Capital da Notícia. Informação e cidadania a serviço da sociedade

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1 Capital da Notícia Informação e cidadania a serviço da sociedade Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo capitaldanoticia@unibrasil.com.br Maio/2005 Ano 3 - nº 13 Viviane Luciane CURTAS Tarifas congeladas Segundo notícia divulgada pela Prefeitura de, as tarifas de ônibus, no município, ficarão congeladas até o mês de junho. A tarifa custa, hoje, R$ 1,90. Uma Comissão de Estudos da Tarifa tem discutido o transporte coletivo na capital e a planilha de custos. O objetivo, segundo o presidente da Comissão e presidente da Urbs, Paulo Schmidt, é apresentar propostas ao prefeito, ao poder legislativo municipal, aos governos estadual e federal, que permitam uma redução significativa nos valores das tarifas. 2,4 toneladas de lixo são descarregadas diariamente O mundo do lixo reciclável O Capital da Notícia mostra a dura realidade de famílias que se sustentam do lixo reciclado. As condições precárias de higiene e o contato diário com a possibilidade de contrair doenças; a informalidade, a miséria e a falta de perspectiva de vida. E o importante trabalho Thiago Bastchen que eles desenvolvem na preservação do meio ambiente. Os carrinheiros são responsáveis por 70% da coleta do lixo reciclável na capital e, no entanto, são discriminados por uma grande parcela da população que, muitas vezes, desconhece o destino do lixo. Personagem O homem que diz ser a reencarnação de Jesus Cristo conta sobre o seu passado, sua origem, as dificuldades e como e quando soube que era o "filho de Deus". Ao contrário do que muitos pensam, Inri é uma pessoa como outra qualquer, que gosta de silêncio e jogar boliche, no esporte o qual diz não ser amador. Ele fala sobre sua vaidade e o que faz nas horas vagas, além de falar sobre seu sotaque. Os resíduos têm um longo percurso pela frente e é importante saber o que fazer para que eles sejam depositados em local apropriado sem causar danos à sociedade, ao meio ambiente e aos cofres públicos. Cultura PÁGINAS 6 e 7 No segundo semestre de 2005, as terras paranaenses poderão ser vistas novamente nas telonas, tudo por conta da estréia do filme Cafundó. Produtores e diretores locais, mesmo com dificuldades, também são destaque neste momento de retomada do cinema brasileiro. A lei municipal de incentivo à cultura tem ajudado para esse desenvolvimento. PÁGINA 3 PÁGINA 11 Atenção consumidores Conforme o Disque-Economia, a diferença dos preços dos alimentos nos supermercados de pode variar até 100%. O Disque-Economia é um serviço gratuito municipal que fornece aos consumidores os preços mais em conta de mais de 250 itens, entre alimentos e produtos de higiene e limpeza, pesquisados todos os dias. Os preços podem se conferidos pelo fone ou no site Para quem tem de 10 a 19 Está em andamento a campanha contra a Hepatite B, doença que pode levar a morte. Pessoas entre 10 e 19 anos devem se vacinar por estarem incluídas no grupo de maior risco de contaminação. A vacina pode ser feita gratuitamente em qualquer posto de saúde do município. Para quem tem mais de 60 Também está sendo realizada a campanha de vacinação contra a gripe para pessoas maiores de 60 anos. É gratuita e pode ser feita em qualquer unidade de saúde. Exemplar gratuito O que pouca gente sabe é que no Procon qualquer cidadão pode ter acesso a um exemplar do Código de Defesa do Consumidor, um importante instrumento para os consumidores conhecerem e, principalmente, reivindicarem seus direitos. O código é distribuído gratuitamente. O Procon em está em novo endereço, na Rua Alameda Cabral, nº Centro. O telefone para mais informações é ED13_CURITIBA.pmd 1

2 2 Maio/2005 Editorial Novamente o Capital da Notícia procura evidenciar sua preocupação e responsabilidade social por meio de uma reportagem sobre o lixo, que abordará questões que vão desde a coleta do lixo urbano até a sua destinação no aterro sanitário. Mais do que simplesmente discorrer sobre temas como a separação do lixo reciclável, a equipe de reportagem procura mostrar um retrato da realidade das pessoas que trabalham com o lixo. Para se ter uma idéia, atualmente cerca de 10 mil pessoas sobrevivem por meio da coleta de lixo reciclado. Os catadores são responsáveis por 70% da coleta de lixo reciclável em. Outra questão preocupante abordada nas matérias especiais é o destino do lixo hospitalar; que a prefeitura tentou repassar como responsabilidade dos produtores e que, desde o final de abril transformou-se em uma disputa judicial. Aliás, é essa responsabilidade com a questão social o principal foco nas reuniões de pauta da equipe do Capital da Notícia, procurando mostrar que a integração entre comunidade e imprensa pode representar uma grande ferramenta de mudança. Nessa edição, há ainda a imperdível entrevista com o exótico Inri Cristo, um homem que afirma ser o reencarnação de Jesus Cristo. Ele revela como é a sua rotina diária, seu lazer nas horas vagas e ainda de que forma sobrevive e mantém um templo no bairro Alto Boqueirão, em. Finalmente, o Capital da Notícia aborda um tema permanentemente discutido pela sociedade, mas que não é passível de conclusão, até por sua complexidade: o casamento. Saiba a opinião da igreja, dos casais que estão unidos há muito tempo e o veredito dos terapeutas a respeito dessa instituição que os mais modernos acreditam estar falida, mas que as pessoas mais conservadoras ou românticas defendem com verdadeira convicção. Cássia Valter Expediente Diretor presidente: Clémerson Merlin Cléve Diretor Geral: Sérgio Ferraz de Lima Diretor Acadêmico: Lodércio Culpi Diretor acadêmico-adjunto: Emerson Cervi Coordenador do Curso de Jornalismo: Roberto Nicolato Professora responsável: Elza Oliveira Fechamento: Jorge Luiz Kimieck Impressão: Editora Vitrine Tiragem: exemplares O jornal Capital da Notícia/ é uma publicação do Curso de Jornalismo da Unibrasil, produzido pelos alunos do 5º período. Diagramação das páginas 1 e 2 : Jakeline Buratti e Saionara Santos Fotos: Viviane Luciane e Thiago Bastchen Opinião A realidade do que lemos e vemos Nada está perdido Nesses dias comecei a ler o livro Chatô, O Rei do Brasil, de Fernando Morais, que retrata mais ou menos 50 anos de jornalismo, e comecei a comparar com o jornalismo hoje. Boa parte do livro se passa em momento de ditadura e mesmo assim parecia ser mais fácil fazer jornalismo. E provavelmente essa facilidade venha da paixão pelo que se faz. O que hoje não existe, essa paixão virou profissionalismo; a ideologia, tão defendida nos anos 50, foi engolida pelo capitalismo - hoje o jornalista não pensa, faz. E o jornalismo está cada vez mais deixando de lado a informação e partindo para o que a sociedade mais precisa que é a auto-ajuda, como aqueles suplementos que ensinam como cuidar do seu filho em dez passos ou 100 pas- oglobo.com Nem sempre o que lemos, nos traz agradáveis sensações. Às vezes nos deixamos levar pela ficção e acabamos nos envolvendo demais com a história deixando que aquilo interfira em nossa cultura. Este foi o meu caso quando li parte do livro O Código Da Vinci. Um livro ótimo e curioso, mas que já enfrentou grandes críticas e reprovações. O autor Dan Brown, revela em seu ponto de vista coisas de forma tão convincente e detalhada que esqueci de minha crença e cheguei a levantar a hipótese daquilo ser verdade. O trecho que fala sobre Jesus ter um irmão gêmeo, me deixou confusa. Até começar a novela das 20 horas América, muitos brasileiros eram apaixonados pelos Estados Unidos. Mas a história, além de estar passando a triste realidade, também faz com que a segurança fique ainda mais rigorosa na passagem de latinos para o país norte-americano. Não há qualquer esforço para esconder os maus tratos que pessoas nascidas em países de Terceiro Mundo sofrem nos países desenvolvidos. Nem precisamos de muito esforço para entender o recado da novela americanizada. Ela está fazendo seu papel na sociedade, tentando dizer: Fiquem aqui! O lugar de vocês, brasileiros é no Brasil. Partindo do princípio e encarando os fatos a remuneração não ajuda. O desemprego é o primeiro fato que nos assusta. Depois de vencida a busca pelo emprego temos que enfrentar o salário baixo. Aqui no Brasil uma pessoa tem que trabalhar a vida toda para adquirir um bem. Enfim, a mensagem que a TV ou os livros passam, sejam reais ou não, às vezes distorcem um pouco os fatos. Como a morte do Papa João Paulo II, por exemplo, a mídia fez um espetáculo. O fato de alguns acontecimentos serem de interesse elevado para a sociedade, faz com que os meios de comunicação tirem o maior proveito disso. Saionara Santos sos de alcançar o sucesso em sua carreira profissional. São cada vez mais raros os jornalistas que ficam meses atrás de uma informação por paixão, pelo simples fato de informar um caso de corrupção, ou qualquer outra situação importante. O mesmo ocorre em outros segmentos, como na literatura. Nada contra os escritores como Paulo Coelho, mas as pessoas só lêem livro hoje para lhe ajudar nas dificuldades do dia-a-dia. E isso fez surgirem muitos livros semelhantes onde um personagem passa o texto inteiro por uma dificuldade e, no fim, a supera e fica feliz para sempre. Na música também se perdeu o lado ideológico e ficou puramente comercial. É difícil de imaginar um cantor como Raul Seixas ou um movimento como a Tropicália, dividindo espaço com as músicas atuais onde não se defende uma idéia e sim, em grande parte, exploram e humilham as mulheres. E não é só nesses ramos que as coisas chegaram nesse mundo cada vez mais capitalista. Também já se estragou o futebol, grande paixão nacional, onde os jogadores não se identificam com nenhum clube. E isso mexeu também com a convivência entre as pessoas que estão cada vez mais individualistas. Por isso, fico com aquela música do Raul Tente Outra Vez, e sonhando que nada está perdido. Sérgio Gabriel Capital da Notícia Ombudsman A criatividade deve dar o tom É com grande satisfação que passo a ocupar este espaço no jornal Capital da Notícia, na condição de Ombudsman. Ou melhor, na condição de professor de Redação Jornalística, na qual me sinto mais à vontade. A minha intenção é analisar o jornal de forma mais abrangente, deixando que as questões mais pontuais e específicas possam ser observadas pelos alunos nas anotações feitas na edição a ser entregue à professora responsável pelo veículo. De uma maneira geral, considero boa a edição anterior do jornal. A primeira página está bem resolvida, embora há um predomínio excessivo da cor azul e a utilização no cabeçalho de um símbolo (bandeira) de, o que confere um tom oficial ao jornal. A página 2 traz algumas mudanças. A seção Notícias da Semana foi substituída por crônicas sobre a cidade, o que não deixa de ser uma boa opção. A página 3, da editoria Personagem, no entanto, peca pelo excesso de informação e por uma entrevista cansativa e com poucos atrativos. Neste caso, alguns cortes, seriam necessários. A diagramação da página (junção da abertura com o corpo do texto) está confusa e falta criatividade no título da entrevista. Na página 4, temos uma boa reportagem com os dados necessários e personagens interessantes. Considero, no entanto, que a correlata Na hora, o nervosismo, ficaria melhor na abertura, acrescentada de uma foto de um dos personagens contidos na matéria. Na página 5, uma matéria esclarecedora sobre as financeiras. Já as páginas centrais apresentam uma diagramação criativa e uma abordagem abrangente sobre um tema que continua na ordem do dia, como o desaparecimento de crianças. A página 8, embora traga um assunto novo, apresenta alguns problemas quanto à redação. Um exemplo está na gravata: A falta de recursos de divulgação faz do esporte um desconhecido. Há ainda uma matéria sobre a terceira idade sem conexão com a principal. A diagramação da página também poderia ser melhor explorada. A página 9 ficou boa e o assunto é instigante. Mas o título ( Sex shops enfrentam preconceito em ) não está correto, uma vez que não são os Sex shops que enfrentam preconceito... Na página 10, temos uma boa matéria e na 11 uma intenção interessante, mas sem o efeito desejado. Faltou convencer o leitor de que é possível gastar pouco na noite curitibana, uma vez que não são divulgados preços e nem exemplos de personagens com o valor de seus gastos. Já a página 12 ficou muito boa, pena que a retícula de fundo ficou escura. Para finalizar, considero que, com algumas exceções, é preciso aprimorar o trabalho fotográfico, com maior criatividade, principalmente em relação às matérias de abertura. E quanto ao novo projeto gráfico, se por um lado não aperfeiçoou o anterior, por outro não mostrou nenhuma novidade e acabou reproduzindo o mesmo modelo do Capital da Notícia/Bairros. Acredito que neste período vocês já estão mais preparados para fazer um produto diferenciado e mais experimental. Bom trabalho e até a próxima. Roberto Nicolato Professor e Coordenador do curso de Jornalismo da Unibrasil ED13_CURITIBA.pmd 2

3 Capital da Notícia Maio/2005 Geral Até que a morte os separe Número de casamentos crescem em ritmo menor do que a população Casamento, palavra que causa medo para uma grande parcela da população. Apesar disso, em 2003 quase 750 mil casais se uniram no Brasil.Os dados de números de casamentos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) têm variado: em 1993 foram 746 mil, caíram para 732 mil no ano 2000 e voltaram a crescer três anos depois. Separações e divórcios Arquivo Em contrapartida também as separações e divórcios registraram elevações neste intervalo de dez anos, passando de 190 mil em 1993 para 232 mil no ano de Neste mesmo período a população brasileira teve um crescimento de 30 milhões: de 145 milhões para 175 milhões de habitantes. Comparado com o aumento da população, os casamentos não acompanharam ( veja gráficos). Talvez estes dados possam ser parcialmente justificados pela decisão cada vez mais comum de casais brasileiros que optam por, simplesmente, morar juntos para fugir da burocracia que o casamento legal exige. Os que enfrentam estas exigências muitas vezes enxergam o casamento como uma válvula de escape para não ficar solteiro. Muitos não vêem a hora de subir ao altar; sonham com a festa, os presentes, independência familiar, liberdade. Casamentos Mas muitas pessoas confundem bastante os sentimentos e em vez de se unirem, dão espaço para o ciúme e a insegurança pessoal, comprometendo seriamente a estrutura do relacionamento. Depoimentos A opção pela vida a dois divide opiniões. A acadêmica Eleni Figueiredo, 36 anos, diz que não se preocupa em ficar solteira. "Quando conheço um rapaz e ele quer me cobrar nas situações mais simples, como não querer que eu saia com minhas amigas, isso me incomoda", comenta Eleni. A estudante reconhece que ninguém quer ficar sozinho, porém a vida a dois não se resume apenas no amor, precisa ter o mesmo objetivo, algumas vezes abrir mão de coisas em prol do casal. Coisas que estando sozinha não preciso me preocupar", diz ela. Para Eleni isso não é individualismo, mas um estilo de vida. Depois de uma certa idade, acrescenta, a 3 mulher fica mais exigente em relação a um companheiro, principalmente quando é independente. Elizângela Becker de Souza, 30, vendedora, casada e mãe de dois filhos comenta que não existe uma situação que pesa mais quanto o assunto é separação, e sim um conjunto de várias questões como pensamentos diferentes, idéias e princípios. Casada há treze anos, a vendedora diz que os motivos para as discussões são dos mais diversos, muitos deles assuntos de ordem doméstica como filhos e a parte financeira. Meu esposo não quer conversar sobre estas questões, dizendo que não são importantes. Mas muitas vezes ele se preocupa com problemas irrelevantes, diz ela. Mesmo enfrentando dificuldades, Elizângela prefere levar em conta o tempo de casados que eles têm e fazer os ajustes necessários, do que se separar e enfrentar uma relação com outra pessoa que pode ser pior do que a atual. O perdão e o amor devem andar juntos Ajuda divina e terapia familiar Para vencer crises conjugais é possível contar com o apoio de movimentos ligados à religiões, que têm por finalidade ajudar casais a encontrarem o caminho da paz e união. Um exemplo é S.O.S. Família, realizado na Paróquia Nossa Senhora da Luz, em Pinhais. Este movimento, ligado à Pastoral Familiar, é formado por um grupo de pessoas da própria comunidade, católicos praticantes, com vivência matrimonial estável, que dedicam uma parte do seu tempo na resolução dos problemas de outras famílias. O papel dos membros do S.O.S Família é orientar os cônjuges e filhos, através de muita oração e escuta, a buscarem os caminhos da harmonia familiar. O padre Nilton Cesar Boni aponta que os principais problemas relatados por quem procura o grupo são: dificuldades financeiras, a dor da traição, a falta de diálogo no casamento e as seqüelas causadas pelos filhos consumidores de drogas. Muitos casais recebem orientação e aconselhamento, de modo que os problemas possam ser resolvidos ou direcionados na busca de uma solução. A situação já começa a melhorar quando muitos desabafam e expõem toda a dor e mágoa que estão sentido, afirma o padre Nilton. Fora do contexto religioso, existem profissionais capacitados para orientar casais que atravessam crises conjugais, como é o caso da psicóloga Catharina Elizabeth Urso Haluch, que trabalha com o método da terapia relacional sistêmica de casal e família. Esta prática consiste em tentar reaproximar os casais que estão frustados, desapontados e desorientados com relação ao casamento. Catharina diz que no começo da convivência os recém-casados sentem uma expectativa muito grande de levar uma vida a dois, plena de satisfação e esperança. Mas com o decorrer do tempo, o relacionamento começa a esfriar, o amor já não é mais o mesmo, aos poucos a união vai acabando. É nesta hora que muitos fazem a opção pela terapia, como forma de salvar o matrimônio. A terapia consiste em sessões conjuntas, nas quais os problemas são expostos, é avaliada a história individual de cada um, são analisados os valores morais que foram herdados das famílias. Começa então um processo de busca da provável causa dos desentendimentos. No decorrer do tratamento, o casal é motivado a investir na relação e compreender que o dar e o receber estão em igualdade na relação a dois. Aceitar o outro como ele é e perdoar mutuamente as mágoas são fatores indispensáveis para obter sucesso na terapia, afirma Catharina. Uma história que começou há 47 anos. Em 27 de novembro de 1958, Olindo Francolino Estevão e Erotides de Souza Estevão se casaram. Apesar das dificuldades da época, conseguiram com muito esforço trabalhando na lavoura, sustentar os 13 filhos e adquirir sua casa. Erotildes comenta que quando pensava em desistir, olhava para os filhos e para o esposo e se enchia de coragem para recomeçar. A receita para tantos anos de união é uma boa dose de amor e o perdão. Quando a gente ama de verdade, perdoa. Se não perdoa é por que não era amor de verdade completa Erotildes. Um casamento que começou em uma conversa tímida em um ônibus e que perdura até hoje. Olindo diz que as desavenças existem mas que aprenderam a diminuí-las com o tempo. A gente está ficando velho, os filhos estão fora de casa construindo suas vidas, o melhor que temos a fazer é um ajudar o outro comenta. Aos futuros casais fica a lição de que uma vida a dois para toda vida, ainda é possível. Olindo e Erotildes com com sua família em 1985 Reportagem: Raul Marcelo de Andrade, Rita de Cássia Estevão, Marcos Arruda Fotos: Arquivo e álbum de família Diagramação: Karine Carvalho Álbum de família ED13_CURITIBA.pmd 3

4 4 Maio/2005 Educação Capital da Notícia Mudanças no ensino fundamental Projeto do MEC prevê aumento de mais um ano para no currículo escolar As deficiências existentes na educação brasileira estão levando o governo federal a criar maneiras de tentar minimizá-las. Entre as alternativas propostas estão o aumento da duração do Ensino Fundamental de oito para nove anos e a substituição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O MEC tem duas ações de proteção à infância: inclusão das crianças de seis anos no ensino fundamental, ampliando para nove anos a escolaridade, e a garantia de financiamento para a educação infantil com o Fundeb, disse Jeanete Beauchamp, diretora do Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação. A ampliação para nove anos do Ensino Fundamental vem sendo discutida desde 2003 com secretarias municipais e estaduais de educação e está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e no Plano Nacional de Educação. O Censo Escolar de 2003 apontava que o ensino fundamental de oito anos vigorava em escolas públicas brasileiras, outras escolas já haviam ampliado para nove anos. Levantamento feito pela Secretaria de Educação Básica indica que os sistemas estaduais de Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Sergipe e Rio Grande do Norte iniciaram a ampliação em No Paraná, segundo Yvelise Freitas de Souza, professora e superintendente da Secretaria de Educação do Estado, não há interesse em aderir à mudança de 8 para 9 anos, Graça Magalhães Alunos da Escola Érico Veríssimo fazem pesquisa na secretaria pois aqui as crianças com 6 anos já podem freqüentar a 1º série, enquanto nos outros estados os alunos podem entrar na mesma série somente com 7 anos. A Escola Municipal Érico Veríssimo, localizada no Alto Boqueirão, é uma das instituições que aderiu ao projeto. Ela aceita crianças de cinco anos para a educação infantil, embora não tenha professores qualificados tecnicamente. O decreto que autoriza essa iniciativa veio da Prefeitura Municipal de. A iniciativa é fazer com que essas crianças se familiarizem cada vez mais com a escola. Jeanete Beauchamp afirma que a ampliação tem conseqüências na proposta pedagógica, no currículo, na organização dos espaços físicos, nos materiais didáticos, nos aspectos financeiros e também sobre a educação infantil, havendo com isso necessidade de reelaborar as diretrizes. De acordo com ela, haverá com a ampliação a redução de exposição das crianças a situações de risco, promovendo a permanência dos alunos na escola, a ocorrência eficaz do aprendizado e, conseqüentemente, o aumento da escolaridade dos alunos. Janete conclui afirmando que o aumento em mais um ano de estudo deve produzir um salto na qualidade da educação. É unânime entre os professores do ensino fundamental que não basta aumentar a escolaridade em mais um ano, mas sim capacitá-los. Para Ivana Beber, professora de pré-escola há quinze anos na cidade de Caçapava, São Paulo, é necessário que se pense mais em qualidade do tempo em que o aluno permanece na escola do que na quantidade de anos. Nas escolas públicas,em geral, há falta de investimentos, má estrutura e conservação dos prédios, insuficiência dos materiais didáticos e pedagógicos. Graça Magalhães Fundeb contará com mais verbas Deputado Tadeu Veneri (PT), é um dos defensores da ampliação do ensino fundamental no Paraná. Para implantar o programa de nove anos no ensino fundamental será necessário ampliar o valor da verba destinada ao sistema de educação. Essa conclusão sugiu a partir de várias discussões com a sociedade. Houve cinco fóruns estaduais e dois nacionais para debater, buscar alternativas e apresentar a proposta ao governo. O concenso ficou em 70% a favor da reformulação, sabendo que as diretrizes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef) é composto por apenas 15% do total dos impostos arrecadados e transferências. A proposta de sustituição do fundo deverá conduzir não apenas à redistribuição de recursos, mas também a uma redefinição do papel dos getores de educação como a criação de uma nova organização institucional. O novo fundo terá uma dotação legal de 20%. Porém, o fato da inovação estar na lei, não quer dizer que resolverá todos os problemas existentes, mas uma estrutura administrativa nova que reunirá pessoas diferentes em torno de interesses comuns e a participação da sociedade mudará para melhor a aplicação das verbas educacionais. Segundo o deputado Tadeu Veneri, em palestra sobre o Fundef, as verbas são destinadas da seguinte maneira: 40% para o pagamento dos educadores e os outros 60% aos serviços e manuteção do sistema fundamental.veneri ressalta que não existe uma explicação clara no destino das verbas atuais. De cada R$ 4 arrecadados, três são usados de maneira ilícita. Diante do atual quadro se torna necessário a aplicação do novo fundo, com acompanhamento social efetivo, diz o parlamentar. O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) atingirá o ensino infantil, fundamental e médio, além de aumentar a verba de R$ 29 bilhões para aproximados, R$ 45 bilhões, mudança significativa para melhoria do ensino. O Ministro da Educação, Tarso Genro, dára o parecer da aprovação do novo fundo daqui 30 dias. O Fundef foi criado para investir somente no ensino fundamental. Cerca de R$ 29 bilhões foram repassados a estados e municípios. Já o Fundeb beneficiará toda a educação básica. O investimento será de R$ 45 bilhões. O objetivo é melhorar cada vez mais a qualidade da educação brasileira. Para isso é preciso muito trabalho e discussão. Editoração, diagramação e fotos: Maria Magalhães Alyne dos Santos ED13_CURITIBA.pmd 4

5 Capital da Notícia Comportamento Aventureiros em duas rodas Moto na estrada, mulher pelada e cerveja gelada! O motociclismo no Brasil tornou-se popular a partir da década de 70, com o sucesso do filme Sem Destino (Easy Ryder). Quando este filme foi lançado, as pessoas passaram a se interessar pelo estilo de vida e pelas motos customizadas (personalizadas) que o filme ostentava. Fora do país, o lendário moto-clube Hell s Angels já era popular nesta época. Inclusive, este foi o primeiro a ter uma facção na cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, ex-membros do Hell s Angels que abandonaram o grupo por estarem descontentes com o seu estatuto, fundaram o Balaios, que já existe há 25 anos. Outro moto-clube de bastante tradição no país chama-se Abutres, que comemoram 12 anos de existência e tem facções em diversas cidades. Aproximadamente duas vezes por mês, há grandes encontros em alguma cidade do país, reunindo motoqueiros de todo o Brasil. Moto na estrada, mulher pelada e cerveja gelada! é o lema destes aventureiros sobre duas rodas. Para que encontros deste porte aconteçam, um moto-clube deve responsabilizar-se pelo evento, buscando apoio de órgão públicos e privados, como patrocinadores. O maior evento do país é o Megacicle, que ocorre anualmente em Caraguatatuba, no estado de São Paulo, e ano passado reuniu quase 30 mil Se a sua intenção é só andar em uma moto, o mercado oferece opurtunidade de sair motorizado em poucos dias, com financiamento.porém no consórcio o sonho depende da sorte de ser sorteado ou de quanto o participante tem disponível para dar como lance. Como exemplo, um dos modelos preferidos pela economia, como a C-100 BIZ - ES, custará 36 vezes de R$ 225,00 que somado dá um custo total de R$ 8.100,00. No consórcio, a parcela é de R$170,66 que fica, em 36 vezes, R$ 6.143,76. No enanto, quem tiver cacife para pagar a vista, o valor cai para R$ 4.640,00. O ano de 2004 será lembrado no Brasil por ter ultrapassado a barreira do um milhão de unidades produzidas. Um segmento que não pára de crescer nos últimos dez anos, em 1994, foram 140 mil unidades vendidas. motos, movimentando o comércio e o turismo da cidade. Em As tentivas de promover encontros de grande porte em foram frustradas, já que a polícia não recebe os motociclistas com bom olhos. Eles ainda são vistos e tratados como marginais. No último evento que aconteceu na cidade, os moto-clubes que chegavam eram revistados pela polícia e, por não gostarem deste tratamento, muitos deles iam embora logo em seguida, informou Moacir Lisboa, integrante do Ratos de Rua. Porém, moto-clubes e motociclistas solitários se encontram sempre nas sextas-feiras à noite, no pátio do palácio do governo, no Centro Cívico. A reunião atraí cerca de 600 pessoas por semana, além de comerciantes que aproveitam o movimento para vender cahorros-quente, cerveja e refrigerantes. Em 1997 foi fundado em o moto-clube Ratos de Rua. Tudo começou quando dois amigos se conheceram em uma oficina de motos e passaram a viajar juntos. Após entrar em contato com a filosofia de vários grupos, e sem concordar inteiramente com nenhuma delas, os dois tiveram a idéia de criar seu próprio clube. A proposta era escolher os integrantes pelo que eram e não pela moto que tivessem, e muito menos pelo seu poder aquisitivo. A maioria dos moto-clubes, na época, não aceitava motos de baixas cilidrandas, mas nós acreditávamos que o que faz o motociclista não é a moto e sim sua paixão pelo motociclismo, afirma Moacir, ou Magro, como é chamado pelos Ratos de Rua. Para fundar um moto-clube, é necessário que se elejam os cargos principais do grupo, que devem ser registardos em cartório, juntamente com o nome do clube, seu logotipo e estatuto. Neste documento, ficam estipulados os deveres de cada membro. O estatudo dos Ratos de Rua, por exemplo, estabelece que o número de participantes não deve passar de 35, além das exigências mínimas para que um motocilcista possa tornar-se membro efetivo, que foram decididas através de votação feita pelos membros veteranos. Logotipo do moto-clube Ratos de Rua Sonho de infância Desde pequeno, Moacir demonstrava aos colegas manobras mais arriscadas em sua bicicleta. Cansou de cair e se machucar. Gostava de se aventurar por locais em que normalmente seus amigos não queriam passar. Alguns anos depois, fez amizade com um garoto que pertencia a uma família de motociclistas. A partir daí, andar de moto virou paixão na vida do então garoto de 16 anos, que faltava aula para passear escondido de sua mãe. Aos 19 anos, ganhou do pai a primeira 125 cilindradas. Quando casou, Moacir teve de deixar a moto de lado por uns tempos, para cuidar de sua nova vida com a esposa, Rosana. Mas a vontade As duas principais marcas do País, Honda e Yamaha, brigam em todos os segmentos, desde clientes como os motoboys dos grandes centros urbanos, os mototáxis de cidades de porte médio e os trabalhadores rurais, que têm substituído cavalos por motos na condução do gado. Outra que vem acelerando o crescimento é a Kasinski que, além de motocicletas, produz motonetas e ciclomotores. Fundada em 1999 pelo criador do grupo Cofap no Brasil, Abrahan Kasinski, as vendas no primeiro ano chegaram a quatro mil unidades. O crescimento da concorrência, por enquanto, não tem assustado a japonesa Honda, líder absoluta que concentra mais de 84% das vendas. Os grandes centros urbanos é que concentram o maior número de motocicletas, onde se tornaram indispensáveis para vencer os gigantescos congestionamentos, ganhando espaço e até uma classe específica de trabalhadores, os motoboys. Hoje, já são 6,6 milhões de motos trafegando em todo o País, boa parte delas (mais de 80%) rodando com um motor de 125 cilindradas. Porém se o seu interesse é adquirir uma Harley Davidson, preparese para desembolsar pelo menos 30 mil reais, no modelo mais simples. Os modelos mais completos podem chegar a 90 mil reais. Depois de adquirir sua Harley, você pode viajar para Florianópolis e participar do encontro dos harleiros, entre os dias 21 e 23 de abril. Maio/ de voltar para o seu veículo de duas rodas nunca diminuiu, e assim que pode comprou novamente o seu sonho de liberdade. Para ele não há palavras para explicar o que é ser motociclista e poucos conseguem definir em poucas linhas. O vento, o prazer da aventura, o cheiro, o som e a adrenalina. Segundo ele, o sentimento de quem está pilotando uma moto é indescritível. Quando estou na estrada esqueço os problemas. Você simplesmente não pensa nas contas a pagar, no trabalho, na casa, no INPS, etc. É você e a moto exigindo sua atenção redobrada na estrada para não cair. As viagens tornam-se uma terapia para os membros do clube que, em média, têm 35 anos. A maioria são homens que estão numa situação financeira mais definida, que têm uma profissão que permita adquirir motos potentes e ter gastos extras. Comprar uma moto grande e confortável para percorrer longas distâncias acaba tonando-se necessário, pois viajar num modelo menor, como a CG, é bastante cansativo. Então geralmente quem pode ter um modelo mais caro são os motocilcistas mais velhos. Entre os Ratos de Rua encontram-se médicos, advogados, engenheiros, etc. Bad boys do asfalto Os filmes estrangeiros sempre mostram a figura do motociclista como o cara durão que pilota sua Harlley Davidson e pertence ao lendário grupo Hell s Angels, conta Magro. Mas será esta a realidade dos brasileiros motociclistas? Claro que existem os grupos em que há integrantes perigosos, mas a pose de malvados é característica marcante de qualquer moto-clube no mundo todo. Eles têm razão em mostrarem-se assim porque viajar, mesmo em turma, é um tanto arriscado por ficarem expostos a assaltos e acidentes. É como se fosse a carapaça de proteção. Mais que liberdade, alternativa de combate ao desemprego Matérias, edição e diagramação: Vivian Taborda, Tatiana Costa e Nei H. Birk Foto: Tatiana Costa ED13_CURITIBA.pmd 5

6 6 Maio/2005 Reportagem Capital da Notícia O mundo clandestino do lixo reciclável Marginalização, miséria e falta de saneamento: a vida de quem vive da reciclagem As cenas são sempre as mesmas: pai e mãe puxando um carrinho de lixo e as crianças dentro acompanhando o trabalho. Elas também ajudam na coleta e na separação. Ao chegar em casa, o lixo do dia vira comida na mesa. O quintal fica dividido entre o lixo e as brincadeiras com os animais doentes. Do lado da casa, o esgoto corre a céu aberto, e as crianças brincam nele também. Essa é a dura realidade de muitas pessoas que vivem na Vila das Torres em. Os números oficiais indicam que 10 mil pessoas, na capital e na região metropolitana, vivem da coleta de materiais recicláveis. Andréia Aparecida dos Santos e o marido, José Wilson Roberto Pereira, vivem há 15 anos do que arrecadam nas ruas para o sustento da família. Andréia freqüenta no clube de mães da Vila, fazendo trabalhos manuais. Nas horas vagas ajuda o marido. Ele não sai para a rua todos os dias, pois contrata informalmente mais três carrinheiros. Eles trabalham pra mim, depois nós dividimos e cada um fica com uma parte do que foi vendido, conta. Pereira fala revoltado sobre a batida que a policia fez na região há pouco tempo. Eles vieram aqui e deram um documento onde nos tínhamos que ter alvará para recolher o lixo. Segundo Lucia Isabel de Araújo, coordenadora de Vigilância Ambiental em Saúde da Prefeitura, a exigência do alvará vale para todos os depósitos. Isso foi feito porque eles estão misturando papel higiênico para dar volume no lixo junto com o material reciclável. E estão machucando os animais, eles não são alimentados adequadamente e servem para puxar carrinhos, disse Lucia. As condições de vida são mínimas. A pobreza se espalha por todos os cantos, assim como a clandestinidade. José Pereira da Silva, 63 anos, é porteiro e vigia de um dos depósitos de lixo da Vila. Ele troca o seu trabalho por um cubículo com pouca iluminação e nenhuma condição de higiene. Dividindo o quarto com mais quatro pessoas, ele se alegra ao afirmar que não paga água nem luz. Eu fico aqui no depósito e cuido quando o dono não está, conta Silva, que também sai para recolher lixo em determinadas horas do dia. O dono do depósito, Gledson Gomes, 27 anos, tem sete funcionários que trabalham diretamente para Comércio de lixo reciclável é uma das maiores fonte de renda dos moradores da Vila das Torres ele na separação e na preparação do material. Gomes não sabe quantas pessoas deixam o lixo no depósito: São muitos carrinheiros e é o seu José que abre o portão para eles, diz. O depósito recebe em média dez toneladas de material reciclável por semana. Este material ainda passa por mais quatro atravessadores, explica Gomes que também não diz o valor que paga para seus funcionários. Meio Ambiente A reciclagem do lixo assume um papel fundamental na preservação do meio ambiente, pois além de diminuir a extração de recursos naturais também reduz o acúmulo de resíduos nas áreas urbanas. Os benefícios obtidos são enormes para a sociedade, para a economia do país e para a natureza. A reciclagem, desde que surgiu, é vista como uma forma de solução para a diminuição de lixo no ambiente. Há 16 anos a prefeitura de lançou o programa lixo que não é lixo. Na época, muitas pessoas aderiram à separação, com o incentivo da família Folha que fez sucesso em toda capital. Viviane Luciani Hoje, apenas 30% de material reciclável é recolhido pelos caminhões. É o que afirma Cynthia Hauer Leitão, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Segundo ela, estamos com um projeto que visa a retomada da conscientização das pessoas para a separação do lixo. Por outro lado, Cynthia informa que a prefeitura pretende incentivar uma cooperativa para trabalhar com os catadores, pois são eles que recolhem 70% do lixo na cidade, enquanto os outros 30% ficam por conta do caminhão do lixo que não é lixo. O projeto, denominado Coleta Programada de Materiais Recicláveis, vai trabalhar com o carrinheiro em todos os aspectos como: saúde, educação, auto-estima e seu reconhecimento como parte integrante da sociedade. E também mostrar a eles a importância do trabalho que executam para a preservação do meio ambiente, completa Cynthia. A reciclagem vira alimento O Programa Câmbio Verde surgiu em 1991, voltado para as comunidades carentes, que trocam lixo reciclável por hortifrutigranjeiros produzidos no cinturão verde de. A prefeitura compra parte da safra que os pequenos produtores locais não conseguem vender e repassa para famílias de menor poder aquisitivo. Um dos objetivos é educar a população sobre a importância da reciclagem. Participam do programa 63 comunidades, sendo coletados por dia 10 toneladas de material. Todo lixo reciclável recolhido é encaminhado para a Unidade de Valorização de Rejeitos em Campo Magro onde é feita a seleção e a venda para usinas de reciclagem. A renda arrecadada é aplicada em projetos sociais da prefeitura. A dona de casa Joselita de Oliveira Nascimento, 36 anos, participa do Câmbio Verde desde Segundo ela, é uma maneira de limpar a cidade e trazer frutas e verduras para casa. Os vizinhos me ajudam juntando lixo, aí divido com eles as verduras, ressalta. Além de hortifrutigranjeiros recebem também leite de soja e panetone na época do natal. Joselita afirma que antes do programa as valetas, rios e as próprias ruas próximas da sua casa eram repletas de lixo, mas agora isso não é mais realidade. As pessoas estão se conscientizando e quando vemos algum lixo na valeta pegamos e juntamos para trocar no caminhão, diz. Como Participar O produtor que quiser participar do programa deve entrar em contato com a Federação Paranaense das Associações dos Produtores Rurais/FEPAR. As associações de moradores que queiram receber em suas comunidades o caminhão de troca do Câmbio Verde, devem entrar em contato com a prefeitura. Serão realizadas avaliações sobre as condições sociais, além das instruções sobre educação ambiental e deverão combinar dias e horários para as trocas por frutas e verduras. Só podem fazer parte do programa as comunidades que tiverem média salarial de até três salários mínimos. ED13_CURITIBA.pmd 6

7 Capital da Notícia Reportagem Você sabe para onde vai o seu lixo? Aterro sanitário da Caximba e vala séptica estão com seus dias contados Maio/ Hoje é dia de lixo. O caminhão está quase passando, corre, corre, e lá vai o lixo de todo o final de semana para dentro do caminhão. Até que enfim, foi tudo embora no mesmo saco: papéis, vidros, plásticos, restos de comida, pilhas: o que não prestava mais se foi naquela sacolinha do mercado. E aí ficamos tranqüilos porque aquele lixo não vai mais nos incomodar. É o que pensamos sempre que se desfazemos do que não tem mais utilidade para nós. Mas o grande engano está justamente na falta de preocupação com o destino do lixo que produzimos. O aterro sanitário da Caximba recebe diariamente 2,4 toneladas de resíduos sólidos e 400 toneladas de resíduos vegetais (gerados das podas das árvores), da capital e de 14 cidades da Região Metropolitana. Segundo a Prefeitura de, o aterro tem capacidade para receber lixo, no máximo, por mais quatro meses. Depois disso, o local a ser utilizado será um terreno vizinho que está sendo ampliado em 509 mil metros quadrados. Apesar dos resíduos serem fabricados a partir de recursos naturais, muitos não são degradados pela natureza principalmente pela quantidade gerada. Para Antonio Fabrício de Meira, 50 anos, fiscal do aterro da Caximba, a reciclagem é a alternativa mais viável para reduzir o lixo destinado ao aterro, pois diminuindo o volume de resíduos, facilita o tratamento do chorume. Segundo Meira, 60% do lixo depositado no aterro sanitário da Caximba é orgânico. Se houvesse um serviço de triagem dos resíduos, antes de chegar no aterro 20% poderiam ser reciclados, comenta ele. Por outro lado, Márcio Hey Fernandes, 28 anos, químico da Cavo, empresa responsável pela coleta e tratamento de lixo em, explica que o chorume é bem mais agressivo que o esgoto e precisa de um tratamento adequado. O sistema adotado para o tratamento do chorume no aterro da Caximba é composto pela lagoa anaeróbica (são tanques de grande profundidade), lagoa facultativa, sistema de aeração mecânica, sistema físico-químico e sistema de lodo ativo. O processo gerado pelo sistema tem apresentado alguns resultados, mas ainda não é o adequado. Fernandes comenta que existe estudo para melhoria no tratamento, no entanto, a implantação ainda não é uma realidade. O grande problema mesmo está no impasse entre a prefeitura e a empresa Cavo, que não define o termo provisório assinado no final do ano passado, e isto desequilibra a estabilidade da manutenção do aterro, disse ele. Ana Paula Brixel Lixo orgânico misturado com materiais recicláveis são descarregados diariamente na Caximba Resíduo de saúde Conhecido como lixo hospitalar os resíduos da área de saúde constituem hoje um dos grandes problemas enfrentados por muitos órgãos que utilizam o sistema de coleta pública em e 14 municípios vizinhos. O serviço que até pouco tempo era prestado gratuitamente, passará a ser feito por empresas privadas contratadas pelos geradores de resíduos de saúde. Pelo menos esta é a intenção da prefeitura que está enfrentando uma disputa judicial com o Sindicato de Hospitais em torno do tema. Segundo a coordenadora de Vigilância Ambiental em Saúde da Prefeitura, Lucia Isabel de Araújo, a partir de 28 de abril, o gerador deveria assumir total responsabilidade sobre o material até a sua destinação final. Mas uma liminar da Justiça adiou a vigência da medida. O encerramento da vida útil da vala séptica foi definido pela falta de espaço e, principalmente, porque o lixo está contaminando o lençol subterrâneo de água. Um termo de ajuste de conduta assinado entre o Ministério Público, Prefeitura Municipal e Instituto Ambiental do Paraná (IAP), havia definido como data limite de funcionamento da vala séptica de, o dia 26 de janeiro deste ano. Mas como apenas 656 dos cerca de 5 mil geradores de lixo hospitalar de e região metropolitana haviam entregue os seus Planos de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), até a data limite, a Secretaria do Meio Ambiente continua protocolando os formulários. O PGRSS deve ser protocolado na Comissão da Saúde do Meio Ambiente, onde será aprovado ou o gerador receberá uma notificação que deverá ser alterada e encaixada dentro dos regulamentos exigidos pelo IAP. O gerador também terá que preencher uma ficha para o IAP, de como o seu lixo está sendo armazenado, de quanto ele produz por mês, qual o tipo de resíduo produzido e qual empresa contratada. Contaminação Os riscos de contaminação são altos quando se trata desde assunto. Os resíduos sólidos são classificados em: A, B, C, D e E, sendo que o último geralmente está contaminado por mais substâncias. O de classificação A é infectante; B químico; C radioativo; D resíduo comum, reciclável e o E perfuro cortante, que tem que ter um tratamento mais especial. Segundo a coordenadora, todos os resíduos antes de serem jogados fora têm de ser limpos para diminuir o grau de contaminação. Muito deles podem ser reciclados após o tratamento. Além de ter uma coleta especial, este material também passa por todo um processo antes de ir para o seu destino final. Os passos seguidos pelos geradores são os seguintes: geração, (produção do lixo), acegregação, acondicionamento, (colocar em embalagens), armazenamento temporário, (fica na espera da coleta), abrigo externo (posto em local adequado na espera da coleta) e, por último, a coleta. Hoje há três empresas sendo estudadas para fazer esta coleta. A Cavo, com sistema de microondas, que fará coleta dos resíduos do grupo A. A Serquip, que oferece autoclave para o grupo A e incinerador para resíduos do grupo B e a Sanetran Anbiental S/A e AFF transportadora que leva a coleta para outros estados, geralmente para São Paulo e Santa Catarina. O valor da coleta vai variar de acordo com a quantidade de resíduos, o que vai entre R$ 1,30 a R$ 2,00 o quilo. E os dias da coleta também vão depender da quantidade de resíduos gerados, diz Lucia. Angélica Fonseca Reportagem: Angélica Fonseca, Viviane Luciani, Camila Moreira Diagramação: Viviane Luciani, Juliana Beatriz Gráfico: Ana Paula Brixel Ciclo da Reciclagem: internet ED13_CURITIBA.pmd 7

8 8 Maio/2005 Esporte Capital da Notícia Futebol amador reúne esporte e lazer Amor à camisa e o coração no bico da chuteira, esse é o lema dos atletas amadores A falta de recursos ou o desconforto de ter que praticar o futebol em áreas descobertas mesmo em caso de mau tempo, não são motivos para desanimar os atletas do futebol amador. Munidos apenas de muita disposição, crianças, jovens e adultos usam a criatividade e o entusiasmo para organizar torneios que envolvem vários times de inúmeras regiões de e periferia. Na verdade, a falta de equipamentos e espaços apropriados não são razões para que as disputas deixem de ser emocionantes, pelo contrário, essas dificuldades e a própria simplicidade da organização dão um toque especial no desenrolar dos torneios. No Paraná, o futebol amador está cada dia mais forte e com mais admiradores. Prova disso é a quantidade de clubes, são 21 na primeira divisão e 12 na divisão especial. O esporte, que teve seu primeiro campeonato em 1917, mantém torcedores por todos os cantos do Estado. De 1917 para cá, várias ligas surgiram, entre elas a Liga na de Esportes Atléticos (Lcea) e a Liga na de Desportos (LCD). O número de clubes também começou a aumentar e então foram criadas as divisões que servem para organizar os campeonatos. Hoje, os campeonatos são regidos por muitas normas, tudo bem organizado. Os atletas, por exemplo, para poder jogar nos torneios, devem se inscrever no Departamento de Registros e Transferências da Federação Paranaense de Futebol (FPF) e só podem entrar em campo após liberação emitida pela Federação....acho mais emocionante o futebol amador, pois vejo os jogos de perto... Há quem diga que prefere os campeonatos amadores aos profissionais. Antônio Marins, 68 anos, morador do bairro Hauer é uma dessas pessoas. Ele conta que se diverte com os jogos. Geralmente só assisto os partidas profissionais pela televisão, então acho mais emocionante o amador, pois vejo os jogos de perto e estar no campo é muito melhor. Sou torcedor do time do meu bairro desde que vim morar em. Thiago Matias, 20 anos, militar da Aeronáutica, já participou do campeonato de base de Colombo, terminando em terceiro lugar após competir com pelo Capão Raso, vice-campeão menos 15 times. Como premiação havia medalhas até o terceiro lugar e troféu apenas para o primeiro. Ele recorda que quando participou da competição havia um incentivo do próprio município. Para Roger Marthaus, 23, os campeonatos amadores são muito emocionantes. Os atletas se empenham durante os jogos, na esperança de estarem sendo assistidos pelos conhecidos olheiros` que costumam freqüentar estes torneios na busca de talentos para jogar no futebol profissional, diz ele. Combate Barreirinha, campeão do campeonato da Divisão Especial de Amadores. Os jogadores e dirigentes reclamam dos obstáculos, mas não deixam que eles atrapalhem a vontade de continuar. Cladimir Camarinho, 30 anos, é jogador do Trieste Futebol Clube há 3 anos. Ele conta que as dificuldades sempre aparecem quando se trata de verba para manter o time. Era difícil receber dos outros times, pois não levavam muito a sério, agora no Trieste é diferente, pois tenho família para sustentar, apesar de arriscado o time nunca atrasou meu salário, e neste momento minha espectativa é dar o título de campeão para meu time. O presidente do Clube Atlético Bairro Alto, Antônio Acir Novakowski, que está na gestão há um ano, diz que mesmo com as dificuldades financeiras que o Clube atravessa ainda é compensador, pois já foram descobertos grandes talentos que ingressaram para o profissional. Alguns exemplos são Alex e Diego, do Paraná Clube e o goleiro do Flamengo Diego. Nosso trabalho é sério, investimos só em jogadores que moram no bairro, comenta Novakowski. O Clube Atlético Bairro Alto é líder do Campeonato Amador na divisão adulto com 7 pontos. Novakowski transmite muito entusiamo por conta da colocação do Clube Bairro Alto, mas faz um apelo: Precisamos de ajuda de empresários para patrocinar nosso time, temos muitos gastos com taxa de árbitro, materiais esportivos, de alimentação, locação de campo para os treinos, conclui o presidente. Preocupado com a falta de incentivo para esse esporte, o Vencedores deste ano Divisão Especial 2005 Campeão: Combate Barreirinha Vice-campeão: Capão Raso Primeira Divisão 2005 Campeão: Iguaçu Vice-campeão: São Paulo presidente da Câmara Municipal de, João Cláudio Derosso (PSDB), teve a idéia de um projeto de lei que assegurasse transporte gratuito para jogadores em campeonatos oficiais. O projeto foi aprovado em 7 de março de 2005, o que deixa os atletas muito mais seguros. Essa locomoção já era oferecida pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer mas não em caráter oficial. A luta desses jogadores geralmente termina sem nenhum prêmio material significativo, mas apesar disso, em todos os seus atos estão presentes a garra e o verdadeiro amor a camisa. Esses desportistas certamente merecem respeito, pois trabalham apenas pelo prazer de transformar o esporte numa fonte de lazer para a comunidade. Breve histórico do esporte no estado do Paraná O primeiro campeonato foi realizado em 1917 e organizado pela Liga Sportiva Municipal (LSM), tendo como campeão o Clube Esperança. Em 1941, surgiu com força total a LSC (Liga Suburbana de ). A partir de 1947, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) assumiu o comando da Suburbana e reformulou o esporte amador. Em 1959, formaram-se três divisões, sendo a última com jogos em campos abertos. Em 1964, houve nova reclassificação, com a formação de uma Divisão Especial de amadores. Pauta: Alethea Corrêa Reportagem: Alethea Corrêa, Ivana Dutra e Nilson Knapik Diagramação e Edição: Gesebel Nardon, Ivana Dutra Fotos: Greyson Assunção ED13_CURITIBA.pmd 8

9 Capital da Notícia O que ainda nos falta locais. No Rio Grande do Sul ou em Minas Gerais, eles têm bares, casas e público pra tocar. Aqui não existe nada, e praticamente pagamos para nos apresentar. O povo de é muito provinciano, escuta as mesmas coisas, se veste do mesmo jeito, fala do mesmo jeito. Acho que é isso que atrapalha o andamento do cenário, diz Cruz. Há quem ainda veja um lado positivo como Tania Madureira, cantora, diz que: No Paraná ainda existem festivais de Cultura Por que as bandas de não alcançam sucesso Basta sair na noite curitibana ou simplesmente vasculhar os sites de entretenimento de, para ver a quantidade de bandas e músicos que existe na cidade. Porém, quando algum curitibano é perguntado sobre qual é sua banda predileta, com certeza a resposta não será nenhuma das bandas daqui, e sim algum artista de fora, não necessariamente internacional, mas de fora do Paraná. Em nosso Estado existem músicos com tanto talento quanto os de São Paulo, Rio ou qualquer parte, e que muitas vezes são valorizados pelos paulistas, pelos cariocas e não são reconhecidos aqui. Quem vive da música tem sua opinião sobre o que acontece no cenário curitibano e sabe da dificuldade para se conseguir um lugar para tocar, gravar um CD e principalmente vendê-lo. Segundo o músico Marcos Cruz, que toca MPB, a maior dificuldade que ele detecta e que mais escuta entre os colegas de profissão é a falta de união entre os músicos curitibanos, o que dificulta ainda mais a possibilidade de alcançarem a notoriedade que desejam. Eu toco no bar Aoca com o Glady Sebage, músico da noite com mais de 10 anos de carreira, e o principal que ouço de todos e é verdade, é que o pessoal aqui não é unido, um quer matar o outro, falam mal uns dos outros e acaba virando tudo um lixo. Quem vai dar valor a pessoas que só falam mal umas das outras? indaga Cruz. Outra questão levantada por ele, é que os produtores não valorizam as bandas Acho que falta incentivo de uma secretaria de cultura Tania Madureira Arquivo Tania e Marcelo, Banda Big Apple música, de composições, isso é muito bom, nesses festivais muita gente com talento consegue se destacar. Mas ainda assim ela lembra a falta de apoio do governo. Acho que falta incentivo de uma secretaria de cultura, e também por essa falta de apoio as bandas acabam tendo que tocar só cover pra poder sobreviver, e nem sempre isso quer dizer que não sejam talentosos para fazer músicas próprias, finaliza. Marcelo Chevonica, baixista da Banda Big Aple, acha que o público curitibano é que não prestigia a música daqui. Ele acredita que grande parte das pessoas que saem à noite para essas baladas tradicionais estão bitoladas no que é moda. O público daqui não é aberto a coisas novas, até porque o curitibano tem uma fama de ser um povo que não gosta de mudar de hábitos, que prefere ouvir os mesmos ritmos e freqüentar os mesmos lugares. Maio/ Nos bares da cidade existem várias pessoas que conhecem as bandas e vão aos shows. Para elas o que falta é divulgação do que é produzido em. Segundo Luana Cassoli, estudante de música, o grande problema está nas emissoras que não abrem espaço para a cena local. As rádios de não têm em sua programação as músicas feitas aqui, só os jabás impostos pelas grandes gravadoras, aí quem não tem grana para pagar fica fora. Carlos Eduardo Santos, engenheiro, concorda com ela. Gosto das bandas e músicos daqui, muitos eu escuto desde criança, como o Blindagem por exemplo que está na estrada há mais de 25 anos, e quando ligo o rádio, não ouço nenhuma música deles, isso é uma vergonha para nossa cidade. Temos que valorizar o que é nosso, antes de valorizar o que é dos outros, indigna-se ele. O que falta é ter orgulho dos seus artistas. É necessário que o curitibano olhe mais para o talento e os valores de nossa terra, por que só assim nossos músicos terão seu merecido lugar. Palavra de quem entende Apesar de poder ser considerada um celeiro musical no país, já que tem mais de 400 bandas em atividade, ainda não emplacou nenhum grupo no mercado fonográfico e no show-bizz nacional. Deste total, pelo menos umas 30 bandas já têm um trabalho sólido e condições de atuar neste competitivo mercado. Além disso, a cena musical curitibana é rica também em diversidade, porque as principais correntes musicais estão representadas entre os grupos em atividade: rock, blues, reggae, pop, MPB, música instrumental e jazz, hip hop, heavy metal, choro e até música erudita. A grande contradição é por que isso não acontece? Por que os grupos locais não fazem sucesso fora de? Basicamente, não tem ainda uma estrutura profissional de mercado para competir a nível nacional com outros grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahía etc, onde A hora vai chegar estão concentradas as principais gravadoras, editoras e os grandes veículos de comunicação do país. Essa conjunção de fatores restringe a atuação dos grupos locais que, com raríssimas exceções, ficam restritos a um mercado musical regional, sem repercussão ou impacto na grande mídia. E. como diz o ditado, quem não é visto e ouvido, não é lembrado...por outro lado, com o advento da pirataria, as grandes, médias e até as pequenas gravadoras deixaram de investir em grupos novos e buscam somente o sucesso fácil, investindo apenas em artistas e/ou grupos já consagrados ou essencialmente comerciais. Por isso, apesar de existir muita boa música sendo produzida no Brasil, a grande maioria que é veiculada na mídia é música descartável e de baixa qualidade. Para romper com estas limitações regionais e tentar um vôo maior, os grupos e artistas curitibanos devem procurar e lutar por novos espaços, dando mais visibilidade aos seus trabalhos e aproveitar as oportunidades que surgem a nível nacional como a participação em festivais, parcerias com grupos de outros estados e, principalmente, se possível, se mudar pelo menos por uns tempos para um dos grandes centros do país. Uma coisa é certa: a música produzida em tem quantidade e qualidade. Só falta ser melhor divulgada e conquistar definitivamente o seu espaço no mapa musical brasileira. Na minha modesta opinião, a hora é agora. Vamos à luta!!!!! Carlão Gaertner: Jornalista e músico Baixista da banda Bartenders, produtor do programa Radio Blues na FM 96 Rock e comentarista musical do programa 96 Minutos na mesma emissora. Conheça mais alguns músicos: Pauta, reportagem, edição e diagramação: Ivana Dutra ED13_CURITIBA.pmd 9

10 10 Maio/2005 Cultura Capital da Notícia Orquestras de com dificuldades Falta de apoio da iniciativa privada: um dos problemas enfrentados Orgulho e satisfação impulsionam Priscila a tocar na Orquestra Sinfônica Não é fácil a vida de quem se dedica à música clássica no Brasil. Em, a Orquestra Sinfônica do Paraná enfrenta grandes dificuldades em seu dia-a-dia. Não somente ela, mas a Camerata Antiqua que tem 30 anos de atividades, também tem problemas múltiplos. O principal é a falta de incentivo e investimentos. Quem acaba ficando muitas vezes com a conta é o poder público ou organizações não governamentais. Algumas instituições privadas colaboram, mas não com recursos suficientes para a manutenção da orquestra. Isto acontece porque manter orquestras não é um negócio muito lucrativo, muitas vezes nem há retorno do que foi investido. O dinheiro falta para cobrir despesas variadas: os salários dos músicos, a programação das orquestras e dos grupos de câmara ou para a contratação de atrações de fora para se apresentar na cidade. Em há bons instrumentistas, mas na maioria dos casos eles não podem se dedicar inteiramente à música, pois o salário não dá para cobrir os gastos Juarez F. Santos básicos e com isso acabam tendo outros empregos.a Camerata contrata músicos por R$ 1,3 mil mensais, incluindo o dinheiro para manutenção do instrumento. Cantores que não têm gastos com instrumento custam R$ 1,1 mil à orquestra. Na Orquestra Sinfônica, a situação não é muito diferente: o salário médio é de R$ 1,7 mil. A Se- Orquestra Sinfônica do Paraná: 20 anos sendo referência musical estadual e nacional. cretaria de Cultura, mantenedora da Orquestra, gasta R$ 1,9 milhão em salários e tem previsão de investir R$ 400 mil para concertos neste ano. Para Priscila Vargas Pellanda, violinista e concertina da orquestra desde 2004, a maior dificuldade é o fato dos ensaios não poderem ser sempre no Teatro Guaíra e constatemente a orquestra tem que ensaiar no Guairinha cuja acústica é diferente e prejudica os ensaios. Para ampliar seu público, a Orquestra Sinfônica faz vários tipos de Raul Passos: um jovem maestro com talento Arquivo espetáculos populares. Em 2003 inovou com concertos nas sextas-feiras à noite, além dos concertos nos domingos pela manhã. Em 2005 ela completará 20 anos e para comemorar a data está sendo selecionado um grande repertório e algumas novidades para o público. Músicos e maestros reclamam que a mídia em geral não dá espaço para a música erudita. Na maioria das vezes quando passa em TV algum tipo de programa exibindo espetáculos é em horários noturnos. Dentro o vasto e diversificado universo musical da capital paranaense, desponta um novo talento para a música erudita: Raul Passos, pianista, poeta, compositor e bacharelando em regência pela Embap-Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Com 21 anos, natural de Piçarras-SC, mas um curitibano por adoção mostra sua música nos palcos do cenário clássico O primeiro contato ocorreu quando ele teve em mãos um Lp (sim o velho disco de vinil) da série Bravo, da gravadora Som Livre que continha peças clássicas utilizadas na novela da Rede Globo de televisão. Vários volumes foram lancados e comprados por seu pai e um músico começava a se formar Aos seis anos, então em meados de 1990, Passos fez o teste para ingresso na escola de música da Belas Artes, iniciando o curso preparotório que terminou aos 10 anos de idade, tendo por orientadora a professora Vivian Siedlecki, Juarez F. Santos Maestro Raul Passos se dedica desde os seis anos no estudo de piano quatro horas diárias. profissional que o orienta até os dias atuais. Passos no momento está freqüentando na Belas Artes o curso de composição e regência, com duração de seis anos que ao término lhe dará o título de maestro, tendo por orientador o professor Emanuel Martinez. Sua peça de formatura, que acontecerá em novembro de 2006, será um concerto para violino e orquestra, que irá reger tendo como solista a violinista Priscila Vargas Pellanda, que integra a Orquestra Sinfônica do Paraná. Em sua residência no centro da cidade, Passos tem um piano Essenfelder ano 1949, e diz o teclado é o amigo de todas as horas e companheiro de estudos. Dentre suas atividades dedica-se ao ensino de piano, dando aulas no Círculo Militar do Paraná, como professor titular daquela instituição, onde são atendidos sócios e não sócios. Em outra atividade, mas esta de cunho social, ele empresta seu talento para o Coral Municipal Cante Conosco, na cidade de Campo Magro, onde é regente auxiliar do maestro Carlos Todeschini e pianista acompanhador. Entre seus compositores favoritos estão Chopin, Debussy, Rachaminoff, Brahms, Mozart e Cláudio Santoro. Em um recital acontecido no Teatro da Reitoria em junho de 2003, Pas- sos pôde mostrar a obra de Brasílio Itiberê, paranaense e amigo pessoal de Liszt, autor da peça A Sertaneja que trata de tema folclórico do Paraná. Quem escuta O perfil de quem vai às apresentações da Orquestra Sinfônica é variado, desde crianças até idosos. São pessoas apaixonadas por este gênero e que encontram na música clássica um prazer que nenhum outro tipo de música pode dar. Em há duas principais lojas que trabalham com um número grande de CD s e DVD s de música erudita: Savarin Records e livraria FNAC. Segundo Adriano M. Savarin, a procura de títulos clássicos é mais comum entre pessoas de 45 a 60 anos com maior poder aquisitivo, devido aos altos custos, pois na maioria eles são importados. Reportagem, edição e diagramação: Camila Beber e Juarez Francisco de Freitas Santos ED13_CURITIBA.pmd 10

11 Capital da Notícia Cultura Cidades paranaenses voltam às telonas Novas produções cinematográficas garantem boa fase do cinema local Maio/ O cinema brasileiro evoluiu muito na última década e com essa guinada no cenário cinematográfico, o Paraná, apesar das dificuldades, começa a produzir filmes com boas histórias e que merecem o reconhecimento e o prestígio dos brasileiros. Com estréia prevista para o segundo semestre de 2005, o filme Cafundó é um exemplo desse nova realidade no Paraná. Dirigido por Paulo Betti e Clóvis Bueno, o longa-metragem foi filmado em 2003 pela produtora curitibana Laz Audiovisual e conta com cenas das cidades de Paranaguá, Lapa, Ponta Grossa e. O personagem central da história é o famoso João de Camargo, escravo liberto e milagreiro. Para quem ainda não ligou o nome a pessoa, o personagem ficou conhecido como Preto Velho, sua imagem pode ser vista em muitas lojas de produtos religiosos. No elenco do filme estão: Lázaro Ramos, Francisco Cuoco, Luis Melo, Leandro Firmino, Leona Cavalli, além da participação de atores locais. Pelo jeito essa onda não pára por aí, segundo Rubens Antonio Gennaro, produtor da Laz, está previsto também para o segundo semestre o início das gravações do projeto Garibaldi in América, outro filme que provavelmente será rodado no Paraná. Diretores Mas não são somente as cidades que se destacam, novos diretores começam a ter seus trabalhos reconhecidos nacionalmente. Entre eles estão os irmãos Werner e Willy Schumann, Sérgio Biachi, Adriano Brandão, entre outros. No ano de 1990 foram extintas as instituições que davam suporte à ação do governo no apoio à atividade cinematográfic: o Conselho Nacional de Cinema - Concine, órgão normativo e de fiscalização da aplicação de leis, e a Empresa Brasileira de Filmes S/A - Embrafilme, empresa de economia mista para produção e distribuição de filmes. Ambas já apresentavam sinais de fragilidade operacional. No final dos anos 80, mais especificamente a partir de 1987, era desenvolvida a idéia de um mecanismo que pudesse estabelecer uma relação entre a produção cinematográfica e o investidor privado, através do mercado de capitais e do incentivo fiscal. Com isso, a Embrafilme poderia ser privatizada, principalmente em suas atividades de distribuidora. Sem esquecer o diretor Sylvio Back, que apesar de não ter nascido no Paraná, é um dos grandes lutadores pelo reconhecimento das produções do cinema no Estado. Dificuldades A primeira dificuldade de se rodar um longa-metragem, curta-metragem ou até mesmo de produzir uma peça de teatro é sempre igua: a falta de recursos para colocar o negócio para funcionar. No Paraná existe a Lei Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura, que dá apoio Lázaro Ramos em cena no filme Cafundó aos produtores a desenvolverem projetos culturais. Mas não é tão simples assim, pois há todo um processo para que um projeto chegue a ser realmente finalizado. Depois de analisado e aprovado, o produtor começa uma maratona atrás de patrocínio dos empresários, uma vez que a lei funciona como uma troca de impostos e os empresários não se interessam em apoiar projetos de autores desconhecidos do público. Eloah Petreca, que trabalha com teatro e produção de cinema, mostra o outro lado da moeda e diz que a lei está tendo um efeito contrário. Tenho visto muitas peças ruins, porque as pessoas ficam mais interessadas no dinheiro do que na arte,diz ela acrescentando que falta qualidade nos roteiros, principalmente de teatro. Outro obstáculo apontado por Eloah é que há muitos processos para serem analisados. Já vi projetos que demoraram quatro anos para serem analisados e alguns nem foram aprovados, diz Para Gennaro as leis de incentivo são para atender produtores independentes, mas afirma que é contra a intervenção do governo nos produtos culturais, porque as distorções acontecem. O Estado e as leis dele emanadas devem, apenas e tão somente, regular o mercado produtor; jamais interferir na produção ou pautar os temas e os artistas, diz. A falta de público, além dos interesses financeiros, são os principais motivos que levam os filmes a ficarem pouco tempo em cartaz. Essa é a maior frustração para os idealizadores de qualquer projeto cinematográfico, ver seu trabalho pronto e não ser reconhecido porque os filmes nacionais ainda perdem muito espaço para os estrangeiros nos cinemas brasileiros. Enfrentar o cinemão americano é tarefa de todos nós que amamos o cinema brasileiro, mas só alguns de nós temos coragem o bastante para este enfrentamento, diz Gennaro. Um incentivo ao cinema Após a falência das instituições, surgiu a Lei de Incentivo ao Audiovisual, promulgada em 1993, que estimulava o patrocínio privado. Em A lei municipal foi promulgada em, no dia 13 de novembro de 1991 e implantada em Desde então, considerada um dos mais importantes instrumentos de apoio ao artista local. O incentivo baseia-se na renúncia fiscal pela Prefeitura de de 1,5% da arrecadação de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre Serviços (ISS). A lei permite a transferência, por parte dos contribuintes municipais (pessoas físicas ou jurídicas), para projetos culturais de até 20% do valor devido dos tributos. A Comissão de terá como prioridade neste ano a redução do número de projetos que já chegam a 754. São vários frutos positivos como: espetáculos teatrais, livros, vídeos, filmes, exposições, CDs, publicações, entre outros. Todo este trabalho visa valorizar a história e as tradições do município. Divulgação Amor à arte A indústria de cinema no Brasil é muito imatura ainda, e em não poderia ser diferente. São raros os lugares na cidade que oferecem um curso que abranja várias áreas do cinema e também que mostre para os alunos uma realidade do que é o mercado lá fora. Apesar da procura por esta profissão ser grande, são poucas as pessoas que estão dispostas a enfrentar os obstáculos que encontrarão pelo caminho. A disputa por uma boa colocação, nos poucos filmes produzidos na cidade, gira em torno do baixo custo e não de mãode-obra qualificada, diz a produtora Eloah Petreca. As pessoas que decidirem seguir em frente neste meio devem ter experiência em várias áreas da cultura, como: literatura, fotografia, pintura, música, pois são artes que influenciam para a formação da linguagem cinematográfica. Ter facilidade em se comunicar com outras pessoas e também possuir amor pelo ofício, são fatores que o diretor e produtor do Projeto Olho Vivo, Luciano Coelho, afirma serem essenciais para um bom profissionalismo. Até dois anos atrás acontecia na cidade o Festival de Cinema de, o foco principal do evento era proporcionar oficinas que incentivassem a procura no mundo do cinema. Entretanto, o festival foi suspenso por falta de patrocínio. Mas Coelho afirma que as pessoas interessadas neste novo mundo devem ter amor ao cinema e buscar compreendê-lo. Uma boa formação cultural é fundamental, e quem desejar ser um diretor ou autor é importante ter uma visão de mundo baseada na sua própria experiência, ressalta Luciano. Reportagem: Gisele Veríssimo, Karine Carvalho, Thirson Gonçalves Fotos: Arquivo Diagramação: Karine Carvalho ED13_CURITIBA.pmd 11

12 12 Maio/2005 Personagem Capital da Notícia Inri Cristo, por ele mesmo Para alguns um louco, para outros um aproveitador. Lunático ou esperto o que se pretende é mostrar um pouco sobre essa pessoa que diz ser a reencarnação de Jesus Cristo. Em um terreno com muros de quase cinco metros de altura, diversas fotos na fachada e um grande portão branco está o templo de Inri Cristo. Ao ultrapassar os portões que o separam do mundo exterior, entramos numa espécie de sociedade secreta em pleno bairro Alto Boqueirão, em. Oito seguidores, trajados com uma túnica de cor clara, formam um corredor para receber os visitantes que são conduzidos ao templo em que terão contato com o Filho de Deus. Nascido no interior de Santa Cantarina, Alvaro Thais, criado e educado por pais adotivos, de origem humilde, passou por muitas dificuldades financeiras. Estudou só até a terceira série. Ajudava sua mãe a lavar roupas para ganhar dinheiro e manter as despesas da casa. Em 1979 esteve no Chile onde afirma ter recebido a revelação divina de que é a reencarnação de Jesus Cristo. Passou a se chamar oficialmente Inri Cristo em 1982, quando a justiça do Paraná reconheceu a mudança do nome. Rotina Inri não tem rotina, pois diz que não possui livre arbítrio já que vive conforme a vontade de seu pai (Deus). A alimentação é bastante restrita e, segundo ele, essa orientação sobre o que comer aconteceu durante um jejum que fez enquanto estava no México. Foi então instruído a comer o máximo possível de comida crua. Devo evitar comer bagaço de comida, arroz cozido é bagaço de comida, afirma. Prefere frutas, verduras e legumes em seu estado natural. No café da manhã toma chocolate e come frutas. Quanto às carnes, só se alimenta de peixe pois é um animal que não tem sangue e não possui uma alma. A regra para ingerir carnes é a sobrevivência embaixo da água. Todo animal que, quando submerso na água não sobreviver, é impróprio para o consumo humano. Pecado, para ele é tudo aquilo que faz mal a outra pessoa e a si próprio. Quando se comete um pecado a cabeça da pessoa vira um inferno, pois o inferno está na cabeça das pessoas. Costuma sempre que possível dormir no mínimo sete horas por noite. Nas horas vagas, gosta de jogar sinuca e procura deixar claro que não joga como iniciante mas como profissional. Também é chegado no boliche. Vaidade Inri diz não ser vaidoso, mas afirma que faz bem querer estar bem apresentável para a sociedade. É contra Dizem que louco, sou louco sim, mas de amor pela humanidade. cirurgia plástica, e diz ainda que se uma pessoa quer emagrecer pode fazer jejum em vez de uma lipoaspiração, por exemplo. Para manter o corpo faz diariamente mais de 700 abdominais, alteres e exercícios de respiração. Inri revelou que não faz mais jejum, pois diz que na sua idade, já avançada, não é recomendado. A voz parece trazer um sotaque de difícil identificação. Com uma citação bíblica - Pela minha voz, meu rebanho me reconhecerá -, ele explica que esse é um sinal que comprova sua ligação direta com Deus já que a voz é a mesma de 2000 anos atrás. Passado Em sua vida profana, antes da suposta revelação divina, Inri chegou a ter alguns filhos. Ele nega ter se casado, embora reconheça ter possuído uma vida afetiva e sexual muito intensa. Precisaria ter casado diversas vezes se fosse levar em conta o fato de possuir filhos. Sobre o contato com seus descendentes biológicos, ele diz que quando procurado por algum deles atende sem maiores problemas, desde que marquem um horário, como qualquer outra pessoa que queira visitá-lo. Cada um de meus filhos tem sua vida própria, dentre eles um é advogado, outro é empresário mas nenhum beija meus pés. Já foi verdureiro, padeiro e cobrador de ônibus. Antes de se tornar Inri Cristo trabalhou também com astrologia que afirma ser o meio mais antigo que o homem teve para reatar o contato com o divino, perdido quando Adão foi expulso do paraíso. Ele considera que o estudo dos astros se tornou alvo do capitalismo, mas reconhece que deve o início de sua carreira à astrologia. Hoje em dia virou negócio, mas eu iniciei a minha vida pública com esse Deus desconhecido. Recursos Inri e seus discípulos não possuem vida paralela à religiosa. Negam que trabalhem por dinheiro e afirmam dedicar-se integralmente às atividades do templo. Em número não revelado, segundo eles, por questões obvias, sobrevivem de doações feitas por simpatizantes. Além disso, boa parte da alimentação provém de uma horta cultivada por eles próprios. Atualmente ele não mora na sede da igreja, em. Sua residência é em uma chácara no litoral paranaense, onde afirma viver em sossego absoluto e mantém sua mesa de sinuca. Vivo em paz com meus vizinhos, os macacos, tatus e lagartos. Vocês já viram algum lagarto blasfemar?. O Templo Na igreja onde promove reuniões aos sábados, Inri tem um altar e um trono com a inscrição Rei dos Reis. Ele afirma que não mandou fazer e nem pagou por isso, mas que um servente de pedreiro construiu de livre e espontânea vontade e instrução divina. Ao lado do trono um cetro com a imagem de um cordeiro de um lado e de um leão do outro completa o cenário. Ele explica o significado dizendo que é, ao mesmo tempo, leão e cordeiro. Cordeiro quando as pessoas o tratam com respeito e leão quando é tratado com irreverência. Suas vestes remetem à sua primeira estada na terra, há 2 milênios. Ele explica que cada detalhe da indumentária possui um significado específico. Filosofia Com idéias bastante polêmicas, Inri admite ter sido muito difícil para ele mesmo aceitá-las, mas tenta mostrar sua verdade a quem se interessar. Como meu tempo é curto, não espero muito para falar determinadas coisas. Falo para todos, quem quiser entender, entendeu, quem não quiser paciência, se quiser julgar, julgou. Uns dizem que sou louco, sou louco sim, de amor pela humanidade. Ao falar do seu futuro, revela conhecer como será seu fim. Sabe que irá morrer sentado em seu trono enquanto fala aos seus. Afirma não temer a morte, por já ter estado em um lugar melhor, para onde pretende voltar. Pauta, reportagem, texto, fotos e diagramação: Cristina Luciana Grudginski e Thiago Bastchen ED13_CURITIBA.pmd 12