O Subtexto é uma teia de incontáveis movimentos interiores, toda sorte de imaginações, que nos faz dizer as palavras que dizemos de um determinado

Transcrição

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2 1. Subtexto

3 O Subtexto é uma teia de incontáveis movimentos interiores, toda sorte de imaginações, que nos faz dizer as palavras que dizemos de um determinado texto. Somente quando os nossos sentimentos mergulham na corrente subtextual é que nossa fala começa a produzir um efeito mágico sobre os ouvintes.

4 Filho, por que você chegou tarde, ontem?

5 O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria, aperta e daí afrouxa, sossega depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza. O certo era a gente estar sempre bravo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundas. Podia?

6 2. Pausa Lógica

7 Pausa lógica está relacionada com a gramática da língua. Ela respeita os sinais de pontuação. Ela contribui para a compreensão do texto. Ela é formal, está submetida a regras. Ela serve ao nosso cérebro. Está a serviço da RAZÃO

8 3. Pausa Psicológica

9 A pausa psicológica é um silêncio eloquente; Dá vida aos pensamentos, frases, orações. Ajuda a transmitir o conteúdo subtextual das palavras. Sem a pausa psicológica o texto não tem vida. Ela transborda conteúdo interior. Serve aos nossos SENTIMENTOS.

10 A pausa psicológica invade com ousadia a pausa lógica. Ela tem o direito de substituir a pausa lógica, porém sem destruí-la. A pausa psicológica tem o poder de afetar a emoção, a memória e os sentimentos dos ouvintes.

11 Paula, eu quero te dizer uma coisa muito séria. Se você for embora, eu não sei se consigo viver sem você. Você é para mim semelhante ao ar, sem ele, com certeza, eu morrerei.

12 O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria, aperta e daí afrouxa, sossega depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

13 4. Entonação

14 Entonação é o movimento ascendente e descendente das inflexões realizadas sobre determinadas palavras ao longo de uma frase. É a emoção da voz.

15 O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria, aperta e daí afrouxa, sossega depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza.

16 5. Palavra expressiva ou destaque

17 Devemos descobrir em cada frase a palavra chave e realçá-la com uma entonação diferenciada das outras palavras.

18 Eu gosto muito de você.

19 O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria, aperta e daí afrouxa, sossega depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O certo era a gente estar sempre bravo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundas. Podia?

20 6. O ritmo das falas

21 O ritmo é a rapidez ou a lentidão do andamento das palavras pronunciadas dentro de uma frase.

22 O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria, aperta e daí afrouxa, sossega depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza.

23 Exercitando os conceitos

24 TEMPUS FUGIT TCC CARPE DIEM

25 1. Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia. Foi levado à sua presença à sua presença um pirata, que por ali roubava os pescadores. Alexandre o repreendeu muito pelo seu mau ofício: porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, porque eu roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, que roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito poder, os Alexandres. (Pe. Antonio Vieira)

26 2. O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias? Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costela, limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados, Zacarias.(João Cabral de Melo Neto)

27 3. Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus... Ó mar! por que não apagas Coa esponja de tuas vagas de teu manto este borrão? Astros! Noite! Tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!( Castro Alves)

28 4. Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho à noite, Mais prazer encontro eu lá Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores Que tais não encontro eu cá, Em cismar - sozinho, à noite - Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.(Gonçalves Dias)

29 5. A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. (Vinicius de Moraes)

30 8.Viver é um negócio muito perigoso... porque ainda não se sabe. Porque aprender a viver é que é viver mesmo. O sertão me produziu, depois me engoliu, depois me cuspiu do quente da boca. Sertão é onde manda quem é forte com as astúcias. Deus mesmo quando vier, que venha armado! E bala é um pedacinhozinho de metal... O sertão está em toda a parte, é do tamanho do mundo. O sertão é o sozinho. O sertão é dentro da gente. (Guimarães Rosa)

31 6. Severino retirante, deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte da vida; nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga, é difícil defender, só com palavras, a vida, ainda mais quando ela é esta que vê, severina; mas se responder não pude à pergunta que fazia, ela, a vida, a respondeu com sua presença viva. E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena explosão, como a ocorrida; mesmo quando é explosão de uma vida Severina. Severino, retirante, venha a nós se juntar, pois vamos comemorar, mais esta vida que acabou de chegar. (João Cabral)

32 7. Café com pão / Café com pão / Café com pão Virge Maria que foi isso maquinista? Agora sim/ Café com pão/ Agora sim/ Voa, fumaça/ Corre, cerca / Ai seu foguista/ Bota fogo / Na fornalha/ que eu preciso/ Muita força / Muita força / Muita força Foge, bicho / Foge, povo/ Passa ponte/ Passa poste/ Passa pasto/ Passa boi/ Passa boiada/ Passa galho/ De ingazeira/ Debruçada/ No riacho/ Que vontade de cantar! Quando me prendero/ No Canaviá/ Cada pé de cana/ Era um oficiá/ Menina bonita/ Do vestido verde/ Me dá tua boca/ Prá matá minha sede/ Vou mimbora vou mimbora/ Não gosto daqui/ Nasci no sertão/ Sou de Ouricuri/ Vou depressa/ Vou correndo/ Vou na toda/ Que só levo/ Pouca gente/ Pouca gente/ Pouca gente... (Manuel Bandeira)