Opinião ABC Brasil /02/2017
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- Carolina Costa Imperial
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1 24/02/2017 No último Opinião, a partir dos dados de atividade e inflação, definimos as nossas apostas para a reunião do COPOM dessa semana e, apesar de deixar claro que achávamos que havia espaço para cortes mais agressivos, a nossa projeção, e de boa parte do mercado, era de que o BCB iria repetir o movimento da reunião de janeiro e reduzir os juros em 0,75 p.p.. Dito e feito, os juros caíram de 13,00% a.a. para 12,25% a.a. Apesar desse preambulo, o objetivo desse Opinião não é receber os louros da vitória. Na verdade, voltando ao texto da semana passada, mais importante do que a previsão da reunião dessa semana em si, era a discussão sobre a Taxa de Juros Real de Equilíbrio (TJRE), saindo do foco dos movimentos de curto prazo da política monetária e levando este para o tamanho do ciclo de corte. No meio dessa discussão, falamos muito sobre meta de inflação, expectativa de inflação, Regra de Taylor, mas não discutimos uma variável que poderá ser decisiva nesse processo, a Taxa de Desemprego. Portanto, vamos usar o Opinião de hoje para entrar neste tema, destacando a importância do mercado de trabalho, não só para o espaço de flexibilização da política monetária, mas também para o clima da economia brasileira. Na semana passada, destacamos a importância da discussão a respeito da TJRE para a definição do espaço para a redução dos juros por parte do BCB. No comunicado da última reunião do COPOM, essa importância foi destacada com um parágrafo dedicado apenas a esse tema: O Copom entende que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo.. Entretanto, ficar rodando a discussão da política monetária apenas em torno da inflação e do crescimento, este resumido no resultado do PIB, deixa a questão um pouco capenga. Primeiro porque deixa de fora de foco o tipo de crescimento que deveremos ter, o que faz toda a diferença na reação do BCB a ele. Segundo, porque não coloca na devida perspectiva o aspecto político/psicológico que acaba atingindo as discussões técnicas a respeito da política de juros.
2 Um exemplo dessa última questão fica muito bem representado por uma discussão que ganhou corpo em 2014 quando o então secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Marcelo Neri, ao destacar os avanços sociais no governo do PT, criou a dicotomia entre o PIB dos Economistas e o PIB do Povo. Enquanto o primeiro era a medida tradicional das Contas Nacionais, o último media o crescimento da renda seguindo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Segundo Neri, o PIB dos Economistas, em termos per capita, havia crescido 28,0% entre 2003 e Já a renda pessoal medida pelo PIB do Povo chegava a um crescimento de 78,0%. Obviamente que a discussão acabou descambando para a questão sobre se o que importava para a população era o crescimento frio do PIB dos Economistas, ou a satisfação da sociedade expressa pela exuberância do crescimento do PIB do Povo. Isso era ainda mais relevante naquela época, quando o PIB dos Economistas já dava sinais de fraqueza enquanto o PIB do Povo ainda embalava o discurso ufanista do Governo, em pleno ano de eleições presidenciais. Ao final de 2014, enquanto o primeiro já flertava com a recessão crescendo apenas 0,5%, o último ainda mostrava vigor, subindo 2,9% com relação ao ano anterior. Como Dilma Rousseff acabou sendo reeleita, parece valer a máxima de que o que importa para o eleitor é dinheiro no bolso. Trazendo essa discussão para o cenário atual e, olhando com os olhos dos políticos que estão pensando nas eleições de 2018, inclusive todos os envolvidos na aprovação da Reforma da Previdência, vemos que temos uma situação inversa daquela desenhada por Neri em Dessa vez o PIB dos Economistas vai mostrar um Brasil melhor do que o PIB do Povo mostrará. Para ver isso devemos discutir um pouco o cenário do mercado de trabalho em
3 Em outros textos, mostramos que o PIB dos economistas deverá expandir algo em torno de 0,5% em 2017, com o principal fator de dinamismo deste crescimento vindo dos investimentos. O que nos leva a perguntar o porquê disso. A resposta vem exatamente do mercado de trabalho e, o que gerou o dinamismo do PIB do Povo em 2014, está cobrando o seu preço agora. As políticas de crescimento do crédito e de sustentação de renda (incluindo aqui o controle artificial das tarifas) tiveram como efeito colateral o endividamento excessivo dos consumidores e o esgotamento dos recursos públicos. Nesse cenário, a recuperação do poder de compra do consumidor terá que vir da melhoria do mercado de trabalho e não de políticas exógenas. Como as chances de isso ocorrer no curto prazo não são nada favoráveis, temos poucas esperanças de que isso ocorra ainda em Hoje foi divulgada a taxa de desemprego da PNAD contínua do trimestre terminado em janeiro. Segundo o IBGE, a taxa passou de 12,0% para 12,6%, sendo que, quando Neri falou do PIB do Povo, a mesma estava em 7,0%. Além disso, enquanto atualmente temos uma queda de 1,1% na renda real na comparação anual, naquela época esta registrava crescimento de 4,7%. O pior é que as perspectivas para os próximos meses não são nada auspiciosas. Segundo as nossas projeções, a tendência é que essa taxa de desemprego suba até níveis próximos de 14,0% antes de fechar o ano ao redor de 13,5%, com a expectativa de queda na renda real de 1,8%. Ou seja, enquanto esperamos que o PIB dos Economistas cresça 0,5%, o PIB do Povo deverá contrair 1,8%. Dessa forma, ao contrário de 2014 quando o mercado de trabalho estava aquecido, a renda crescendo, o crédito era abundante, e, portanto, o PIB do Povo sustentava o PIB dos Economistas, agora temos o primeiro como âncora para o resultado geral da economia. Essa dicotomia leva a duas questões importantes. A primeira é que, considerando que o peso dos investimentos no PIB é de 16,5% e do consumo das famílias é de 64,0%, o fato dos últimos crescerem apenas 0,5% terá muito mais impacto na dinâmica 3
4 do PIB do que a recuperação de 2,0% dos primeiros. A segunda é que, como supracitado, a experiência de 2014 nos mostra que a satisfação do consumidor e, consequentemente, a sua confiança para consumir, está mais diretamente ligada ao desempenho do PIB do Povo do que do PIB dos Economistas. Posto isso, podemos tirar duas conclusões ruins para o Governo: i) a recuperação será muito mais lenta que nas recessões anteriores; ii) ao contrário das tentativas de Meirelles de injetar ânimo na população, ao afirmar que a recessão já acabou, o sentimento da população continuará a ser de que as coisas estarão piorando no curto prazo. Portanto, o Governo Temer anda sobre uma camada de gelo fino. Para passar as medidas impopulares, mas que são necessárias, ele joga com a perspectiva de retomada do nível de atividade. Entretanto, apesar da perspectiva de Meirelles de recuperação do PIB esse ano, estaremos falando daquele dos Economistas, já que o do Povo ainda estará mostrando um rombo no bolso dos consumidores da ordem de 1,8%. Ou seja, ao contrário de 2014, quando Neri tentava convencer a população de que as coisas estavam melhores do que realmente estavam, agora, o desafio é mostrar que as coisas não estão tão ruins quanto parecem. O que nos lembra a frase do saudoso Ariano Suassuna: O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso... Boa definição para o nosso humor nesse momento. 4
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24/01/2019 A expectativa com relação à presença de Jair Bolsonaro em Davos acabou sendo frustrada, seja porque as suas falas foram curtas e genéricas, seja por conta do cancelamento da entrevista coletiva
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05/05/2017 No Opinião da semana passada, discutimos alguns assuntos que estavam impactando os mercados nas últimas semanas. A conclusão foi que, apesar de serem potencialmente perigosos e capazes de gerar
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18/01/2019 Por aqui, o evento decisivo para determinar todas as variáveis da economia brasileira em 2019, a Reforma da Previdência, continua em compasso de espera, o que faz com que todas as notícias,
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06/09/2018 Como os assuntos se repetem, assim como o comportamento dos ativos, vamos usar o Opinião de hoje para observar o que, tanto o cenário interno, quanto o externo, nos dizem a respeito do que esperar
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