Plantas transgênicas: avaliando riscos e desfazendo mitos

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Plantas transgênicas: avaliando riscos e desfazendo mitos"

Transcrição

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE PLANTAS DE LAVOURA Plantas transgênicas: avaliando riscos e desfazendo mitos Profª. Carla Andréa Delatorre Porto Alegre-RS

2 2 CATALOGAÇÃO INTERNACIONAL NA PUBLICAÇÃO D331p Delatorre, Carla Andréa Plantas transgênicas: avaliando riscos e desfazendo mitos / Carla Andréa Delatorre Porto Alegre : Departamento de Plantas de Lavoura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul : Evangraf, p. 1. Plantas transgênicas. 2. Melhoramento genético vegetal. 3. DNA: I. Título. CDD: CDU: 633 Catalogação na publicação: Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS Departamento de Plantas de Lavoura. Faculdade de Agronomia. UFRGS. Av. Bento Gonçalves, 7712 CEP Porto Alegre/RS Fone: (51) / Fax: (51) plantas@ufrgs.br

3 3 SUMÁRIO Introdução... 5 O poderoso DNA... 6 Como se produz uma planta transgênica?... 8 Vantagens do uso da transgenia no melhoramento de plantas... 9 Plantas transgênicas e a saúde de consumidores Alergias Transferência de DNA e resistência a antibióticos Ingestão de DNA e transferência de doenças Produção de novas toxinas Aumento da concentração de metais pesados Redução nos valores nutricionais Plantas transgênicas: impactos ao ambiente Fluxo gênico para plantas silvestres Fluxo gênico entre cultivares Esvaziamento genético Liberação de proteínas GM no solo Aumento de fungos tóxicos no ambiente Desenvolvimento de super pragas e plantas invasoras Plantas transgênicas os primeiros produtos Produtos em desenvolvimento Produtos para o futuro Plantas transgênicas em expansão E o Brasil? Agradecimentos... 36

4 4

5 5 INTRODUÇÃO A grande polêmica que se desenvolve ao redor de plantas transgênicas, englobadas dentro dos organismos geneticamente modificados (OGM), gera discussões com posições mais de cunho ideológico do que científico. Desta forma, as informações que chegam à população são em sua maioria parciais e truncadas, não permitindo que a mesma possa ter uma idéia clara do que são as plantas transgênicas, que benefícios e que riscos podem trazer consigo, impossibilitando a formação de uma posição consciente sobre o assunto. Este tema é apresentado aqui mostrando as diferenças entre as plantas transgênicas e as plantas melhoradas de forma tradicional, destacando as possibilidades da técnica. Toda nova tecnologia que traz consigo benefícios deve ser avaliada com relação a riscos. É importante que ambos sejam conhecidos para que na utilização da tecnologia possa-se maximizar os benefícios e minimizar os riscos. Devido à paixão com que se discute, há a tendência de se desconsiderar ou exacerbar os riscos. Busca-se por isso, discutir os principais riscos da utilização de plantas transgênicas e desmistificar conceitos não apropriados. Boa parte dos riscos pode ser eliminada ou reduzida com o aprimoramento da tecnologia. Objetiva-se com este trabalho, esclarecer os principais pontos de discussão sem a paixão ideológica, mas com o conhecimento técnico-científico. Os mitos precisam ser desfeitos para que se possa conviver com as inovações da ciência de forma plácida e para que não sejam comprometidas as futuras gerações.

6 6 O PODEROSO DNA Todo organismo vivo (bactérias, fungos, algas, plantas e animais) possui um genoma. O genoma abriga as informações genéticas de cada ser, ele está presente em todas as células de cada organismo e define todas as suas características. Cada espécie possui um genoma diferente, e de tamanho diferente. Em todos os seres vivos o genoma é composto do mesmo tipo de molécula, o DNA. O DNA é formado por uma fita dupla de nucleotídeos (Figura 1). A seqüência e a disposição destes nucleotídeos determina a informação genética. Em cada genoma estão contidos milhares de genes, que são fragmentos de DNA que codificam as proteínas que serão produzidas, dando ao organismo suas características. A presença de DNA nos organismos vivos é universal e em todos os organismos ele tem a mesma função e atua de forma similar. Assim, se todas as características de um organismo estão definidas em seu DNA, podemos identificar aquelas que nos interessam e transferi-las para outro organismo. Isto tem sido feito pelo homem há milhares de anos, inicialmente de uma forma intuitiva e nos últimos séculos cientificamente através do melhoramento. Quando dois indivíduos reproduzem-se sexualmente, ocorre troca de DNA entre eles (presente nos gametas) e esta troca permite a combinação de características dos indivíduos pais nos indivíduos filhos. No melhoramento de plantas são escolhidos indivíduos que possuem características que interessam, como por exemplo, resistência a uma doença e cruzados com outros indivíduos que tenham outras características de interesse como alta pro-

7 7 dutividade. Neste caso, selecionam-se os filhos deste cruzamento que apresentarem ambas características, resistência à doença e alta produtividade, neste caso. Em geral, as trocas de DNA se dão entre indivíduos de mesma espécie, entretanto, é sabido que eventualmente ocorrem trocas entre espécies diferentes. Um exemplo é o trigo, o qual foi formado há milhares de anos pela natureza ao combinar o genoma de três espécies diferentes. Outro exemplo, mais recente e onde a mão do homem esteve envolvida, é o triticale, formado pela combinação do genoma do trigo com o genoma do centeio. Figura 1: Molécula de DNA. Fita dupla de nucleotídeos pareada através das bases nitrogenada Estes exemplos, de trocas de pequenos fragmentos de DNA ou de combinação de genomas inteiros, mostram que a universalidade do DNA permite a expressão da característica de um organismo em outro, se o DNA que expressa aquela característica for transferido.

8 8 Essa capacidade aliada ao maior conhecimento do DNA permitiu o desenvolvimento da técnica de transgenia. * * * COMO SE PRODUZ UMA PLANTA TRANSGÊNICA? O estudo do DNA tem permitido identificar quais características são conferidas por cada segmento de DNA. Para isso, é necessária a identificação dos genes e dos chamados promotores, fatores necessários para que cada característica seja promovida no momento e no local certo. Estas informações, aliadas ao aprimoramento das técnicas de manipulação do DNA, permitiram que a técnica de transgenia pudesse ser desenvolvida e os transgênicos produzidos. No processo de transgenia identifica-se e isola-se o segmento de DNA que confere a característica que se tem interesse. A seguir, acrescenta-se o promotor adequado, para que a característica se manifeste no momento e no local que se deseja. Por fim, insere-se este segmento de DNA ao genoma do organismo que se quer modificar. A transferência do gene para o organismo que se quer modificar também requer técnicas específicas. Existem técnicas diretas, onde o segmento de DNA de interesse é inserido nú em células do organismo, e estas são cultivadas para que produzam plantas completas. Outras técnicas são indiretas, o gene de interesse é transferido primeiro para Agrobacterium (bactéria que naturalmen-

9 9 te infecta certas plantas e transfere DNA para o organismo infectado), e esta utilizando seus mecanismos naturais, transfere o gene de interesse para o genoma da planta receptora. Independente da técnica, o importante é que o fragmento de DNA inserido se junte ao DNA da planta a ser modificada, produzindo uma planta transgênica. Plantas transgênicas, por definição, são plantas que contêm um ou mais genes (fragmentos de DNA) artificialmente inseridos em seu genoma, passando então, a expressar uma nova característica. Estes genes inseridos (transgenes) podem ser originários da mesma espécie ou de outro tipo de organismo. Por exemplo, a soja RR (Roundup Ready) contém um gene de uma bactéria de solo. O limitante no uso da transgenia é o conhecimento da função de cada gene e para utilizá-la é exigência básica a identificação e o isolamento do segmento de DNA que confere a característica de interesse. * * * VANTAGENS DO USO DA TRANSGENIA NO MELHORAMENTO DE PLANTAS A transgenia possui duas grandes vantagens em relação ao melhoramento genético convencional. A primeira é a inexistência de barreira para a troca de DNA. O melhoramento de plantas, em geral, necessita encontrar a característica de interesse em indivíduos da mesma espécie ou espécies com alto parentesco, para permitir que se obtenham sementes viáveis após o cruza-

10 10 mento. No caso da transgenia, como o DNA é universal, a característica pode vir de qualquer organismo. A segunda vantagem é a possibilidade de se acrescentar uma única característica. Na transgenia apenas o segmento de DNA identificado como causador da característica de interesse é transferido. Já no melhoramento tradicional, outros segmentos são trocados via reprodução sexual e podem gerar características indesejáveis. Com a transgenia há um controle muito maior das modificações genéticas e das características produzidas no organismo. No entanto, esta técnica é cara e complexa, devendo ser utilizada para características determinadas por poucos genes. Cabe ressaltar que as culturas em uso pelo homem foram modificadas geneticamente via domesticação, seleção e cruzamentos controlados por centenas de anos, e que o melhoramento tradicional continua a ter papel fundamental no desenvolvimento de novos cultivares. A transgenia entra como ferramenta a disposição do melhorista para transferir características de difícil acesso pelos métodos tradicionais, ampliando drasticamente as possibilidades de produtos. * * * PLANTAS TRANSGÊNICAS E A SAÚDE DE CONSUMIDORES Todos os produtos da biotecnologia destinados à alimentação humana e animal passam por avaliações sobre a sua segurança alimentar. Até hoje não foram consta-

11 11 tados problemas de saúde relacionados com a ingestão de alimentos derivados de plantas geneticamente alteradas seja nos estudos que antecederam a liberação comercial, seja no consumo destes produtos. ALERGIAS O desenvolvimento de alergia a algum alimento tradicional como trigo, manga, ovos, ou leite, é devido à presença de substâncias que o organismo não consegue processar (tipos de proteínas, açucares). Por isso, é possível que algumas pessoas possam desenvolver alergia a algumas plantas transgênicas se essas contiverem substâncias alergênicas. Até o momento não há qualquer evidência de que as plantas transgênicas possuam maior risco que qualquer alimento convencional. Testes de dezenas de alimentos transgênicos procurando alergenicidade mostraram que em uma planta de soja na qual havia sido inserido um gene da castanhado-pará, havia aumento da qualidade protéica, mas apresentava risco alérgico similar ao da castanheira. Por esta razão este alimento nunca entrou no mercado. Neste caso, a alergia ocorreu porque o gene transferido para a soja foi exatamente o responsável pela alergia à castanha-do-pará, o que enfatiza a necessidade de conhecimento sobre o gene que se está transferindo. É importante salientar que através do melhoramento genético tradicional, durante os cruzamentos, a recombinação natural do DNA pode gerar novas proteínas, as quais também podem ter um maior conteúdo alergênico, porém isso não impede a produção e consumo de novos cultivares. O ideal seria que toda nova cultivar, transgênica ou não fosse testada para alergenicidade, mas infelizmente os custos destes tipos de teste são limitantes.

12 12 TRANSFERÊNCIA DE DNA E RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS Um dos principais argumentos contra a utilização de plantas transgênicas é o receio de que haja transferência de DNA da planta transgênica para microorganismos. O DNA de uma planta transgênica consumida por um animal seria, por exemplo, transferido do alimento para microorganismos que habitam o estômago e intestino ou para bactérias ingeridas com o alimento. A preocupação ocorre porque em muitos casos na técnica de transgenia, insere-se junto ao gene de interesse um outro gene (marcador) capaz de conferir à planta a capacidade de tolerar antibióticos. Isto é assim feito para que se possa diferenciar as plantas que receberam o transgene das não transgênicas, durante a fase de inserção do gene de interesse. Assim, as plântulas oriundas da técnica são cultivadas na presença do antibiótico, aquelas que sobrevivem possuem os genes inseridos em seus genomas. Receia-se que, estes genes de resistência a antibióticos possam ser transferidos aos microorganismos durante o processo digestivo, e que, portanto os mesmos adquiram a característica de sobreviver a doses orais de antibióticos. Isso ocorrendo poderia afetar a habilidade futura de tratar doenças com estes antibióticos. Sabe-se que transferência de DNA ocorre em condições naturais, porém é extremamente difícil sua ocorrência em um ambiente ácido como o do estômago humano. De qualquer forma, o uso do gene da resistência a antibióticos como marcador tem sido evitado, sendo substituído por resistência a herbicidas, ou pelo uso de outras técnicas de expressão temporária para selecionar as plantas transgênicas. Desta forma, as novas plantas

13 13 transgênicas não mais possuirão este risco. É importante que a sociedade conheça a técnica para poder expressar seus receios de forma clara, requisitando que a ciência dê resposta aos seus anseios. Neste caso, apesar dos cientistas acharem o risco mínimo, os receios da sociedade fizeram com que a ciência encontrasse solução e removesse o risco. INGESTÃO DE DNA E TRANSFERÊNCIA DE DOENÇAS Um dos mitos mais comum, utilizado contra o consumo de plantas transgênicas pelo homem é que fragmentos de DNA oriundos de microorganismos possam fazer algum mal ao organismo humano ou transmitir doenças quando ingeridos. É importante esclarecer que o fragmento de DNA transferido via transgenia pode ser oriundo de qualquer organismo. O homem ingere DNA de microorganismos, plantas e animais o tempo todo, enquanto se alimenta, e nunca se preocupou se o DNA do fungo presente no iogurte, no queijo, no vinho, ou na cerveja poderia afetar seu organismo. A maioria do DNA ingerido é quebrada durante a digestão. Os produtos da quebra do DNA são moléculas base (nucleotídeos, fosfato, bases nitrogenadas e açúcares), iguais aquelas produzidas pelo homem. O DNA que não for quebrado será absorvido pela corrente sanguínea ou excretada via fezes. Provavelmente o sistema de defesa destrói esse DNA que é absorvido pela corrente sanguínea. Não existem evidências e nem razões para que o DNA de uma planta transgênica seja mais perigoso que o DNA de plantas convencionais. Devido aos receios da sociedade em relação a este aspecto, os pesquisadores têm buscado utilizar, quando

14 14 possível, fragmentos de DNA oriundos de plantas e, eventualmente, da própria espécie receptora. No entanto, para que se possa usar todos os benefícios e as possibilidades desta técnica, há necessidade de buscar certas características de interesse que só estão presentes em microorganismos. Apenas o gene de interesse é isolado do microorganismo para ser transferido e, portanto, nenhuma doença pode ser transmitida pela ingestão de alimento proveniente de planta transgênica. Os riscos são os mesmos do consumo de alimento proveniente de plantas convencionais. PRODUÇÃO DE NOVAS TOXINAS Muitos microorganismos devido ao seu metabolismo produzem substâncias que são consideradas toxinas para os animais. Em algumas situações tem-se afirmado que a transgenia poderia causar a reativação de rotas inativas em plantas. Neste caso, se o produto final destas rotas fosse uma toxina, a ingestão deste alimento transgênico poderia causar danos à saúde. No entanto, a probabilidade da ocorrência da produção de novas toxinas via este mecanismo é baixa. Como foi dito anteriormente, as plantas transgênicas possuem na maioria dos casos apenas uma característica que as diferem das convencionais, devido à inserção de um gene. O estabelecimento na planta transgênica, de uma rota metabólica presente no organismo doador, a partir da incorporação de um único gene é improvável. Os genes que são utilizados na transgenia são conhecidos e as rotas em que participam são estudadas. O conhecimento permite inferir, com boa segurança, que interações podem ocorrer entre o gene inserido e o me-

15 15 tabolismo da planta. Além disso, antes de serem liberadas para o mercado consumidor, as plantas transgênicas sofrem uma série de testes que auxilia na identificação de alterações não esperadas. A ativação de uma rota metabólica inativa, pela inserção do transgene em plantas transgênicas, tem a mesma probabilidade de ocorrer, que a ativação por mutação natural e espontânea do gene causador da inativação da rota, em plantas convencionais. O risco à saúde no caso da ativação, é maior nas plantas convencionais, uma vez que estas não são submetidas aos mesmos testes que as transgênicas. AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS As plantas possuem a capacidade de absorver íons dos solos e utilizá-los em seu metabolismo. Esta habilidade se deve a presença de proteínas nas membranas das células das raízes que transportam os nutrientes para dentro da planta. Entretanto, o controle que as plantas têm sobre os íons que são transportados não é perfeito. As plantas apresentam em sua composição basicamente todos os íons encontrados no solo, onde foram cultivadas. Baseado nisso, pode-se afirmar que plantas cultivadas em solos ricos em metais pesados terão em sua constituição maior concentração destes, que plantas cultivadas em solos livres de metais pesados. A maioria das plantas também é sensível ao excesso de metais pesados, tais como mercúrio, cádmio, chumbo, zinco, cromo, níquel, urânio e cobre. Solos muito contaminados não permitem o crescimento das plantas. A sensibilidade aos metais pesados é variável dentro do reino vegetal. Uma espécie hiperacumuladora de zinco e cádmio é Thlaspi caerulescens, membro da família

16 16 Brassicaceae. Esta espécie chega a acumular 40 mg de zinco por grama de peso seco na parte aérea. Com a transgenia é possível transferir a capacidade de absorver grandes quantidades de metais pesados e seqüestra-los em compartimentos onde não prejudiquem o metabolismo da planta para outras espécies. A utilização destas plantas, em solos contaminados, permite a remoção destas substâncias tóxicas do solo, o que é conhecido como fitoremediação. Considerando esta possibilidade, surgiu o receio que plantas transgênicas hiperacumuladoras de metais pesados pudessem ser consumidas. Obviamente, este tipo de característica não deve ser transferida para plantas utilizadas como alimentos. Outras espécies não comestíveis poderiam ser utilizadas para remoção de metais pesados de solos contaminados. Estes solos podem então voltar a ser utilizados na produção de alimentos, pois se encontram descontaminados. REDUÇÃO NOS VALORES NUTRICIONAIS O mito que apregoa sempre haver menor valor nutricional do alimento oriundo de planta transgênica quando comparado ao mesmo alimento proveniente de planta convencional gera na população o receio de consumir alimentos transgênicos. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) desenvolveu o critério de equivalência substancial, para orientar a análise da segurança alimentar dos alimentos provenientes da biotecnologia. Este se baseia em análises químicas e nutricionais para identificação de diferenças entre culturas geneticamente modificadas e convencionais. As culturas geneticamente modificadas liberadas para utilização, até o momento, têm composição igual às varie-

17 17 dades convencionais. Não existem diferenças entre os alimentos geneticamente modificados colocados no mercado e seus pares convencionais, exceto na expressão da característica de interesse. Espera-se que muitas das plantas transgênicas a serem lançadas apresentem maior valor nutricional que as convencionais. Das atuais plantas transgênicas, a soja RR vem sendo avaliada, para verificar se há diferenças nos teores de isoflavonóides. Os isoflavonóides estão associados à prevenção de doenças cardíacas, câncer de mama e osteoporose. Até o momento as diferenças encontradas foram pequenas em relação ao teor de isoflavonóides da soja convencional. Outras plantas transgênicas apresentam maior valor nutricional que seus pares convencionais, como é o caso do golden rice, arroz com maior teor de vitamina A. Obviamente dependendo da característica inserida, haverá alteração na composição nutricional, independentemente da forma como esta característica foi conseguida, se via transgenia ou via melhoramento genético tradicional. Por exemplo, se o teor de óleo dos grãos de milho for aumentado, necessariamente vai haver redução do teor de amido destes grãos. * * * PLANTAS TRANSGÊNICAS: IMPACTOS AO AMBIENTE Muita coisa tem sido dita sobre a contaminação irreparável do solo e do ambiente em decorrência do uso

18 18 de plantas transgênicas. Novamente o conhecimento científico é importante para que se possa discernir entre os riscos reais e os imaginários, e determinar a gravidade daqueles reais. Abaixo estão citados alguns dos riscos mais discutidos. Toda nova tecnologia necessita ser entendida pela população com relação aos benefícios que pode trazer ao homem. Quando isso não ocorre, costuma ser combatida,como foram, há algumas décadas, as técnicas de cultivo e de genética que levaram à revolução verde, que incluía a utilização de plantas de porte mais baixo, que permitissem o uso maior de fertilizantes. Havia riscos, e o uso excessivo de fertilizantes, em alguns locais, contaminou a água subterrânea. O uso mais racional desta tecnologia buscou um meio termo, mas sem a revolução verde, hoje não teríamos alimento suficiente para a humanidade. Da mesma forma ao optar pelo plantio direto assumiu-se riscos. O uso deste sistema foi necessário à redução da erosão, no entanto aumentam os riscos de doenças de plantas como a fusariose, que se mantém na palha sobre o solo. No caso das plantas transgênicas, alguns riscos também devem ser assumidos. Como em cada planta transgênica pode-se inserir diferentes tipos de característica, para cada característica o risco vai variar. Se for acrescentado um gene que causa maior teor de vitamina A, os riscos são muito menores do que se for acrescentado um gene que permite produzir bioplásticos. Portanto o risco deve ser acessado de forma individual, caso a caso. FLUXO GÊNICO PARA PLANTAS SILVESTRES O fluxo gênico é a transferência de característica de uma planta para outra via recombinação do DNA das mes-

19 19 mas pelo cruzamento espontâneo. O fluxo gênico pode ocorrer, eventualmente, entre espécies aparentadas. Assim, um dos riscos reais do uso de plantas transgênicas é a transferência do gene inserido (transgene) para plantas silvestres do mesmo gênero e sexualmente compatíveis. Várias plantas cultivadas são sexualmente compatíveis com parentes silvestres, ou seja, podem reproduzir-se sexualmente dando origem a sementes viáveis. Para que haja fluxo gênico é necessário que a planta transgênica libere pólen (o qual possui o transgene no seu DNA) que este encontre uma planta parente silvestre e a fecunde, e que sejam formados embriões viáveis. Além disso, para que a modificação se mantenha é necessário que estes embriões se desenvolvam em plantas férteis, capazes de deixar descendência. A probabilidade de uma planta transgênica transferir um transgene para plantas silvestres sexualmente compatíveis depende basicamente de dois pontos: primeiro, se a planta transgênica é de fecundação cruzada ou de autofecundação. Plantas de autofecundação como a soja, o trigo e a cevada têm risco muito menor de passagem de um transgene para plantas aparentadas, pois nestes casos as flores normalmente abrem quando a fecundação já ocorreu, dificultando o cruzamento com pólen de outra planta. O segundo ponto é a existência de parentes silvestres próximos à área onde estão sendo cultivadas as plantas transgênicas. Por exemplo, não há parentes silvestres da soja na América, portanto este é um risco inexistente na soja transgênica plantada no Brasil. No entanto se plantada na China, onde existem parentes silvestres, o risco existe. Além disso, é necessário que este gene se mantenha na população silvestre, ou seja, que estas plantas continuem a produzir descendentes férteis.

20 20 A magnitude deste risco vai depender, portanto da espécie e do local onde for cultivada. Além disso, em alguns casos, o fluxo gênico mesmo ocorrendo não acarreta riscos severos. Por exemplo, se a planta transgênica possui a característica de maior valor nutricional, a transferência desta característica para plantas silvestres não é problemática. No entanto, se a característica é a resistência a determinado herbicida, a transferência pode significar o desenvolvimento de plantas daninhas resistentes e, portanto menor eficácia do herbicida. FLUXO GÊNICO ENTRE CULTIVARES O fluxo gênico entre cultivares de uma mesma espécie é um risco real e, para minimizá-lo devem ser tomadas medidas de segurança. No caso de plantas transgênicas, as medidas são similares as que seriam tomadas para manter a pureza de cultivares convencionais. O cruzamento de plantas transgênicas com plantas convencionais, de mesma espécie e localizadas próximas, pode ocorrer principalmente em plantas de fecundação cruzada, sendo necessário estabelecer distâncias seguras para evitar o fluxo gênico. Este é um fator importante para manter a integridade no mercado, permitindo a segregação de produtos GM e não GM. Nas espécies de autofecundação o risco é menor, já que nestes casos, as flores normalmente abrem após ter ocorrido a fecundação dos óvulos com o pólen da própria planta. É preciso esclarecer que o fluxo gênico entre cultivares (mesma espécie) é um processo natural, usado pela natureza para permitir a criação de variabilidade e a evolução. Um exemplo do fluxo gênico é o caso do arroz vermelho, o qual pertence à mesma espécie do arroz cultivado. Ao longo do tempo, tem ocorrido fluxo gênico

21 21 do arroz cultivado para o arroz vermelho. Com isso o formato dos grãos se tornou similar e houve redução da estatura do arroz vermelho, tornou-se mais difícil a identificação e remoção do mesmo das lavouras. É necessário, portanto determinar o risco em cada situação e tomar os cuidados exigidos para minimizar a ocorrência de contaminação. ESVAZIAMENTO GENÉTICO A possibilidade de desenvolvimento de materiais vegetais com características diferentes requer a existência de variabilidade. Existem, hoje no mundo, um número considerável de espécies não utilizadas pelo homem e, portanto com características não determinadas. Plantas silvestres aparentadas ou não com as espécies cultivadas podem ser fonte genética para transferência de novas características. Se estes materiais forem perdidos, ocorrerá uma redução nas fontes para o melhoramento genético de plantas. Neste caso, o material genético acessível será apenas aquele dos materiais em cultivo. Esta redução das fontes de variação pode ser chamada de esvaziamento genético. O receio que o uso de plantas transgênicas conduz ao esvaziamento genético está parcialmente associado à ocorrência do fluxo gênico e embasado no fato de que o plantio descontrolado e massivo de plantas transgênicas poderia causar a perda de variabilidade genética. Se esse fosse o caso, a redução da variabilidade genética se daria por duas formas: na primeira o fluxo gênico faria com que todos os materiais vegetais de uma espécie possuíssem as características transgênicas. Como discutido anteriormente, este medo é infundado, pois o transgene tem a mesma chance de ser transferido para

22 22 outra cultivar que qualquer outro gene da planta. Portanto, o importante é que sejam tomados os cuidados necessários para manter a pureza varietal quando se estiver produzindo lavoura para semente. No caso da produção de grãos, o risco é ínfimo uma vez que os grãos não darão origem a novas plantas. A segunda forma seria pelo cultivo de grandes áreas com um único cultivar transgênico, gerando uma homogeneidade genética. Cabe ressaltar que, nesse caso, o problema não se restringe às plantas transgênicas, o uso em massa de qualquer cultivar convencional ou não, expõe a agricultura aos mesmos riscos e deve ser evitado. O uso massivo de um único cultivar facilita a ocorrência de pragas, a quebra de resistência a doenças, e o desenvolvimento de invasoras resistentes. LIBERAÇÃO DE PROTEÍNAS GM NO SOLO As plantas durante seu desenvolvimento, interagem com o solo. Removem água e nutrientes; secretam ácidos orgânicos, alcalóides, compostos fenólicos, etc; interagem com microorganismos afetando seu crescimento; deixam outros resíduos através da decomposição de seus tecidos. A preocupação de que plantas transgênicas possam liberar compostos diferentes das plantas convencionais tem sido levantada em algumas situações. Infelizmente nosso conhecimento dos efeitos das secreções das plantas convencionais sobre os microorganismos do solo é escasso, o que dificulta avaliar como as diferentes espécies e cultivares afetam o solo. No entanto, o conhecimento da característica diferenciada da planta transgênica cultivada deve indicar a probabilidade de alteração ou não na secreção das raízes.

23 23 Num caso extremo, se o gene inserido confere maior produção de alcalóides, a probabilidade de que haja alteração é grande e é importante que se avalie e compare a secreção de alcalóides no solo pela planta transgênica e pela convencional e se determine o impacto da diferença. Já se o transgene afeta apenas o tipo de amido a ser acumulado no grão, provavelmente não afetará o solo. AUMENTO DE FUNGOS TÓXICOS NO AMBIENTE O mito de que a utilização de plantas transgênicas causa o aumento de fungos tóxicos no ambiente é fundamentado em teorias frágeis. O exemplo mais utilizado para justificar este mito é a produção de café transgênico descafeinado. O receio se baseia no fato que para produzir o café descafeinado, se inativa um gene envolvido na síntese da cafeína. A cafeína, como outras substâncias de sua classe, tem efeito supressor sobre o desenvolvimento de fungos. Com a remoção da cafeína aumenta a probabilidade de maior desenvolvimento de fungos nos cafezais. Muitos fungos produzem toxinas, e estas podem acumular-se no animal que as ingere, com o tempo podendo causar malefícios ao organismo. O raciocínio, acima exposto, está correto. No entanto, é esquecido que muitos fungos se desenvolvem em diversas plantas convencionais, produzindo micotoxinas. O desenvolvimento de fungos em plantas não é um problema que aparece com a transgenia. Esta interação patógeno-hospedeiro se desenvolveu ao longo da co-evolução destes organismos. Nas plantas convencionais o problema é remediado via aplicação de fungicidas, o mesmo pode ser realizado nas plantas transgênicas.

24 24 Citando apenas uma doença, causada por fungos, a fusariose, é possível perceber que os riscos de fungos tóxicos estão presentes nas plantas convencionais. Esta doença se desenvolve em milho, trigo, aveia, cevada entre outras culturas, quando o tratamento fitossanitário não é eficaz. O fungo produz micotoxinas que se mantêm nos grãos. Os animais ao se alimentarem dos grãos contaminados recebem as toxinas que se acumulam nos seus órgãos internos e na gordura. O homem ao se alimentar destes animais, de grãos ou sub-produtos também é contaminado. O risco maior é a falta de vigilância sobre estes produtos. É importante desenvolver testes capazes de quantificar micotoxinas nos alimentos e, que a legislação obrigue a utilização dos mesmos, independentemente dos produtos serem oriundos de plantas convencionais ou transgênicas. DESENVOLVIMENTO DE SUPER PRAGAS E PLANTAS INVASORAS A utilização de defensivo agrícola, com um mesmo princípio ativo de forma constante e em grandes áreas, aumenta a probabilidade de surgirem resistências a este princípio. Isto é verdade para qualquer tipo de organismo. Em áreas extensas onde um único tipo de herbicida é utilizado continuamente por um longo período ocorre o desenvolvimento de população de plantas invasoras resistentes ao herbicida. O mesmo ocorre com insetos se utilizado sempre o mesmo tipo de toxina. A situação é a mesma com plantas transgênicas que possuem determinada toxina contra insetos ou que permitem o uso de um dado herbicida e, portanto os cuidados devem ser similares aos utilizados na condição convencional. No caso

25 25 de resistência a herbicida, outros princípios ativos devem ser utilizados. Também o desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes a princípios ativos diferentes poderia ser uma estratégia para reduzir a pressão de seleção. Já se a planta produz algum tipo de toxina contra insetos, a manutenção de áreas próximas com material convencional pode retardar o aparecimento de resistência. Na agricultura sempre foi necessário lidar com estas estratégias, pois o cultivo em monocultura tende a causar uma maior pressão de seleção sobre os organismos que interagem com a lavoura. É imprescindível o conhecimento técnico para analisar as alterações que estão sendo realizadas no meio e desenvolver as estratégias necessárias para que o impacto da agricultura seja o menor possível. No caso do uso de plantas transgênicas esta verdade se mantém. * * * PLANTAS TRANSGÊNICAS - OS PRIMEIROS PRODUTOS As possibilidades de novos produtos a partir do uso da transgenia são imensas. Com o uso desta técnica, os primeiros produtos concentraram-se em características simples que dependem da inserção de um único segmento de DNA. Com a evolução da técnica, abriu-se a possibilidade de resolver problemas mais complexos, que envolvem a interação de vários genes, e a produção de plantas transgênicas com mais de uma característica alterada.

26 26 Entre as plantas transgênicas já desenvolvidas, as que ocupam maior adoção em todo mundo são as que possuem resistência a herbicidas como Roundup e Liberty. Ambos herbicidas têm espectro amplo e podem ser usados basicamente em qualquer estádio da cultura e da planta invasora. Além disso, os herbicidas degradam-se rapidamente no solo, reduzindo o risco de contaminação ambiental. Muitos opositores ao uso destas plantas transgênicas baseiam-se no aumento do consumo destes herbicidas. Obviamente, utiliza-se mais glifosato em uma área com soja RR do que com soja convencional (a qual morreria com a aplicação). Em compensação, outros herbicidas de maior impacto ao ambiente, têm suas aplicações reduzidas ou mesmo eliminadas, causando um impacto positivo. As plantas transgênicas RR possuem um fragmento de DNA originário de uma bactéria de solo que produz uma proteína não sensível ao glifosato, permitindo que este sobreviva à aplicação. No Brasil, basicamente só se conhece a soja RR, tão polêmica em decorrência da disputa sobre seu plantio entre agricultores gaúchos e o governo federal. Este gene já foi transferido para diversas outras espécies no mundo, tais como o milho, trigo, algodão entre outras. Outra característica amplamente adotada em transgenia é a toxicidade a insetos via genes Bt oriundos da bactéria de solo Bacillus thuringiensis. A inserção do gene Bt nas plantas faz com que estas produzam proteínas que, quando ingeridas pelas lagartas, formam uma toxina que paralisa o sistema digestivo destes insetos causando sua morte. Esta toxina não afeta mamíferos ou pássaros. Os genes são específicos, atingindo uma ou duas ordens de insetos, con-

27 27 forme tabela abaixo. Ela é, portanto mais segura para outras classes de inseto do que os inseticidas tradicionais. No mercado mundial encontram-se hoje, os genes Bt nas culturas do milho, algodão e na batata (esta foi retirada do mercado devido à baixa venda da batatasemente). Tabela 1: Genes utilizados no desenvolvimento de plantas transgênicas Bt e ordens de insetos que afetam: No caso do algodão, segundo a FAO, houve uma redução de 70% no custo com inseticidas em cultivos transgênicos com o gen Bt na China. Estima-se que tenha ocorrido uma redução de toneladas de pesticidas em 2001, o que equivale a ¼ da quantidade normalmente utilizada na China. Em 2004, cerca de 30% da área plantada com algodão, na China, era transgênica. No entanto, há o risco de desenvolvimento de insetos resistentes à toxina devido à alta pressão de seleção, exigindo-se como discutido anteriormente que os produtores tenham área junto às lavouras com materiais convencionais para retardar a ocorrência da resistência.

28 28 PRODUTOS EM DESENVOLVIMENTO As plantas transgênicas em desenvolvimento procuram atender uma das seguintes necessidades sociais: melhorar características agronômicas, maior adaptação aos processos pós-colheita, melhorar qualidade nutricional e redução da poluição ambiental. As plantas transgênicas aprovadas, até o momento, incluem uma das seguintes características, alteração da composição de ácidos graxos, restauração de fertilidade, tolerância a herbicidas, resistência a insetos, macho esterilidade, modificação de cor, redução de nicotina, retardo na maturação, ou resistência a viroses. Alguns dos produtos atualmente em desenvolvimento são: MELHOR QUALIDADE NUTRICIONAL: tomate com teor mais elevado de licopeno, um precursor da vitamina A; Golden rice, arroz rico em beta-caroteno, precursor imediato da vitamina A; Soja com maior conteúdo de ácido oleico; Soja com menor conteúdo de ácido linolênico; Canola com maior teor de vitamina E; Canola com a composição de ácidos graxos alterada, (maior teor de ácidos insaturados); Café descafeinado: O atual processo industrial para remover a cafeína de café envolve o uso de solventes, o que inquieta os consumidores temerosos de resíduos. A desativação do gene que produz a cafeína no café evitaria o uso de solventes não afetando o aroma e o sabor; Fumo sem nicotina.

29 29 MAIOR ADAPTAÇÃO AOS PROCESSOS PÓS-COLHEITA: Tomate com maturação lenta; Melão com maturação lenta (devido à degradação de etileno); Café com maturação mais uniforme para facilitar a colheita. Cravo com flores que apresentam maior duração pós-colheita (redução no acúmulo de etileno). MELHORES CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E REDUÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL: Girassol com resistência a pragas e doenças; Uva com resistência a doenças e pragas; Mamão transgênico (HU-Rainbow), resistente a viroses, já em produção no Hawai; Tomate tolerante a solos salinos. O tomate transgênico armazena o sal em tecidos da planta, mas não no fruto. O tomate transgênico mantém o mesmo teor de sal do tomate convencional. Algodão colorido que reduz a utilização de corantes no processo de tingimento de tecidos, reduzindo contaminação do ambiente, além da cor não desbotar; Eucalipto com reduzido teor de lignina para facilitar o processo de produção de papel e redução da necessidade de produtos químicos branqueadores que contaminam o ambiente. Canola com tolerância a herbicidas (glifosato, imidazolinone, bromoxynil ou ioxynil); Cravo com coloração diferenciada nas flores; Linho tolerante a herbicidas.

30 30 A idéia da produção de alimentos que atuem também como vacinas, há anos tem estimulado pesquisadores neste sentido. No momento, estão sob teste bananas contendo vírus inativados de cólera, hepatite B e diarréia. Se funcionarem, crianças poderão ser imunizadas contra estas doenças ao se alimentarem com estas bananas transgênicas. * * * PRODUTOS PARA O FUTURO As características mais complexas de plantas começam ser estudadas, como aquelas envolvidas no controle adaptativo a estresses abióticos (seca, calor, frio, presença de alumínio no solo, salinidade), ao florescimento e reprodução, eliminação de alergênicos e fatores antinutricionais. A combinação de diferentes características numa mesma cultivar também deve ocorrer. A produção de novas substâncias como bioplásticos, medicamentos, etc começa a ser delineada. A produção de produtos farmacológicos ou industriais em plantas, provavelmente reduziria os custos de fabricação destes e o consumo de derivados de petróleo no caso dos plásticos. A identificação e o isolamento destas lavouras deverão ser mais cuidadosos do que no caso das atuais plantas transgênicas, pois possuirão características que podem trazer conseqüências mais sérias se perdidas no ambiente.

31 31 PLANTAS TRANSGÊNICAS EM EXPANSÃO A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), Organização Mundial da Saúde (OMS), entre outras organizações, apóiam a utilização destas técnicas. As Academias de Ciência em diversos locais do mundo têm apresentado relatórios técnicos defendendo a adoção de plantas transgênicas na agricultura como forma de reduzir a fome no planeta e melhorar a qualidade dos alimentos. Os produtos de biotecnologia são acompanhados e aprovados por agências reguladoras nos países onde são utilizados. Entre elas estão o FDA (Food and Drug Administration), USDA (United States Department of Agriculture) e EPA (Environment Protection Agency), nos Estados Unidos, e a Comissão sobre Assuntos Jurídicos e Direitos do Cidadão do Parlamento da União Européia. Esse acompanhamento de biossegurança permitiu que, passados 25 anos do início do seu uso, não se tenham notícias de prejuízo de qualquer natureza causado por esta tecnologia. Segundo o ISAAA (International Service for the acquisition of Agri-Biotech Applications), dezessete países adotaram o plantio comercial de culturas transgênicas, o que representou 81 milhões de hectares em todo o mundo no ano de A área cultivada com plantas transgênicas ocupa cerca de 5% das áreas cultiváveis do planeta. Houve um aumento de 20% na área plantada com transgênicos em 2004, em relação a 2003, o segundo maior aumento desde A área global cultivada com plantas transgênicas em 1996 era de 1,7 milhões de hectares, portanto houve um aumento de 47 vezes na área plantada nestes últimos oito anos (Figura 2).

32 32 Entre os países com mais de 50 mil hectares cultivados com plantas transgênicas estão Estados Unidos (59% da área global), Argentina (20%), Canadá (6%), Brasil (5%), Paraguai (2%), India (1%), África do Sul (1%), Uruguai (<1%), Australia (<1%), Romenia (<1%), México (<1%), Espanha (<1%) e Filipinas (<1%). Neste último ano, o aumento da área plantada individualmente por cada um destes países foi significativo, principalmente nos países em desenvolvimento. O maior aumento na área cultivada com plantas transgênicas ocorreu na China (aumento de 400% na área, principalmente algodão Bt), seguido por Uruguai (200%), Austrália (100%), Brasil (66%), China (32%), África do Sul (25%), Canadá (23%), Argentina (17%) e Estados Unidos (11%). Em torno de 8,25 milhões de agricultores no mundo cultivam plantas transgênicas. A característica com maior expansão é a tolerância a herbicidas, perfazendo 72% da área (58,6 milhões de ha), seguido da resistência a insetos que ocupa 19% da área (15,6 milhões de ha). As culturas transgênicas mais plantadas são, em ordem crescente, soja (60%), milho (23%), algodão (11%) e canola (6%). O valor global da produção de plantas transgênicas alcançou em 2004, o valor de 44 bilhões de dólares. Segundo a FAO, o uso de plantas transgênicas nos países em desenvolvimento tem auxiliado a reduzir o nível de pobreza nos mesmos. A redução do custo de produção de algodão na China tem sido usada como exemplo. A utilização do algodão Bt, resistente a insetos, também reduziu o contato do agricultor com pesticidas, pois as aplicações de inseticidas foram reduzidas.

33 33 Figura 2: Crescimento da área cultivada com plantas transgênicas no mundo A redução do custo de produção e eventual aumento do rendimento das culturas, devido ao melhor controle de fatores bióticos em plantas transgênicas (menor competição com plantas invasoras, no caso das tolerantes a herbicidas, menor perda por ataque de insetos, no caso das resistentes a insetos), têm favorecido a agricultura dos países em desenvolvimento. O ideal é que estes países produzam as plantas transgênicas com as características que necessitam. A independência das multinacionais seria um fator positivo ao desenvolvimento destes países. * * * E O BRASIL? Desde 1987 já foram autorizados, no mundo, mais de 25 mil testes de campo com plantas transgênicas. Metade deles nos Estados Unidos, Canadá e boa parte na

34 34 Europa. Na América Latina, o maior número de liberações ocorreu na Argentina, que responde por 75 % dos testes realizados na região, seguida do México. No Brasil, existem cerca de 120 instituições públicas e privadas credenciadas pela CTNBio para desenvolver pesquisas com organismos geneticamente modificados. O desenvolvimento de diversas plantas transgênicas encontra-se sob pesquisa, envolvendo características que conferem resistência a herbicidas, resistência a pragas e doenças, melhoria da qualidade nutricional e usos específicos. Por exemplo, busca-se no país, atualmente, feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, batata resistente a diversos vírus, algodão resistente ao bicudo e mamão papaia resistente ao vírus da mancha anelar. Algumas instituições já estão desenvolvendo pesquisas com plantas geneticamente modificadas que poderão se tornar vacinas. É o caso da Universidade Federal de Minas Gerais, que está estudando variedades de alface que poderão imunizar contra a leishmaniose. A Universidade do Norte Fluminense desenvolve outra alface que poderá imunizar contra a hepatite B. No entanto, há uma burocracia gigantesca que dificulta que testes mais extensivos com plantas transgênicas produzidas com tecnologia brasileira possam ser conduzidos. Em 2004, foram cultivados com plantas transgênicas mais de 5 milhões de hectares no Brasil, o que o coloca em quarto lugar no mundo em área plantada com transgênicos. Cabe ressaltar que, a maioria dos cultivares transgênicos cultivados, até 2004, não foi originada de pesquisa brasileira. É chegada a hora que o país não apenas adote o plantio de plantas transgênicas, mas que apóie o desenvolvimento desta tecnologia no país. É necessário, que o país produza plantas transgênicas com características voltadas às peculiaridades e necessidades de sua agricultura.

35 35 A transgenia é a nova fronteira, se o Brasil não desenvolver pesquisas nesta área, perderá a possibilidade de usar a sua biodiversidade para desenvolvimento de produtos que garantam a competitividade da agricultura brasileira, ou de desenvolver produtos farmacêuticos de interesse. Além disso, se o País virar as costas a esta tecnologia, perderá a oportunidade de envolver-se no desenvolvimento de novas tecnologias, ficando novamente dependente de outros países e utilizando materiais não adaptados as nossas condições ambientais. A transgenia é uma realidade, como foram os usos de fertilizantes e defensivos agrícolas. A decisão que cabe é ou por um país atuante, capaz de produzir a tecnologia e os produtos que necessita de forma eficiente e segura, ou por um país que ficará amarrado ao pagamento de royalties e dependente dos produtos por outros desenvolvidos. Prof a. Carla Andréa Delatorre; Engenheiro Agrônomo, Doutora em Biologia de Plantas pela UCDavis, USA Departamento de Plantas de Lavoura. Faculdade de Agronomia. UFRGS.

36 36 AGRADECIMENTOS A autora agradece à APASSUL (Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do RS) e Fundação Pró-Sementes de Apoio à Pesquisa pelo apoio financeiro para a edição do livro.

BIOTECNOLOGIA NA AGRICULTURA BRASILEIRA

BIOTECNOLOGIA NA AGRICULTURA BRASILEIRA São Paulo, fevereiro de 2017 BIOTECNOLOGIA NA AGRICULTURA BRASILEIRA A D R I A N A B R O N D A N I A BIOTECNOLOGIA MODERNA REÚNE AS TÉCNICAS DE MAIOR PRECISÃO PARA O MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS MELHORAMENTO

Leia mais

Biotecnologia no Melhoramento de Plantas PLANTAS TRANSGÊNICAS. João Carlos Bespalhok Filho

Biotecnologia no Melhoramento de Plantas PLANTAS TRANSGÊNICAS. João Carlos Bespalhok Filho Biotecnologia no Melhoramento de Plantas PLANTAS TRANSGÊNICAS João Carlos Bespalhok Filho Resumo Algumas definições Como se faz uma planta transgênica? Aplicações de transgênicos Estatística de transgênicos

Leia mais

Manejo de cultivos transgênicos

Manejo de cultivos transgênicos UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE GENÉTICA LGN0313 Melhoramento Genético Manejo de cultivos transgênicos Prof. Roberto Fritsche-Neto roberto.neto@usp.br

Leia mais

Unidade 4 jcmorais 2012

Unidade 4 jcmorais 2012 Unidade 4 jcmorais 2012 Qual é a importância da Biotecnologia na resolução dos problemas de alimentação? A produção de maiores quantidades de alimentos dependerá do desenvolvimento de novas técnicas e

Leia mais

Organismos Geneticamente Modificados

Organismos Geneticamente Modificados Centro de Gestão e Estudos Estratégicos Ciência, Tecnologia e Inovação Biotecnologia Organismos Geneticamente Modificados Breve Panorama da Soja Transgênica no Brasil e no Mundo Antônio Carlos Roessing

Leia mais

Alimentos transgênicos. Aluna: Maria Eugênia Araújo

Alimentos transgênicos. Aluna: Maria Eugênia Araújo Alimentos transgênicos Aluna: Maria Eugênia Araújo Sumário O que é um transgênico? Métodos de transgenia Aplicações da transgenia Pontos positivos Pontos negativos Rotulagem dos transgênicos Considerações

Leia mais

PRODUÇÃO CONSTANTE DE ALIMENTOS X IMPACTO SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

PRODUÇÃO CONSTANTE DE ALIMENTOS X IMPACTO SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE PRODUÇÃO CONSTANTE DE ALIMENTOS X IMPACTO SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE ADRIANA BRONDANI, PhD em Ciências Biológicas Diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) V I I I C O N G

Leia mais

Plantas GMs na agricultura: um balanço de 12 anos de uso e o futuro Marcelo Gravina de Moraes*

Plantas GMs na agricultura: um balanço de 12 anos de uso e o futuro Marcelo Gravina de Moraes* Plantas GMs na agricultura: um balanço de 12 anos de uso e o futuro Marcelo Gravina de Moraes* Os seres humanos têm realizado experimentos genéticos há milhares de anos. As variedades altamente produtivas

Leia mais

Manipulação Genética

Manipulação Genética Manipulação Genética O que é Biotecnologia? Biotecnologia significa, qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos

Leia mais

Impacto da regulamentação da Biotecnologia na pesquisa, desenvolvimento e comercialização de produtos no Brasil

Impacto da regulamentação da Biotecnologia na pesquisa, desenvolvimento e comercialização de produtos no Brasil Impacto da regulamentação da Biotecnologia na pesquisa, desenvolvimento e comercialização de produtos no Brasil Adriana Brondani, PhD em Ciências Biológicas São Paulo, 03 de dezembro de 2015 O mito do

Leia mais

A biotecnologia é um processo tecnológico que permite a utilização de material biológico.

A biotecnologia é um processo tecnológico que permite a utilização de material biológico. A biotecnologia é um processo tecnológico que permite a utilização de material biológico. É o conjunto de técnicas que permite implantar processos nas indústrias, no cultivo de mudas, dentre outros, pela

Leia mais

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DO MILHO TRANSGÊNICO

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DO MILHO TRANSGÊNICO DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DO MILHO TRANSGÊNICO Previous Top Edilson Paiva* Introdução Durante um período de oito anos, entre 1996 e 2003, a área global com lavouras transgênicas no mundo aumentou 40 vezes

Leia mais

América Latina é muito importante nesse contexto, bem como o do Brasil em particular.

América Latina é muito importante nesse contexto, bem como o do Brasil em particular. Biossegurança 01 Nas últimas três décadas, as questões ambientais passaram a integrar, de forma proeminente, fóruns científicos internacionais, decorrentes, dentre outras razões, do aumento da poluição

Leia mais

BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS. Soluções para um Mundo em Crescimento

BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS. Soluções para um Mundo em Crescimento BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS Soluções para um Mundo em Crescimento ÍNDICE Contexto O que é Manejo Integrado? Desafio do Manejo O que é Resistência de Insetos? 01 02 06 07 CONTEXTO No Brasil, as culturas estão

Leia mais

UFRGS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

UFRGS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UFRGS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PLANTAS TRANSGÊNICAS: O PANORAMA MUNDIAL Maria Helena Bodanese Zanettini Departamento de Genética - UFRGS Culturas GM Comercializadas - 2010 2010 15º Aniversário

Leia mais

Biotecnologia Melhoramento Genético

Biotecnologia Melhoramento Genético 5 Biotecnologia e Melhoramento Genético Fábio Gelape Faleiro Nilton Tadeu Vilela Junqueira Eder Jorge de Oliveira Onildo Nunes de Jesus 71 O que é biotecnologia e quais as principais aplicações na cultura

Leia mais

Experimentar o cultivo moderno de plantas

Experimentar o cultivo moderno de plantas Experimentar o cultivo moderno de plantas Kerstin Schimdt Feira do Milho 2009 BioTechFarm - Schaugarten 2009 1 Agricultura do futuro: -Produção agrícola eco-amigável Desafios do futuro -Alterações climáticas

Leia mais

Conceituar e discutir os benefícios e os prejuízos da utilização de transgênicos na

Conceituar e discutir os benefícios e os prejuízos da utilização de transgênicos na Transgênicos Objetivo da Aula agricultura. Conceituar e discutir os benefícios e os prejuízos da utilização de transgênicos na Organismos transgênicos ou Organismos Geneticamente Modificados (OGM) são

Leia mais

Aula 1 -Importância e Objetivos do Melhoramento Genético

Aula 1 -Importância e Objetivos do Melhoramento Genético Aula 1 -Importância e Objetivos do Melhoramento Genético Piracicaba, 2011 Início do Melhoramento (início do desenvolvimento de cultivares) Domesticação de plantas e animais: homem deixou as coletas para

Leia mais

"Bem-vindos ao melhor ano de suas vidas #2018"

Bem-vindos ao melhor ano de suas vidas #2018 COLÉGIO SHALOM Trabalho de recuperação - 9º Ano( ) - Disciplina: Biologia Valor: 12,0 Profª: Nize G. Chagas Pavinato Estudante: Data: / / Nota: "Bem-vindos ao melhor ano de suas vidas #2018" 1. Há cinquenta

Leia mais

Economia Rural: Agricultura

Economia Rural: Agricultura Economia Rural: Agricultura Desenvolvimento da Agricultura Período Neolítico surgimento da agricultura Crescente Fértil: uma das primeiras áreas agrícolas do mundo Primeiros cultivos ocorreram onde as

Leia mais

Melhoramento para Resistência a Doenças. João Carlos Bespalhok Filho

Melhoramento para Resistência a Doenças. João Carlos Bespalhok Filho Melhoramento para Resistência a Doenças João Carlos Bespalhok Filho Importância Um dos principais objetivos do melhoramento Porquê? Mais barato Fácil utilização Menor agressão Ao meio ambiente Ao agricultor

Leia mais

A agricultura: Atividade económica do setor primário; A palavra agricultura significa a cultura do campo;

A agricultura: Atividade económica do setor primário; A palavra agricultura significa a cultura do campo; A agricultura A agricultura: Atividade económica do setor primário; A palavra agricultura significa a cultura do campo; Paisagem agrária: É a forma de cultivo e a divisão dos campos; É condicionada por

Leia mais

BIOTECNOLOGIA Parte I PROF: NICK BUCK

BIOTECNOLOGIA Parte I PROF: NICK BUCK BIOTECNOLOGIA Parte I PROF: NICK BUCK BIOTECNOLOGIA BIOTECNOLOGIA É O CONJUNTO DE CONHECIMENTOS QUE PERMITE A UTILIZAÇÃO DE AGENTES BIOLÓGICOS (ORGANISMOS, CÉLULAS, ORGANELAS, MOLÉCULAS) PARA OBTER BENS

Leia mais

A SITUAÇÃO GLOBAL DAS LAVOURAS TRANSGÊNICAS CONFERÊNCIA NACIONAL

A SITUAÇÃO GLOBAL DAS LAVOURAS TRANSGÊNICAS CONFERÊNCIA NACIONAL A SITUAÇÃO GLOBAL DAS LAVOURAS TRANSGÊNICAS CONFERÊNCIA NACIONAL por Alda Lerayer, Diretora Executiva CIB Autoria Anderson Galvão, Diretor Céleres International Service for the Acquisition of Agri-biotech

Leia mais

BIOTECNOLOGIA E ALIMENTOS: DESAFIOS DA DÉCADA

BIOTECNOLOGIA E ALIMENTOS: DESAFIOS DA DÉCADA CRBio2 na Fundação Rio-Zoo Rio de Janeiro 4/09/2014 SIMPÓSIO DE BIOLOGIA: DESAFIOS DA DÉCADA Alimentos transgênicos: economia e qualidade de vida BIOTECNOLOGIA E ALIMENTOS: DESAFIOS DA DÉCADA Dra. MARIA

Leia mais

BIOLOGIA. Professor Adilson Teixeira

BIOLOGIA. Professor Adilson Teixeira BIOLOGIA Professor Adilson Teixeira BIOTECNOLOGIA QUESTÃO 1 O milho transgênico é produzido a partir da manipulação do milho original, com a transferência, para este, de um gene de interesse retirado de

Leia mais

FiberMax. Mais que um detalhe: uma genética de fibra.

FiberMax. Mais que um detalhe: uma genética de fibra. FiberMax. Mais que um detalhe: uma genética de fibra. Requisitos para o cultivo de algodoeiro GlyTol LibertyLink, além de boas práticas de manejo integrado de plantas daninhas. Cap 1: Descrição do Produto

Leia mais

OS TRANSGÊNICOS E OS IMPACTOS À MICROBIOTA DO SOLO

OS TRANSGÊNICOS E OS IMPACTOS À MICROBIOTA DO SOLO OS TRANSGÊNICOS E OS IMPACTOS À MICROBIOTA DO SOLO Adolf Hitler Cardoso de Araújo (1) Universidade Estadual da Paraíba, adolf_araujo@hotmail.com INTRODUÇÃO A engenharia genética é uma das inovações da

Leia mais

Farinha de Trigo Faz Mal Mesmo? Qual a importância para o organismo?

Farinha de Trigo Faz Mal Mesmo? Qual a importância para o organismo? O aumento dos índices relacionados ao excesso de peso, à obesidade e a doenças como a diabetes ao longo dos últimos anos levantou a questão se de fato a quantidade de carboidratos ingeridos diariamente

Leia mais

INTRODUÇÃO À GENÉTICA MOLECULAR. Aula 1. LGN0232 Genética Molecular. Maria Carolina Quecine Departamento de Genética

INTRODUÇÃO À GENÉTICA MOLECULAR. Aula 1. LGN0232 Genética Molecular. Maria Carolina Quecine Departamento de Genética INTRODUÇÃO À GENÉTICA MOLECULAR Aula 1 LGN0232 Genética Molecular Maria Carolina Quecine Departamento de Genética mquecine@usp.br LGN0232 Genética Molecular Método de avaliação 1ª PROVA TEÓRICA: 25/09-29/09

Leia mais

BIOTECNOLOGIA. Fermentações industrias. Cultura de tecidos e Células. Produção. fármacos. Clonagem. Melhoramento Genético. Produção de.

BIOTECNOLOGIA. Fermentações industrias. Cultura de tecidos e Células. Produção. fármacos. Clonagem. Melhoramento Genético. Produção de. RIBAMAR JR Qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos (organismos, células, vírus, moléculas), para fabricar ou modificar produtos para utilização específica. Produção de fármacos Fermentações

Leia mais

TRÂNSGENICAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS PLANTAS TRANSGÊNICAS 5. PLANTAS TRANSGÊNICAS: IMPACTO NA SAÚDE E MEIO

TRÂNSGENICAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS PLANTAS TRANSGÊNICAS 5. PLANTAS TRANSGÊNICAS: IMPACTO NA SAÚDE E MEIO PLANTAS TRANGÊNICAS Prof. Dr. RICARDO VICTORIA FILHO ÁREA DE BIOLOGIA E MANEJO DE PLANTAS DANINHAS DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO VEGETAL ESALQ/USP PIRACICABA/SP PLANTAS TRANSGÊNICAS 1. INTRODUÇÃO 2. PLANTAS

Leia mais

Embrapa origem de algumas commodities transgênicas; e IV - o direito do consumidor de optar pelo consumo de alimentos não transgênicos I A RELEVÂNCIA

Embrapa origem de algumas commodities transgênicas; e IV - o direito do consumidor de optar pelo consumo de alimentos não transgênicos I A RELEVÂNCIA RESUMO DA POSIÇÃO DA EMBRAPA SOBRE PLANTAS TRANSGÊNICAS A Embrapa é instituição pioneira no Brasil no que se refere à adaptação e geração de tecnologias modernas de interesse agrícola Investimentos estratégicos

Leia mais

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FUNDAÇÃO CECIERJ / CONSÓRCIO CEDERJ PROFESSOR/CURSISTA: MARIA DE LOURDES N

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FUNDAÇÃO CECIERJ / CONSÓRCIO CEDERJ PROFESSOR/CURSISTA: MARIA DE LOURDES N FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FUNDAÇÃO CECIERJ / CONSÓRCIO CEDERJ PROFESSOR/CURSISTA: MARIA DE LOURDES N. DE MEDEIROS COLÉGIO: TUTOR (A): SÉRIE: 3ª SÉRIE / ENS. MÉDIO 4º BIMESTRE

Leia mais

PERSPECTIVAS DO MELHORAMENTO DE PLANTAS. João Carlos Bespalhok Filho

PERSPECTIVAS DO MELHORAMENTO DE PLANTAS. João Carlos Bespalhok Filho PERSPECTIVAS DO MELHORAMENTO DE PLANTAS João Carlos Bespalhok Filho Importância das plantas Alimento Remédio Vestuário Perfume Energia Habitação Ornamentação Matriz Energética do Brasil 2010 Fonte: Empresa

Leia mais

Transgênicos x HLB: existe a bala de prata?

Transgênicos x HLB: existe a bala de prata? 39 a Semana da Citricultura Transgênicos x HLB: existe a bala de prata? Marcos A. Machado O que é um organismo transgênico? Organismo cujo material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer

Leia mais

ÉTICA DA BIOTECNOLOGIA CONCLUSÃO

ÉTICA DA BIOTECNOLOGIA CONCLUSÃO ÉTICA DA BIOTECNOLOGIA CONCLUSÃO 23 DE ABRIL DE 2018 (17ª aula) Sumário da Aula Anterior: As questões éticas associadas às patentes biológicas. Estudo do caso Gene R Us!. Programa Para a Aula de Hoje:

Leia mais

Transgênicos prontos para uma segunda onda de crescimento

Transgênicos prontos para uma segunda onda de crescimento 1 ISAAA - Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia Transgênicos prontos para uma segunda onda de crescimento Vontade Política se Fortalece Pelo Mundo NAIROBI, QUÊNIA (11

Leia mais

Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma

Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma 137 Giberela em trigo Maria Imaculada Pontes Moreira Lima Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma doença de espigas de trigo de expressão econômica mundial para a cultura. É causada, principalmente,

Leia mais

A Biotecnologia n B ra r si s l

A Biotecnologia n B ra r si s l A Biotecnologia no Brasil O QUE É BIOTECNOLOGIA? Bio = significa vida Tecnologia = significa aplicação prática do conhecimento Biotecnologia pode ser definida como a aplicação prática do conhecimento através

Leia mais

Milho Doce SV0006SN Seminis. Milho Doce SV9298SN Seminis. Biotecnologia e qualidade que unem o campo, indústria e mercado.

Milho Doce SV0006SN Seminis. Milho Doce SV9298SN Seminis. Biotecnologia e qualidade que unem o campo, indústria e mercado. Milho Doce Seminis Biotecnologia e qualidade que unem o campo, indústria e mercado. Milho Doce SV0006SN Seminis Qualidade que une campo, indústria e mercado. Milho doce Performance series single pro sc

Leia mais

Metodologia. Modelos de Séries Temporais Específicos para previsão

Metodologia. Modelos de Séries Temporais Específicos para previsão Metodologia CONAB IBGE MAPA EMBRAPA FAPRI (Food and Agricultural Policy Research Institute ) USDA (United States Department of Agriculture) Modelos de Séries Temporais Específicos para previsão Foram usados

Leia mais

Genética. Aula 02 Profº Ricardo Dalla Zanna

Genética. Aula 02 Profº Ricardo Dalla Zanna Genética Aula 02 Profº Ricardo Dalla Zanna Plano de Ensino e Aprendizagem Conteúdo programático: o Unidade 1: Introdução à genética o Importância da genética na vida, na sociedade e para o estudo da biologia

Leia mais

LANÇAMENTO DKB 290 MULTI PLANTIO O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO SUL 2014/2015. dekalb.com.

LANÇAMENTO DKB 290 MULTI PLANTIO O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO SUL 2014/2015. dekalb.com. LANÇAMENTO DKB 290 O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES + MULTI PLANTIO CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO SUL 2014/2015 dekalb.com.br ASAS PARA O SEU POTENCIAL. DKB 290 O novo híbrido para altas

Leia mais

Biossegurança dos Alimentos Geneticamente Modificados. Rita Batista Novembro de 2011

Biossegurança dos Alimentos Geneticamente Modificados. Rita Batista Novembro de 2011 Biossegurança dos Alimentos Geneticamente Modificados Rita Batista Novembro de 2011 O que é um Organismo Geneticamente Modificado (OGM)? É um organismo no qual foi introduzido, com recurso à engenharia

Leia mais

Biossegurança Produção de Vacinas

Biossegurança Produção de Vacinas Mapa de Risco Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de Lorena Departamento de Biotecnologia Curso: Engenharia Bioquímica Biossegurança Produção de Vacinas Prof: Tatiane da Franca Silva tatianedafranca@usp.br

Leia mais

PROJETO DE LEI N.º 69/XIII/1.ª PROÍBE O CULTIVO, IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS VEGETAIS

PROJETO DE LEI N.º 69/XIII/1.ª PROÍBE O CULTIVO, IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS VEGETAIS Grupo Parlamentar PROJETO DE LEI N.º 69/XIII/1.ª PROÍBE O CULTIVO, IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS VEGETAIS Exposição de motivos O único organismo geneticamente modificado

Leia mais

TECNOLOGIA Bt MANEJO DA RESISTÊNCIA DE INSETOS ÁREAS DE REFÚGIO

TECNOLOGIA Bt MANEJO DA RESISTÊNCIA DE INSETOS ÁREAS DE REFÚGIO TECNOLOGIA Bt MANEJO DA RESISTÊNCIA DE INSETOS ÁREAS DE REFÚGIO BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS ÍNDICE 3 4 6 8 9 10 11 12 14 15 Contexto O que são culturas Bt? Como funciona a tecnologia Bt? Proteínas Bt disponíveis

Leia mais

SITUAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEMENTES NO BRASIL

SITUAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEMENTES NO BRASIL SITUAÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEMENTES NO BRASIL AGRICULTURA NA ECONOMIA BRASILEIRA REPRESENTA 28% PIB EMPREGA 37% DOS TRABALHADORES GERA 44% DAS EXPORTAÇÕES PRINCIPAIS CULTURAS BRASILEIRAS: SOJA, MILHO, ALGODÃO,

Leia mais

OS TRANSGÊNICOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

OS TRANSGÊNICOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS OS TRANSGÊNICOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS Adolf Hitler Cardoso de Araújo (1) Universidade Estadual da Paraíba, adolf_araujo@hotmail.com INTRODUÇÃO Com os diversos avanços biotecnológicos como a engenharia

Leia mais

Poluição do Solos (Meio Rural)

Poluição do Solos (Meio Rural) Poluição do Solos (Meio Rural) CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA Gerenciamento Ambiental Prof: Thiago Edwiges 2 FERTILIZANTES NATURAIS Revolução Industrial Disponibilidade de fertilizantes produzidos localmente;

Leia mais

BIOLOGIA MOLECULAR É

BIOLOGIA MOLECULAR É BIOLOGIA MOLECULAR É RECURSO IMPORTANTE PARA AUMENTAR A PRODUTIVIDADE Por: Natália Monnerat de Souza, Médica Veterinária, Mestre em Clínica Médica Por muitos anos, a seleção genética de animais e plantas

Leia mais

DominiSolo. Empresa. A importância dos aminoácidos na agricultura. Matérias-primas DominiSolo para os fabricantes de fertilizantes

DominiSolo. Empresa. A importância dos aminoácidos na agricultura. Matérias-primas DominiSolo para os fabricantes de fertilizantes DominiSolo Empresa A DominiSolo é uma empresa dedicada à pesquisa, industrialização e comercialização de inovações no mercado de fertilizantes. Está localizada no norte do Estado do Paraná, no município

Leia mais

AEGRO Colhendo Conhecimento. 8 passos para um manejo integrado da lavoura

AEGRO Colhendo Conhecimento. 8 passos para um manejo integrado da lavoura 8 passos para um manejo integrado da lavoura Lavoura produtiva é Lavoura integrada A alta produtividade de grãos só é possível quando se adota o manejo integrado nas práticas agronômicas. Essas estratégias

Leia mais

O DNA vai ao supermercado

O DNA vai ao supermercado O DNA vai ao supermercado Você já comeu DNA alguma vez na vida? O DNA está presente em todos os seres vivos, tais como plantas, frutas e animais. O que é o DNA? O DNA, sigla de ácido desoxirribonucléico,

Leia mais

IMPACTOS NAS LAVOURAS

IMPACTOS NAS LAVOURAS SEMENTES DA DISCÓRDIA Sumário Executivo - 1 IMPACTOS NAS LAVOURAS Os impactos diretos das sementes transgênicas nas lavouras da América do Norte serão examinados nos capítulos 03, 06, 08 e 09. Muitos dos

Leia mais

Autores... v. Apresentação... xvii. Prefácio... xix. Introdução... xxi. Capítulo 1 Profissão: agrônomo... 1

Autores... v. Apresentação... xvii. Prefácio... xix. Introdução... xxi. Capítulo 1 Profissão: agrônomo... 1 Sumário Autores... v Apresentação... xvii Prefácio... xix Introdução... xxi Capítulo 1 Profissão: agrônomo... 1 1.1 Uma profissão eclética... 3 1.2 As (velhas e novas) atribuições do engenheiro agrônomo...

Leia mais

Eucalipto GM Análise pela CTNBio

Eucalipto GM Análise pela CTNBio Eucalipto GM Análise pela CTNBio Dra. Patricia Machado Bueno Fernandes Membro da CTNBio Presidente da CIBio da UFES Coordenadora do PG-Biotecnologia da UFES Liberação Comercial de Eucalipto Geneticamente

Leia mais

O que são plantas transgênicas. X Olimpíada Regional de Ciências CDCC - USP. Profa. Ana Paula Ulian de Araújo IFSC

O que são plantas transgênicas. X Olimpíada Regional de Ciências CDCC - USP. Profa. Ana Paula Ulian de Araújo IFSC O que são plantas transgênicas X Olimpíada Regional de Ciências CDCC - USP Profa. Ana Paula Ulian de Araújo IFSC Melhoramento Vegetal Cruzamento convencional associado à métodos de seleção; X = Indução

Leia mais

Enzimas de restrição

Enzimas de restrição A tecnologia do DNA recombinante e suas aplicações Enzimas de restrição As enzimas de restrição são proteínas produzidas por bactérias para prevenir ou restringir a invasão de um DNA estranho. Elas atuam

Leia mais

LANÇAMENTO DKB 290 MULTI PLANTIO O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO NORTE 2014/2015. dekalb.com.

LANÇAMENTO DKB 290 MULTI PLANTIO O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO NORTE 2014/2015. dekalb.com. LANÇAMENTO DKB 290 O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES + MULTI PLANTIO CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO NORTE 2014/2015 dekalb.com.br ASAS PARA O SEU POTENCIAL. DKB 310 Alto potencial produtivo

Leia mais

Introdução. A soja é uma commodity de relevância econômica no mercado internacional

Introdução. A soja é uma commodity de relevância econômica no mercado internacional Introdução A soja é uma commodity de relevância econômica no mercado internacional Proteína - excelentes qualidades nutricionais e funcionais para o ser humano Encontrada na maioria dos estabelecimentos

Leia mais

por Anderson Galvão, diretor International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications (ISAAA)

por Anderson Galvão, diretor International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications (ISAAA) por Anderson Galvão, diretor International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications (ISAAA) http://www.isaaa.org 2 Uma organização sem fins lucrativos, registrada nos EUA, copatrocinada

Leia mais

Biossegurança em Organismos Geneticamente Modificados

Biossegurança em Organismos Geneticamente Modificados Biossegurança em Organismos Geneticamente Modificados Prof. Dr. Vinicius Campos Disciplina de BBB Graduação em Biotecnologia - UFPel OGMs x Biossegurança Conceito de OGMs: Organismos geneticamente modificados

Leia mais

Biossegurança dos Alimentos Geneticamente Modificados. Rita Batista Março de 2012

Biossegurança dos Alimentos Geneticamente Modificados. Rita Batista Março de 2012 Biossegurança dos Alimentos Geneticamente Modificados Rita Batista Março de 2012 O que é um Organismo Geneticamente Modificado (OGM)? É um organismo no qual foi introduzido, com recurso à engenharia genética,

Leia mais

VISÃO EMPRESARIAL DE UM PRODUTOR RURAL/MELHORISTA SOBRE O MERCADO DE SEMENTES

VISÃO EMPRESARIAL DE UM PRODUTOR RURAL/MELHORISTA SOBRE O MERCADO DE SEMENTES VISÃO EMPRESARIAL DE UM PRODUTOR RURAL/MELHORISTA SOBRE O MERCADO DE SEMENTES Dr. José Ricardo Peixoto Professor Titular da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária FAV Universidade de Brasília -

Leia mais

BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS. Soluções para um Mundo em Crescimento

BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS. Soluções para um Mundo em Crescimento BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS Soluções para um Mundo em Crescimento Manejo Integrado integrado de Pragas ÍNDICE Contexto Quais são as estratégias para o Manejo da Resistência de Insetos? Boas Práticas Agrícolas

Leia mais

INFORMATIVO SOBRE TECNOLOGIAS DE RESISTÊNCIA A INSETOS SEMEANDO O FUTURO

INFORMATIVO SOBRE TECNOLOGIAS DE RESISTÊNCIA A INSETOS SEMEANDO O FUTURO INFORMATIVO SOBRE TECNOLOGIAS DE RESISTÊNCIA A INSETOS É IMPORTANTE A utilização de milho geneticamente modificado resistente a insetos, conhecido como milho Bt (Bacillus thuringiensis), tem crescido signficativamente

Leia mais

Biologia. Alexandre Bandeira e Rubens Oda (Helio Fresta) Os 5+ ENEM

Biologia. Alexandre Bandeira e Rubens Oda (Helio Fresta) Os 5+ ENEM Os 5+ ENEM Os 5+ ENEM 1. (ENEM 2009) Um medicamento, após ser ingerido, atinge a corrente sanguínea e espalha-se está o problema, podem seria perfeito se as moléculas dos medicamentos soubessem exatamente

Leia mais

População e Procura de Alimentos

População e Procura de Alimentos A Biotecnologia e a sua Contribuição para a Agricultura Sustentável Professor Peter J. Davies Jefferson Science Fellow United States Department of State Cornell University, USA População e Procura de Alimentos

Leia mais

MELHORAMENTO PARA RESISTÊNCIA A DOENÇAS

MELHORAMENTO PARA RESISTÊNCIA A DOENÇAS MELHORAMENTO PARA 16 RESISTÊNCIA A DOENÇAS INTRODUÇÃO O melhoramento para resistência a doenças é um dos principais objetivos do melhoramento. Isto porque o controle de doenças através do uso de variedades

Leia mais

1 colher de azeite. 1 colher de arroz. São macronutrientes as proteínas, os carboidratos e os lipídeos.

1 colher de azeite. 1 colher de arroz. São macronutrientes as proteínas, os carboidratos e os lipídeos. Distúrbios alimentares EXERCÍCIOS 1. (Fuvest) Uma dieta de emagrecimento atribui a cada alimento um certo número de pontos, que equivale ao valor calórico do alimento ao ser ingerido. Assim, por exemplo,

Leia mais

PROJETO DE LEI N.º 784/XII/4.ª PROÍBE O CULTIVO, IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS VEGETAIS

PROJETO DE LEI N.º 784/XII/4.ª PROÍBE O CULTIVO, IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS VEGETAIS Grupo Parlamentar PROJETO DE LEI N.º 784/XII/4.ª PROÍBE O CULTIVO, IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS VEGETAIS Exposição de motivos No planeta, em 2013, 4% do solo agrícola

Leia mais

GASTOS COM INSETICIDAS, FUNGICIDAS E HERBICIDAS NA CULTURA DO MILHO SAFRINHA, BRASIL,

GASTOS COM INSETICIDAS, FUNGICIDAS E HERBICIDAS NA CULTURA DO MILHO SAFRINHA, BRASIL, GASTOS COM INSETICIDAS, FUNGICIDAS E HERBICIDAS NA CULTURA DO MILHO SAFRINHA, BRASIL, 2008-2012 Maximiliano Miura (1), Alfredo Tsunechiro (2), Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira (1) Introdução

Leia mais

Lista de exercícios para a recuperação 1º trimestre

Lista de exercícios para a recuperação 1º trimestre 7 O ANO EF CIÊNCIAS RECUPERAÇÃO Thiago Judice Lista de exercícios para a recuperação 1º trimestre Questão 1 Os vírus não são considerados seres vivos por muitos autores, uma vez que não são capazes de

Leia mais

Nutrientes. Leonardo Pozza dos Santos

Nutrientes. Leonardo Pozza dos Santos Nutrientes Leonardo Pozza dos Santos Itaqui, 2017 O que define um nutriente? - Qualquer elemento ou composto químico necessário para o metabolismo de um organismo vivo. - Eles compõem os alimentos e são

Leia mais

Biodiversidade e prosperidade económica

Biodiversidade e prosperidade económica Biodiversidade e prosperidade económica Helena Castro e Helena Freitas Centro de Ecologia Funcional Universidade de Coimbra O que é a biodiversidade? Biodiversidade é a variedade de seres vivos. Aqui se

Leia mais

Importância e objetivos do melhoramento de plantas

Importância e objetivos do melhoramento de plantas Universidade Federal de Rondônia Curso de Eng. Florestal Melhoramento genético Florestal Importância e objetivos do melhoramento de plantas Emanuel Maia emanuel@unir.br www.lahorta.acagea.net Introdução

Leia mais

Melhoramento Genético de Plantas

Melhoramento Genético de Plantas Melhoramento Genético de Plantas Prof. Dr. Natal A. Vello Doutoranda Fernanda A. Castro Pereira Genética Mendeliana Genética Quantitativa Estatística Melhoramento genético convencional Biotecnologia Biotecnologia

Leia mais

Marco Abreu dos Santos

Marco Abreu dos Santos Módulo 07 Capítulo 3 A atividade agropecuária e o comércio mundial Marco Abreu dos Santos marcoabreu@live.com www.professormarco.wordpress.com Principais produtos agropecuários O cultivo de cereais era

Leia mais

A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA ALIMENTAR NO DESENVOLVIMENTO DOS TRANSGÊNICOS

A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA ALIMENTAR NO DESENVOLVIMENTO DOS TRANSGÊNICOS A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA ALIMENTAR NO DESENVOLVIMENTO DOS TRANSGÊNICOS Adolf Hitler Cardoso de Araújo (1) Universidade Estadual da Paraíba adolf_araujo@hotmail.com RESUMO A biotecnologia é considerada

Leia mais

Decisões sobre biossegurança no Brasil

Decisões sobre biossegurança no Brasil Decisões sobre biossegurança no Brasil Mesa de controvérsias sobre transgênicos CONSEA 12 de julho de 2013 Gabriel B. Fernandes Transgênicos liberados Milho 19 Soja 5 Algodão 12 Feijão 01 15 Vacinas 02

Leia mais

Eucalipto Geneticamente Modificado Aspectos Regulatórios. Apresentação para:

Eucalipto Geneticamente Modificado Aspectos Regulatórios. Apresentação para: Eucalipto Geneticamente Modificado Aspectos Regulatórios Apresentação para: Março 2014 Agenda Ambiente regulatório Eucalipto GM FuturaGene Avaliação ambiental e de segurança Resumo 2 Estrutura legal no

Leia mais

Entrevista Organismos Geneticamente Modificados Ciência e segurança

Entrevista Organismos Geneticamente Modificados Ciência e segurança Organismos Geneticamente Modificados Ciência e segurança Por Juçara Pivaro Fotos: Divulgação Um assunto polêmico e que ainda precisa de muito esclarecimento, o uso de OGMs, é tema de entrevista com Marilia

Leia mais

BIOTECNOLOGIA NO MELHORAMENTO

BIOTECNOLOGIA NO MELHORAMENTO BIOTECNOLOGIA NO MELHORAMENTO Biotecnologia Utilização de organismos no desenvolvimento de novos produtos e processos para a alimentação, saúde e preservação do ambiente. Algumas técnicas biotecnológicas

Leia mais

Papel timbrado MANIFESTAÇÃO. (Anexo V - RESOLUÇÃO Nº 16, DE 12 DE MARÇO DE 2010.)

Papel timbrado MANIFESTAÇÃO. (Anexo V - RESOLUÇÃO Nº 16, DE 12 DE MARÇO DE 2010.) Papel timbrado MANIFESTAÇÃO (Anexo V - RESOLUÇÃO Nº 16, DE 12 DE MARÇO DE 2010.) Medida nº: 03 - Subtração, por tempo determinado, do prazo de proteção de direitos sobre patentes de produtos ou processos

Leia mais

Manejo do milho Bt manejo integrado de pragas. Fernando Hercos Valicente Embrapa Milho e Sorgo

Manejo do milho Bt manejo integrado de pragas. Fernando Hercos Valicente Embrapa Milho e Sorgo Manejo do milho Bt manejo integrado de pragas Fernando Hercos Valicente Embrapa Milho e Sorgo CNPMS/EMBRAPA Sete Lagoas, MG Transgênico Organismo que recebeu gene exógeno por engenharia genética Organismo

Leia mais

Biotecnologia e Biodiversidade. Prof. Msc. Lucas Silva de Faria

Biotecnologia e Biodiversidade. Prof. Msc. Lucas Silva de Faria Biotecnologia e Biodiversidade Prof. Msc. Lucas Silva de Faria Biotecnologia e Biodiversidade Biodiversidade Diversidade Biológica, ou Biodiversidade, refere-se à variedade de espécies de todos os seres

Leia mais

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS É o trânsito da matéria entre o meio físico e os seres vivos. Quando os organismos vivos realizam os processos vitais essenciais, eles incorporam moléculas de água, carbono, nitrogênio

Leia mais

A Origem da Agricultura. (A Agronomia e seu estado-da-arte)

A Origem da Agricultura. (A Agronomia e seu estado-da-arte) A Origem da Agricultura (A Agronomia e seu estado-da-arte) O Planeta Terra Quais os aspectos diferenciadores? As plantas A população Sem o ser humano? Sem as plantas? Oxigênio Comida Roupas Corantes Ceras

Leia mais

QUÍMICA GERAL Introdução

QUÍMICA GERAL Introdução QUÍMICA GERAL Introdução Prof. Dr. Anselmo E. de Oliveira Instituto de Química, UFG anselmo.quimica.ufg.br anselmo.disciplinas@gmail.com 19 de Agosto de 2018 Agronomia Saúde Humana e Problemas Ambientais

Leia mais

Para obter mais informações, entre em contato com: John Dutcher no telefone (515)

Para obter mais informações, entre em contato com: John Dutcher no telefone (515) Para obter mais informações, entre em contato com: John Dutcher no telefone (515) 334-3464 dna@qwestoffice.net Jerianne Thomas no telefone (713) 513-9513 jerianne.thomas@fleishman.com Plantações biotecnológicas

Leia mais

RUI MANGIERI A AGROPECUÁRIA NO MUNDO

RUI MANGIERI A AGROPECUÁRIA NO MUNDO RUI MANGIERI A AGROPECUÁRIA NO MUNDO A agropecuária na América Anglo- Saxônica I- Os norte-americanos são os principais representantes da agropecuária comercial no mundo,com cultivos e criações intensamente

Leia mais

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SERES VIVOS (CONT.)

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SERES VIVOS (CONT.) THARCIO ADRIANO VASCONCELOS BIOLOGIA CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SERES VIVOS (CONT.) PAZ NA ESCOLA 15.03.2019 Animais, plantas, micro-organismos todos são capazes de perceber as condições ambientais e de

Leia mais

REFÚGIO ESTRUTURADO NA CULTURA DE SOJA E MILHO COM TECNOLOGIA BT

REFÚGIO ESTRUTURADO NA CULTURA DE SOJA E MILHO COM TECNOLOGIA BT ESTRUTURADO NA CULTURA DE COM TECNOLOGIA BT Saiba por que adotar e como realizar esta prática fundamental para preservação dos benefícios trazidos pela tecnologia Bt. Uma publicação Refúgio na Área www.refugionaarea.com.br

Leia mais

Biotecnologia. biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica.

Biotecnologia. biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica. Biotecnologia - Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização

Leia mais

Descreve a história da vida na Terra Investiga os processos responsáveis por essa história

Descreve a história da vida na Terra Investiga os processos responsáveis por essa história Aula 1 Evolução Biologia Evolutiva x Evolução Biológica O termo Evolução biológica refere-se ao processo de modificação e surgimento das espécies na Terra Biologia Evolutiva refere-se à disciplina que

Leia mais