Estrutura epidemiológica dos problemas de saúde: o agente, o hospedeiro e o ambiente
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- Sebastião Paiva de Sequeira
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1 Estrutura epidemiológica dos problemas de saúde: o agente, o hospedeiro e o ambiente IESC/UFRJ Mestrado em Saúde Coletiva Especialização em Saúde Coletiva Modalidade Residência Professores: Antonio José Leal Costa e Pauline Lorena Kale 2009
2 Epidemiologia É o estudo da distribuição do estado de saúdedoença`(ou de eventos a ele relacionados) e de seus determinantes em populações específicas, e a aplicação desse estudo para o controle dos problemas de saúde. (Last, JM. A Dictionary of Epidemiology, 2nd ed. New York, Oxford University Press, 1988).
3 Pressupostos básicos da epidemiologia A ocorrência e distribuição dos eventos relacionados à saúde não se dão por acaso. Existem fatores determinantes das doenças e agravos da saúde que, uma vez identificados, precisam ser eliminados, reduzidos ou neutralizados.
4 Objetivos da Epidemiologia 1) identificar a causa (etiologia) e fatores de risco - base para os programas de prevenção e redução de morbi-mortalidade; 2) determinar a carga da doença (burden of disease) na comunidade - crítico para o planejamento dos serviços de saúde e treinamento de recursos humanos; 3) estudar a história natural e prognóstico das doenças - propor intervenções, analisar a efetividade e custo das mesmas; 4) avaliar as medidas terapêuticas e de prevenção (antigas e novas) e os serviços/sistemas de assistência à saúde; 5) prover a fundamentação de políticas públicas e de regulação relacionadas com problemas ambientais. Epidemiologia: saúde pública e prática clínica (Gordis L. Epidemiology. 3rd ed. Pennsylvania: Elsevier Saunders, 2004)
5 Epidemiologia, séculos XVIII e XIX Exemplos: Doenças carenciais: Lind escorbuto (deficiência de vitamina c) estudo experimental em tripulações de navio Goldberger pelagra (deficiência de niacina VitB3 ou vit PP) estudo experimental em orfanatos e presídios Doenças infecciosas: Jenner varíola experimento vacina John Snow epidemia de cólera em Londres em 1854 experimento natural suprimento de água. Semmelwies comparação do perfil de mortalidade entre 2 maternidades febre puerperal x lavar as mãos Intervenção visando o controle, mesmo sem conhecer seu agente etiológico Segunda metade do século XIX microbiologia
6 A tríade epidemiológica/ecológica das doenças Gordis,L Epidemiology UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Estrutura Epidemiológica Hospedeiro Vetor Agente Ambiente
7 Modelo da História Natural das Doenças Inter-relação entre AGENTE, SUSCETÍVEL e AMBIENTE estímulo à doença Período Pré-patogênese Morte defeito, invalidez Horizonte clínico sinais e sintomas alterações dos tecidos interação -->suscetível - estímulo Reação --> RECUPERAÇÃO Período de patogênese
8 Estratégias primárias de prevenção Estrutura Epidemiológica Hospedeiro Aumentar a resistência do hospederio ao agente (ex: vacinação) Vetor Agente Ambiente Matar o agente e/ou o vetor (ex: uso de pesticidas) Gordis,2000; Szklo, Tornar o ambiente hostil ao agente e/ou vetor (ex:armazenamento de alimentos em temperaturas baixas)
9 Agente (fatores etiológicos) Biológicos (microrganismos) Químicos (mercúrio, álcool, medicamentos) Físicos (trauma, calor, radiação) Nutricionais (carência, excesso)
10 Idade Hospedeiro (fatores que influenciam a exposição, a susceptibilidade ou a resposta aos agentes) Sexo Estado civil Ocupação Escolaridade Características genéticas História patológica pregressa Estado imunológico Estado emocional
11 Ambiente (fatores que influenciam a existência do agente, sua susceptibilidade e seu contato com o hospedeiro) Determinantes físico-químicos (temperatura, umidade, poluição, acidentes) Determinantes biológicos (acidentes, infecções) Determinantes sociais (comportamentos, organização social)
12 Doenças infecciosas Parasitismo: interação negativa na qual uma das espécies, ou parasito, é metabolicamente dependente de outra espécie, ou hospedeiro, daí resultando efeitos adversos para esta; Parasita: Macroparasitas: que podem ser quantificados facilmente (ex: tênia) Microparasitas: em geral não são quantificados diretamente e são microscópicos (vírus, bactérias, fungos e protozoários)
13 Doenças infecciosas Infecção - penetração, desenvolvimento ou multiplicação de um determinado agente infeccioso no organismo humano ou animal. agudas x crônicas transmissíveis x não transmissíveis (ex: tétano) Transmissível - doença cujo agente etiológico é vivo e transmissível (pode haver fase intermediária no ambiente); Contagiosa - doenças infecciosas - transmissão direta (infectado sadio) ex: tuberculose, hanseníase, sarampo e AIDS
14 Doenças infecciosas - agente Agente infeccioso - ser vivo (vírus, bactéria, protozoário, helminto, rickétsia, fungo) que na sua forma adulta é capaz de num novo hospedeiro gerar (ou não) a infecção Infectividade - capacidade de infectar (gripe-vírus tem alta infectividade e fungo tem baixa) Patogenicidade - capacidade de causar doença (manifesta) =casos/infectados Virulência - capacidade de gerar casos graves = casos graves/casos Dose infectante -centésimo de miligrama da toxina botulínica Imunogenicidade - sarampo (imunidade duradoura) Estabilidade antigênica influenza (baixa estabilidade)
15 Doenças infecciosas - hospedeiro Relações entre bioagentes x hospedeiros Resistência natural : existe a priori do contato com o agente; independe de estímulo específico; Imunidade resistência ao desenvolvimento de determinado agente imunidade passiva: natural transplacentária; artificial soro imunidade ativa: natural infecção artificial vacina Imunidade de Grupo: barreira imunológica constituída pelos indivíduos imunes em uma dada população
16 Situação 1: Todos os indivíduos são suscetíveis A Imunidade de grupo B D E Caso Sadio (Szklo, 2004) C F G Total de casos= 7
17 Situação 2: o indivíduo C é imune A Imunidade de grupo B D E Caso Sadio Imune (Szklo, 2004) C F G Total de casos= 4
18 Reservatórios Seres humanos Portador passivo Portador ativo Portador convalescente Portador crônico Outros animais Vegetais Veículos água, alimentos, fômites, ar, sangue, insetos
19 Transmissão Transmissão direta: infectado-->suscetível Contato direto (imediato): DST, hepatite B, AIDS Contato indireto (mediato - mão, fômites, secreções oronasais): tuberculose, sarampo, influenza Transmissão indireta : precisam de veículo ou hospedeiro intermediário Contaminação ambiental: giardia, hepatite A Vetor biológico: dengue Sangue e derivados: hepatites b e c Hospedeiro intermediário (esquistossomose, malária) Transmissão vertical:hiv, sífilis
20 Interação parasito-hospedeiro Período de incubação: intervalo entre a infecção e o início dos sintomas Virulência da cepa Dose infectante Suscetibilidade do hospedeiro Período de latência: durante o período de incubação existe um período de latência antes do hospedeiro passar a ser transmissor da doença Tempo de geração: Intervalo entre a ocorrência do caso índice e dos casos secundários Período de latência + período de transmissibilidade
21 Interação parasito-hospedeiro Períodos de incubação, latência e transmissibilidade para alguns agentes infecciosos Períodos (dias) Infecção Incubação Latência Transmissibilidade Sarampo 8 a 13 6 a 9 6 a 7 Difteria 2 a 5 14 a 21 2 a 5 Poliomielite 7 a 12 1 a 3 14 a 20 Hepatite B 30 a a a 22
22 Dinâmica de transmissão de doenças infecciosas In: MASSAD, E. Epidemiologia matemática. Médicos HC-FMUSP, Ano I no 3 julho-agosto/98.
23 Dinâmica de transmissão de doenças infecciosas In: MASSAD, E. Epidemiologia matemática. Médicos HC-FMUSP, Ano I no 3 julho-agosto/98.
24 Dinâmica de transmissão de doenças infecciosas Fluxo de indivíduos num modelo compartimental gráfico simples do sarampo (P) bebês com proteção maternal ao sarampo, (S) susceptíveis (E) indivíduos que estão em periodo de latência (I) infecciosos (R) todos os indivíduos imunes ou removidos do processo de transmissão Notar o fluxo devido à imunização por meio de vacinação em massa de indivíduos susceptíveis que são deslocados para o compartimento dos removidos.
25 Dinâmica de transmissão de doenças infecciosas Reprodutibilidade basal (R0): determinada por fatores biológicos inerentes ao agente e a fatores do meio que intermediam a probabilidade de contatos efetivos Microparasitos: número de infecções secundárias produzidas por um único indivíduo infectado em população inteiramente suscetível ao agente Macroparasitos: número médio de descendentes de um parasito adulto que atingem a idade reprodutiva R0 > 1 : aumento do número de casos (epidemias) R0 = 1 : estabilização do número de casos (endemias) R0 < 1 : diminuição do número de casos (controle, erradicação)
26 Dinâmica de transmissão de doenças infecciosas Estratégias de intervenção em saúde pública: Reduzir R para In: MASSAD, E. Epidemiologia matemática. Médicos HC-FMUSP, Ano I no 3 julho-agosto/98.
27 FIM
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