ARQUIDIOCESE DE SANTA MARIA DE BELÉM DO GRÃO PARÁ

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1 ARQUIDIOCESE DE SANTA MARIA DE BELÉM DO GRÃO PARÁ PLANO DE PASTORAL

2 APRESENTAÇÃO O Plano de Pastoral da Arquidiocese de Belém para o quadriênio , foi construído a partir da avaliação do nosso Plano anterior e pela realização da Assembleia Pastoral da Arquidiocese em A Assembleia arquidiocesana foi um momento muito rico de participação e corresponsabilidade de nossas lideranças, pois todos se envolveram no grande processo de avaliação e participação durante os trabalhos da mesma. O Plano de Pastoral agora elaborado e entregue em nossas mãos é fruto das decisões da Assembleia a partir das Urgências da ação Evangelizadora que a CNBB, através de suas Diretrizes ( ) propõem para toda a Igreja no Brasil como uma caminhada comum. Coube a nós, considerando a realidade em que vivemos com todos os desafios próprios de uma grande metrópole, iluminados pela Palavra de Deus, seguindo as orientações de nosso Arcebispo D. Alberto Taveira Corrêa e dos documentos da Igreja Católica, desde o Vaticano II até os de nossa Igreja na Amazônia, escolher as indicações e perspectivas de ação que nos comprometem numa caminhada comum, integrando todas as forças vivas de nossas pastorais, movimentos e grupos arquidiocesanos. Como todos poderão verificar, não escolhemos prioridades nem determinamos projetos para essa caminhada que iremos fazer. O que temos no Plano deverá ser objeto de estudo, reflexão e encaminhamento de projetos a partir dos próprios grupos que agora deverão assumir aquilo que foi determinado como linhas de ação para o quadriênio. Lembremo-nos todos que estamos percorrendo um caminho em vista das celebrações, em 2016, dos 400 anos de fundação de nossa cidade de Belém e do início da evangelização na Amazônia, além de nos preparamos para a realização do Congresso Eucarístico Nacional. O projeto missionário arquidiocesano Igreja de Belém em Missão em andamento, já é uma expressão viva dessa preparação. Todas as forças vivas da nossa Igreja deverão empenhar-se nessa grande tarefa buscando executar e concretizar o Plano de Pastoral, para podermos expressar desse modo uma linha comum, um caminhar comum na mesma direção, respeitando o ritmo e a situação concreta de cada grupo, fortalecendo a Pastoral de Conjunto. Que este momento sirva para cultivarmos a presença do Espírito de Deus que caminha conosco em nossa História, em nossa vida pessoal e nos nossos grupos e movimentos. Seja essa a nossa mística inspiradora e impulsionadora de nossas ações. Finalizando, lembremo-nos que o Plano de Pastoral é um instrumento de trabalho de todos nós e só terá seu valor na medida em que for colocado em prática. Que Maria, nossa Mãe, Nossa Senhora de Belém, padroeira da Arquidiocese, interceda por nós nessa hora tão significativa de nossa história evangelizadora e missionária, e acompanhe nossos passos na concretização do nosso Plano de Pastoral.

3 OBJETIVO GERAL DA ARQUIDIOCESE DE BELÉM Evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida (Jo 10,10), rumo ao Reino definitivo.

4 URGÊNCIA 1: IGREJA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO A Igreja é por natureza missionária (AG 2). Ela existe para evangelizar (EN 14). Ela foi desde o inicio, enviada para a missão por Jesus Cristo (Mc 16,15 ). E Ele acompanha a missão pelo seu Espírito que permanece com a Igreja (Mct. 28,20). Esse mandato divino a Igreja o realizou e realiza até hoje. Não é algo facultativo ou fruto da vontade das pessoas. A evangelização de todos os povos deu muito frutos de conversão e de vida nova a tantas pessoas no mundo inteiro que, tocadas pela mensagem do Evangelho, se encantaram com a pessoa de Jesus, com o Projeto do Reino de Deus anunciado por ele, que decidiram seguir os seus passos. Melhor ainda, decidiram dar testemunho de suas vidas, tornando-se missionários dessa Boa Nova. Não esqueçamos que o testemunho é a primeira e a mais bela forma de evangelizar. Com isso a Igreja evangelizou nos lugares mais distantes do planeta, convertendo pessoas, povos inteiros e até continentes. Não obstante as luzes e sombras, - a evangelização como tarefa humana está submetida às vicissitudes da história, mas busca sempre transfigurá-las com a força do Espírito, no caminho de Jesus Cristo, centro e sentido da história universal e da de todos e de cada um dos homens (Puebla 6) -, a missão continua. E hoje somos chamados, pelo e desde o Batismo, ao exercício fundamental de nossa fé: ser testemunhas do Reino de Deus que Jesus Cristo nos legou como continuidade e complementação de sua Missão (Cl 1,24). Como Igreja e com a Igreja, cabe a nós ir a todos os povos e batizar, anunciando a Boa nova da Salvação. Diante dos desafios da realidade atual, onde as pessoas e até povos inteiros ainda não conhecem Jesus ou mesmo onde muitas pessoas abandonaram sua vivência religiosa ou até a própria fé, somos chamados a um grande e permanente processo de evangelização: essa é grande missão da Igreja na atualidade. Nesses últimos anos, desde o Concílio Vaticano II, a Igreja, através de seus pastores vem nos convocar a renovar em nós o ardor missionário. Se a Igreja, por sua natureza, é anunciar o Evangelho a todos os povos, especialmente aqueles que nunca ouviram falar de Jesus, ou seja, a Igreja foi e deve ir às grandes fronteiras da humanidade, hoje, a Igreja enfrenta outras situações onde a missão é urgente e necessária: pequenas fronteiras, onde as condições humanas pedem o Evangelho, sob pena de se deteriorarem as condições humanas e as relações entre as pessoas se tornarem difíceis ou até impossíveis. Muitas situações de hoje, de conflitos pessoais, familiares, comunitários e da sociedade como um todo, refletem uma verdadeira crise de humanidade e uma vida sem a presença de Deus. Pessoas abandonadas, feridas em, sua dignidade, vulneráveis e desanimadas por causa da situação econômica, política, sociais, familiares... Situações próximas de nós, de nossas Igrejas Particulares, que estão a exigir uma ação evangelizadora em profundidade e constante. Evangelização que seja também humanizadora, que restabeleça os laços entre as pessoas, laços de amizade, fraternidade, respeito à dignidade e à vida humana em todos os

5 sentidos. Ou seja: o evangelho deve alimentar a vida das pessoas, devolvendolhes a alegria de viver. Hoje a missão tem desafios próprios de nosso tempo, diante de uma realidade de mudanças rápidas e radicais, que interferem no modo de ser e agir das pessoas, de um modo especial numa realidade de acelerada e desordenada urbanização, como é a região metropolitana em que nossa arquidiocese está situada. A Igreja de Belém alimentada pela Palavra e pela Eucaristia e unida em torno desses princípios norteadores de sua missão - assume a evangelização de forma a dar continuidade à grande missão da Igreja realizada nessa região Amazônica desde 400 anos atrás. O documento de Aparecida (2007) nos orienta e nos ajuda a enfrentar esses novos desafios da evangelização: conversão pastoral ( ) de todas as estruturas eclesiais e de todos os agentes comprometidos com o trabalho pastoral da Igreja. Essa conversão ajudará a Igreja a concentrar todas as suas forças vivas e funcionais a serviço da evangelização e da missão. Enquanto essa conversão não atingir todas as pessoas envolvidas nos diversos segmentos pastorais haverá uma falha muito grande na execução da verdadeira missão da Igreja. O papa Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium nos adverte que não podemos privatizar um estilo de vida cristã usando-o como desculpa para evitar que se dedique a vida à missão (EG 262). Nos incentiva a assumir o espírito da nova evangelização: evangelizadores de que abrem sem medo à ação do Espírito Santo, que é a alma da Igreja evangelizadora. (EG ). Missão é sair, partir, ir aos extremos, aos distantes, afastados abandonados e destituídos de qualquer cidadania cristã. Urge, portanto, que todos desde os bispos aos agentes de pastorais e membros de qualquer grupo eclesial estejamos empenhados nessa tarefa, que não é extraordinária nem periódica, mas permanente, como um compromisso de fé e vivência cristã, incorporado ao projeto ou programa pastoral de cada grupo. Em nossa Arquidiocese, temos um projeto missionário que busca corresponder às inspirações evangélicas das quais derivam nossa missão evangelizadora e também aos apelos que vem de nossa tão sofrida realidade. Por isso, o nosso Plano de Pastoral reitera e reforça a necessidade do empenho de todos na participação dessa urgência: uma Igreja em permanente estado de missão, evangelizando com alegria e amor. Para não esquecer que a evangelização é um processo, retomamos o Documento de Aparecida e as Diretrizes Gerais da CNBB que nos orientam nesse caminho: No processo de formação do discípulo missionário aparecem cinco aspectos fundamentais, diversos em cada etapa do caminho, mas que se complementam intimamente e se alimentam entre si: O encontro com Jesus Cristo, através do querigma, fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo e deve renovar-se constantemente pelo testemunho pessoal, pelo anúncio do querigma e pela ação missionária da comunidade;

6 A conversão, resposta inicial de quem crê em Jesus Cristo e busca segui-lo conscientemente; O discipulado, como amadurecimento constante no conhecimento, amor e seguimento de Jesus Mestre, quando também se aprofunda o mistério de sua pessoa, de seu exemplo e de sua doutrina, graças à catequese permanente e à vida sacramental; A comunhão, pois não pode existir vida cristã fora da comunidade: nas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas comunidades de base, nas outras pequenas comunidades e movimentos, tal como acontecia entre os primeiros cristãos; a comunhão na fé, na esperança e no amor deve estender-se também aos irmãos e irmãs de outras tradições cristãs. A missão, que nasce do impulso de compartilhar a própria experiência de salvação com outros, de plenitude e de alegria feita com Jesus Cristo; a missão deve acompanhar todo o processo, embora diversamente, conforme a própria vocação e o grau de amadurecimento humano e cristão de cada um, tendo Maria como modelo perfeito do discípulo missionário (DGAE 92). PERSPECTIVAS DE AÇÃO A Assembleia Arquidiocesana indicou caminhos e perspectivas de Ação que nos ajudarão a dar passos decisivos na nossa caminhada evangelizadora: INDICAÇÕES 1. Formação sólida e permanente dos evangelizadores / missionários / agentes / lideranças, tendo como base a Palavra de Deus, o Catecismo da Igreja Católica (CIC), os documentos do Magistério eclesiástico para que se tornem verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, como dizem as DGAE (n 76). 2. Compromisso missionário em toda a Arquidiocese, abraçando o projeto Igreja de Belém em Missão, para que suscite em cada cristão batizado e em cada forma de organização eclesial, uma forte consciência missionária, direcionando para a dimensão pastoral e comunitária. PERSPECTIVAS DE AÇÃO 1. Formar assessores e multiplicadores para os cursos que tratam da questão da missão e o acompanhamento geral e elaboração de cartilha, com linguagem acessível sobre as diretrizes ou conteúdo missionário, para ser lida e estudada nos diversos grupos. 2. Evangelizar todos os espaços ruas, praças, feiras, praias, escolas, rodoviárias, portos e outros locais - envolvendo todas as forças vivas num trabalho conjunto e permanente, para que a Palavra de Deus chegue aos

7 que estão à margem, aproveitando os tempos mais significativos durante o ano, visando o encontro pessoal com Jesus Cristo. Acreditamos que o Projeto Missionário da Arquidiocese em execução - Igreja de Belém em Missão (IBEM) acolhe plenamente essas indicações e perspectivas, já esta sendo um caminho percorrido, precisando apenas de alguns ajustes para atender aos apelos que vem tanto da realidade urbana quanto insular de nossa Arquidiocese. O Manual do Missionário do IBEM diz que evangelizar hoje significa penetrar todos os espaços da cidade, os nervos da cidade, isto é, saber trabalhar com todos os meios, entrar na dinâmica da cidade, dialogar com o mundo e todos os ambientes, estar atento às pessoas e às redes de comunicação humana (MM pag. 17). URGÊNCIA 2 IGREJA: CASA DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ P or iniciação cristã se entende todo processo pelo qual alguém é incorporado ao Mistério de Jesus Cristo. Teologicamente a verdadeira iniciação se dá na celebração dos sacramentos do Batismo, Eucaristia e Crisma, os chamados sacramentos da Iniciação Cristã. O processo que, desde o século II, prevaleceu na Igreja para iniciar os novos membros nos mistérios da fé, recebeu o nome de Catecumenato O CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II aponta elementos importantes a serem considerados na Evangelização através do trabalho de iniciação cristã, particularmente a Catequese: Seja apresentada de modo a corresponder aos problemas atuais dos humanos (Christus Dominus ) Seja Bíblica e litúrgica (Dei Verbum , Ad Gentes ) Aberta aos problemas missionários (Ad Gentes ) Às necessidades da Igreja universal (Presbyterorum Ordinis ) Os cônjuges devem instruir seus filhos na doutrina cristã (Lumen Gentium ) Nos documentos das Assembleias Gerais dos Bispos da América Latina e Caribe encontramos reafirmadas orientações precisas e claras a nortear o trabalho de iniciação cristã: PUEBLA Catequese: educação ordenada e progressiva da fé (977) Como processo dinâmico, gradual e permanente (984) Deve partir de um conhecimento preciso das condições culturais dos nossos povos (439) Exige fidelidade à integridade da mensagem evangélica, à igreja e ao homem latino-americano (995/996)

8 SANTO DOMINGO Catequese deve ser entendida como ministério profético da Igreja (39) Querigmática e missionária (49) Apresenta o comportamento cristão como autêntico seguimento de Cristo (239) É meio para a educação contínua da Fé. (302) APARECIDA O Documento de Aparecida é enfático ao falar da necessidade urgente de assumir o processo inciático na evangelização. Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para o seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora (287; cf ) Estabelecer um processo catequético orgânico e progressivo que se estenda por toda a vida, desde a infância até a terceira idade. (298) O Diretório geral da catequese considera a catequese com adultos como a forma fundamental da educação na Fé. (298) A Catequese... precisa ser uma verdadeira escola de formação integral... cultivando a amizade com Cristo na oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária e o compromisso apostólico mediante um permanente serviço aos demais.... Seriam úteis alguns subsídios catequéticos elaborados a partir do Catecismo da Igréja Católica e do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, estabelecendo cursos e escolas de formação permanente aos catequistas. (299) Deve-se dar catequese apropriada que acompanhe a Fé já presente na religiosidade popular (300) A família é chamada a introduzir os filhos no caminho da iniciação cristã. A família, pequena igreja, deve ser, junto com a paróquia, o primeiro lugar para a iniciação cristã das crianças. (302) As paróquias, sobretudo hoje, quando as crises da vida familiar afetam a tantas crianças e jovens, oferecem espaço comunitário para se formar na fé e crescer comunitariamente. Nas pequenas comunidades eclesiais temos um meio privilegiado... para chegar a que os batizados vivam como autênticos discípulos e missionários de Cristo. (307) Os bispos da Amazônia reunidos em Santarém em 2012 assumem no projeto de formação inspirado na espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo, a Iniciação Cristã e a Catequese de inspiração catecumenal: Cuidar para que a Palavra de Deus ocupe o lugar central, através da animação bíblica e da ação evangelizadora. Educar para a interação fé e vida, possibilitando desde o início a conscientização como pressuposto indispensável à libertação.

9 Promover a leitura orante da Bíblia. Conduzir ao encontro pessoal com Cristo através dos sacramentos, principalmente da Eucaristia. Orientar para que a vida sacramental seja expressão do compromisso social e comunitário do cristão. Envolver a família como corresponsável do processo de iniciação cristã. As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil afirmam que: A catequese de inspiração catecumenal, não é limitada a crianças. Trata-se de uma catequese permanente. A inspiração bíblica, catequética e litúrgica é condição fundamental para a iniciação cristã de crianças, bem como de adolescentes, jovens e adultos que não foram suficientemente orientados na fé e nas obras inspiradas pela fé. (n. 85). É necessário desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação na vida cristã, que conduza ao encontro pessoal com Jesus Cristo, no cultivo da amizade com Ele pela oração, no apreço pela celebração litúrgica, na experiência comunitária e no compromisso apostólico, mediante um permanente serviço aos demais. As muitas manifestações da piedade popular católica precisam ser valorizadas e estimuladas. (n. 86). Finalmente, vale a pena termos presente a palavra do Papa Francisco, dirigidas a todo o povo católico através da exortação Evangelii Gaudium. Voltamos a descobrir que também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial. O querigma é trinitário... Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: «Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar». Ao designar-se como «primeiro» este anúncio, não significa que o mesmo se situa no início e que, em seguida, se esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos. Por isso, também «o sacerdote, como a Igreja, deve crescer na consciência da sua permanente necessidade de ser evangelizado» (164) Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor duma formação supostamente mais «sólida». Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio. Toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de

10 qualquer tema que se desenvolve na catequese. É o anúncio que dá resposta ao anseio de infinito que existe em todo o coração humano (165) Outra característica da catequese, que se desenvolveu nas últimas décadas, é a iniciação mistagógica, que significa essencialmente duas coisas: a necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade e uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã (166) É bom que toda a catequese preste uma especial atenção à «via da beleza (via pulchritudinis). Anunciar Cristo significa mostrar que crer n Ele e segui- Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações. Nesta perspectiva, todas as expressões de verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma senda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus (167) Relativamente à proposta moral da catequese, que convida a crescer na fidelidade ao estilo de vida do Evangelho, é oportuno indicar sempre o bem desejável, a proposta de vida, de maturidade, de realização, de fecundidade, sob cuja luz se pode entender a nossa denúncia dos males que a podem obscurecer... é bom que nos possam ver como mensageiros alegres de propostas altas, guardiões do bem e da beleza que resplandecem numa vida fiel ao Evangelho (168) PERSPECTIVAS DE AÇÃO: Provocada pelos grandes desafios que se encontram na realidade metropolitana de Belém, estimulada por uma profunda convicção de que o Espírito Santo nos fortalece na caminhada da Evangelização na nossa Arquidiocese e fundamentada nas orientações claramente explicitadas nos documento da Igreja, a Assembleia Arquidiocesana definiu para os próximos anos indicações e perspectivas de ação a serem assumidas para que a Igreja de Belém concretize o compromisso de ser Igreja: casa da iniciação à vida cristã : INDICAÇÕES 1. Transição da catequese para a proposta da Iniciação Cristã nas paróquias, que leve a uma reestruturação de toda a pastoral catequética e que integre e envolva a Pastoral Familiar de conjunto. 2. Criação e/ou fortalecer a Escola da Fé dentro da Igreja para pastorais, grupos e movimentos, aberta a todos os fieis da paróquia, com aprofundamento de temas no campo religioso e no âmbito social. PERSPECTIVAS DE AÇÃO 1. Estruturar e apoiar as paróquias para que adotem e ponham em prática a Iniciação Cristã conforme o RICA e o catecumenato pós batismal,

11 evangelizando os batizados através de um querigma em vista do aprofundamento da fé através do conhecimento da doutrina e do magistério Igreja Católica Romana. 2. Organizar e oferecer programas de estudo e formação a toda a Arquidiocese, sobre a Lectio Divina, a vida de oração, discernimento vocacional, tempos litúrgicos, evangelização de crianças, adolescentes e jovens. URGÊNCIA 3: IGREJA: LUGAR DE ANIMAÇÃO BÍBLICA DA VIDA E DA PASTORAL A Igreja nasce e vive da Palavra de Deus". A Constituição Dogmática Dei Verbum do Vaticano II novamente trouxe à luz a centralidade da Palavra na liturgia, na pregação, na teologia e na vida cotidiana dos fiéis. A Igreja através do documento conciliar Dei Verbum nos possibilitou uma maior aproximação da Palavra de Deus e até fez uma declaração da mais alta importância para entendermos o que significa essa Palavra para nós: "a Igreja tem sempre venerado as divinas Escrituras, como tem feito pelo próprio Corpo do Senhor, não faltando nunca, sobretudo na sagrada liturgia, de nutrir-se do pão da vida da mesa, seja da Palavra de Deus seja do Corpo de Cristo, e de propô-lo aos fiéis" (Dei Verbum 21). Mais de cinquenta anos depois do Concílio podemos colher os frutos dessa reviravolta provocada pela Dei Verbum: a renovação bíblica operada na catequese, na liturgia, a difusão da Bíblia através das comunidades e movimentos e, sobretudo dos círculos bíblicos, o entusiasmo em estudar e conhecer mais profundamente a Palavra, animando novos leitores e ministros da Palavra, a valorização das celebrações da Palavra especialmente nos lugares distantes onde não há sacerdotes, o considerável aumento de subsídios e livros especializados, a prática ainda tímida, mas promissora da Lectio Divina em diferentes modalidades. Podemos dizer, com isso que o Concílio colocou de novo a Bíblia nas mãos dos fiéis e ela tornou-se aquilo que era no início da Igreja. Importa sempre mais ler, meditar, rezar, partilhar e viver a Palavra de Deus. A Bíblia ou Sagrada Escritura é a Palavra de Deus, é o livro que contém a Palavra de Deus. Falar isso tem uma importância fundamental para nós cristãos, pois não se trata aqui apenas do sentido figurativo ou simbólico: a Bíblia é realmente aquilo que é. Não é um livro qualquer, de histórias de um povo que tem fé, que crê em Deus, mas são as Palavras do próprio Deus traduzidas com caracteres e características humanas, reveladoras da vontade de Deus, manifestação do mistério. Nas letras ou palavras descobrimos que Deus está aqui, nos falando no hoje da vida pelo fato de ontem traduzido em palavras que o autor sagrado, inspirado, conseguiu comunicar. A Bíblia se torna por isso num verdadeiro sacramento, pois, torna presente ou comunica o que Deus quer de nós hoje.

12 A Palavra de Deus se fez carne e veio habitar entre nós, diz São João no seu evangelho (1,14), para testemunhar por sua fé aquilo que conviveu com o próprio Jesus palavra viva do Pai, imagem do Pai feita carne, um de nós. Essa Palavra só pode se tornar humano na carne de um ser humano que foi Maria, a ouvinte da Palavra que acolheu o mistério de Deus dentro de si: Maria foi fecundada pela Palavra porque ouvinte da Palavra pode transformar em seu pobre ser o Ser Divino. Sem Maria Deus não teria assumido a natureza humana, não teria havido o maravilhoso diálogo entre o céu e a terra do jeito que Deus queria. A redenção começou a acontecer naquela que escutou a Palavra de Deus e a praticou, sua fé a tornou a mais estreita e perfeita colaboradora de Deus na obra da redenção. Deus precisa de quem escuta sua Palavra ainda hoje para continuar a redenção até o fim dos tempos. Tudo isso vem nos questionar por tantos descuidos nossos em relação ao trato com o livro Sagrado, sobretudo em nossas celebrações, pois o lugar onde melhor se visibiliza a força da Palavra de Deus é exatamente nas nossas celebrações eucarísticas, em que se estreitam os laços de comunhão entre a mesa da Palavra (ambão) e seus respectivos sinais (lecionário, evangeliário ou mesmo a Bíblia) e a mesa da Eucaristia (o altar). Diz o Documento de Puebla: A sagrada escritura deve ser a alma da evangelização, mas não adquire so por si a clareza perfeita. Deve ser lida e interpretada dentro da fé viva da Igreja. A Palavra de Deus contida na Bíblia e na Tradição viva da Igreja é critério fundamental de evangelização (372) O Documento A Igreja se faz carne e arma sua tenda na Amazônia (1997) propõe aos católicos da Amazônia algumas atitudes fundamentais que devem inspirar as perspectivas evangelizadoras na Amazônia e uma delas é ser a Igreja Discípula da Palavra. A Igreja, como comunidade dos discípulos e discípulas do Senhor, é permanentemente chamada a se converter à Palavra de Deus e a ser por ela "evangelizada" dando testemunho de que realmente crê e vive aquilo que prega. A condição de Igreja discípula se concretiza num esforço cada vez maior por tornar a sua organização, palavra e ação mais inspiradas em Jesus Cristo, em sua vida e missão (22 e 23) Queremos, com toda a Igreja no Brasil, buscar a fonte da animação bíblica para toda a vida. Como Jesus junto ao poço de Sicar (cf. Jo 4,5-42), a Igreja também se sente obrigada a se assentar ao lado de homens e mulheres de hoje. Ela quer tornar o Senhor presente em suas vidas, para que possam encontrá-lo porque o seu Espírito é a única água que dá a vida verdadeira e eterna. Só Jesus pode ler as profundezas de nosso coração e revelar a verdade sobre nós mesmos: Ele me disse tudo o que eu fiz, confessa a mulher aos cidadãos seus companheiros. Esta palavra do anúncio está unida à pergunta que abre à fé: ele poderia ser o Messias? Quem recebe a vida nova do encontro com Jesus não pode deixar de proclamar a verdade e a esperança para outros. O pecador convertido torna-se um mensageiro da salvação e leva toda a cidade para Jesus. As pessoas vão além do acolhimento de seu testemunho para experimentar pessoalmente o encontro: Já não acreditamos por causa da sua palavra, mas nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do

13 mundo (Mensagem dos Padres Sinodais na XIII Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos). Enfim, o tempo que estamos vivendo vem nos dizer que a Palavra de Deus é um grande dom dado por Deus à sua Igreja e que nós devemos anunciá-la em todas as dimensões da vida de nossa Arquidiocese para que possamos colher os frutos de salvação e vida nova que ela opera em todos os que a escutam e a praticam, como Maria, a virgem que escutou e proclamou com sua vida a Palavra de Deus. PERSPECTIVAS EVANGELIZADORAS A Assembleia Arquidiocesana de 2012 ao refletir sobre essa urgência e sua relação com a nossa realidade, estabeleceu para concretiza-la as seguintes indicações e perspectivas de ação: INDICAÇÕES 1. Direcionamento das famílias, nas paróquias, para o contato, profundo e vivencial, com as Escrituras, como fonte de vida, de justiça e de paz, seguindo os ensinamentos de Jesus, e os documentos da Igreja,com especial ênfase a Familiaris consortio de João Paulo II. 2. Formação e a animação bíblico-pastoral para revitalizar o interesse e o gosto pela leitura da Palavra de Deus, em linguagem fácil de ser compreendida e acessível aos leigos, principalmente aos jovens, para que dela possam fazer uso no dia a dia e assim assumir que Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. PERSPECTIVAS DE AÇÃO 1. Criar ou fortalecer equipes de animação bíblica, com a específica missão de oferecer meios que aproximem as pessoas da Palavra de Deus, para conhecê-la, interpretá-la e pratica-la corretamente, proclamando-a como vida em abundância para todos. (cf. DGAE, n 94, DAp 248). 2. Revitalizar e animar o estudo permanente da Palavra, contextualizando-a a partir da nossa realidade, de modo que essa iniciativa seja acessível a todos e possa despertar o interesse e o gosto pela leitura da Bíblia. Poderemos valorizar mais ainda a Bíblia como companheira inseparável de nossa caminhada de fé, impulsionada pelo testemunho maravilhoso de Maria. URGÊNCIA 4 IGREJA: COMUNIDADE DE COMUNIDADES A s Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil ( ), nos dizem como Igreja que a busca sincera por Jesus Cristo faz surgir a correspondente busca por diversas formas de vida comunitária. Articuladas entre si na partilha da fé e na missão, estas comunidades se unem, dando lugar a verdadeiras redes de comunidades (n. 58). Mas, há necessidade de

14 que os participantes se articulem de modo a testemunhar a comunhão na pluralidade, pois para desenvolver Comunidade implica necessariamente convívio, vínculos profundos, afetividade, interesses comuns, estabilidade e solidariedade nos sonhos, nas alegrias e nas dores. Um dos maiores desafios consiste em iluminar com a Boa Nova, as experiências nos ambientes marcados por aguda urbanização, para as quais a vizinhança geográfica não significa necessariamente convívio, afinidade e solidariedade. Outro grande desafio encontra-se nos ambientes virtuais, onde a rapidez da comunicação e a liberdade em relação às distâncias geográficas tornam-se grandes atrativos. Essas situações configuram desafios para a ação evangelizadora, na medida em que nada substitui o contato pessoal (n. 59). Essa orientação nos leva como Arquidiocese a procurar com todo nosso ardor e coragem renovar nossas estruturas paroquiais, para que possamos com firmeza e alimentados pela Palavra, pela fraternidade, pela oração e pela Eucaristia, sinais da vitalidade da Igreja, ser presença eclesial junto aos mais simples, partilhando a vida e com ela se comprometendo em vista de uma sociedade justa e solidária seja na área urbana e nas ilhas que pertencem à nossa Arquidiocese. Assim reafirmamos nossa identidade de ser Igreja discípula da Palavra, testemunha do diálogo, servidora e defensora da vida, irmã da criação, missionária e ministerial, que assume a vida do povo, que se articula na paróquia como rede de comunidades e nas comunidades eclesiais de base (Conclusões de Santarém: memória e compromisso, 2012, p. 19 citado na carta do 1º. Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, Manaus AM, 31 de outubro de 2013). De acordo com o DA a Igreja é comunhão, para isso deverá ser lugar de formação permanente e testemunho. Para uma Igreja comunidade de comunidades, é imprescindível o empenho por uma participação de todos nos destinos da comunidade, pela diversidade de carismas, serviços e ministérios. Para isso, faz necessário promover: a articulação das ações evangelizadoras, através da pastoral orgânica e de conjunto, para evitar o contratestemunho da divisão e a competição entre grupos (DG, n. 104d). Muito se tem falado nesses últimos tempos sobre a Paróquia como comunidade de comunidades. A CNBB assumiu nesses últimos tempos a tarefa de estudar esse tema (cf. o Documento Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia Estudos da CNBB 104) O documento de Aparecida propõe para isso a conversão pastoral e a transformação das estruturas da Igreja. A conversão pessoal e a pastoral andam juntas, pois se fundam na experiência de Deus que as pessoas e as comunidades conhecem. As Diretrizes da Ação Evangelizadora reforçam que o caminho para que a paróquia se torne verdadeiramente uma comunidade de comunidades é inevitável, desafiando a criatividade, o respeito mútuo, a sensibilidade para o momento histórico e a capacidade de agir com rapidez. (86). Para que essa realidade aconteça, bispos, presbíteros e todo o Povo de Deus precisam assumir sua responsabilidade na revitalização das comunidades.

15 O Documento de Aparecida destaca o papel das CEBs na renovação paroquial: Mantendo-se em comunhão com seu bispo, e inserindo-se no projeto da pastoral diocesana, as CEBs se convertem em sinal de vitalidade na Igreja Particular. Atuando dessa forma, juntamente com os grupos paroquiais, associações e movimentos eclesiais, podem contribuir para revitalizar as paróquias, fazendo delas uma comunidade de comunidades (95). De um modo especial as expressões da piedade popular e suas manifestações nas novenas, peregrinações, festividades, tornem-se um instrumento valioso para a formação de pequenas comunidades e grupos de oração permanentes, iluminados e animados pela Palavra de Deus e a vivência dos Sacramentos. O CPP é o mediador principal da pastoral de conjunto, devendo seus membros como discípulos missionários estar constantemente preocupados e formados para chegar a todas as forças vivas e assegurar uma comunhão missionária. O Conselho de Assuntos Econômicos junto a toda a comunidade paroquial trabalhará para obter os recursos necessários, de maneira que a missão avance e se faça realidade em todos os ambientes. (DA n.203) A Celebração dos 400 anos em 2016 marcará a memória histórica e religiosa de presença da Igreja na Amazônia, por terem chegado aqui missionários, religiosos e padres seculares para anunciar a Boa Notícia aos seus habitantes e constituir a Igreja de Jesus. Essa celebração deverá nos fortalecer como Arquidiocese, Regiões Episcopais e Paróquias em vista da Igreja missionária, profética e fraterna. A Celebração do Ano Eucarístico em nossa arquidiocese deve preparar as pessoas em suas comunidades para a acolhida, as comissões de trabalho, a hospedagem, os grupos de canto e as celebrações. Tudo isso se torna um empenho para que possamos transformar cada vez mais a Arquidiocese de Belém em uma grande rede de comunidades espalhadas em todo o território da Arquidiocese. Essas comunidades devem ser eclesiais, ministeriais, participativas, acolhedoras, discípulas, missionárias de Jesus Cristo com suas celebrações vivas, valorizando e purificando a rica tradição popular religiosa. Essa rede de comunidades deve estar enraizada nos bairros, nos centros, nas periferias, nas ilhas, nas áreas rurais. Isso tudo vai ajudar a fortalecer a comunhão diante do pluralismo atual, a cultivar a unidade que valoriza as diversidades que enriquecem. Pode ajudar a redescobrir e valorizar a grandeza profética da vida religiosa, especialmente feminina, incentivar a ministerialidade da Igreja, e vai deslanchar um forte dinamismo missionário como também despertar vocações e serviços. PERSPECTIVA DE AÇÃO: A Assembleia Arquidiocesana de 2012 ao refletir sobre essa urgência e sua relação com a nossa realidade, estabeleceu para concretizá-la as seguintes indicações e perspectivas de ação:

16 INDICAÇÕES 1. Criação de pequenas comunidades urbanas e ribeirinhas, para a vivência da comunhão e evangelização, formando o laicato sobre a missão e o reino de Jesus Cristo, para torná-lo mais atuante e engajado no trabalho missionário, utilizando também os meios de comunicação como ferramentas. 2. Fortalecimento da pastoral de conjunto, formando verdadeira rede de comunidades, onde se promova o intercambio de conhecimento e colaboração entre todas as forças vivas, nas diferentes instâncias da realidade pastoral da Arquidiocese: grupos, comunidades, movimentos, paróquias e regiões episcopais. PERSPECTIVAS DE AÇÃO EVANGELIZADORA 1. Formar e sensibilizar as lideranças leigas para que se tornem agentes multiplicadores nas comunidades, com visão missionária, querigmática, ecumênica; e da animação bíblica, através de subsídios oferecidos pela Arquidiocese, para assumirem as comunidades, grupos e serviços. (pensar como Igreja), para a realização das ações previstas. 2. Incentivar a formação de mais grupos de partilha da Palavra, - cenáculos, grupos de oração, grupos de vida, CEBs e comunidades urbanas e ribeirinhas - com visitas nas comunidades e famílias com especial atenção aos jovens para evangelizá-las e acompanhá-las através de iniciativas como: maratonas, mutirões, ação global. URGÊNCIA 5: IGREJA A SERVIÇO DA VIDA PLENA PAR TODOS À luz do Concílio Ecumênico Vaticano II, através principalmente da Constituição Pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo de hoje, a Igreja no Brasil assume o SERVIÇO e o DIÁLOGO como uma exigência da Evangelização na linha sócio transformadora da sociedade à luz da Palavra de Deus. A Igreja reconhece como urgência da Evangelização nos dias de hoje o serviço da vida plena para todos. Os bispos da América Latina e Caribe, reunidos em Assembleia, assim afirmavam: A Igreja, ao proclamar o Evangelho, raiz profunda dos direitos humanos, não se arroga uma tarefa alheia à sua missão, mas, ao contrário, obedece ao mandato de Jesus Cristo ao fazer da ajuda ao necessitado uma exigência essencial de sua missão evangelizadora. (S. Domingo 165) Requer-se que as obras de misericórdia sejam acompanhadas pela busca de verdadeira justiça social que vá elevando o nível de vida dos cidadãos, promovendo-os como sujeitos de seu próprio desenvolvimento. (DA 385). Os discípulos missionários de Jesus Cristo temos a tarefa prioritária de dar testemunho do amor a Deus e ao próximo com obras concretas. Dizia S.

17 Alberto Hurtado: Em nossas obras, nosso povo sabe que compreendemos sua dor. (DA 388) No encontro de Santarém os bispos dos regionais Norte I e II e Noroeste da CNBB reafirmavam como compromisso da Igreja na região: Defesa de todas as formas de vida acima de tudo da vida humana da bio e da sócio diversidade e da sustentabilidade, a partir das culturas indígenas, quilombolas e ribeirinhas e dos projetos de bem viver de nossos povos. (pag. 16) As Diretrizes da Ação Evangelizadora no Brasil para o período assim se expressam: A Igreja no Brasil sabe que nossos povos não querem andar pelas sombras da morte. Têm sede de vida e felicidade em Cristo. Por isso, proclama com vigor que as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os discípulos missionários a maior compromisso a favor da cultura da vida (n. 62) No 1º. Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal (2013) os bispos da região assumiram o seguinte compromisso: Reafirmamos nossa identidade de ser igreja discípula da Palavra, testemunha do diálogo, servidora e defensora da vida, irmã da criação, missionária e ministerial, que assume a vida do povo, que se articula na paróquia como rede de comunidades e nas comunidades eclesiais de base. (Carta do 1º. Encontro) Finalmente, o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium reafirma de forma incontestável a relação profunda entre Evangelização e compromisso social: Confessar um Pai que ama infinitamente cada ser humano implica descobrir que «assim lhe confere uma dignidade infinita». Confessar que o Filho de Deus assumiu a nossa carne humana significa que cada pessoa humana foi elevada até ao próprio coração de Deus. Confessar que Jesus deu o seu sangue por nós impede-nos de ter qualquer dúvida acerca do amor sem limites que enobrece todo o ser humano. A sua redenção tem um sentido social, porque «Deus, em Cristo, não redime somente a pessoa individual, mas também as relações sociais entre os homens». Confessar que o Espírito Santo actua em todos implica reconhecer que Ele procura permear toda a situação humana e todos os vínculos sociais (178) Desde o Vaticano II em todos os documentos a Igreja também aponta para a necessidade do diálogo como marca da Evangelização, tanto na vida interna da Igreja como no diálogo ecumênico. Neste sentido recordamos o documento de Santo Domingo, lembrando o Papa Paulo VI: O ecumenismo é uma prioridade na pastoral da Igreja do nosso tempo (Paulo VI) (135). Os bispos também orientavam para o compromisso de: Avivar a oração em comum pela unidade dos cristãos (135). Manter e reforçar programas e iniciativas de cooperação conjunta no campo social e na promoção dos valores comuns (135) Nesta perspectiva a Arquidiocese de Belém orientará suas ações pastorais nos próximos quatro anos na formação de suas forças vivas para o exercício da caridade e para uma cultura de paz com abrangência em todas as áreas da vida

18 social, econômica, política, educacional, direitos humanos, lazer, meio ambiente e ecologia. Esforços serão feitos, buscando novos parceiros e voluntários, para incrementar a solidariedade e as ações caritativas, como cursos de capacitação / profissionalização e geração de renda, entre outros. Torna-se necessária e urgente a formação para o diálogo ecumênico e interreligioso preconizado nos documentos conciliares Unitatis Redintegratio e Nostra Aetate. Esforços serão orientados também para uma formação humana e espiritual dentro das escolas, como meio de alcançar toda a comunidade escolar e as famílias. Nesta direção serão desenvolvidos programas e ações da Pastoral Ecumênica, das Pastorais Sociais, Cáritas Arquidiocesana, Campanhas da Fraternidade, Organismos e grupos voltados à solidariedade e justiça social. Para manter viva e presente esta dimensão na Catequese, Liturgia e Animação Missionária, serão concretizadas nas indicações e perspectivas de ação definidas pela Assembleia Arquidiocesana INDICAÇÕES 1. Capacitação das forças vivas, trabalhando como Igreja em diálogo permanente em favor da vida e da justiça combatendo todas as formas de morte, para ir ao encontro das pessoas mais pobres e necessitadas e apoiar as lutas presentes no seu cotidiano, com um trabalho de visitação intensivo e acolhida às famílias e como um meio de transmitir esperança, fé e compromisso com a vida. 2. Diálogo permanente, favorecendo a evangelização a favor da vida, sempre em comunhão com os mais pobres, apoiando-os em suas necessidades e estando presente em seu meio, assim como nos pede Jesus Cristo. PERSPECTIVAS DE AÇÃO 1. Promover a formação das forças vivas para o exercício da caridade e para uma cultura de paz com abrangência em todas as áreas da vida social, econômica, política, educacional, lazer, meio ambiente e ecologia, buscando novos parceiros e voluntários para incrementar a solidariedade e as ações caritativas realizadas pela Igreja, como cursos de capacitação/profissionalizante para geração de renda. 2. Promover a formação humana e espiritual dentro das escolas, de forma ecumênica, como meio de alcançar toda comunidade escolar e as famílias.