VALOR E VALORAÇÃO CRITÉRIOS VALORATIVOS
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- Amália Dreer Barros
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1 Valor VALOR E VALORAÇÃO CRITÉRIOS VALORATIVOS Critério de orientação. Guia para a ação humana, atribuído pelo homem às coisas, seres e acontecimentos, em função da relação que com eles estabelece. Diz respeito à forma afetiva como o Homem se relaciona com o mundo e o organiza, configura e interpreta
2 Valores Vida Lealdade Tolerância Justiça Igualdade Solidariedade Amor Paz Beleza Verdade Amizade Liberdade Honestidade
3 VALORES E VALORAÇÃO A Filosofia promove uma reflexão sobre os valores na chamada filosofia dos valores ou Axiologia área da reflexão filosófica que estuda a problemática dos valores O que são os valores?
4 VALORES Podem sugerir várias aceções: um significado técnico: o valor de uma mercadoria (domínio da economia); o valor de uma incógnita (domínio da matemática) um significado afetivo: o valor do que nos merece estima (um objecto, a amizade ) um significado moral: o valor de um comportamento: ser honesto, solidário, altruísta...
5 VALORES Valor Resulta da relação estabelecida entre o indivíduo, os objectos, os acontecimentos, as pessoas. O que é um valor, o que são os valores? Os valores guiam e orientam as nossas escolhas, as nossas decisões. Escolhemos sempre em função de um determinado valor, de um determinado ideal.
6 NOÇÃO DE VALOR(ES) Valor é uma qualidade potencial resultante de uma apreciação que um indivíduo ou uma sociedade faz acerca de um objeto, de uma ação ou de um ser real ou ideal, de acordo com a presença ou ausência de algo que é desejável ou digno de estima.
7 VALORES No sentido filosófico, os valores não são materiais, não são coisas, não se identificam com qualidades das coisas o valor não se encontra nos objetos mas é-lhe atribuído pelo sujeito. Por que razão? Perante a realidade exterior, face a objectos, situações e acontecimentos, o homem é incapaz de se manter neutro. Os valores revelam a diferença entre o mundo humano e o mundo não humano. Nessa relação com o homem, a realidade bruta transfigura-se em mundo humano.
8 VALORES O homem adere ou rejeita ele atribui valor, valora. É pela sua capacidade valorativa, que o homem orienta a sua existência, dá sentido às suas atitudes, às suas condutas. O mundo não é apenas o que é, mas também, posto que o Homem o habita e anima, o que pode ser e o que deve ser. (Savater)
9 FACTOS E VALORES A partir da afirmação de Savater, distinguimos factos e valores, distinguimos juízos de facto e juízos de valor. Factos realidade são acontecimentos, descrições de algo, da juízos de facto Valores são apreciações de caráter pessoal, exprimindo preferências subjectivas juízos de valor
10 JUÍZOS DE FACTO (DE REALIDADE) Descrevem o que se passa na realidade. São objetivos São verificáveis São suscetíveis de os considerarmos verdadeiros ou falsos São neutros e impessoais EX: 3x3=9; Paris é a capital da França.
11 JUÍZOS DE VALOR (DE APRECIAÇÃO) Sustentam opiniões pessoais Exprimem uma apreciação ou valoração. São relativos São discutíveis Exprimem escolhas de caráter emotivo, sentimental e ou afetivo Ex. As pessoas do norte são mais trabalhadoras do que as do sul; a música dos Beatles é eterna; adoro a cor azul.
12 OS VALORES Não são qualidades sensíveis já existentes nos objectos mas qualidades potenciais atribuídas por alguém em certas circunstâncias. Como ideais que orientam a relação do homem com a realidade, os valores não são propriedade dos objetos como o são o tamanho, a cor ou o volume. O conceito de valor reporta-se sempre a um sujeito que avalia. Assim, a beleza de uma paisagem não se identifica com a própria paisagem mas com o juízo que é emitido sobre ela.
13 OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE DOS VALORES Será que os valores terão uma existência independente do sujeito que avalia? Ou Será que os valores dependem das sociedades e das culturas dos indivíduos, dos espaços e dos contextos?
14 OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE DOS VALORES Estas questões revelam a oposição entre o objetivismo e o subjetivismo e relativismo axiológicos. Em que consiste o objetivismo axiológico?
15 O OBJETIVISMO AXIOLÓGICO As coisas são valiosas em si, os valores existem independentemente dos sujeitos e mantêm-se apesar das mudanças dos sujeitos e dos objetos no espaço e no tempo. Valores como o Belo, o Bem são ideias intemporais imutáveis e absolutas, mantendo-se independentemente das circunstâncias exteriores e dos sujeitos.
16 O OBJETIVISMO AXIOLÓGICO Há valores absolutos e imutáveis que se impõem por si mesmos e transcendem o Homem. O valor existe independentemente de um sujeito. O Homem reconhece o valor como tal e considera as coisas valiosas como coisas que incorporam o valor.
17 O SUBJETIVISMO AXIOLÓGICO Os valores são uma criação humana; os objetos apenas ganham valor na sua relação com o indivíduo. São os seres humanos com as suas necessidades, emoções, sentimentos, experiências e contextos pessoais que atribuem valores ao real.
18 O SUBJETIVISMO AXIOLÓGICO O valor depende da subjetividade humana, dos sentimentos de agrado ou desagrado, do facto de serem ou não desejados. O valor deve a sua existência, o seu sentido e validade às reações do sujeito que valoriza. Os valores são variáveis e contingentes.
19 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Embora haja uma grande diversidade de valores, há um conjunto de caraterísticas que lhes são comuns: polaridade, hierarquização, perenidade, historicidade, absolutividade e relatividade.
20 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Caraterísticas dos valores Polaridade Hierarquização Perenidade Historicidade Absolutividade Relatividade
21 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Polaridade Os valores apresentam uma dupla face, uma polaridade positiva e uma polaridade negativa. Ex: O belo (pólo positivo) encontra oposição no feio (pólo negativo); bom / mau; sagrado / profano
22 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Hierarquização os valores encontram-se ordenados segundo uma hierarquia. Cada pessoa, as diferentes sociedades e culturas organizam a sua tábua de valores e elegem alguns deles como superiores a outros. Para certas pessoas, a liberdade é um valor superior à vida; para outras a beleza é considerada superior à liberdade.
23 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Perenidade os valores são intemporais, não sofrem alterações nem acompanham a história dos homens Ex: o bem, a amizade, a tolerância, ( ) como valores em si mesmos, mantém-se inalteráveis.
24 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Historicidade As avaliações são diferentes de acordo com o tempo e com os condicionalismos sócio culturais. Por isso, sofrem alterações em função da história da humanidade. Ex: os conceitos de beleza, igualdade
25 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Absolutividade - há valores aos quais atribuímos um sentido absoluto, impositivo porque eles são fundamentais como princípios orientadores da nossa ação. Ex: os valores éticos, essenciais para a coexistência com os outros (verdade, honestidade, justiça )
26 CARATERÍSTICAS DOS VALORES Relatividade - Há valores relativos, específicos de uma sociedade sujeitos ao tempo histórico e à cultura. Tal significa que os valores dependem da valoração do sujeito seja em termos pessoais, seja tendo em conta a sociedade e a cultura em que está inserido.
27 TÁBUA DE VALORES Ao longo da história da filosofia, surgiram várias classificações dos valores. Classicamente, consideraram-se três grandes tipos de valores: éticos, estéticos e religiosos. Max Scheler (séc. XX) Valores ético-morais Valores lógicos Valores estéticos Valores vitais Valores úteis Valores religiosos
28 A TÁBUA DE VALORES DE MAX SCHELER Valores ético-morais: justo/injusto; bom/mau; leal/desleal. Valores lógicos: verdade/falsidade; conhecimento/ignorância; evidente/provável Valores estéticos: belo/feio; elegante/deselegante; gracioso/tosco Valores vitais: são/doente; forte/fraco; enérgico/inerte Valores úteis: caro/barato; capaz/incapaz; conveniente/inconveniente Valores religiosos: sagrado /profano; divino/demoníaco
29 OS VALORES podem ser encarados como: A) Vivência - Psicologismo B) Qualidade - Naturalismo C) Ideia - Ontologismo
30 OS VALORES A) Psicologismo os valores resultam de uma vivência pessoal pelo que correspondem ao sentimento ou emoção resultante de um estado psicológico. Logo os valores são uma consequência das experiências que vivemos. Esta perspetiva entende os valores como subjetivos. Duas dificuldades desta perspetiva: a impossibilidade de se explicar a permanência dos valores na vida dos homens; a impossibilidade de diferentes indivíduos se entenderem acerca dos valores que adotam.
31 OS VALORES B) Naturalismo defende a existência real dos valores como qualidades das coisas, como propriedades objetivas das coisas. Os valores são vistos como qualidades reais e objetivas das coisas. Assim, está associada ao objetivismo axiológico. Dificuldades: partindo-se do pressuposto que os valores existem nas coisas, como propriedades delas, torna-se impossível as diferenças e desentendimentos dos indivíduos a propósito dos valores. Se os valores são objetivos, por que será que nem todos encontramos a justiça num mesmo ato?
32 OS VALORES C) Ontologismo o valor é uma entidade ideal, existindo em si mesmos, independentes dos objetos reais e do espaço e do tempo em que vivemos. Os objetos dependem dos valores para se tornarem valiosos, mas os valores não dependem em nada dos objetos. Os valores não existem como os objetos, Têm uma existência ideal. São imateriais, intemporais, imutáveis. Os valores são considerados como objetivos. Dificuldade: sendo os valores como absolutos, independentes do sujeito, será possível um mundo de valores separado do mundo real, do mundo humano?
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