A CULTURA DO SORGO. Paulo César Magalhães. Manejo Cultural e Utilização. "Origem, Anatomia, Morfologia e Fisiologia do Sorgo".
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- Mirella Teves das Neves
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1 MAG, 1993 P.C. I CURSO SOBRE A CULTURA DO SORGO Manejo Cultural e Utilização "Origem, Anatomia, Morfologia e Fisiologia do Sorgo". Paulo César Magalhães Sete Lagoas - MG MAIO 1993
2 ORlGEl\'I E HISTÓRIA É nativo da África na zona sul do deserto de Sahara onde várias espécies selvagens relacionadas ao sorgo são encontradas e cultivadas. O tipo cultivado Sorghum bico/ar Moench foi provavelmente selecionado em B.C. Cultivado na Índia no início da era Cristã, foi introduzido nos E.U.A por meio da importação de escravos, no entanto seu cultivo na América do Norte só começou após a introdução de vários genótipos entre 1853 e No Brasil sua introdução é recente e seu potencial de produção de grãos e forragem vem despontando como ótima. altenativa para as diversas regiões do País. A planta de Sorgo - Entre os cereais o sorgo ocupa hoje o 5 s lugar em área plantada no mundo. atráz do trigo.arroz, milho e cevada. - Tem sido uma fonte vital de alimentos nas regiões semi-áridas dos trópicos. Muitas vezes a principal tente de sobrevivência.. Potencial de produtividade geralmente prejudicado pelo fato de ser plantado em áreas marginais (secas e quentes). - Existem 15 raças de S. bicolor cultivadas, diferenciadas entre si pela estrutura das espiguetas. Granífero Forrageiro Sacarino Pipoca Vassoura Adaptação: - Mais da metade do cultivo de sorgo no mundo é feito em áreas sujeitas a altas temperaturas e ao estresse hídrico. - Desenvolve bem em condições de baixa fertilidade mas responde bem a aplicação de nutrientes. - Tendencia de "Hibernar" em condições de estresse hídrico. - Tolera bem solos salinos e ácidos. 2
3 Germinação - Ocorre normalmente com temperaturas do solo acima de 20 0 C. - O estabelecimento é um dos maiores problemas da cultura do sorgo.(peletização?) Morfologia, Ánaíomia e Fisiologia do sorgo Raizes (Tipos) Primárias - Uma ou várias, pouco ramificadas morrem após o desenvolvimento das raizes secundárias. Secundárias Desenvolvem no 1 2 no, bastante ramificadas, formam o sistema radicular principal. Aéreas - Podem aparecer nos nós acima do solo. São muitas quando há falta de adaptação. Em geral são ineficientes na absorção de água e nutrientes (servem como suporte). Crescimento das raizes em geral termina antes do florescimento. Comparando com o milho o sorgo apresenta um sistema radicular mais extenso, mais fibroso com maior nº de pêlos absorventes. COLMO Cresce pouco até próximo ao período de diferenciação floral e então alonga rapidamente durante o t1orescimento. Comprimento - 0,5 ti. 4,0 m. Diâmetro - 0,5 a 4,0 c~ ~o de nós - 7. a 30 FOLHAS Número de folhas depende da cultivar, fotoperíodo, temperatura. (fatores que determinam a diferenciação da panícula). Partes: Limbo - possui estômatos nas 2 faces.tanfiestomática) Bainha - liga-se ao nó e envolve o internódio acima. Ligula - junção da bainha com o intemódio. Posição pode variar de vertical a horizontal, concentrar mais na base ou serem uniformemente distribuídas na planta. 3
4 Geralmente possuem depósito de substância cerosa na junção da bainha com limbo. Leva-se de 3 a 6 dias entre a diferenciação de uma folha e a próxima no meristema. A expansão pode continuar mesmo durante o desenvolvimento da panícula (competição). o embrião em um grão maduro já possui 6 e 7 primoràios foliares. Epidenne superior contém filas de células especia lízadas que permitem a tolha enrolar em condições de "stress" bidrico. '-- Há variabilidade grande quanto a senescência, em geral folhas interiores começam a seneeer logo após o inicio da fertilização (casos de sistema foliar totalmente seco ou verde na maturação físíologica). FLORESCIMENTO A diferenciação floral do sorgo é afetada principalmente pelo fotoperiodo e pela temperatura. Produtividade correlaciona mais com n 2 de grãos por panícula do que com peso de grão. Dai os eventos ligados ao desenvolvimento das espiguetas serem importantes. o período mais critico vai da diferenciação da panicula a diferenciação das espiguetas (2 a 3 semanas de duração). Em. condições normais a diferenciação (pode variar 19 a mais de 70 dias). da gema floral inicia-se 30 a 40 dias após a germinação Em climas quentes o florescimento em. geral ocorre com. 55 a 70 dias após a genninação (pode variar de 30 a mais de 100 dias). Em geral a formação da gema floral ocorre tem cerca de 50 a 75 em.de altura. 15 a 30 em. acima do nível do solo, quando as plantas Como nem todas as plantas num campo de 801'80 florescem ao mesmo tempo, a duração do florescismento no campo pode variar de 6 a 15 dias. N2 de flores por panícula a >7.000 FERTILIZAÇÃO A fertilização inicia-se no topo da panícula e procede para a base (duração 4 a 5 dias). Autofecundação predomina no sorgo a taxa de fecundação cruzada pode variar de 2 a 10%. 4
5 Polém permanece viável por cerca de 3 a 6 horas, cada antera contém cerca de grãos de pelem. Estigma pode ficar receptivo por 7 dias (melhor nos 3 primeiros dias). o sorgo pode apresentar macho esterilidade, antera com ausência total ou parcial de polém. Existem casos em que a fecundação ocorre sem a abertura das espiguetas (cleistogramia)., PANICULA Valia bastante quanto a forma e tarnanho(compacta, 25 em comprimento e 2 a 20 em diâmetro. aberta, grande, pequena). Chega a medir 4 a GRÃo Varia muito quanto a cor, dureza, forma e tamanho (menos de 19 a mais de õg por 100 sementes). o período compreendido entre a fertilização e a maturação variar de 25 a 55 dias). fisilógica dura cerca de 30 dias (pode No inicio apresenta uma cor branca leitosa passando para verde claro, verde escuro, cor madura. o grão contém cerca de 30% de umidade ao atingir a maturação fisilógica. Esta umidade pode cair nos próximos 20 dias para cerca de 12%. Partes do Grão Pericarpo - várias cores Testa - (pode ou não estar presente, várias cores). Aleurona - várias cores Endosperma - branco, amarelo Embrião DORl'1.ENCIA A N DO GRAO Pode apresentar dormência especialmente rapidamente (varia com a cultivar). quando colhido com teores altos de umidade e secado Esta dormência em geral desaparece com 1 a 2 meses após a colheita ( 2 mín em ~O resolve o problema).,.. a 24 0 c COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO GRÃo Deficiente em lisina e metionina, possue teores bons de triptofano. Vários materiais com altos teores de lisina já foram encontrados. 5
6 Proteína pode variar de 7 a. 20%. Tem na média 1% menos 6100 do que o milho. 50 kg /I litro óleo. o grão de sorgo produz vários tipos de compostos fonólicos (antocianinas e tanino) são benéficos para a planta e prejudiciais a dieta dos animais. (2 a 3% peso da semente ou ausente). Antocianina e um pigmento avermelhado (injúria, stress, doença). Tanino dá um sabor amargo ao grão. Um pode ser convertido no outro. Vantagens (proteção da planta) insetos pássaros - preterem sem tanino doenças - fungos, bactérias, vírus germinação - precose Desvantagem prejudicial a dieta afeta a germinação Modo de ação: tanino liga-se a proteínas (ricas em prolamina) formando complexos com proteínas da semente e com proteínas do tubo digestivo dos animais interferindo na digestão. Solução para o poblema do tanino é diminuir o teor através do melhoramento antes de utilizar. ou eliminar a toxidez Neutralização do tanino pode ser feita através de tratamentos com àcidos e bases. Exemplos: 0,5 1 1N NH 4 0H (0,2% r-..ii 3 ) por quilo de grão, 12 a 24 horas. Cozimento diminui ainda mais o valor nutritivo, mesmo em sorgo com baixo tanino. PERFILHAMENTO É controlado por fatores hormonais, ambientais e genéticos. Temos perfilhamento basal e axilar. Perfilhameto basal - originam-se de gemas basais (1 º nó) logo após o inicio do desenvolvimento das raízes secundárias ou depois do florescimemo. Todas as gemas dos nós são morfologicamente idênticas e possuem potencial para formar perfilho. No entanto são mantidas em "dormência" através do fenômeno da dominância apical. Se começam cedo, perfilhos basais produzem pendões que maturam na mesma época do principal. Perfilhamento basal tem efeito semelhante a um aumento de população. Discussão a favor e contra é grande. Perfilhamento basal e estimulado por altas e baixas temperaturas. Algumas cultivares são estimuladas a perfilhar quando a temperatura média cai abaixo de 18OC. 6
7 Perfilhos axilares desenvolvem a partir de gemas laterais. Especialmente quando a panicula principal é destruída (inseto). FOTOPERÍODO o comprimento do dia varia de acordo com a estação do ano e com a latitude (distância do Equador). o sorgo é uma planta de dias curtos. Floresce em noites longas. A gema vegetativa (terminal) permanece vegetativa até que os dias encurtem o bastante para haver a sua diferenciação em gema floral. (Chamado fotoperiodo critico). Fotoperiodo critico do sorgo Comprimento do dia- i-não floresce Comprimento do dia -,l, - floresce Variedades, linhagens, etc, variam quanto ao fotoperiodo critico. Variedades tropicais tem dificuldade de tlorescerem em regiões temperadas (dias> 12 horas) F.P.C. variedade tropical +- 12homs. Por outro lado variedades temperadas tem um fotoperiodo critico maior, florescendo com facilidade nos trópicos. FPC - variedade temperada +- 13,5 horas. Exemplos: Dias curtos Dias longos Dias neutros Sorgo Trigo Aveia Milho Tomate Soja TEMPERATURA Temperatura ótima para crescimento e 33 a 34OC, acima de 380C e abaixo de 160C a produtividade decresce. Desenvolvimento floral e fertilização pode ocorrer até com temperaturas de 40 a 430C com 15 a 30% de umidade relativa. Se houver umidade disponível no solo. Altas e baixas tem.peraturasestimulam o perfilhamento basal. Sorgo e menos tolerante a temperaturas baixas quando comparado com o milho. 7
8 Sorgo requer menos ~O para desenvolver quando comparado com outros cereais. Período mais critico é o florescícmenio. Ex: Sorgo kg ~Olkg Milho kg ~Olkg de matéria seca de matéria seca Quando comparado com milho o sorgo produz mais sobre "stress" hidrico (raiz explora melhor) murcha menos e é capaz de se recuperar de murchas prolongadas (tolerância). Resistência a seca é uma característica complexa pois envolve simultaneamente aspectos de morfologia, fisiologia e bioquímica. Podemos ter três tipos: resistência - tolerância - escape. o sorgo parece apresentar duas características: Escape - através de um sistema radicular profundo e ramificado (eficiente na extração de ~O solo). do Tolerância - (nível bioquimico). Diminui o metabolismo, murcha (hiberna) e recupera. Em geral parece haver no sorgo uma correlação grande entre resistência ao calor e a falta de água. Também parece haver correlação entre resistência a seca e a teores de alumínio no solo. 8
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