Flávio Paiva. ilustrações Julião Jr.

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Maria Vitória Caetano Fontes
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1 Flávio Paiva ilustrações Julião Jr.

2 Copyright 2014 by Armazém da Cultura Editora Albanisa Lúcia Dummar Pontes Secretária Administrativa Telma Regina Beserra de Moura Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica Suzana Paz Assessora de Comunicação Mariana Dummar Pontes Revisão Carlos Augusto Ribeiro Neto Vessillo Monte (Proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por qualquer meio ou sistema, sem prévio consentimento da editora) texto estabelecido conforme o novo acordo ortográfico da língua portuguesa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Paiva, Flávio Chuteira dourada / Flávio Paiva ; ilustrações Julião Jr ed. -- Fortaleza : Armazém da Cultura, ISBN: Literatura infantojuvenil I. Julião Junior. II. Título CDD Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura infantil Literatura infantojuvenil Todos os direitos desta edição reservados ao Armazém da Cultura Rua Jorge da Rocha, 154 Aldeota Fortaleza Ceará Brasil CEP: Fone/Fax: (85) Skype: armazem.da.cultura Site: armazemdacultura@armazemcultura.com.br Este livro utiliza papel que segue as leis ambientais de proteção à natureza.

3 Flávio Paiva ilustrações Julião Jr. Fortaleza - CE 2014

5 A todos os atletas que inspiram crianças com a arte de jogar futebol, em especial a David Luiz, Garrincha, Gildo, Higuita, Maradona, Neymar, Osvaldo, Pelé, Ribéry, Ronaldinho Gaúcho, Seedorf e Zidane.

6 O autor e o futebol O Tia Rita, um amigo bom de bola, com quem nunca tive a satisfação de jogar no mesmo time, costuma dizer que não sabe como aprendi a jogar futebol tão rápido. Eu também não sei, mas na cidade de Independência, onde nasci no ano de 1959, ainda garoto entrei direto nas partidas dos times dos adultos. O nome da nossa equipe era Palmeiras. Com ela, participávamos de torneios nas cidades vizinhas, onde aproveitávamos para fazer apresentações de teatro e até de uma banda de cara pintada, que formamos por inspiração dos Secos & Molhados, o grupo musical que eu mais gostava de ouvir naquela época. Eu tinha também um segredo só meu e do meu amigo Pandé: o segredo das pernas douradas. Isso mesmo, depois que o massagista Garrincha aquecia os nossos músculos e antes de iniciarmos cada partida, tratávamos de nos afastar momentaneamente do grupo e cada

7 um soprava um pouco de purpurina nas pernas do outro. Fazíamos isso para chamar a atenção das meninas e posso dizer que era um sucesso. Pois bem, o tempo passou, eu cresci e me mudei para Fortaleza, cidade onde moro com a minha família. Estudei Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará e, apesar de ter continuado jogando e disputando campeonatos amadores por um tempo, acabei deixando o futebol de lado. Até que os nossos filhos, Lucas e Artur, começaram a ficar grandinhos e a se interessar pelo assunto. Incentivado por eles, voltei a ir ao estádio torcer pelo Ceará e pela Seleção Brasileira, além de treinarmos na quadra do nosso prédio e jogarmos partidas e mais partidas de videogame de futebol. E foi nesse clima de paixão pelo futebol que aconteceu a história da chuteira dourada.

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9 Capítulo 1 Como muitas crianças brasileiras, o meu filho Artur também pensa em ser jogador de futebol. Ele sabe que quando eu era menino uma das minhas brincadeiras favoritas era jogar bola. Por isso, ora me pede para jogar com ele na quadra do condomínio, ora quer que eu seja o preparador técnico de suas jogadas especiais, ora me convoca para ser o empresário dele na carreira que está começando em um jogo eletrônico. Mais recentemente o Artur entrou para a seleção da escola. Vibrou tanto com isso que até desenhou o modelo da camisa, adotado para o uniforme do time. 9

10 Como lá tem um treinador, ele não abre mão de que eu, da arquibancada, acompanhe os treinos e as partidas da seleção. É claro que eu aceito e amo fazer tudo isso. Mas teve uma vez que eu não concordei totalmente com o que ele estava pretendendo e tivemos de jogar muito com as palavras antes de entrar em campo. 10

11 Capítulo 2 Tudo começou quando Artur ficou com vontade de comprar um par de chuteiras pela internet e me propôs que fosse o seu presente de aniversário de 12 anos. Achei uma boa ideia e pedi para ver uma foto das tais chuteiras. Ele entrou no portal da empresa que vende esse tipo de artigo desportivo e me mostrou uma chuteira dourada, com detalhes em preto e branco. Na imagem exibida na tela do computador aparecia o seu nome bordado. Ele já tinha personalizado o pedido, colocando Artur na chuteira do pé esquerdo e Paiva na que calçaria no pé direito. 11

12 É muito bonita, não é pai? perguntou, olhando para mim, com cara de quem pede aprovação. É, sim, e se parece com você. Combina com a camisa da seleção da escola. Pelo visto, o preço também combina com o valor que eu estava pensando para o seu presente de aniversário. Pai, se a gente fizer o pedido agora, eles prometem entregar no máximo em nove dias úteis. E podem enviar a caixa embalada com papel de presente. Mas falta mais de um mês para o seu aniversário, meu filho. Se essa chuteira chegar com tanta antecedência você vai querer abrir o presente antes do dia e aí perde a graça. Não pai, eu não vou querer abrir antes, só quero ter a certeza de que vou receber o presente no dia do aniversário. Nem antes, nem depois. E se a gente deixar para fazer o pedido muito perto e houver algum atraso na entrega? 12

13 Está bem, vamos fazer a compra, mas quando recebermos a encomenda, ela vai ficar guardada até o dia do seu aniversário. E assim foi feito. Quer dizer, foi quase assim. 13

14 Capítulo 3 Poucos dias depois recebi em meu correio eletrônico uma mensagem da empresa informando: Pode começar a se aquecer. Seu pedido Nº já está na transportadora e será entregue no prazo previsto. O prazo foi cumprido. As chuteiras chegaram dentro de um envelope ocre, que apresentava os sinais dos cantos da caixa que estava dentro dele. O Artur olhou para mim e fez um movimento de convencimento para abrirmos o pacote. Pai, talvez a gente possa abrir o envelope só para ver se o papel de presente das minhas chuteiras é bonito mesmo... falou de mansinho, olhou 14

15 para mim pedindo que aceitasse e argumentou: Afinal, o envelope só serviu mesmo para a remessa pelos correios, não tem mais finalidade. Não, filho, vamos deixar como está. No envelope o presente ficará mais bem protegido por esses dias que antecedem a data do seu aniversário. 15

16 Capítulo 4 Acordei no dia seguinte com o Artur em pé, ao lado da minha cama. Dei bom-dia e ele me respondeu com um bom-dia apressado. E foi logo dizendo: Sabe, pai, é normal quando a gente compra qualquer coisa conferir se não veio nada errado. Como ainda está um pouco longe do dia do meu aniversário, pode ser que o prazo de troca fique vencido. Já pensou se o meu nome estiver bordado errado? Já pensou se tiver vindo uma chuteira com o número maior ou menor? Já pensou se as chuteiras que estão dentro dessa caixa não estiverem 16

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