COMISSÃO EUROPEIA. Bruxelas, C(2001)3721fin. Auxílio estatal nº NN 144/2001 Portugal Regime de garantia para o sector da aviação
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- Luísa Bacelar Câmara
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1 COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, C(2001)3721fin Assunto: Auxílio estatal nº NN 144/2001 Portugal Regime de garantia para o sector da aviação Excelência, 1. PROCEDIMENTO 1. Nos termos do disposto no nº 3 do artigo 88º do Tratado CE e por carta de 26 de Setembro, registada em 3 de Outubro sob a referência DG TREN (2001) A/67472/1, o Governo português notificou a Comissão de medidas destinadas a garantir a continuidade da oferta de cobertura contra determinados riscos de guerra e de terrorismo às companhias aéreas e aos operadores de terra em Portugal pelas companhias de seguros, na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. 2. Na medida em que o auxílio foi aplicado antes de obter autorização da Comissão Europeia, o processo foi registado em 15 de Outubro, com o número NN 144/2001, como auxílio não notificado. Por carta de 16 de Outubro de 2001, a Comissão solicitou ulteriores informações sobre o regime. As respostas a esta questão foram apresentadas pelas autoridades portuguesas, por carta de 25 de Outubro de 2001, registada em 26 de Outubro sob a referência DG TREN (2001) A/ Sua Excelência Dr. Jaime GAMA Ministro dos Negócios Estrangeiros Ministério dos Negócios Estrangeiros Palácio das Necessidades Largo do Rilvas, 1354 Lisboa Codex Endereço: Rue de la Loi 200, B-1049 Bruxelles/Wetstraat 200, B-1049 Brussel - Bélgica - Escritório: DM 28-8/41 Telefone: linha directa (+32-2)29(+32-2) , central Fax:
2 2. DESCRIÇÃO DA MEDIDA Contexto 3. Os atentados terroristas de 11 de Setembro nos Estados Unidos e o volume estimado das perdas daí resultantes levaram os mercados dos seguros a procederem a uma revisão da cobertura que oferecem às companhias aéreas e a outros prestadores de serviços em caso de «riscos de guerra e riscos associados» Em 17 de Setembro, as seguradoras enviaram às transportadoras aéreas um aviso de rescisão do seu contrato de cobertura de cascos, que cobre os custos dos danos causados aos passageiros bem como outros danos corporais e materiais causados a terceiros. Este aviso de rescisão deveria produzir efeitos a partir de segunda-feira, 24 de Setembro, à meia-noite. As seguradoras propuseram instaurar uma nova cobertura das responsabilidades, com efeitos a partir das 00h00 TMG de terça-feira, 25 de Setembro de 2001, subordinada à aceitação de um determinado número de condições pelo segurado: pagamento de uma taxa suplementar especial de $ 1,25 por passageiro, por cada partida de um voo; redução da cobertura dos danos corporais e materiais causados a terceiros para $ 50 milhões ou para o limite inferior da apólice aplicável, conforme negociado entre a seguradora e o segurado (sendo aplicável o valor mais baixo), «por ocorrência e agregado anual» 2 ; cobrança de uma taxa suplementar especial às transportadoras de cargas, correspondente a 25% dos seus prémios de responsabilidade. A responsabilidade total pelos passageiros continuará a manter-se. 1 Os contratos de seguros contra riscos de guerra e riscos associados oferecem às companhias aéreas e aos operadores cobertura contra danos causados, por exemplo, por : a) Guerra, invasão, actos de inimigos externos, hostilidades (com ou sem declaração de guerra), guerra civil, sublevação, revolução, insurreição, lei marcial, ditadura militar ou usurpação de poder ou tentativas de usurpação do poder; b) Greves, motins, movimentações populares ou distúrbios laborais; c) Qualquer acto de uma ou mais pessoas, agentes ou não de um poder soberano, por razões políticas ou terroristas e independentemente de a perda ou dano dele resultantes ser acidental ou intencional; d) Qualquer acto de malevolência ou acto de sabotagem, etc. 2 O contrato de seguro é concluído relativamente a cada aeronave (e não por companhia). No contexto das anteriores apólices de seguros, este tipo de seguro cobria danos causados a terceiros por uma aeronave, por ocorrência (i.e., incidente ou acidente) até ao limite decidido entre a seguradora e o segurado (por exemplo, $ 750 milhões, sendo de $ o limite da apólice negociada para as companhias aéreas maiores). No âmbito do contrato revisto, o seguro cobrirá cada aeronave até ao limite de $ 50 milhões por ocorrência e agregado anual (i.e., a apólice não cobrirá perdas anuais de uma companhia aérea superiores a $ 50 milhões).
3 5. As seguradoras enviaram igualmente a outros operadores do sector dos transportes aéreos (e.g. gestores aeroportuários, operadores de reabastecimento, etc. 3 ), em 17 de Setembro, um aviso de rescisão do seu contrato de responsabilidade por danos corporais e materiais a terceiros. Este aviso de rescisão deveria produzir efeitos a partir de segunda-feira, 24 de Setembro, à meia-noite. As seguradoras propuseram instaurar uma nova cobertura das responsabilidades, com efeitos a partir das 00h00 TMG de terça-feira, 25 de Setembro de 2001, subordinada a um determinado número de condições: a cobertura de outros operadores através da apólice de uma transportadora aérea apenas será possível se o prestador de serviços for propriedade a 100% dessa transportadora aérea comercial; o limite de responsabilidade por danos corporais e materiais a terceiros cingir-se-á a US$ 10 milhões por ocorrência e agregado anual. 6. Consequentemente, o mercado segurador deixou de oferecer às transportadoras aéreas, a partir de 24 de Setembro de 2001 à meia-noite, cobertura da responsabilidade por danos corporais e materiais causados a terceiros em caso de guerra superiores a $ 50 milhões. Por outro lado, as seguradoras recusaram-se a oferecer a outros operadores do sector dos transportes aéreos que não eram propriedade directa de uma transportadora aérea comercial qualquer cobertura da responsabilidade em caso de guerra, limitando a cobertura da responsabilidade dos operadores detidos pela transportadora aérea a $ 10 milhões. Uma vez que a maioria dos locadores e dos Ministérios dos Transportes exigem das companhias aéreas prova de seguro de montantes superiores a $ 50 milhões 4, as aeronaves deveriam ser imobilizadas a partir de segunda-feira, 24 de Setembro de 2001, à meia-noite. Outras operações poderiam igualmente ser interrompidas na sequência das alterações do mercado segurador. Objectivos do regime 7. Em 24 de Setembro, o Governo português anunciou, através dos seus Ministros das Finanças e do Equipamento Social, um regime de curto prazo para obviar à ausência destes produtos no mercado dos seguros. O objectivo era colmatar a diferença entre os níveis de cobertura de riscos anteriores e os níveis reduzidos actualmente disponíveis, mantendo assim níveis de protecção. O regime entrou em vigor em 25 de Setembro. No seu contexto, o Estado português assumirá, de forma transitória e excepcional, a responsabilidade de indemnizar as transportadoras aéreas, as empresas gestoras de aeroportos e de controlo do tráfego aéreo bem como outros prestadores de serviços que preenchem as diversas condições enunciadas no instrumento legislativo português pelas perdas causadas a terceiros (não passageiros) decorrentes de determinados riscos de guerra e de terrorismo. Duração do regime 3 O conceito de operadores da aviação geral abrange gestores aeroportuários, operadores dos movimentos aéreos, fabricantes, prestadores de serviços/operadores de reparação e revisão, assistência em escala, controlo do tráfego aéreo, reabastecimento, comissariado, segurança, serviços de manutenção e construção ao sector da aviação. 4 Hong Kong, por exemplo, exige uma cobertura mínima de $1 000 milhões.
4 8. Esta garantia estatal é válida pelo prazo de um mês. Durante este período, não foi criado qualquer mecanismo específico de gestão do regime de resseguro, que se baseia simplesmente numa garantia geral de pagamento e compensação pelo Estado. A procura de uma cobertura adequada dos riscos mencionados prosseguirá no contexto do mercado de seguros privado, de acordo com o instrumento legislativo criado por Portugal. Nesta fase, os pagamentos de prémios resultarão da existência da cobertura estatal. Durante o período inicial de 30 dias, todos os beneficiários ficam temporariamente isentos de pagamento. Os pagamentos não podem ser prorrogados ou renovados sem o consentimento das autoridades portuguesas. Qualquer prorrogação ou renovação do prazo das apólices deverá ser notificada à Comissão Europeia. 9. A presente decisão da Comissão avalia a compatibilidade do regime português durante este período inicial de 30 dias. Medida a favor das transportadoras aéreas 10. A garantia estatal alargada às transportadoras aéreas (excluindo passageiros) é concedida às transportadoras aéreas, definidas como titulares de licenças de exploração emitidas pela autoridade da aviação civil portuguesa nos termos do Regulamento nº 2407/92 do Conselho, as quais eram detentoras de apólices de seguros para cobertura de responsabilidades em caso de guerra, anteriores a 25 de Setembro, que foram canceladas. De qualquer modo, esta garantia não cobre a responsabilidade pelos passageiros, que é assumida pelo mercado segurador comercial. 11. A garantia estatal alargada concedida às transportadoras aéreas (excluindo passageiros) cobrirá, durante o período de 30 dias da apólice, a diferença entre: US$ 50 milhões por aeronave, por ocorrência e agregado anual que, de acordo com as autoridades portuguesas, se encontravam disponíveis no mercado segurador comercial a partir de 25 de Setembro de 2001 e o limite global de responsabilidade por terceiros aplicável a todas as apólices aprovadas pela seguradora antes de 25 de Setembro. As autoridades portuguesas referiram que, de acordo com as informações de que dispunham, o limite máximo do regime por aeronave e ocorrência estava fixado em US$ milhões. 12. Durante o período inicial de 30 dias da apólice, não será exigido às companhias aéreas seguradas um prémio pela garantia estatal. De acordo com o instrumento legislativo português, essa garantia dará origem, após este período inicial, ao pagamento de prémios. Medida a favor dos prestadores de serviços 13. Será concedida uma «garantia alargada de cobertura da responsabilidade do prestador de serviços» a favor de: prestadores de serviços, que se definem como pessoas (distintas das transportadoras aéreas) que gerem aeroportos e empresas de controlo do tráfego
5 aéreo em Portugal, bem como pessoas que prestam serviços ou fornecem bens ao sector da aviação ou a aeroportos portugueses 5 e que eram detentores de apólices de seguros para cobertura de responsabilidades em caso de guerra, em vigor antes de 25 de Setembro. De qualquer modo, essa cobertura está sujeita aos mesmos limites por ocorrência e agregado que a apólice de seguros para cobertura de responsabilidades da aviação comercial de que eram detentores os prestadores de serviços antes de 25 de Setembro de Na realidade, a garantia estatal apenas abrange a diferença entre a cobertura oferecida pelo mercado comercial aquando do início da nova apólice de «emergência» e o montante do seguro de que o segurado dispunha ao abrigo da sua anterior apólice antes de 25 de Setembro. A cobertura deverá conter as definições, termos, condições e exclusões da apólice de base relativamente ao prestador de serviços específico. 15. Durante o período inicial de trinta dias, os prestadores de serviços não deverão pagar qualquer prémio pela cobertura dos riscos. Fundamento jurídico e forma do auxílio 16. Inicialmente, o regime estatal a favor das companhias aéreas foi aplicado através de um «Despacho conjunto» do Ministro das Finanças e do Ministro do Equipamento Social assinado em 24 de Setembro de Em 25 de Setembro, os mesmos Ministros assinaram um «Despacho conjunto» semelhante destinado a alargar a garantia estatal aos prestadores de serviços. Ambos os despachos foram ulteriormente confirmados pelo Governo português através da Resolução nº 153/2001 de 27 de Setembro e adoptados com base na alínea g) do artigo 199º da Constituição Portuguesa. 17. O regime baseia-se numa garantia por parte do Estado português de reembolso e indemnização de 100% de todas as perdas dos beneficiários que sejam objecto de resseguro (em caso de danos a terceiros, excluindo passageiros, reembolso e indemnização dos riscos associados à guerra e ao terrorismo). 18. Consequentemente, as medidas consistem exclusivamente numa garantia estatal. 3. AVALIAÇÃO DO REGIME Avaliação da existência de auxílio estatal 19. Por força do disposto no nº 1 do artigo 87º do Tratado CE, são incompatíveis com o mercado comum, na medida em que afectem as trocas comerciais entre os Estados-Membros, os auxílios concedidos pelos Estados ou provenientes de 5 A título de exemplo de prestadores de serviços citem-se os operadores aeroportuários portugueses, os serviços de controlo do tráfego aéreo, os prestadores de serviços de segurança, de assistência em escala, de reabastecimento, os fabricantes/prestadores de serviços de manutenção a células, motores e componentes de aeronaves, outros prestadores de serviços na área dos movimentos aéreos e fornecedores de bens, prestadores de serviços a tripulações.
6 recursos estatais, independentemente da forma que assumam, que falseiem ou ameacem falsear a concorrência, favorecendo certas empresas ou certas produções. Transferência de recursos estatais 20. O conceito de auxílio estatal aplica-se a qualquer vantagem concedida, directa ou indirectamente, pelo próprio Estado ou por um organismo intermediário que actue por força dos poderes que lhe foram conferidos, financiada por recursos estatais. No caso em apreço, as transportadoras aéreas e os prestadores de serviços beneficiam de uma cobertura de riscos através de uma garantia estatal que, efectivamente, pode envolver uma transferência directa de recursos estatais. Vantagem 21. As medidas em causa conferem uma vantagem às transportadoras aéreas que, na sua ausência, não disporiam de uma cobertura de riscos suficiente para poderem funcionar. Por outro lado e somente durante os 30 dias iniciais, as transportadoras aéreas seguradas não pagam qualquer prémio pela cobertura de riscos complementar oferecida pelas autoridades portuguesas. 22. As medidas conferem igualmente uma vantagem aos prestadores de serviços que, de igual modo, não teriam podido operar sem cobertura de riscos e que não pagam qualquer prémio por essa cobertura 6. Na medida em que o segurado não paga nada ou paga um montante inferior à taxa de mercado pela garantia da oferta de cobertura de riscos, gera-se um benefício financeiro. Selectividade 23. As medidas favorecem o sector da aviação, sendo, por conseguinte, de carácter selectivo. Efeito nas trocas comerciais e distorção da concorrência 24. As medidas em causa reforçam a posição das transportadoras aéreas e dos prestadores de serviços que operam no mercado português. O regime português permite que as transportadoras aéreas e os prestadores de serviços prossigam as suas actividades, o que não teria sido possível na sua ausência. A possibilidade de continuar a prestar serviços aéreos coloca as companhias numa posição melhor do que as companhias estabelecidas noutros pontos da Comunidade. As transportadoras aéreas e os prestadores de serviços rivalizam num mercado europeu largamente liberalizado. As transportadoras aéreas registadas em Portugal, nomeadamente, concorrem nas mesmas rotas com outras transportadoras aéreas comunitárias desde 6 A título de exemplo, as seguradoras estavam a tentar lançar, em 3 de Outubro, um seguro de responsabilidade de terceiros para prestadores de serviços com um prémio igual a 50% do prémio das principais apólices de responsabilidade da aviação («apólice principal»), com uma cobertura limitada a $ 50 milhões por ocorrência no agregado. Consequentemente, pode concluir-se que o prémio cobrado aos prestadores de serviços pela apólice de seguros do Governo é menos dispendioso e de âmbito mais vasto do que o previsto pelo mercado segurador comercial a partir de 24 de Setembro.
7 a entrada em vigor do terceiro pacote em 1 de Janeiro de e o mercado dos serviços de assistência em escala foi aberto através da Directiva 96/ As medidas em causa conferem uma vantagem a determinadas empresas, são financiadas pelo Estado, possuem um carácter selectivo, afectam as trocas comerciais entre os Estados-Membros e poderão falsear a concorrência, constituindo, assim, um auxílio estatal. As referidas medidas apenas podem considerar-se compatíveis com o Tratado caso possam beneficiar de uma das derrogações previstas no Tratado. Fundamento jurídico da avaliação 26. O nº 2 do artigo 87º do Tratado CE enumera determinados tipos de auxílios que são considerados compatíveis com o mercado comum. Atendendo à natureza e objectivo do auxílio, o nº 2, alíneas a) e b), do artigo 87º não são aplicáveis. O regime não possui um carácter social, não é atribuído a consumidores individuais nem à economia de determinadas regiões da República Federal da Alemanha afectadas pela divisão da Alemanha. 27. O nº 3 do artigo 87º do Tratado CE enumera determinados tipos de auxílios que podem considerar-se compatíveis com o mercado comum. O nº 3 do artigo 87º não é aplicável. Na realidade, em primeiro lugar, o regime não promove o desenvolvimento económico de regiões em que o nível de vida seja anormalmente baixo ou em que exista grave situação de subemprego. Em segundo lugar, o regime não fomenta a realização de um projecto importante de interesse europeu comum, nem sana uma perturbação grave da economia de um Estado-Membro. Em terceiro lugar, o regime não promove a cultura e a conservação do património. Por último, a Comissão considera que o auxílio potencial seria um auxílio de exploração, podendo apenas ser autorizado ao abrigo da derrogação prevista no nº 3, alíneas a) ou c), do artigo 87º do Tratado CE em circunstâncias muito específicas e em condições especiais de duração e degressividade que o regime não satisfaz. 28. Por força do disposto no nº 2, alínea b), do artigo 87º do Tratado CE, são compatíveis com o mercado comum «os auxílios destinados a remediar os danos causados por calamidades naturais ou por outros acontecimentos extraordinários». Conforme mencionado na sua Comunicação adoptada em 10 de Outubro de e intitulada «Consequências dos atentados nos Estados Unidos no sector do transporte aéreo», a Comissão considera que os acontecimentos de 11 de Setembro nos Estados Unidos e o cancelamento subsequente de determinadas coberturas de seguros contra riscos de guerra e riscos associados devem considerar-se acontecimentos extraordinários na acepção do nº 2, alínea b), do artigo 87º. 29. Na comunicação supracitada, a Comissão recordou que: 7 Regulamentos nºs 2407/92 e 2408/92 do Conselho Jornal Oficial L 240 (24/08/92). 8 Directiva 96/67 do Conselho, de 15 de Outubro de 1996, relativa ao acesso ao mercado da assistência em escala nos aeroportos da Comunidade Jornal Oficial L 272 (25/10/1996). 9 COM (2001) 574 relativa às consequências dos atentados nos Estados Unidos no sector do transporte aéreo.
8 «O Conselho Ecofin de 22 de Setembro previu as medidas de emergência que os Estados-Membros poderão tomar para permitir que as companhias aéreas enfrentem, nos próximos meses, o aumento do custo dos seguros em certas condições. O Conselho concluiu, nomeadamente, que : - o apoio deve limitar-se a remediar uma insuficiência do mercado dos seguros, para garantir a cobertura dos danos sofridos por terceiros na sequência de actos de terrorismo ou de guerra ; - a cobertura proporcionada pelos governos deve basear-se num preço razoável, que deve, na medida do possível, reflectir os riscos cobertos pelos mecanismos introduzidos, embora esta condição possa ser suspensa a curto prazo ; - os mecanismos vigorarão durante um mês, enquanto prosseguem os esforços para encontrar uma solução duradoura e encorajar o sector a voltar a recorrer ao mercado o mais rapidamente possível.». A Comissão declarou igualmente que: «Nas decisões que adoptar no âmbito dos auxílios estatais sobre as medidas que lhe forem notificadas, a Comissão terá em conta todas as circunstâncias pertinentes e, em particular, o facto de que as intervenções públicas em causa: - se devem aplicar sem qualquer restrição, de um modo uniforme, a todas as companhias de um mesmo Estado-Membro ; - se devem limitar a um período de um mês ; - se devem destinar unicamente a compensar o custo suplementar dos seguros originado pelos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001 e o seu efeito não deve ser de modo algum colocar as companhias aéreas numa situação melhor do que aquela em que se encontravam antes de 11 de Setembro de 2001.». 30. Estes critérios são também plenamente aplicáveis às medidas propostas relativamente aos prestadores de serviços aéreos. Em Portugal, como nos demais países em que os serviços aéreos são geridos a nível privado, foi cancelada a cobertura na sequência dos acontecimentos de 11 de Setembro. Se as autoridades portuguesas não tivessem intervindo, estes serviços não teriam podido funcionar e, consequentemente, os aeroportos deveriam ter encerrado. Compatibilidade do auxílio nos termos do nº 2, alínea b), do artigo 87º Transportadoras aéreas 31. A Comissão salienta que o regime se limita a garantir o que o mercado segurador deixou de oferecer a partir de 24 de Setembro: em termos de serviços (o regime português não cobre a responsabilidade pelos passageiros que se manteve acessível às transportadoras aéreas no mercado comercial) e em termos do âmbito da cobertura (o regime das transportadoras aéreas não oferece compensação de danos inferiores a $ 50 milhões; o regime dos
9 prestadores de serviços não oferece compensação de danos que pudessem ser cobertos pelo mercado à data do início das apólices). 32. A Comissão salienta que o regime de auxílio se destina a evitar colocar as transportadoras aéreas numa situação melhor do que a existente antes de 25 de Setembro de 2001, já que o custo do seguro a pagar pelas transportadoras aéreas pela responsabilidade de terceiros não é inferior ao montante pago antes de 24 de Setembro. Conforme mencionado anteriormente, as transportadoras aéreas já pagam às companhias de seguros prémios mais elevados do que antes de 25 de Setembro, mas agora por uma cobertura reduzida ($ 50 milhões), pelo que o facto de lhes ser oferecida uma cobertura suplementar a título gratuito não as coloca numa situação financeira melhor em relação às condições anteriores. 33. O auxílio apenas é concedido às transportadoras aéreas detentoras de apólices de seguros antes de 25 de Setembro. A cobertura limita-se aos riscos relativamente aos quais o segurado já dispunha de cobertura em caso de guerra e terrorismo antes de 25 de Setembro; A cobertura limita-se ao nível segurado ao abrigo da apólice em vigor antes de 25 de Setembro de 2001; A nova cobertura de riscos está subordinada às mesmas exclusões e limitações existentes antes de 25 de Setembro e engloba as mesmas definições, termos, condições e exclusões contidos na apólice de base. 34. A Comissão salienta que as apólices de seguros são emitidas por um prazo de 30 dias e que qualquer prorrogação ou alteração do regime deverá ser-lhe notificada. 35. A Comissão salienta igualmente o facto de o regime se destinar a evitar estabelecer discriminações entre as transportadoras aéreas, definidas como titulares de licenças de exploração nos termos do Regulamento nº 2407/92 do Conselho, e entre os prestadores de serviços que beneficiam do regime. 36. A Comissão conclui que o regime de auxílio português se limita a restabelecer a cobertura oferecida pelo mercado segurador comercial antes de 24 de Setembro de 2001, se destina a evitar colocar as companhias que dele beneficiam numa situação melhor do que a existente em 25 de Setembro, se limita a um período de 30 dias e está subordinado a um conjunto de outros critérios que permitem evitar qualquer excesso de compensação. Consequentemente, a Comissão conclui que o regime é compatível com o nº 2, alínea b), do artigo 87º do Tratado CE. Prestadores de serviços 37. A Comissão salienta igualmente que o regime se destina a restabelecer a cobertura oferecida pelo mercado segurador antes de 24 de Setembro, uma vez que o regime aplicável aos prestadores de serviços não proporciona compensação de danos que podiam ser cobertos pelo mercado à data do início das apólices. 38. O auxílio apenas é concedido aos prestadores de serviços detentores de apólices de seguros antes de 25 de Setembro. 39. A cobertura limita-se aos riscos relativamente aos quais o segurado já dispunha de cobertura em caso de guerra e terrorismo antes de 17 de Setembro:
10 A cobertura limita-se ao nível segurado ao abrigo da apólice em vigor antes de 25 de Setembro de 2001; A nova cobertura de riscos está subordinada às mesmas exclusões e limitações existentes antes de 25 de Setembro e engloba as mesmas definições, termos, condições e exclusões contidos na apólice de base. 40. A Comissão salienta que os prestadores de serviços que beneficiaram do regime português durante o período inicial de 30 dias não devem pagar qualquer prémio pela cobertura de riscos em apreço. Ainda que se possa considerar que os prestadores de serviços se encontram numa posição mais favorável do que anteriormente, esta não deve assumir demasiada importância, nomeadamente face ao carácter pouco significativo dos prémios pagos antes de 25 de Setembro, à curta duração do regime (30 dias), à urgência da situação e à necessidade de adaptar soluções extremamente rápidas e práticas que tinham de ser tomadas antes de 25 de Setembro. Neste contexto, as autoridades portuguesas já esclareceram que os prémios serão cobrados a partir do segundo mês da aplicação eventual do regime temporário. 41. Finalmente, a Comissão salienta que as apólices de seguros são emitidas por um prazo de 30 dias e que qualquer prorrogação ou alteração do regime deverá ser-lhe notificada. 42. A Comissão conclui que o regime de auxílio português se limita a restabelecer a cobertura oferecida pelo mercado segurador comercial antes de 24 de Setembro, se cinge a um período de 30 dias e está subordinado a um conjunto de outros critérios que permitem evitar qualquer excesso de compensação. Após o referido período de 30 dias, o regime destina-se a evitar colocar as companhias que dele beneficiam numa posição mais favorável do que antes de 25 de Setembro. Consequentemente, a Comissão conclui que o regime é compatível com o nº 2, alínea b), do artigo 87º do Tratado CE. 43. Atendendo porém ao facto de que a justificação para o cancelamento das apólices de seguros comerciais se afigura mais difícil de justificar no caso dos prestadores de serviços do que no das transportadoras aéreas, a Comissão prestará especial atenção a este aspecto quando reexaminar qualquer potencial prorrogação do regime. A Comissão estará também especialmente atenta ao compromisso das autoridades portuguesas de solicitarem prémios pela cobertura estatal aos prestadores de serviços a partir do segundo mês de aplicação da garantia estatal. 4. DECISÃO Com base na avaliação que precede, a Comissão decidiu considerar que o regime português de substituição de seguros a curto prazo a favor das transportadoras aéreas e dos prestadores de serviços é um auxílio compatível com o Tratado CE, à luz do no nº 2, alínea b), do seu artigo 87º. Caso a presente carta contenha dados confidenciais que não devam ser revelados a terceiros, é favor informar a Comissão no prazo de quinze dias úteis a contar da sua data de recepção. Caso não receba um pedido fundamentado nesse prazo, a Comissão partirá do princípio de que Vossa Excelência concorda com a divulgação a terceiros e com a publicação do texto integral da carta na língua original no sítio Internet seguinte:
11 O seu pedido deve ser enviado por carta registada ou fax para o seguinte endereço: Comissão Europeia Direcção-Geral Energia e Transportes Direcção A, Unidade A2 Rue de la Loi/Wetstraat, 200 B-1049 Bruxelas Nº de fax: Queira Vossa Excelência aceitar a expressão da minha alta consideração. Pela Comissão Loyola de Palacio Vice-Presidente
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