Suplente da Diretoria da CNC. Suplente Janilton Fernandes Lima. Ações Reunião Ordinária realizada no dia 26 de março de 2015

Transcrição

1 R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I A L Órgão Ministério da Justiça (MJ) Representação Efetiva Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP) Representantes: Titular André Luiz Roncatto Suplente da Diretoria da CNC Suplente Janilton Fernandes Lima Advogado Divisão Jurídica da CNC (Compareceu) Ações Reunião Ordinária realizada no dia 26 de março de 2015 A 3ª Reunião Ordinária do CNCP que teve com pauta única a apresentação do material elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre os hábitos de consumo dos brasileiros. O material, denominado oficialmente de Pesquisa sobre hábitos de consumo, é tratado no CNCP como "Radiografia da Pirataria". A referida pesquisa teve como objetivo específico obter dados sobre consumo de produtos produzidos com violação dos direitos de propriedade intelectual, no intuito de quantificar o mercado ilegal e seu impacto econômico, tributário e social para o País. Para produzir esse diagnóstico, o Ipea realizou entrevistas domiciliares com pessoas em 200 cidades brasileiras, com um questionário de 30

2 questões. Os pesquisadores do Ipea Alexandre Cunha e Luís Kubota explicaram que é apenas um panorama inicial, o qual dará base para pesquisas mais aprofundadas sobre o tema e poderá nortear ações do CNCP. Os dados da pesquisa confirmaram hábitos dos brasileiros já observados anteriormente, no sentido de que os produtos piratas são bem aceitos pela sociedade. Segundo a pesquisa, apenas 6% dos entrevistados consideram errado ou ilegal adquirir produtos piratas, porém foram identificados pela metade dos entrevistados os atos de repressão na cidade onde vivem, mostrando que a repressão não é bastante para coibir esses hábitos dos consumidores; tanto que a outra metade declarou que comprou produtos piratas nos últimos 12 meses. Os produtos que mais são comprados pelos entrevistados são: DVDs (48%), CDs (41%), Roupas, bolsas e calçados (46%), óculos (14%) e relógios (11%). Isso deve-se à facilidade de acesso a esses produtos: quase 90% dos entrevistados afirmaram que é fácil encontrar CDs e DVDs na cidade onde vivem. A pesquisa mostra que, apesar da repressão policial, os consumidores ainda compram produtos piratas ou contrabandeados, e a maioria não julga a prática ilegal ou teme algum tipo de punição. Uma das conclusões é que só é possível mudar esse quadro com a conscientização da população acerca do tema. Os membros do Ipea informaram que, quando usavam outra expressão diferente da palavra pirata, imediatamente o entrevistado utilizava a palavra pirata, indicando o quanto a população já se habituou à prática. Questionados quanto a por que a população reconhece a repressão e nem assim diminui o consumo desses produtos, responderam que só identificam essa repressão

3 para os vendedores, não julgando que a aquisição seja ilegal. As principais características da amostra ressaltadas foram no sentido de que o estudo não é uma "Radiografia da Pirataria", porque isso implicaria um esforço composto de várias iniciativas e muitos recursos. Tampouco é um trabalho de cunho acadêmico. Trata-se de um trabalho de assessoria governamental para orientar trabalhos futuros do CNCP. Afirmou-se que o estudo tem representatividade estatística para o Brasil e grandes regiões, com uma margem de erro de 5%, em um nível de confiança de 95%. Julgou-se que a pesquisa se limitou à realização de coleta em um único momento. Ela não foi desenhada especificamente para esse fim. Havia número reduzido de perguntas, sem possibilidade de aumento, além da inviabilidade de se perguntar ao entrevistado sobre consumo dos outros membros da família. Foi identificado o desejo de adquirir produtos que não são de primeira necessidade. Por julgarem esses produtos além de suas posses, os consumidores recorrem à compra do produto ilegal, sendo o preço o principal fator para a compra de produtos não originais. As questões sobre medicamentos indicam que o consumo consciente de produtos não originais ou de fontes não autorizadas ocorre em escala mínima. Por um lado, esse resultado sugere uma preocupação dos consumidores com a saúde, mas, por outro, o mecanismo da "raspadinha" é desconhecido pela maioria dos entrevistados. Os resultados indicam que a maior incidência de consumo de produtos não originais se dá no conjunto de produtos de vestuário e acessórios (roupas, bolsas, calçados, óculos e relógios), bem como nos tradicionais bens de consumo cultural (CDs e DVDs).

4 Esse trabalho apresentou dados de diversos setores, em virtude da diversidade da composição do CNCP. Para se obter um conhecimento mais aprofundado, seria necessário realizar pesquisas especializadas por setor/tipo de produto. O representante do Ministério da Cultura (MinC) declarou que identifica na pesquisa que a causa da pirataria é unicamente a questão do preço e que as campanhas não vão dar resultado se antes não for corrigida a questão da renda da população Janilton Lima, representante da CNC, pediu a palavra e discordou de forma veemente da afirmação do representante do MinC, questionando o CNCP quanto a que medidas virão após esse estudo, uma vez que campanhas não são suficientes. Lima argumentou que a pirataria afeta todos de forma prejudicial e que apontar a questão da renda da população é uma visão romântica, e não real, e não pode ser usada como desculpa para não efetuar repressão. O representante da CNC expôs que a indústria fabrica e vende. O comerciante compra o produto, mas tem em sua porta um ambulante vendendo falsificações de seus produtos por um quarto do preço. Vendem até óculos e medicamentos, o que já torna a questão um problema de saúde pública. Entretanto, a população julga que a repressão é apenas porque os produtos piratas não pagam impostos, mas a própria imprensa divulga que medicamentos são falsificados ou fruto de roubo. Lima sugeriu que o CNCP divulgue que a pirataria é crime de quem vende e de quem compra, e que por trás dessa distribuição há organizações criminosas, no que recebeu o apoio dos representantes do setor privado. O representante do MinC alterou sua fala, reconhecendo a necessidade de repressão. Mas como seu ministério só

5 trata de questões audiovisuais, não identifica crime em todos os atos nessa área. Janilton Lima reiterou que certos produtos não sofrem com a pirataria, como bebidas importadas ou charutos, porque esses produtos são consumidos por quem não aceita a falsificação, visto que reconhecem de imediato quando um produto não é original. Os dados foram encaminhados ao CNCP. Na próxima reunião do Conselho serão estudadas por seus integrantes, para discussão, as melhores formas de trabalhar esses dados.