RESUMO LEI Nº 12249/2010 E VETOS CONVERSÃO DA MPV 472/2009
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- Bruno Antunes Vidal
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1 Com 140 artigos (79 artigos a mais que a MPV original) e 31 vetos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Medida Provisória 472/ convertida na Lei nº12249/2010 (DOU 14/06/2010) - e conteve parte dos benefícios anteriormente concedidos às empresas, principalmente em relação ao "Refis da Crise" e ao Crédito-Prêmio Exportação / IPI (arts. 129 e 130). No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o crédito-prêmio exportação (IPI) deixou de existir em Muitas empresas que usaram o benefício em período posterior foram autuadas pela Receita Federal do Brasil e aguardavam uma solução para o problema. Foram vetados, por exemplo, todos os dispositivos (arts. 65 7º e 8º, 80, 133 a 135) que permitiam o parcelamento do benefício (utilizado indevidamente), com descontos de até 100% nas multas e juros para contribuintes devedores e exclusão da incidência, nas parcelas de encargos reduzidos do IR, CSLL, PIS e Cofins. Além disso, o presidente Lula barrou (arts. 66 e 81, 1º) a possibilidade de os participantes do Refis usarem precatórios próprios ou de terceiros para amortizar os débitos inscritos no programa de parcelamento, como previa a MPV. Em outro veto, foi derrubada a possibilidade de as empresas poderem participar de licitações mesmo com limites de endividamento acima do permitido. A norma traz em seu texto os limites para o abatimento de juros pagos em empréstimos contraídos no exterior no cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) - limitação que não existia até então. Apesar dos 31 vetos, ainda foram mantidas inúmeras concessões fiscais e benefícios. Permaneceram, por exemplo, medidas que permitirão a renegociação de dívidas relativas a operações de crédito rural inscritas na dívida ativa da União, a subvenção extraordinária para produtores independentes de cana-de-açúcar no Nordeste e um parcelamento especial para contribuintes que devem multas e taxas a autarquias federais. No texto, também foi mantido um artigo que estabelece a suspensão das cobranças judiciais movidas contra contribuintes que aderiram ao (novo) Refis. Sem previsão na lei, procuradores da Fazenda Nacional estavam solicitando à Justiça a continuidade dos processos de execução fiscal. O art. 65 prevê Parcelamento em até 180 meses, os débitos administrados pelas autarquias e fundações públicas federais e os débitos de qualquer natureza, tributários ou não tributários, com a Procuradoria-Geral Federal, aplicando-se aos créditos constituídos ou não, inscritos ou não como dívida ativa das autarquias e fundações, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada. Poderão ser pagas ou parceladas as dívidas vencidas até 30 de novembro de 2008, de pessoas físicas ou jurídicas, consolidadas pelo sujeito passivo, com exigibilidade suspensa ou não, inscritas ou não em dívida ativa, consideradas isoladamente, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada, assim considerados os débitos de 1
2 qualquer natureza, tributários ou não, com as autarquias e fundações, inclusive, os inscritos em dívida ativa no âmbito da Procuradoria-Geral Federal e os que não estejam inscritos em dívida ativa perante as autarquias e fundações públicas federais; A Advocacia-Geral da União editará no prazo de 120 dias os requisitos e as condições em que os débitos poderão ser pagos ou parcelados, da seguinte forma: I - pagos à vista, com redução de 100% das multas de mora e de ofício, de 40% das isoladas, de 45% dos juros de mora e de 100% sobre o valor do encargo legal; II - parcelados em até 30 meses, com redução de 90% das multas de mora e de ofício, de 35% das isoladas, de 40% dos juros de mora e de 100% sobre o valor do encargo legal; III - parcelados em até 60 meses, com redução de 80% multas de mora e de ofício, de 30% das isoladas, de 35% dos juros de mora e de 100% sobre o valor do encargo legal; IV - parcelados em até 120 meses, com redução de 70% das multas de mora e de ofício, de 25% das isoladas, de 30% dos juros de mora e de 100% sobre o valor do encargo legal; ou V - parcelados em até 180 meses, com redução de 60% das multas de mora e de ofício, de 20% das isoladas, de 25% dos juros de mora e de 100% sobre o valor do encargo legal. Os débitos não tributários pagos ou parcelados na forma destes itens I a V terão como definição de juros de mora o montante total de correção e juros estabelecidos na legislação aplicável a cada tipo de débito objeto de pagamento ou parcelamento. A dívida objeto do parcelamento será consolidada na data de seu requerimento e dividida pelo número de prestações que forem indicadas pelo sujeito passivo não podendo cada prestação mensal ser inferior a: I - R$ 50,00 no caso de pessoa física; e R$ 100,00, no caso de pessoa jurídica. As parcelas pagas com até 30 (trinta) dias de atraso não configurarão inadimplência, porém, a manutenção em aberto de 3 parcelas, consecutivas ou não, ou de uma parcela, estando pagas todas as demais, implicará, após comunicação ao sujeito passivo, a imediata rescisão do parcelamento e, conforme o caso, o prosseguimento da cobrança. A pessoa jurídica optante pelo parcelamento previsto neste artigo deverá indicar pormenorizadamente, no respectivo requerimento de parcelamento, quais débitos deverão ser nele incluídos. Na hipótese de rescisão do parcelamento com o cancelamento dos benefícios concedidos, será efetuada a apuração do valor original do débito, com a incidência dos acréscimos legais, deduzidas as parcelas pagas, com acréscimos legais, até a data da rescisão. A pessoa física responsabilizada pelo não pagamento ou recolhimento de tributos devidos pela pessoa jurídica poderá efetuar, nos mesmos termos e condições previstos nesta Lei, em relação à totalidade ou à parte determinada dos débitos, 2
3 pagamento ou parcelamento, desde que com anuência da pessoa jurídica, nos termos a serem definidos em regulamento, a partir do qual passará a ser solidariamente responsável, juntamente com a pessoa jurídica, em relação à dívida parcelada, sendo suspenso o julgamento na esfera administrativa. Na hipótese de rescisão do parcelamento, a pessoa jurídica será intimada a pagar o saldo remanescente. A opção pelos parcelamentos importa confissão irrevogável e irretratável dos débitos em nome do sujeito passivo, na condição de contribuinte ou de responsável, e por ele indicados para compor os referidos parcelamentos, configura confissão extrajudicial nos termos dos arts. 348, 353 e 354 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de Código de Processo Civil, e condiciona o sujeito passivo à aceitação plena e irretratável de todas as condições estabelecidas nesta Lei. São dispensados os honorários advocatícios em razão da extinção da ação, e a opção pelo pagamento à vista ou pelos parcelamentos de débitos deverá ser efetivada até o último dia útil do sexto mês subsequente ao da publicação da Lei. As pessoas que se mantiverem ativas no parcelamento poderão amortizar seu saldo devedor com as reduções previstas, mediante a antecipação no pagamento de parcelas, sendo que o montante de cada amortização deverá ser equivalente, no mínimo, ao valor de 12 parcelas, implicando redução proporcional da quantidade de parcelas vincendas. A inclusão de débitos nos parcelamentos não implica novação de dívida, e as reduções previstas não são cumulativas com outras previstas em lei e serão aplicadas somente em relação aos saldos devedores dos débitos. Na hipótese de anterior concessão de redução de multa, de mora e de ofício, de juros de mora ou de encargos legais em percentuais diversos dos estabelecidos neste parcelamento, prevalecerão os percentuais nele referidos, aplicados sobre os respectivos valores originais. O saldo dos depósitos existentes, em espécie ou em instrumentos da dívida pública federal, exceto precatórios, vinculados aos débitos a serem pagos ou parcelados será automaticamente convertido em renda das respectivas autarquias e fundações, após aplicação das reduções sobre o valor atualizado do depósito para o pagamento à vista ou parcelamento. Na hipótese em que o saldo exceda ao valor do débito após a consolidação o saldo remanescente será levantado pelo sujeito passivo, caso não haja outro crédito tributário ou não tributário vencido e exigível em face do sujeito passivo. Na hipótese de depósitos ou garantias de instrumentos da dívida pública federal, exceto precatórios, o órgão credor os recepcionará pelo valor reconhecido por ele como representativo de valor real ou pelo valor aceito como garantia pelo mesmo órgão credor. No cálculo dos saldos em espécie existentes na data de adesão ao pagamento ou parcelamento serão excluídos os juros remuneratórios sobre débitos cuja exigibilidade tenha sido suspensa por meio do referido depósito e que não tenham incidência de multa ou juros de mora. 3
4 Para fins de determinação do saldo dos depósitos a serem levantados após a dedução dos débitos consolidados, se o sujeito passivo tiver efetivado tempestivamente apenas o depósito do principal, será deduzido o principal acrescido de valor equivalente ao que decorreria da incidência de multas de mora e juros de mora, observada a aplicação das reduções e dos demais benefícios previstos. A Advocacia-Geral da União expedirá normas que possibilitem, se for o caso, a revisão dos valores dos débitos consolidados. Os parcelamentos requeridos não dependem de apresentação de garantia ou de arrolamento de bens, exceto quando já houver penhora em execução fiscal ajuizada, e no caso de débito inscrito em dívida ativa, abrangerão inclusive os encargos legais que forem devidos, sem prejuízo da dispensa prevista neste artigo. A seguir, resumo das demais disposições legais: Capítulo I, arts. 1º ao 5º Institui o REPENEC Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura da Indústria Petrolífera nas regiões Norte, Nordeste e centro-oeste. Capítulo II, arts. 6º ao 14 Institui o PROUCA Programa Um Computador por Aluno, e o RECOMPE Regime Especial para Aquisição de Computadores para Uso Educacional. Capitulo III, arts. 15 ao 21 Cria, prorroga e estende benefícios fiscais para o setor de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e automação. Capítulo IV, arts 22 a 28 Altera a legislação tributária, em especial, para disciplinar a dedutibilidade para fins do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, dos juros pagos por fonte situada no Brasil à pessoa física ou jurídica vinculada situada no exterior, em decorrência de endividamento. Capítulo V, arts. 29 a 33 Institui o RETAERO Regime Especial para a Indústria Aeronáutica Brasileira. Capítulo VI Disposições Gerais: Seção I, arts 34 a 36 Autoriza a União a conceder crédito aos agentes financeiros do FMM - Fundo da Marinha Mercante, no montante de até R$ 15 bilhões. Seção II, arts. 37 ao 43 Dispões sobre a emissão de LT - Letra Financeira e do COE Certificado de Operações Estruturadas, por instituições financeiras. A LT é título executivo extrajudicial, que consiste em promessa de pagamento em dinheiro, nominativo, transferível e de livre negociação. Incumbe ao CMN Conselho Monetário Nacional a disciplina das condições de emissão, à CVM Comissão de Valores Mobiliários a disciplina de distribuição pública, e ao Banco Central do Brasil divulgação pública de relatório anual sobre a negociação de Letras Financeiras e informações. 4
5 Seção III, art. 44 Autoriza a União a conceder crédito ao BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no montante de até R$ 180 bilhões, em condições financeiras e contratuais a serem definidas pelo MF - Ministro de Estado da Fazenda. Seção IV, arts. 46 e 47 Dispõe sobre alterações no Programa Minha Casa, Minha Vida e Institui o CNPI Cadastro Nacional de Pessoas Físicas e Jurídicas Impedidas de Operar com os Fundos e Programas Habitacionais Públicos ou Geridos por Instituição Pública e com o SFH - Sistema Financeiro de Habitação. À CEF - Caixa Econômica Federal incumbe desenvolver, implantar, gerir, organizar e operar o CNPI, bem como divulgar a RNPI - Relação Nacional de Pessoas Impedidas de Operar com os Fundos e Programas Habitacionais e com o Sistema Financeiro da Habitação. Seção V, arts. 48 a 138 (resumo principais temas) Multa isolada de 50% sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido (art. 62); Remissão de dívidas de crédito rural (FNE, PRONAF) de até R$ 10 mil, e rebate de 45% a 85% do saldo devedor no caso de liquidação antecipada (arts. 69 a 73); Alterações no Decreto-Lei nº 9.295/1946 que Criou o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e dá outras providências (arts. 76 e 77); Utilização de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL para liquidação do parcelamento do crédito-prêmio exportação / IPI (art. 81 vetado parcialmente); CONTA FRETE dispões sobre as condições do pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas ao Transportador Autônomo de Cargas TAC. Deverá ser efetuado por meio de crédito em conta de depósitos mantida em instituição bancária ou por outro meio de pagamento regulamentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres ANTT (art. 128); Autoriza a União a conceder subvenção extraordinária para os produtores independentes de cana-de-açúcar na região Nordeste, referente à safra 2009/2010, no montante de R$ 5,00 por tonelada de cana-de-açúcar, limitado a R$ 10 mil, pagos diretamente aos produtores ou por meio de suas cooperativas (arts. 131 e 132); Altera a Lei nº 11775/2008, que instituiu medidas de estímulo à liquidação ou regularização de dívidas originárias de operações de crédito rural e de crédito fundiário, concedendo descontos, permitindo renegociações, suspendendo execuções fiscais, prazos processuais e de prescrição das dívidas (art. 138). POR FIM, Capítulo VII Disposições Finais sobre vigências, revogações e anexos. 5
ARTIGO 65 DA LEI Nº , DE 11 DE JUNHO DE Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial ARTIGO 65
ARTIGO 65 LEI Nº 12.249, DE 11 DE JUNHO DE 2010 Art. 65. Poderão ser pagos ou parcelados, em até 180 (cento e oitenta) meses, nas condições desta Lei, os débitos administrados pelas autarquias e fundações
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