Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº SP (2008/ ) RELATOR AGRAVANTE : MINISTRO MASSAMI UYEDA : JUÍZO DE DIREITO DA 12A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO : JUÍZO DE DIREITO DA 9A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO : JUÍZO DA 78A VARA DO TRABALHO DE SÃO EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - CONFLITO PELA PARTE - REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 115 DO CPC - INEXISTÊNCIA - DISSÍDIO ENTRE OS JUÍZOS - NÃO-OCORRÊNCIA - AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, a Seção, por unanimidade, negar provimento ao Agravo Regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Luis Felipe Salomão, Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), Fernando Gonçalves, Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo Furtado (Desembargador convocado do TJ/BA). Brasília, 27 de maio de 2009(data do julgamento) MINISTRO MASSAMI UYEDA Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/06/2009 Página 1 de 7

2 AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº SP (2008/ ) RELATOR AGRAVANTE : MINISTRO MASSAMI UYEDA : JUÍZO DE DIREITO DA 12A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO : JUÍZO DE DIREITO DA 9A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO : JUÍZO DA 78A VARA DO TRABALHO DE SÃO RELATÓRIO EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA(Relator): Trata-se de agravo regimental interposto por CARLOS ROBERTO LEITE DE MORAES contra decisão desta relatoria, prolatada nos seguintes termos: "Trata-se de conflito de competência estabelecido por CARLOS ROBERTO LEITE DE MORAES em face do JUÍZO DE DIREITO DA 12ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO, JUÍZO DE DIREITO DA 9ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO e do JUÍZO DA 78ª VARA DO TRABALHO DE SÃO, em razão de decisões contraditórias proferidas pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e pela Justiça do Trabalho do Tribunal Regional da 2ª Região, referente à incidência de ônus sobre imóvel leiloado em reclamação trabalhista. O suscitante, em síntese, alega que arrematou imóvel penhorado em garantia de créditos trabalhistas. Assevera, outrossim, que no edital de praça e leilão do referido bem não constava qualquer dívida pendente sobre o imóvel, mas que após a arrematação identificou débitos de IPTU e taxas condominiais. Demais disso, sustenta que, instada a decidir, a 78ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO afastou a responsabilidade do arrematante pelo pagamento das despesas condominiais em atraso que venceram até a data da expedição da carta de arrematação, ao fundamento de que essas dívidas não podem prevalecer sobre os direitos trabalhistas. No entanto, a 12ª VARA CÍVEL e a 9ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO PAULO decidiram em sentido contrário nas duas ações de cobrança de taxas condominiais em curso. A primeira determinou que o suscitante deveria responder pelos débitos do imóvel adquirido, encontrando-se em sede de Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/06/2009 Página 2 de 7

3 apelação. Na segunda, já na fase de cumprimento de sentença, incluiu o arrematante no pólo passivo da demanda, decisão que foi objeto de agravo de instrumento, pendente de julgamento. Por fim, assegura que a jurisprudência sobre a matéria determina a prioridade dos créditos trabalhistas em relação aos demais, independentemente da anterioridade da penhora que recai sobre o bem do devedor. Assim, diz competente a Justiça do Trabalho para a resolução das questões incidentes, relativas à arrematação. O Ministério Público Federal opinou pelo não-conhecimento do conflito de competência. É o relatório. Com efeito. O suscitante alega a existência de conflito de competência entre a Justiça especializada e a Justiça comum, referente à obrigação de pagar taxas condominiais e IPTU em atraso de imóvel arrematado em leilão judicial, ônus que não constou no edital. Todavia, não se tem por configurada quaisquer das hipóteses contidas no artigo 115 do CPC, pois inexiste mais de um Juiz que tenha se declarado competente ou incompetente para apreciar a questão. Nesse sentido: "PROCESSO CIVIL. CONFLITO. COMPETÊNCIA. 1. O conflito apenas se dá quando dois ou mais juízes se declaram competentes para conhecer de determinada causa (conflito positivo) ou se consideram incompetentes para dela conhecer. 2. (...) 3. Conflito de competência não conhecido." (CC /SP, Min. FERNANDO GONÇALVES, DJ ) Assim, não se conhece do conflito de competência." Alega o agravante, em síntese, que, não obstante inexistam juízes manifestando-se expressamente como competentes para solucionar a controvertida questão de mérito, inegável que existem decisões judiciais conflituosas e contraditórias, sendo de rigor o conhecimento do conflito suscitado. Assevera, outrossim, que este Tribunal enfrentou questão similar, recentemente, tendo optado por conhecer os conflitos suscitados, a fim de evitar decisões conflitantes, prolatadas por juízes vinculados a Tribunais diferentes. Ao final, requer seja declarada a competência da 78ª Vara do Trabalho de São Paulo, anulado as decisões dos Juízos Cíveis da Justiça Paulista (12ª e 9ª Varas Cíveis do Foro Central da Comarca de São Paulo). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/06/2009 Página 3 de 7

4 AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº SP (2008/ ) EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - CONFLITO PELA PARTE - REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 115 DO CPC - INEXISTÊNCIA - DISSÍDIO ENTRE OS JUÍZOS - NÃO-OCORRÊNCIA - AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. VOTO EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA(Relator): O inconformismo não merece prosperar. Com efeito. Segundo o artigo 115 do CPC, surge o conflito de competência quando se verificam as condições ali estabelecidas, nos seguintes termos: "Art Há conflito de competência: I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes; II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes; III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos." In casu, não há se falar que os Juízos suscitados praticaram atos que revelem a competência de cada um sobre a mesma causa, por isso inexiste o conflito de competência alegado. Assim já se decidiu neste Tribunal: "DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA DO TRABALHO E ESTADUAL. EXECUÇÃO DE CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO REMANESCENTE DE RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. CONCURSO DE CREDORES. AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. FAZENDA PÚBLICA. NÃO SUBMISSÃO. - Se não há, na acepção processual disposta no art. 115, inc. I, do CPC, a declaração de competência para julgar a mesma causa, emanada de dois ou mais juízos, notadamente por imperar a necessidade de se estar diante de causa única, inexiste conflito positivo de competência. - Instauração de concurso de credores pela Justiça Comum fora das hipóteses legais. - Execução, na Justiça do Trabalho, na qual remanesce apenas crédito previdenciário, decorrente de acordo obtido em reclamatória trabalhista, o qual não se sujeita à cobrança por meio de concurso de credores, conforme estabelecem os arts. 187 do CTN e 29 da Lei n.º 6.830/80. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/06/2009 Página 4 de 7

5 Conflito não conhecido." (CC /RJ, Rel. Ministra ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO,DJ 08/11/2007) NANCY "COMPETÊNCIA. AGRAVO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONFLITO PELA PARTE. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL E JUSTIÇA TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE DISSÍDIO ENTRE OS JUÍZOS. - Não há o conflito, se o que se alega não se enquadra no art. 115 do CPC. Agravo não provido." (AgRg no CC /RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, DJ 06/12/2004) "CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. DECISÕES DE JUÍZOS DIVERSOS EM CONFRONTO. NÃO-CONFIGURAÇÃO. 1. Só há conflito positivo de competência quando dois ou mais juízes se considerem competentes para o julgamento duma mesma causa. O confronto de decisões prolatadas por Juízos diversos em causas distintas não configura conflito de competência na forma do Art. 115 do CPC. Tal choque deve resolver-se mediante os meios recursais próprios. 2. Conflito não-conhecido." (CC /AM, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, SEGUNDA SEÇÃO, DJ 07/06/2004) Nega-se, portanto, provimento ao agravo regimental. É o voto. MINISTRO MASSAMI UYEDA Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/06/2009 Página 5 de 7

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA SEÇÃO AgRg no Número Registro: 2008/ CC / SP Números Origem: EM MESA JULGADO: 27/05/2009 Relator Exmo. Sr. Ministro MASSAMI UYEDA Presidenta da Sessão Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. PEDRO HENRIQUE TÁVORA NIESS Secretário Bel. RICARDO MAFFEIS MARTINS AUTOR AUTOR RÉU AUTOR RÉU AUTUAÇÃO : JUÍZO DE DIREITO DA 12A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO : JUÍZO DE DIREITO DA 9A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO : JUÍZO DA 78A VARA DO TRABALHO DE SÃO ASSUNTO: Civil - Direito das Coisas - Propriedade - Condomínio - Condômino - Deveres AGRAVANTE AGRAVO REGIMENTAL : JUÍZO DE DIREITO DA 12A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/06/2009 Página 6 de 7

7 : JUÍZO DE DIREITO DA 9A VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO : JUÍZO DA 78A VARA DO TRABALHO DE SÃO CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Seção, por unanimidade, negou provimento ao Agravo Regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Luis Felipe Salomão, Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), Fernando Gonçalves, Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo Furtado (Desembargador convocado do TJ/BA). Brasília, 27 de maio de 2009 RICARDO MAFFEIS MARTINS Secretário Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/06/2009 Página 7 de 7