MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO À INUNDAÇÃO NA CIDADE DE GUARAPUAVA-PR
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- Sebastiana Corte-Real Moreira
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1 MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO À INUNDAÇÃO NA CIDADE DE GUARAPUAVA-PR Thiago Roberto Goldoni Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) INTRODUÇÃO Leandro RedinVestena Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Os desastres ambientais associados à inundação têm-se intensificado nas últimas décadas, principalmente nas cidades. Os motivos para a ocorrência desses desastres estão associados ao crescimento desordenado das cidades, que impulsionam a ocupação de áreas ribeirinhas a cursos fluviais. As inundações geralmente ocorrem quando a precipitação é intensa e a quantidade de água que chega simultaneamente ao rio ésuperior à sua capacidade de drenagem, resultando no transbordamento de suas águas as áreas ribeirinhas (TUCCI e BERTONI, 2003; TUCCI, 2004). Asprincipais condições naturais para a ocorrência de inundação são o relevo, a quantidade e intensidade das chuvas, a cobertura vegetal, e a capacidade de drenagem do solo. Já as principais condições artificiais decorrem do uso e manejo do solo, como obras hidráulicas, grau de impermeabilização do solo - urbanização, desmatamento e reflorestamento. De acordo com Vestena (2008) no Brasil, as ocorrências de desastres naturais têm causado muitos danos socioambientais nas últimas décadas, eestão associadas principalmente a fenômenos hidroclimáticos. Dentre as principais causas de desastres está a inundação, alagamentos, estiagens, enchentes, escorregamentos de solos e/ou rochas e tempestades, associados a eventos de chuva intensos e prolongados (MARCELINO, 2008; TOMINAGA et al.,2009). A identificação e o mapeamento das áreas mais suscetíveis a inundações são essenciais para a tomada de decisão, principalmente, para o planejamento urbano. Assim como, como destacado por Vestena (2016), o risco a desastre deve ser considerado na elaboração e aprovação do Plano Diretor dos municípios. A Política
2 Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) determina que todo município que pretenda ampliar o seu perímetro urbano deverá elaborar projeto específico, prevendo a área a ser ocupada e sua relação com risco a desastre natural, como a criação de um cadastro com as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos (VESTENA, 2016). As novas ferramentas e a grande capacidade de processamento e integração de dados em SIG (Sistema de Informação Geográfica) possibilitam mapear um índice de risco de inundação, por meio de compilação, sobreposição e ponderação de dados e informações geográficas (PEREIRA e LOMBARDI NETO, 2004). A cidade de Guarapuava, localizada na região centro sul do Estado do Paraná, com uma população estimada de habitantes, dos quais 86% ( hab.) (IPARDES, 2014) residem na área urbana registra frequentemente desastres decorrentes de inundação da planície do rio Cascavel. Diante do exposto o presente trabalho teve como objetivo identificar e mapear o grau de susceptibilidade à inundação na cidade de Guarapuava-PR, por meio da compilação, sobreposição de mapas temáticos e de ponderação de variáveis que condicionam as inundações. MATERIAIS E MÉTODOS O recorte espacial de estudo foi à área urbana do município de Guarapuava-PR, que possui uma extensão territorial de 67, 85 km² e fica localizado na região centro sul do Estado do Paraná, entre a latitude 25º 26' 56"e 25º 20' 17"S e longitude 51º 35' 32"e 51º 25' 41"W (Figura 1). Figura 1. Localização da área urbana de Guarapuava
3 Os principais procedimentos metodológicos adotados foram: revisão teórica sobre o tema, obtenção da base cartográfica, integração dos dados cartográficos em ambiente SIG, processamento dos dados espaciais e atividade de campo. A base cartográfica utilizada foram arquivos vetoriais da área urbana de Guarapuava-PR: perímetro urbano oficial, hidrografia, curva de níveis com equidistâncias de 5 metros, pontos cotados, obtidos na escala de 1:12.500, no Centro de Estudos e Planejamento Urbano de Guarapuava da Prefeitura Municipal de Guarapuava CEPLUG/PMG. Um conjunto de dados espaciais foram sistematizados em um SIG, no Laboratório de Hidrologia do Departamento de Geografia da UNICENTRO. Os planos de informação elaborados por compilação para ponderação, por meio de sobreposição foram: hipsometria, declividade, tipo de solo (MINEROPAR, 1992) e uso e ocupação do solo. O uso e ocupação do solo compilada deu-se a partir do processamento de imagens orbitais do sistema RapidEye, com resolução espacial de 5x5 metros(gomes, 2014). A combinação e integração dos planos de informações deu-se por meio de ponderação de variáveis quanto a susceptibilidade a inundação.para as variáveis quanto ao grau de susceptíveis a inundação atribuiu-se valores de 0 (zero) a 10 (dez), onde 0 (zero) é menos suscetível a inundação e 10 (dez) mais suscetível a inundações. Na compilação, elaboração e sobreposição dos dados e informações deram-se utilizando-se do software ArcGis Na interpolação dos dados
4 altimétricosbase(pontos cotados e curvas de níveis)para geração Modelo Digital do Terreno (3D), para geração do plano de informação hipsometria e declividade. Dentro da caixa de ferramentas "ArcToolbox" > "3D Analyst Tools" > "Data Management" > "TIN" > "Create TIN" para a criação do MDT "Modelo Digital doterreno" (mapa 1). Após a criação do TIN gerou-seo mapa hipsométrico. As cotas de altitude foram classificadas e ponderadas em nove classes de nota, conforme quadro 1 e convertidas para o formato raster, "ArcToolbox" > "Conversion Tools" > "ToRaster" > "FeaturetoRaster", formato matricial, com resolução espacial de 5x5 m (pixel). Na sequência, gerou-se o mapa de declividade em formato raster, nas opções: "ArcToolbox" > "3D Analyst Tools" > "RasterSurface" > "Slope". As classes de declividade foram reclassificadas em cinco classes e atribuído nota de acordo com o exposto no quadro 1, usando "ArcToolbox" > "SpetialAnalyst Tools" > "Reclass". O mapa de uso e ocupação de solo foi gerado a partir do mapeamento de (GOMES, 2014). A classificação deu-se por meio do método supervisionado, opção "Classification", utilizando-se várias amostras de pixel da imagem de satélite, da base de dados do software ArcGis 10.3 (Basemap), classificada e ponderada em cinco classes de uso e ocupação do solo (Quadro 2). Os tipos de solos foram obtidos de MINEROPAR (1992) e ponderados a partir de suas características a suscetibilidade a inundação (Quadro 2). Quadro 1 Classificação da altimetria e do relevo em relação aos percentuais de declividade e os respectivos valores relacionados às classes HIPSOMETRIA DECLIVIDADE Classes Altimetrias Classe de - Nota Classe de Relevo* declividade % Cota (m) Nota Montanhoso Forte ondulado Ondulado Suave ondulado Plano Nota: *A tipologia de classe de relevo adotada foi a da EMBRAPA (1979).
5 Quadro 2 Classificação do uso e ocupação do solo e dos tipos de solo e os respectivos valores relacionados às classes. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO* TIPOS DE SOLO** Classe Nota Classe Nota Vegetação densa 2 Latossolo Brunos 2 Vegetação rasteira 4 Nitossolos Brunos 7 Solo exposto 6 Argissolos 10 Urbanização 8 Área úmida 10 Nota: * Base dos dados de Gomes (2014) e ** MINEROPAR (1992). A sobreposição dos planos de informações em formato matricial deu-se utilizado à ferramenta calculadora de raster, "RasterCalculator". O grau de suscetibilidade foi obtido a partir da soma dos valores da tabela de atributos dos quatros mapas, uso e ocupação do solo, tipos de solo, hipsometria e declividade.as áreas mais suscetíveis a inundações, a tipologia de classificação deu-se em função do grau de suscetibilidade a inundação, no mapa síntese (Quadro 3). Quadro 3 Classes do grau de suscetibilidade a inundação INTERVALO DE DADOS TIPOLOGIA 0 17 Baixo Médio Baixo Médio Alto - Médio Alto RESULTADOS E DISCUSÕES O Modelo Digital do Terreno (3D) obtido a partir dos dados altimétricos, curvas de níveis e pontos cotados é mostrado na figura 2. Dele obteve-se o mapa de hipsometria e declividade, figura 3 e 4, respectivamente.
6 Figura 2 - Modelo Digital do Terreno (3D) na área urbana de Guarapuava-PR e entorno. A altimetria na cidade de Guarapuava varia de 920 a metros de altitude (Figura 3). Na área urbana do município, de modo geral, as maiores altitudes encontram-se na porção nordeste e oeste e as menores na porção sudoeste e leste (Figuras 2 e 3). A altimetria na área urbana apresenta uma redução no sentido nordeste a sudoeste, de oeste a leste, até o rio Cascavel que drena a maior parte da área, e apresenta margens assimétricas, em função do controle estrutural. Ou seja, o comprimento da margem esquerda é bem inferior à da margem direita. Figura 3 Hipsometria na área urbana de Guarapuava-PR
7 Figura 4 Declividade na área urbana de Guarapuava-PR
8 A declividade é o grau de inclinação das vertentes a um eixo horizontal, e é um fator fundamental na identificação das áreas mais suscetíveis a inundação. As maiores declividades ocorrem ao sul e oeste, enquanto que os menores de 0 a 3% principalmente próximo ao curso fluvial do rio Cascavel. Porém verificam-se declividades planas distribuídas por toda a área da cidade de Guarapuava (Figura 4). Na figura 5 têm-se as classes de uso e a ocupação do solo na área urbana de Guarapuava-PR. Nele pode-se verificar a área onde se concentram maior mancha de urbanização, assim como a presença de área com vegetação rasteira e densa. Figura 5 Uso e ocupação do solo na área urbana de Guarapuava-PR. O solo é a camada superficial da crosta terrestre, sendo formado basicamente por aglomerados minerais e matéria orgânica, sendo possível encontrar diversos tipos de solo. O conhecimento do solo é de extrema importância para o planejamento urbano. O solo tem uma grande responsabilidade na drenagem e infiltração da água. A figura 6 mostra os tipos de solo na área urbana de Guarapuava (Latossolo Brunos, Nitossolos Brunos e Argissolos). O tipo de solo predominante é do tipo Argissolos. A identificação e mapeamento das áreas com maior grau de suscetibilidade a
9 inundação é uma informação importante no apoio à tomada de decisão, principalmente no planejamento urbano de Guarapuava PR (Figura 7). Figura 6 Tipos de solos na área urbana de Guarapuava-PR. Figura 7 Classes de suscetibilidade a inundação na área urbana de Guarapuava-PR.
10 A elaboração do mapa de susceptibilidade a inundação permitiu observar fatores das causas de inundações na cidade de Guarapuava, e sua variação espacial. Nas áreas próximas a cursos d'água as condições para a ocorrência de inundação e/ou enchentes estão atribuídas às cheias e inundações dos rios que drenam a cidade, mais especificadamente, do rio Cascavel (Figura 7). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados obtidos nesse trabalho e os mapas gerados devem subsidiar o poder público, nos projetos de gestão e planejamento urbano, no sentido de prevenir e minimizar desastres frequentes na cidade de Guarapuava, Paraná, decorrentes de eventos de inundação, por meio de disciplinamento do uso e ocupação, restringindo a ocupação das áreas que apresentam grau de suscetibilidade Alta. Por fim, sugere-se que novos estudos sobre a temática incorporem novos fatores, elementos condicionantes das inundações na cidade de Guarapuava.
11 BIBLIOGRAFIA EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Súmula da 10ª reunião Técnica de Levantamento de Solos. Rio de Janeiro, p. (EMBRAPA- SNLCS. Micelânea, 1). PEREIRA, L.C.; LOMBARDI NETO, F. Avaliação da aptidão agrícoladas terras: proposta metodológica. Jaguariúna: Embrapa MeioAmbiente, p. (Documentos, 43). GOMES, E.S. A dinâmica hidrológica fluvial em bacias hidrográficas com diferentes taxas de impermeabilização do solo em Guarapuava/PR. Dissertação (mestrado) -Universidade Estadual do Centro-Oeste, Programa de Pós-Graduação em Geografia p. IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Caderno estatístico município de Guarapuava. Curitiba: IPARDES, Junho p. MARCELINO, E. V. Desastres naturais e geotecnologias: conceitos básicos. Santa Maria: CRS/INPE, Disponível em: < Acesso em: 26 mar MINEROPAR. Minerais do Paraná S/A. Geologia de planejamento: Caracterização do Meio Físico da Área Urbana de Guarapuava. Curitiba: MINEROPAR, TOMINAGA, L. K; SAN TORO, J; AMARAL, R. Desastres Naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, p. TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. 3.ed. Porto Alegre: ABRH, p. TUCCI, C. E. M.; BERTONI, J. C. (Org.) Inundações Urbanas da América do Sul. Porto Alegre: AssociaçãoBrasileira de Recursos Hídricos, p. VESTENA, L. R. A importância da hidrologia na prevenção e mitigação de desastres naturais. Ambiência, v. 4, n. 1, p , 2008.
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