IMPACTOS DA LOGÍSTICA DE SERVIÇOS NA ECONOMIA BRASILEIRA E A CONTRIBUIÇÃO DAS FACULDADES

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1 IMPACTOS DA LOGÍSTICA DE SERVIÇOS NA ECONOMIA BRASILEIRA E A CONTRIBUIÇÃO DAS FACULDADES Ednilson Zanini 1 O serviço logístico tornou-se uma ferramenta importante para o desenvolvimento de relacionamentos mais próximos com clientes e fornecedores. Como o serviço ao cliente pode ter uma definição muito ampla, o conhecimento dos elementos que o compõem pode auxiliar no entendimento do conceito de serviço logístico. O serviço ao cliente é o componente que diferencia a logística moderna da abordagem tradicional, já que atualmente a importância não reside somente na busca pela eficiência operacional, mas também pelo atendimento das necessidades dos clientes. O serviço ao cliente é uma área de interface da função logística com a função marketing, mas diversas fontes da literatura reconhecem que a logística é a função mais importante na entrega do serviço ao cliente. A função logística busca oferecer um serviço de qualidade superior e de baixo custo, gerando valor para os clientes. Assim, os serviços logísticos têm grande potencial como instrumento de diferenciação de uma empresa. O propósito deste artigo é questionar o foco dos estudos da logística em cursos de graduação entre outros e o porquê de muitas instituições ainda focarem apenas a logística industrial e não a de demais setores da economia, como logística de serviços, de comércio, eventos e transporte urbano entre outras. Alertar importância da introdução da disciplina de logística também na área de serviços demonstrando que a logística deve ser parte primordial em todas as áreas. Observações demonstram que no Brasil temos muito a melhorar no que diz respeito à logística de serviços presentes em várias áreas e segmentos do mercado de trabalho, cobrindo setores até então pouco explorados como a logística hoteleira, logística de eventos esportivos, culturais, empresariais, feiras, convenções, turismo, construção civil, e-commerce, 1 Mestrando em Educação, Pós-graduado em Marketing e Negócios Internacionais, Pósgraduado em Administração Empresarial Sistêmica. prof_zanini2000@yahoo.com.br 1

2 turismo, transporte de pessoas, logística de trânsito, entre muitos outros, ainda carentes de uma boa estrutura logística. Logística Empresarial ou Logística Industrial Primeiramente faz-se necessário a correção e adequação das nomenclaturas dos cursos. A nomenclatura Logística Empresarial vem sendo utilizada em seus estudos em instituições de ensino, com foco em operações industriais, armazenagem, controle de materiais, movimentação de materiais, inventário físico, transporte, distribuição de produtos e tecnologias de movimentação. Neste caso a nomenclatura correta da disciplina seria logística industrial e não Logística empresarial. Logística Empresarial é algo amplo, muito mais abrangente, devendo ser incorporada a todos os setores e segmentos da economia, tais como: indústria, comércio e serviços, sendo serviços em todas as suas áreas e ramificações. Cumpre-nos então o papel da reflexão e reformulação das nomenclaturas sobre estudos logísticos. Se o que diferencia a pessoa física da pessoa jurídica é a existência do CNPJ, portanto toda instituição que possua CNPJ é considerada uma empresa, e se a nomenclatura da disciplina for Logística empresarial, deveria então estudar todos os setores empresariais e não somente a indústria. Na sociedade moderna a administração tornou-se imprescindível nos tempos de globalização que exigem uma gestão logística muito mais ampla, competente e desafiadora. A logística vem sofrendo grandes mudanças ao longo do tempo que nos conduz a grandes desafios, pois juntamente com a transformação social, houve também uma mudança de necessidades, velocidade e qualidade dos serviços a indústria da pressa onde se faz necessário uma nova abordagem educacional em que as faculdades passem a tratar seus alunos não como meros expectadores passivos, mas como atores ativos, não como meros executores, mas como críticos, pensadores e desenvolvedores de soluções. 2

3 A importância de capacitar pessoas para área de logística de serviços e não somente para logística industrial As empresas estão cada vez mais interessadas em pessoas que saibam usar suas habilidades e toda a sua competência em prol do seu crescimento. Não é suficiente ter carisma, conhecimento, diplomas se o indivíduo não tem a capacidade de colocar em prática tudo aquilo que aprendeu durante toda a sua vida, pois hoje em dia o dito popular "quem não tem competência não se estabelece" está atualizadíssimo nas empresas. Para as melhores práticas logísticas, é imprescindível que o profissional conheça as diferenças das competências e habilidades entre as atividades empresariais e as atividades de serviços, as quais são bastante distintas. Necessariamente o profissional de logística empresarial precisará de atualização profissional para atuar na área de logística de serviços e eventos. Competências representam combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional, no âmbito de determinado contexto ou estratégia organizacional. As competências e habilidades são inseparáveis da ação, mas exigem domínio de conhecimentos. Enquanto as competências se constituem num conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões que habilitam alguém para vários desempenhos da vida, as habilidades se ligam a atributos relacionados não apenas ao saberconhecer, mas ao saber-fazer, saber-conviver e ao saber-ser. 3

4 Quadro comparativo entre competências e habilidades para profissionais em logística empresarial (de serviços) e logística industrial Profissional em logística empresarial (serviços) Profissional em logística industrial (operações) Competências necessárias Competências necessárias Trabalhar com planilhas eletrônicas Trabalhar com softwares empresariais ERP Administrar com foco nos resultados Administrar com foco nas atividades Operacionalizar todas as rotinas de compras, Operacionalizar rotinas de compras, recebimento, recebimento, armazenagem. armazenagem. Desenvolver processos operacionais Desenvolver processos de produção Administrar recursos humanos e materiais Administrar recursos materiais Regras básicas de segurança - Estratégias básicas de Marketing - Conhecimentos básicos de assuntos jurídicos - Habilidades necessárias Habilidades necessárias Elaboração de contratos de serviços - Contratação de serviços de terceiros - Ética profissional e Responsabilidade social Ética empresarial Relacionamento interpessoal. Convívio diário com Relacionamento interpessoal. Convívio diário com grupos de diferentes níveis sociais mesmo grupo de pessoas Tomada de decisões Tomador de decisões Possuir atitude proativa - Comportamento prospectivo - Analítico - Ser comunicativo - Organizador de ideias - Conhecimento de elaboração de projetos - Organização Organização Delegação de tarefas - Coordenar reuniões de trabalho - Saber avaliar e demonstrar resultados - Trabalhar com cronogramas - Seguir regras de mercado Seguir regras coorporativas Adquirir, avaliar e transmitir informações. - 4

5 Influência da logística de serviços na economia Ao longo do dia, vivenciamos e usamos vários tipos de serviço, sejam eles produtivos (seguro, serviços bancários, jurídicos, corretagem e comunicação), de distribuição de bens (comércio, transporte e armazenagem), sociais (educação, saúde e lazer) e pessoais (restaurantes, salão de beleza, hotelaria), entre outros. Esse setor de serviços, que corresponde à venda de produtos e aos serviços comerciais oferecidos à população, é um dos principais responsáveis pela economia nacional. Considerado como um dos propulsores do desenvolvimento econômico no País, nos últimos anos o setor ajudou a aumentar a competitividade interna e externa, gerou milhares de empregos qualificados e acelerou o progresso tecnológico. Eles estão tão presentes na vida dos brasileiros que o setor terciário corresponde a quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) a soma de tudo o que o País produz e por mais de 75% dos empregos formais, segundo o IBGE. Só o comércio varejista brasileiro é formado por mais de 1,4 milhão de empresas (ou 80% delas), com receita total de cerca de R$ 1,6 trilhão. Já o comércio atacadista e de veículos respondem por 17% e 10%, respectivamente. Para o investidor estrangeiro são várias as opções de negócio no País, como o comércio de veículos, objetos pessoais e domésticos, combustíveis, alimentos, além das atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas. Conforme matéria da Revista Exame (01/03/2013), o setor de serviços foi o único que apresentou crescimento na economia brasileira em Com alta de 1,7% no ano, o setor, que já representa 68,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sustentou o crescimento de 0,9% da economia do país. Isso porque a agropecuária e a indústria tiveram quedas na produção no ano, de 2,3% e 0,8%, respectivamente. Ainda, conforme divulgado pelo Jornal o Estado de São Paulo, o setor de serviços, que inclui atividades como comércio e tecnologia da informação, entre outras, puxou o 5

6 crescimento da economia brasileira e foi o único que avançou acima do Produto Interno Bruto (PIB) desde o início da crise econômica, iniciada em setembro de Nesses quatro anos e um trimestre de turbulência internacional, o PIB do setor de serviços avançou 11,6%, enquanto o crescimento brasileiro, no geral, foi de 9,3%, revela um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). No mesmo período, a indústria cresceu apenas 2%, e a agropecuária ficou praticamente estagnada - queda de 0,1%. A reação mais pujante do setor de serviços é evidente porque todas as atividades apresentaram crescimento. No caso da indústria, a atividade de transformação teve uma queda de 5,9% no período analisado. "Do ponto de vista da oferta, somente o setor de serviços respondeu aos estímulos da demanda", diz Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. " Fonte: Luiz Guilherme Gerbelli e Fernando Dantas, O Estado de S. Paulo (02/03/2013). Logística empresarial como planejamento estratégico Muitos entendem por estratégia a forma mais eficiente de se realizar determinada tarefa. Cabe lembrar que isso não é estratégia competitiva, mas uma maneira de ser mais eficiente operacionalmente. Estratégia é realizar de maneira diferente as atividades que os concorrentes realizam, e que, por conseguinte, geram vantagem competitiva. O planejamento estratégico de uma organização deve estar relacionado ao processo de desenvolver e construir estratégias baseadas no objetivo do contratante. Assim, a prática mostra que a logística deve ser entendida como o principal instrumento administrativo para a obtenção de vantagem competitiva das organizações deste século. A necessidade de uma integração logística, aliada às constantes mudanças das necessidades dos clientes, nos leva a ver na logística não apenas as atividades de: almoxarifado, estoque e transporte de mercadorias, mas, sim, planejamento e coordenação do 6

7 fluxo de informações, fluxo de materiais e fluxo de pessoas, que permitam maior eficiência no atendimento das necessidades de todas as áreas. Por outro lado, o novo modelo estrutural aqui preconizado acarreta um processo de reformulação e a liberalização crescente da economia mundial, exigindo que a vantagem competitiva seja mais determinante do que a vantagem comparativa. Uma análise mais abrangente e mais atual pode ajudar a estabelecer as diferenças entre os campos de atuação da Logística Industrial e logística Empresarial Cabe lembrar que com o aumento das atividades de serviços as empresas são obrigadas a buscar novas alternativas para se tornar mais competitivas. Diferente do estabelecido por Porte (1980), que afirmava que a competição ocorria entre unidades de negócio de maneira isolada. Outras teorias mais recentes afirmam que uma empresa não sobrevive de maneira isolada, e que a grande força de sua competitividade está também em sua cadeia logística de maneira conjunta. Com isso, atualmente a competição está ocorrendo ao nível da cadeia de serviços, ou seja, entre diferentes cadeias logísticas. Neste contexto as questões logísticas aparecem na agenda da alta administração, como parte integrante das estratégias competitivas para fazer frente aos concorrentes. Cada vez mais a busca por eficiência logística tem como pré-requisito a alta qualidade dos serviços prestados ao cliente/consumidor final. Nos dias atuais não basta mais ter apenas produtos com alta tecnologia e qualidade, é necessário atender as necessidades dos consumidores na área de serviços, como vendas, pós-vendas, assistência técnica, entregas rápidas com serviço condizentes com a qualidade de seus produtos. Por isso a logística de serviços passa a ser o centro de onde irradiam os valores a serem perseguidos, sendo que sua legitimidade vem ganhando maior importância e notoriedade baseada nos resultados demonstrados nos diversos setores da área. A prática mostra que enquanto na logística industrial sua orientação é para as atividades, na logística de serviços a orientação deve ser para o resultado, ou seja, para a 7

8 qualidade da atividade fim, que será medida pelo resultado final por parte do contratante e dos consumidores. Organizações inteligentes Como sabemos, as organizações estão enfrentando os desafios do aumento de complexidade. As mudanças acontecem rapidamente e tudo se conecta. Para lidar com estes desafios, as organizações precisam se tornar mais inteligentes do que simplesmente crescer em tamanho e complexidade. Para isso há a necessidade de utilizar a inteligência de seus colaboradores, dos quais muitos se frustram com o fato de suas ideias não serem utilizadas nos processos de tomada de decisão, ficando cansados de ver suas empresas desperdiçar dinheiro e tempo com suas inutilidades. Muitos gestores mais próximos da alta cúpula estão demasiadamente preocupados apenas com o cenário corporativo e com seus empregos, perdendo contato com as decisões de pequeno porte, tomadas diariamente, e tampouco permitem que os funcionários de níveis inferiores tomem decisões nesse sentido, não considerando a inteligência da organização e gerando medidas e resultados inferiores aos ideais. A organização que se permite aprender é uma organização que está, em primeira instância, suscetível às mudanças e capacitada a moldar sua cultura pelas influências das mudanças externas e disseminação da gestão do conhecimento. Por outro lado, o excesso de burocratização nas organizações impede a criação e inovação para quaisquer mudanças, ficando arraigadas a sua cultura e filosofia ultrapassada de gestão. Portanto, é importante pensarmos num programa de formação de atitudes acarretando um processo de reformulação dos conceitos de gestão. Neste ambiente surge o grande desafio e a necessidade de experiência logística, exigindo uma formação especial e obrigatória para estudantes e profissionais que atuam, pretendem atuar ou se aprofundar nas mais diversas áreas de serviços onde se utiliza a logística, pois onde houver a necessidade de planejamento estratégico, haverá também a necessidade de conhecimento logístico, independentemente da localização e do tipo de serviço, gerando riquezas e crescimento econômico para o País. 8

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