrativamente 1

2 indeferidos, em sua maioria, por não ter correlação do curso com as atribuições do cargo ocupado pelo funcionário. Em síntese, sustentou a impetrante que faz jus ao recebimento da aludida gratificação, sendo que o advento das Leis nº /2011 e nº /2012 deve ser considerado fato novo a fim de autorizar o pagamento da GIF. Destacou que os pedidos foram negados com a mesma fundamentação antes e depois do advento da nova lei, razão pela qual entende que os pedidos sequer chegaram a ser analisados, tendo a autoridade coatora se limitado a repetir os mesmos fundamentos dos indeferimentos anteriores. segurança. Ao final, pugnou pela concessão definitiva da Juntou os documentos de fls. 11/36. Custas iniciais à fl. 43. Não houve pedido de liminar. apresentou suas informações às fls. 51/56. Devidamente intimada, a autoridade acoimada coatora Preliminarmente, sustentou a incompetência absoluta deste Sodalício para apreciação e julgamento do mandamus, uma vez que a autoridade apontada como coatora não detém foro por prerrogativa de função neste Tribunal de Justiça. 2

3 No mérito, aduziu que a impetrante não faz jus ao recebimento da aludida gratificação, uma vez que a lei que rege a matéria é expressa ao exigir que os cursos deverão, obrigatoriamente, ser concluídos em área de interesse do Poder Judiciário. Ao final, pugnou pela extinção do processo sem resolução do mérito ou, caso contrário, pela denegação da segurança. O Estado de Goiás apresentou contestação às fls. 82/86, por meio da qual defendeu, em síntese, a incompetência absoluta do Tribunal de Justiça para o julgamento do feito bem como inadequação da via eleita e impossibilidade jurídica do pedido. A douta Procuradoria Geral de Justiça, por meio do parecer de fls. 104/107, da lavra do Dr. Osvaldo Nascente Borges, pugnou pela extinção do feito, sem resolução do mérito, em virtude da incompetência absoluta desta Corte de Justiça ante a ausência de foro privilegiado da autoridade impetrada. É o sucinto relatório. Passo ao VOTO. Trata-se, conforme relatado, de mandado segurança impetrado contra ato supostamente ilegal atribuído ao COORDENADOR DO ASSESSORAMENTO DA DIRETORIA GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS consubstanciado no indeferimento de pedidos administrativos que objetivavam o recebimento de gratificação de incentivo funcional. De plano, esclareço que considero relevante a tese de incompetência absoluta ventilada pela autoridade coatora. 3

4 Com efeito, da análise da documentação acostada aos autos, constata-se que os atos administrativos questionados foram firmados pelo Coordenador do Assessoramento da Diretoria-Geral do Tribunal de Justiça, Sr. Jonas Alves de Rezende Neto, no exercício de suas atribuições delegadas. Além disso, verifica-se que não houve encampação do ato pelo Estado de Goiás, que tratou de apontar a incompetência deste Sodalício bem como a inadequação da via eleita. Preceitua o artigo 6º, 3º, da Lei nº /09: Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. Desse modo, não restam dúvidas no sentido de que o inconformismo da impetrante é em relação aos despachos lançados em processos administrativos nos quais o Coordenador do Assessoramento da Diretoria-Geral deste Tribunal de Justiça decidiu pelo indeferimento da concessão da gratificação de incentivo funcional por ela pleiteada, por delegação de competência. Ora, sabe-se que a Constituição do Estado de Goiás, em seu artigo 46, inciso VIII, alínea o, não contempla em seu rol taxativo a competência do Tribunal de Justiça para processar e julgar originariamente os mandados de segurança contra atos atribuídos a servidor no exercício de função delegada, de modo que a referida competência deve ser atribuída a uma das Varas da Fazenda Pública, nos moldes do Código de Organização Judiciária Estadual. 4

5 Por oportuno, vale destacar que, em se tratando de Mandado de Segurança, o writ deverá ser impetrado, desde o início, contra a autoridade que disponha de competência para corrigir a ilegalidade impugnada, uma vez que tal procedimento não admite correções, adequações ou dilação probatória. Leciona o saudoso professor Hely Lopes Meireles: As partes ilegítimas devem ser liminarmente excluídas da causa; e, sendo essa ilegitimidade do impetrante ou do impetrado, o processo há que ser extinto, na forma do artigo 267, VI, do CPC. (aut. cit. in Mandado de Segurança, 28ª ed., São Paulo: Malheiros Editores, 2005 p.59) Nessa mesma linha de raciocínio, é pacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que não cabe ao órgão julgador realizar a adequação do polo passivo, razão pela qual a ilegitimidade da autoridade coatora configura hipótese de extinção do processo, sem resolução do mérito. Frise-se, ainda, que o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás não possui personalidade jurídica para responder à ação constitucional, de modo que o sujeito passivo correto que deveria ter sido apontado pela impetrante seria o Estado de Goiás, pessoa jurídica de direito público interno, com Vara especializada em primeiro grau. 5

6 Sodalício: Sobre o tema, transcrevo alguns julgados deste EMENTA: 'MANDADO DE SEGURANÇA. NEGATIVA DE GRATIFICAÇÃO DE INCENTIVO FUNCIONAL - GIF. ATO PRATICADO PELO COORDENADOR DO ASSESSORAMENTO DA DIRETORIA-GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPETÊNCIA DELEGADA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. AUSÊNCIA DE ENCAMPAÇÃO DO ATO. I - Emanado o ato dito coator de autoridade administrativa, no exercício de competência delegada, contra ela cabe a ação mandamental. Inteligência da Súmula nº 510, do STF, e do Artigo 30, I, a, 2, do Código de Organização Judiciária do Estado de Goiás. II - Não tendo o Presidente do Tribunal de Justiça praticado o ato, tampouco encampado seu mérito, limitandose a alegar sua ilegitimidade passiva, é de ser reconhecida a incompetência da Corte Especial para processar e julgar o mandamus. III - Diante da ausência de indicação de outra autoridade coatora, torna-se impossível sua substituição, com a remessa dos autos ao Juízo competente. Segurança denegada, sem julgamento do mérito, de acordo com o estatuído no 5º, do artigo 6º, da lei nº /09. (TJGO, Corte Especial, MS nº , 6

7 Relator Des. Allan S. de Sena Conceição, Fonte: DJ nº 1170 de 22/10/2012) EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. INCORPORAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE TITULARIDADE À REMUNERAÇÃO DO IMPETRANTE. ( ) ILEGITIMIDADE PASSIVA. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. I- Entende-se por autoridade coatora aquela que pratica ou ordena concreta e especificamente a execução ou inexecução do ato impugnado, nos termos do art. 6º, 3º da Lei nº /2009. II e III- Omissis. IV- O julgador não pode substituir o sujeito passivo do mandado de segurança, chamando a verdadeira autoridade coatora, mormente quando, com a eventual correção, se torna incompetente para o processo e julgamento originários da impetração, como acontece no presente caso, devendo, pois, ser denegada, a segurança de acordo com a nova dicção trazida pela Lei nº /2009. Segurança denegada. (TJGO, Corte Especial, MS nº , Relator Des. Luiz Eduardo de Sousa, Fonte: DJ nº 1193 de 28/11/2012). De tal sorte, ressai evidente a ausência de pressuposto indispensável ao processamento do presente mandamus, uma vez que não compete ao relator proceder a substituição da autoridade coatora 7

8 erroneamente indicada na exordial. Desembargador Jeová Sardinha de Moraes Ao teor de tais considerações, com fulcro no art. 267, inciso VI, do CPC c/c o art. 6º, 5º, da Lei nº /2009, julgo extinto o processo, sem resolução do mérito, tendo vista a ausência de uma das condições da ação, a saber, a legitimidade passiva da autoridade coatora. É o voto. Goiânia, 05 de março de (354/D) Desembargador JEOVÁ SARDINHA DE MORAES Relator 8

9 MANDADO DE SEGURANÇA Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA IMPETRANTE: DAYSE MYSMAR TAVARES RODRIGUES IMPETRADO : COORDENADOR DO ASSESSORAMENTO DA DIRETO- RIA GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS RELATOR : DESEMBARGADOR JEOVÁ SARDINHA DE MORAES EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. GRATIFICAÇÃO DE INCENTIVO FUNCIONAL. ATO ADMINISTRATIVO PRATICADO POR SERVIDOR EM EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DELEGADA. AUTORIDADE COATORA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. IMPOSSIBILIDADE DE ADEQUAÇÃO DO POLO PASSIVO PELO ÓRGÃO JULGADOR. EXTINÇÃO DO PROCESSO. 1- A Constituição do Estado de Goiás não contempla em seu rol taxativo a competência do Tribunal de Justiça para processar e julgar originariamente os mandados de segurança contra atos atribuídos a servidor no exercício de função delegada. 2- Tendo em vista o rito especial do mandado de segurança, a errônea indicação da autoridade coatora acarreta a extinção do processo, sem resolução do mérito, dada a impossibilidade de adequação do polo passivo pelo órgão julgador. SEGURANÇA DENEGADA. 1

10 PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de MANDADO DE SEGURANÇA Nº ( ), acordam os componentes da Segunda Turma Julgadora da Sexta Câmara Cível do egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, em extinguir o mandado de segurança nos termos do voto do relator. Votaram, com o relator, o Desembargador Fausto Moreira Diniz e o Desembargador Norival de Castro Santomé. Diniz. Presidiu a sessão o Desembargador Fausto Moreira Fez-se presente, como representante da Procuradoria Geral de Justiça, o Dr. Luiz Gonzaga Pereira da Cunha. Goiânia, 05 de março de Desembargador JEOVA SARDINHA DE MORAES Relator 2