DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

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1 DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: O DATA: 17/09/12 TURNO: Vespertino TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD INÍCIO: 14h27min TÉRMINO: 16h40min DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO Hora Fase Orador 15:00 PE PAES LANDIM Obs.: Inexistência de quorum.

2 Ata da 249ª Sessão, da 2ª Sessão Legislativa Ordinária, da 54ª Legislatura, em 17 de agosto de Presidência dos Srs.: Luiz Couto, Izalci, 2º do artigo 18 do Regimento Interno.

3 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Não havendo quorum regimental para abertura da sessão, nos termos do 3º do art. 79 do Regimento Interno, aguardaremos até meia hora para que ele se complete. 3

4 I - ABERTURA DA SESSÃO (Às 14 horas e 27 minutos) O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Havendo número regimental, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos. O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior. II - LEITURA DA ATA O SR. IZALCI, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada. III - EXPEDIENTE 4

5 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Passa-se ao IV - PEQUENO EXPEDIENTE Concedo a palavra à Sra. Deputada Perpétua Almeida. 5

6 A SRA. PERPÉTUA ALMEIDA (PCdoB-AC. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, caros colegas Parlamentares e ouvintes da TV Câmara que nos assistem neste momento. quero divulgar o seminário Política Externa Brasileira: Desafios em um mundo em transição, promovido pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, que terá sua abertura amanhã, às 14h30min, no auditório Nereu Ramos, prosseguindo na quarta-feira. Amanhã teremos a presença do Ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores do Governo brasileiro, e do Deputado Marco Maia, Presidente da Câmara dos Deputados. Este seminário é uma parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA e conta com a participação da sociedade civil organizada e de representantes de vários cursos universitários na área de relações exteriores. Uma das Mesas de debates contará com a presença do Ministro Marco Aurélio Garcia, que falará sobre questões do MERCOSUL. Em vários painéis, durante dois dias, vai tratar da política externa brasileira no atual contexto geopolítico, para saber como está nossa política num mundo em transição. Outra Mesa tratará da questão MERCOSUL e UNASUL, que na nossa opinião tem que ser a prioridade da política externa brasileira, pois o nosso bloco de países da América do Sul tem que estar fortalecido. Inclusive, brevemente, depois das eleições no Paraguai, teremos o retorno do Paraguai, que, juntamente com a entrada da Venezuela, faz com que o MERCOSUL seja um dos blocos mais importantes desse cenário mundial. O Brasil se fortalece com o MERCOSUL e a UNASUL. 6

7 Teremos ainda um painel com o tema O Contexto Geopolítico Internacional e os desafios à Política Externa Brasileira, e outro painel com tema Crise e Reforma do Sistema Financeiro Internacional. Temos que compreender essa quebradeira no sistema internacional, quais as implicações disso para o Brasil e como o País deve se prevenir. Em outra Mesa o seminário tratará do tema Brasil e a Geopolítica da Energia, para saber como estamos neste processo, inclusive com a nossa vizinhança. Claro que o MERCOSUL se fortalece com a entrada da Venezuela, por ser uma grande potência energética. Teremos mais dois painéis, um que abordará o tema O Brasil e a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento; outro que falará da ascensão da China e dos desafios para o Brasil. Para nós, Sr. Presidente, esse seminário é de uma importância muito grande, porque outro desse porte foi realizado nesta Casa ainda em 2010 o então Deputado Aldo era o Presidente da Comissão de Relações Exteriores. De lá para cá, mudou tudo nos cenários nacional e internacional. Por isso a importância de um evento como esse, que tem a participação de vários Ministros, de vários embaixadores. Está confirmada a presença de mais de 60 embaixadores das diversas embaixadas, inclusive dos países que compõem os BRICs, que mandaram representação, assim como outros países. É importante que a Câmara dos Deputados sedie um evento como esse, até com a participação da academia brasileira, das nossas universidades, que têm todo 7

8 o interesse em discutir, acompanhar e fazer sugestões acerca da política externa brasileira. Não tenho dúvida de que será um seminário de grande sucesso, até porque, pela Internet, pelos sites da Câmara, da Comissão e do próprio IPEA, já se inscreveram mais de 400 pessoas. E a Câmara se coloca em evidência, quando faz debates de grande importância como esse, cujo tema é Política Externa Brasileira: Desafios em um mundo em transição. Muito obrigada, Sr. Presidente. 8

9 O SR. IZALCI (Bloco/PR-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, eu não poderia deixar também de me manifestar sobre a eleição ocorrida na Universidade de Brasília. Conheço e acompanhei o trabalho do Prof. Ivan Camargo, que foi vencedor em 1º turno e, em 2º turno, confirmando assim sua liderança. Agora estamos aguardando apenas a sua nomeação pela Presidenta Dilma Rousseff, porque cabe à Presidenta nomeá-lo em lista tríplice. Já tive o prazer de conversar com ele e de parabenizá-lo pelo trabalho. Sei que os desafios são enormes. A Universidade de Brasília passa por dificuldades, como diversas universidades no Brasil. Recentemente, inclusive, quase todas estavam em greve. Há, de fato, um comprometimento da qualidade do ensino em muitas das universidades. A Universidade de Brasília, recentemente, teve curso de pós-graduação reprovado pela CAPES. Portanto, o programa do Prof. Ivan Camargo é voltado para a qualidade da educação. Espero que ele consiga ter o apoio dos demais professores e também de toda a comunidade acadêmica da Universidade de Brasília, porque é preciso união. Conversando outro dia com a bancada, dizíamos que sempre prestigiamos a Universidade de Brasília com emendas de bancada. Infelizmente, o Governo, a União não tem liberado os recursos de emendas de bancada suficientes para poder complementar as obras tão necessárias às universidades. Portanto, quero aqui colocar a Câmara dos Deputados à disposição do nosso querido Ivan Camargo, que é um pesquisador de alto nível, uma pessoa comprometida com a universidade, não só com a Universidade de Brasília, mas com o conhecimento. Eu, quando Secretário de Ciência e Tecnologia, pude contar com 9

10 sua colaboração em diversos momentos. Ele fazia parte do Conselho Regional de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal e teve uma bela participação, contribuindo muito com a política de ciência e tecnologia do Distrito Federal e com grandes projetos de pesquisas. Então, quero desejar-lhe muito sucesso. Tenho certeza de que a Presidenta Dilma irá consolidar esse nome, que é da vontade popular não só da maioria dos professores. Praticamente 80% dos professores votaram nessa eleição, contra apenas menos de 30% dos alunos. Quero crer que agora a UnB, com o Reitor Ivan Camargo, conseguirá realmente deslanchar em termos de qualidade. Tenho certeza de que nós todos podemos ajuda-lo. E aqui a bancada federal, a bancada do Distrito Federal irá apresentar as emendas que forem necessárias para o cumprimento do seu mandato. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado. 10

11 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Convido o Deputado Izalci a assumir os trabalhos, para que eu possa também me pronunciar neste momento. O Sr. Luiz Couto, 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Izalci, 2º do art. 18 do Regimento Interno. 11

12 O SR. PRESIDENTE (Izalci) - Com a palavra o Deputado Luiz Couto, PT-PB. O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero repudiar a versão que a revista Veja fez acerca do nosso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inventando uma história de que Marcos Valério teria dado um depoimento em que acusava o ex-presidente de ser o chefe do chamado Mensalão. Eu quero repudiar isso. É importante, Sr. Presidente, que aqueles que estão na revista Veja também possam ser convidados, convocados a participar da CPMI. Há uma resistência muito grande de dois partidos aqui, que impedem que o Policarpo mais outras pessoas ligadas à revista Veja possam estar presentes e prestar um depoimento, uma vez que nas falas que foram verificadas pela Polícia Federal, nos diálogos, elas estão presentes e devem dar explicação. Então queremos repudiar essa informação e dizer que o nosso ex-presidente, logo que tomou conhecimento, pediu que a Polícia Federal fizesse uma investigação profunda. E não impediu que houvesse CPIs, CPMIs; ao contrário, sempre deu plena liberdade para que as pessoas pudessem convocá-las. Então, queremos repudiar essa matéria que saiu publicada na Veja esta semana. Sr. Presidente, ontem, o Fantástico trouxe uma matéria, uma denúncia, de extrema gravidade. Primeiro, o Fantástico falou sobre a indústria das multas que são pagas por empresas, com apoio e organização também de setores do Executivo, no sentido da cobrança dessa chamada indústria das multas através de instrumentos que muitas vezes são colocados para cobrar multas e não para dar consistência à questão do transporte nas nossas cidades. Há denúncias feitas a partir de alguns 12

13 Estados de que essa indústria vem crescendo através dos instrumentos eletrônicos que são colocados. E assim multam, multam, e, muitas vezes, os serviços de qualidade nas estradas não são realizados. Então, é importante uma ação da Polícia Militar nessa investigação, assim como da Procuradoria-Geral e do Ministério Público, a fim de se dar um basta a essa indústria de multas que corre aqui no nosso País, com gente ganhando dinheiro à custa dessa situação. Mas a outra matéria ligada a essa é: Analfabetos pagam propina para conseguir tirar carteira de habilitação. Investigações mostram que as habilitações chegavam a custar 4 mil e o interessado na compra do documento tinha a opção de pagar a propina com peixe, camarão e lagosta. Como acontecia em Mossoró. E mais: A gente tem que arranjar camarão, arranjar peixe, diz uma mulher em uma gravação. Eu levo, responde um homem. Essa é a entrega de uma das encomendas de camarão e as negociações ilegais acontecem até na antessala do chefe do DETRAN. Sr. Presidente, isso é muito grave, e mostra que temos de dar um basta nessa situação. Parabenizo o Fantástico pelas reportagens que apresentou sobre as duas realidades. E outra notícia diz o seguinte: 13

14 Segundo o Presidente do Grupo Nacional de Combate ao Crime Organizado, formado por Promotores, há investigações de fraudes nos DETRANs de quase todo o Brasil. Quando se fala em DETRAN, sempre se tem alguma restrição em termos de corrupção ou de fraudes, diz Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, Procurador-Geral de Justiça da Paraíba. O Procurador é o coordenador dessa frente que trabalha para combater efetivamente a corrupção em nosso País. O Ministério Público da Paraíba descobriu, ao cruzar as informações do Cadastro Eleitoral com as do DETRAN, que o Estado tem 50 mil analfabetos que conseguiram tirar a habilitação. Hoje virou uma coisa comum, uma rotina a gente ter flagrantes de autoescolas repassando CNHs pelo Correio, conta Oswaldo Trigueiro do Vale, Procurador Geral de Justiça. Morador de João Pessoa, João Batista da Silva, 37 anos, foi um dos analfabetos que compraram a carteira de motorista no Estado. O que você desse pra ele copiar, ele copiava igual. Mas ele não sabia ler, conta Tereza da Silva Ferreira, prima de João. Seis meses depois de comprar a habilitação, João morreu em um acidente de trânsito. 14

15 É um esquema que existe em diversos Estados e o Ministério Público, as polícias, precisam coibir esse tipo de fraude, esse crime de corrupção, que põe em jogo a vida humana, declara Manoel Onofre Neto, procuradorgeral de justiça do Rio Grande do Norte. É importante que o Ministério Público realize essa investigação, é importante que a Polícia Federal entre nesse circuito para investigar, porque o que o programa Fantástico ontem mostrou é a indústria de multas e a compra de carteiras por quem é analfabeto. E lá no Rio Grande do Norte você paga a carteira arranjando camarão, arranjando peixe ou lagosta. Isso é suficiente para comprar uma carteira. Então, significa que é preciso combater a corrupção. Daí a nossa luta incessante para mostrar que a corrupção é o grande ralo por onde o dinheiro público está sendo desviado, é a grande chaga que temos que enfrentar para também enfrentar a violência, o crime organizado e a impunidade. Era o que eu gostaria de registrar, neste primeiro momento, sobre essas notícias. Muito obrigado. O Sr. Izalci, 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Luiz Couto, 2º do art. 18 do Regimento Interno. 15

16 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Paes Landim. O SR. PAES LANDIM (PTB-PI.) - Sr. Presidente, graças ao eminente professor da minha cidade, Gonçalo Carvalho Filho, ficamos sabendo, estarrecidos, quinta-feira passada, através da Internet, da denúncia de que a Fundação, controlada pelo candidato a Prefeito do PT, é acusada de supostos desvios de recursos públicos, que seriam destinados às comunidades quilombolas em São João do Piauí. (Relatório Antropológico de Identificação e Delimitação do Território da Comunidade Quilombola do Riacho dos Negros, em São João do Piauí.) Veja bem, Sr. Presidente, segundo o Prof. Gonçalo Carvalho Filho, esses recursos viriam através da CODEVASF e não teriam sido aplicados, embora tenham sido empenhados e, consequentemente, liberados. Este assunto é da maior gravidade. Recursos sociais da maior densidade humana, os quilombolas, do grande projeto do Governo Lula de identidade e resgate social de parcela de comunidades distanciadas dos benefícios da sociedade, foram contemplados com esse projeto de resgate da sua identidade, razão por que estranho que a Fundação José Abel Modesto Amorim, que ainda tem tradição nessa área de pesquisa antropológica, seja contratada pela CODEVASF para projeto dessa magnitude. Estou encaminhando à Corregedoria-Geral da União a nota do Prof. Gonçalo Carvalho Filho, de São João do Piauí, para que as providências sejam tomadas. E o mais espantoso é que, segundo comentários da cidade, o Presidente da Fundação, que é também meu líder político-partidário, espalha que tem dinheiro a receber da CODEVASF para gastar na eleição. Com certeza, é o dinheiro dos quilombolas. Isso 16

17 realmente é um atentado à dignidade humana, e, com certeza, o Governo Federal não tem a menor ideia de como esses recursos estão sendo aplicados, como estão sendo destinados e operacionalizados. Isso merece efetivamente uma atuação do TCU e da Controladoria-Geral da União para identificar os gravíssimos desvios de recursos públicos destinados às populações marginais da nossa sociedade. Sr. Presidente, o Prof. Gonçalo Carvalho Filho prestou grande serviço ao País ao denunciar um fato espúrio dessa natureza, que é retirar recursos de pessoas pobres, da região mais pobre da minha cidade, para fins não moralmente reconhecidos. Muito obrigado. O Sr. Luiz Couto, 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Izalci, 2º do art. 18 do Regimento Interno. 17

18 O SR. PRESIDENTE (Izalci) - Concedo a palavra ao Deputado Luiz Couto. O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero chamar a atenção desta Casa para os atos de violência que afligem as mulheres brasileiras. Na oportunidade, informo que esteve presente em nosso Estado da Paraíba a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito CPMI, realizando diligências e audiências para investigar homicídios de mulheres em nosso Estado. De acordo com o mapa da violência de 2012, elaborado pelo Instituto Sangari/Ministério da Justiça, a Paraíba é o sétimo Estado do País em assassinatos de mulheres, com base em dados de 2010, no exercício do Governo anterior, e não no Governo atual, que teve início em A Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social, através do relatório preparado pela Delegada-Geral da Polícia Civil, Dra. Ivanisa Olímpio de Almeida, e apresentado pelo Secretário de Segurança Pública e Defesa Social da Paraíba, Claudio Lima, revela que os homicídios com vítima do sexo feminino, no Estado da Paraíba, entre janeiro e agosto de 2012, por motivação está relacionado: 42% a crimes passionais; 29% a crimes com envolvimento de drogas; e 9% por erro de pessoa. Ou seja, o cara ia matar alguém, viu que outro era parecido, matou. Ou vai lá, como aconteceu no Bairro de Mandacaru, onde foram matar um rapaz que estava devendo a droga. Não encontrando o rapaz, mataram a mãe e a irmã no mesmo momento. 18

19 Seis por cento por motivo fútil; 6% por rixa; 5% por latrocínio; e 3% por preconceito. A taxa de homicídios é de seis assassinatos para um grupo de 100 mil mulheres. Informou ainda o secretário, através de relatório, que, dos 34 casos ocorridos em João Pessoa, três vítimas já haviam procurado a Delegacia da Mulher por agressões anteriores e todos os procedimentos já haviam sido remetidos à época do crime fatal. Numa comparação entre janeiro e agosto de 2011 ao mesmo período de 2012, foram assassinadas, na Paraíba, 95 mulheres em 2011, de janeiro a agosto, e 100, em 2012 no mesmo período, aumentando em cinco o número de mulheres assassinadas. Na categoria de crimes contra mulheres, o líder em denúncias de violências é o Distrito Federal. Em 6 anos, desde a criação do Disque 180, serviço telefônico criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres para que a violência de gênero fosse denunciada, foram registrados 329,5 mil relatos de violência contra a mulher. A Capital do País, que deveria dar o exemplo, recebeu, pelo Disque 180, o maior número de relato de violência contra as mulheres. O Distrito Federal lidera o ranking de denúncias do País, com 625 denúncias para cada 100 mil mulheres. Sr. Presidente, é preciso dar as condições para que as mulheres que sofrem violência denunciem os agressores pelo Disque 180, ou na Delegacia da Mulher, buscando assim acolhimento nos órgãos governamentais para receber a assistência necessária em instituições como os Centros de Referência da Mulher. O Disque Denúncia, criado pelo Governo Federal, ajuda mulheres que sofrem violência física, sexual ou psicológica, entre outros tipos. As vítimas devem buscar 19

20 auxílio espontaneamente ou por telefone na Opção 6, do Portal 156, que identifica quais estão realmente vivenciando uma situação de violência. A primeira ação do Centro de Referência é dar acolhimento. Ao chegarem, as mulheres são cadastradas e recebem auxílio de uma psicóloga e de uma assistente social. Caso seja necessário, um advogado também é acionado. Sr. Presidente, parabenizo os grupos que lutam e apoiam o combate a todo tipo de violência contra a mulher, ressaltando que ainda podemos fazer muito mais. Temos que agir mais para que nós possamos acabar com a violência contra as mulheres. O nosso desejo é que as mulheres sejam amadas, respeitadas, acolhidas, valorizadas. Que Deus nos ajude e que nós possamos, assim como esta importante Casa de Leis, reagir diante dessa chaga que fere a nossa consciência e que injuria a alma brasileira. Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. autorizasse que os dados que foram produzidos pela Delegada-Geral da Polícia Civil, Ivanisa Olímpio de Almeida, sobre homicídios com vítimas do sexo feminino no Estado da Paraíba, de janeiro a agosto de 2012, pela Secretaria de Estado e Segurança e Defesa Social do meu Estado da Paraíba, acerca da violência praticada contra a mulher, fizessem parte do meu pronunciamento, bem como aquilo que o Governo do Estado está fazendo para o enfrentamento desta questão. Então, eu gostaria que fossem inseridos nos Anais desta Casa os dados que acompanham o meu pronunciamento. Muito obrigado, Sr. Presidente. DADOS A QUE SE REFERE O ORADOR (Anexo I) 20

21 O SR. PRESIDENTE (Izalci) - Convido V.Exa. para reassumir a Presidência, para que eu possa fazer o meu pronunciamento, Deputado Luiz Couto. Pela Liderança, antes do meu pronunciamento, Deputado Paes Landim, pelo PTB. O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Como Líder. Sem revisão do orador.) - DISCURSO DO SR. DEPUTADO PAES LANDIM QUE, ENTREGUE AO ORADOR PARA REVISÃO, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO. (Discurso a ser publicado na Sessão nº 008, de 19/02/13.) Durante o discurso do Sr. Paes Landim, o Sr. Izalci, 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Luiz Couto, 2º do art. 18 do Regimento Interno. 21

22 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Concedo a palavra ao Deputado Izalci, que disporá de até 5 minutos. O SR. IZALCI (Bloco/PR-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sras. e Srs. Parlamentares, Sr. Presidente, estamos aguardando o envio da medida provisória que desonera mais alguns setores da economia. Votamos aqui recentemente a desoneração da folha sobre as empresas de tecnologia, de informática. Agora vai-se chegar a 40 setores que serão beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos. O Governo, evidente, faz um discurso no sentido de abrir mão. Diz ele que está abrindo mão de quase 12 bilhões com essa desoneração. Mas me lembro muito bem de que, todas as vezes em que se discutiu aqui redução da carga tributária, o incremento do SIMPLES nas empresas, a restrição foi convencer o Ministério da Fazenda a aceitar determinados segmentos que estavam excluídos do SIMPLES. E, para nossa surpresa, a Receita aumentou, e muito. Tenho certeza absoluta de que a desoneração da folha de pagamentos virá também incrementar as receitas das empresas, aumentando evidentemente a arrecadação dos impostos. Então, tenho certeza de que o Ministério da Fazenda não está abrindo mão absolutamente de nada. Podem ter certeza de que o faturamento irá crescer e que, consequentemente, a contrapartida virá em forma de outros impostos. Mas gostaria de também já começar aqui uma discussão no sentido de ampliar um pouco mais a desoneração da folha. Eu quero aqui mostrar novamente que o Governo não considera, de fato, a educação como prioridade. Nós temos hoje as faculdades, universidades privadas, que atendem a mais de 75% dos alunos; ou seja, se não houvesse neste País universidades privadas, faculdades privadas, 22

23 dificilmente nossos jovens estariam se formando. O número que temos hoje nas universidades chega quase a 6 milhões de alunos. E, desses 6 milhões, 75% estão nas instituições privadas. Aí alguém questiona a qualidade. A qualidade do ensino superior privado está muito relacionada à matéria-prima que recebe, os alunos do ensino básico que são entregues a essas faculdades, a maioria com muita deficiência, porque quem tem condições, quem tem computador em casa, quem tem pai com poder aquisitivo, quem tem família que já tem graduação vai para a universidade pública; agora, aqueles que não podem pagar, mas que acabam pagando, vão para a faculdade particular. É aí que eu quero mostrar que a carga tributária dessas faculdades, bem como a da educação privada como um todo, chega a quase 36%. Mesmo as pequenas escolas porque hoje 80% das faculdades e escolas são micro e pequenas. Então, elas podem fazer opção pelo SIMPLES ou até pelo Lucro Presumido. No caso do Lucro Presumido, é a maioria, até porque quem quiser entrar no ProUni ou no FIES tem que aderir ao lucro real; essas pessoas são impedidas, inclusive, de optarem pelo SIMPLES ou até mesmo pelo Lucro Presumido. Temos uma carga tributária muito alta. Para vocês terem uma ideia, o Imposto de Renda retido na fonte chega a 8%. A base de cálculo do lucro das faculdades e das escolas é de 32%. Para comparar, do posto de gasolina é de 1,6%; do comércio de modo geral, 8%; hospitais e transportes, 8%; e a educação, 32%, o que corresponde a uma alíquota de Imposto de Renda Pessoa Jurídica de 8% sobre o faturamento. Mais a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, que também é 23

24 incidida sobre o faturamento; 3% de COFINS; 0,65% de PIS, o que totaliza uma imensa carga tributária, sem levar em consideração que o grande custo das universidades e das escolas é exatamente a mão de obra, sobre a qual incidem 20% de INSS, afora os terceiros SESC, SENAC, FUNRURAL, etc. Portanto, investir em educação hoje é quase um tratamento discriminatório, é quase um impedimento, uma punição. E aí se percebe que não é só na educação privada. Percebe-se, claramente, que, para o Ministério da Fazenda, educação não faz parte da política econômica do Governo, está fora completamente das discussões. Basta ver agora, desses 40 setores que foram beneficiados com a desoneração da folha, que não se tem nada com relação à qualificação profissional, à educação. Portanto, é só a comprovação do que falamos aqui quase diariamente: na prática, educação não é prioridade no País; é somente no discurso. Portanto, eu quero já solicitar às autoridades monetárias Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento, que só conhecem a palavra não, que reflitam um pouco, porque, chegando essa medida provisória, estarei apresentando emendas para ampliar a base, ampliar também as empresas na área da educação, que precisam e merecem. Se hoje existem 6 milhões de alunos no ensino superior, 75% deles são graças à iniciativa privada, porque o Governo não oferece condições de ampliação de vagas no ensino superior federal. E, por incrível que pareça, os institutos federais de educação também estão repletos de alunos com condições, aqueles que conseguem passar no vestibulinho. Os institutos federais também têm um vestibulinho para se poder entrar. E só entram os melhores alunos. Consequentemente, mais uma vez, aqueles alunos que mais precisam, que 24

25 deveriam estar fazendo cursos técnicos, esses não conseguem entrar no ensino público porque tiveram um ensino básico de má qualidade. Por isso a urgência da votação no Senado do Plano Nacional da Educação, para que possamos investir na educação 10% do PIB, o que vai corresponder a mais de 200 bilhões de reais nos próximos 10 anos. Não há outra solução para resolver o problema da segurança, do avanço do crack, de formação profissional que não seja através de grandes investimentos na educação. PNE, já! Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado. 25

26 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Com a palavra o último orador do Pequeno Expediente, Deputado Roberto de Lucena, Bloco/PV, São Paulo. V.Exa. disporá de até 5 minutos. O SR. ROBERTO DE LUCENA (Bloco/PV-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ilustre Deputado Luiz Couto, militante nesta Casa pela defesa dos direitos humanos, Sras. e Srs. Parlamentares, ocupo esta tribuna para fazer uma manifestação de lamento lamento, inclusive, que faço na condição de pastor evangélico e de Vice-Presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional. Lamento, Deputado Imbassahy, pela manifestação de pessoas inconsequentes e irresponsáveis que, em nome de uma fé, em alguns momentos, ou em nome de Deus, em outros momentos, ou ainda, em nome de uma ideologia, trabalham no desrespeito às ideias, no desrespeito à fé e no desrespeito às religiões, desconsiderando que esse desrespeito é um componente altamente explosivo e que podem ter desdobramentos e consequências graves. Deputado Izalci, por quem eu tenho muito respeito pelo trabalho que V.Exa. desenvolve neste Parlamento, representando o povo do Deputado Federal, o desrespeito nunca trouxe nenhum tipo de resultado positivo. Refiro-me, neste preâmbulo, ao filme Inocência dos Muçulmanos, criado pelo cineasta Sam Bacile. Sr. Presidente, por que eu disse que lamento inclusive como pastor? Porque o filme foi divulgado por um pastor evangélico nos Estados Unidos, chamado Terry Jones, da Flórida. Inclusive, esse senhor já esteve envolvido em uma situação polêmica, em um passado recente, no ano de 2010, o que causou um tremendo mal-estar em toda a comunidade islâmica do planeta. Ele declarou que iria queimar o Alcorão em uma manifestação de protesto, nos Estados Unidos. 26

27 Sr. Presidente, o que temos visto no Oriente é exatamente a reação a esse tipo de postura fundamentalista, intolerante, que jamais deveria ter acontecido. Esse filme, produzido por Sam Bacile, desrespeita e agride a figura máxima da doutrina e da crença mulçumana. Nós, Deputado Luiz Couto, precisamos cultivar o respeito entre as pessoas, entre os povos, entre as nações, entre as diversas crenças, entre as mais variadas formas de religião, porque a religião é o esforço do homem para chegar até Deus. Por trás desse esforço, está sempre a intenção da elevação da espiritualidade, a motivação de o bem fazer. O que preocupa, Sr. Presidente, além dos aspectos que aqui coloquei, é que são pessoas que não trabalham e não agem sozinhas. Em declaração feita pelo criador desse filme, ele diz: Este é um filme político. Os Estados Unidos da América perderam muito dinheiro e um monte de pessoas em guerras no Iraque, no Afeganistão, mas estamos lutando com ideias, acrescentando que o Islã é um câncer perigoso. Esse filme teria sido feito no ano passado e custou 5 milhões de dólares para ser feito. Os recursos foram obtidos por meio de doações de mais de cem colaboradores, conforme afirmou Bacile. O que temos visto como consequência dessa atitude impensada, irresponsável e inconsequente, por desrespeitosa, são as reações que têm afetado, atingido embaixadas americanas, que têm promovido e provocado mortes. Permita Deus que essas manifestações e essas consequências encerrem-se por aí. Sr. Presidente, faço um apelo, da tribuna da Câmara dos Deputados, ao povo brasileiro, aos membros deste Parlamento: que nós estejamos, efetivamente, 27

28 comprometidos com a construção da cultura da paz e que equívocos como esse possam nos servir como didáticos, como pedagógicos, para que evitemos que situações semelhantes no nosso País, de intolerância, de preconceito e de discriminação, possam, a médio e longo prazos, causar e criar um ambiente favorável a situações como essa, que possam acabar se transformando em violência de toda forma e agressão de todo tipo. Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado e que Deus nos ajude, que Deus abençoe o Brasil! O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Muito obrigado, Deputado Roberto de Lucena. 28

29 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Concedo a palavra ao Deputado Antonio Imbassahy, para uma Comunicação de Liderança, pela Minoria. S.Exa. disporá de até 6 minutos. O SR. ANTONIO IMBASSAHY (PSDB-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de iniciar minha fala propriamente dita, o tema que eu vou abordar, quero fazer minhas as palavras do nobre Deputado Roberto de Lucena aliás, um Deputado cuja marca é a da ponderação, da oportunidade em sempre abordar temas relevantes e, sobretudo, sempre na direção do bem comum. Parabéns, mais uma vez. Eu tenho acompanhado seu trabalho. São Paulo se orgulha do seu mandato, Deputado Roberto de Lucena. Sr. Presidente, eu queria falar sobre a questão do custo dos medicamentos no Brasil e registrar, de início, o notável trabalho realizado pelo ex-ministro José Serra, quando Ministro da Saúde, que combateu com ousadia, coragem, determinação e competência a indústria farmacêutica internacional; que conseguiu quebrar paradigmas e implantou no Brasil o programa de remédios genéricos, que tanto benefício tem trazido à população brasileira. José Serra, inclusive, na ocasião, Sr. Presidente, foi considerado o melhor Ministro da Saúde de toda a história do Brasil e proclamado, pela sua notável tarefa, pelo seu trabalho realizado, como um dos melhores Ministros da Saúde do mundo. Mas, Sr. Presidente, eu quero falar de uma PEC que está tramitando no Senado da República, de autoria do Senador Paulo Bauer, do nosso partido, o PSDB, e que representa o Estado de Santa Catarina. A PEC visa eliminar por 29

30 completo os tributos que incidem sobre os medicamentos, que aumentam o custo dos remédios para os brasileiros. A PEC dos Remédios, como é conhecida, está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e, em seguida, certamente virá para a Câmara dos Deputados. A redução da carga tributária incidente sobre os medicamentos beneficiará, por certo, toda a população brasileira, tornando possível alcançar o que tanto desejamos: o direito à saúde para a população brasileira, que, aliás, é dever do Estado, que aqui representamos de maneira consequente e responsável. Segundo estudo elaborado pelo pesquisador Nick Bosanquet, professor de políticas de saúde do Imperial College, em Londres, divulgado pela INTERFARMA Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, o Brasil ocupa, hoje, a triste liderança mundial em tributação de remédio. Entre 38 países estudados pelo pesquisador, o nosso País é recordista no nível de tributação sobre os medicamentos vendidos nas farmácias sob prescrição. Enquanto a média mundial de tributação é da ordem de 6,3% Deputado Izalci, V.Sa. que é sempre interessado nessas questões da tributação, no Brasil é da ordem de 34%. Países como México, Venezuela, Estados Unidos, Canadá, Colômbia e Reino Unido têm alíquota zero sobre os medicamentos. Os alemães pagam cerca de 15%; os japoneses, 5%; enquanto nós, brasileiros, pagamos, repito, 34% de impostos. Uma grave distorção que por certo tem custado vidas humanas. Os medicamentos de uso humano pagam três vezes mais de tributos do que os de destinação para uso animal. Quer dizer, aparentemente, há aí uma grave distorção. 30

31 De acordo com os estudos reunidos pela INTERFARMA, mais de 71% dos medicamentos do País são comprados exclusivamente pela população, percentual bem maior do que o da participação do Governo no fornecimento de medicamentos. Ou seja, mais de dois terços da população brasileira compra diretamente os medicamentos, cerca de um terço é fornecido pelo sistema de saúde nacional. A população paga, então, 9 bilhões por ano de impostos em remédios, quase o dobro do que gastam anualmente União, Estados e Municípios, que é da ordem de 5 bilhões de reais. De acordo com pesquisa realizada pelo IBOPE, o preço pode ser um fator decisivo na hora da compra do medicamento, fazendo com que muitas vezes recomendações médicas sejam ignoradas, não por conta da necessidade, da convicção, do conhecimento do paciente, mas porque muitas vezes a população não tem condições de comprar o medicamento. Portanto, 34% do preço dos medicamentos pagos pela população são constituídos de impostos, uma oneração excessiva, que tem inviabilizado o acesso da população mais carente ao tratamento com remédios prescritos pelo médico, em razão do seu custo elevado. Nós, cidadãos brasileiros, conhecemos isso. Eu fui Prefeito de Salvador durante dois mandatos 8 anos e sei das dificuldades que tem o cidadão brasileiro em ter acesso a um posto de saúde, a um hospital, a uma unidade pública de atendimento à saúde. Quando ele consegue chegar lá, muitas vezes sai com a receita, mas outras vezes não consegue adquirir o seu medicamento. É uma verdadeira via-crúcis que pode acabar, e certamente acaba, em muitas mortes por 31

32 falta de um tratamento adequado. E a Constituição brasileira realmente assegura que saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Portanto, a PEC do Senador Paulo Bauer, que tramita hoje no Senado Federal, tem um propósito muito elogioso, solidário, e está compatível com o espírito do brasileiro de ser generoso, solidário, de procurar acolher, viver em comunidade e atender aos seus irmãos. Espero que essa PEC seja aprovada no Senado, chegue à Câmara dos Deputados, imediatamente tenha aprovação e, consequentemente, possa ser implementada pelo Governo, pelo Senado, pelo Congresso Nacional, em benefício da população. Sr. Presidente, um doente brasileiro, hoje, que já sofre com a doença, ter que pagar ainda 34% de impostos aos Governos, é uma coisa que salta aos olhos. É uma injustiça. É uma distorção que tem que ser enfrentada, tem que ser eliminada. Sei que essas coisas não são fáceis de ser resolvidas. Mas é realmente uma grave injustiça uma pessoa que cai doente, que já tem dificuldade com a doença, ainda ter que pagar impostos ao Governo para se tratar. Essa grave distorção deve ser corrigida. Espero que o Senado cumpra com o seu dever, como cumprirá, e que a Câmara dos Deputados possa também aprovar essa PEC de iniciativa louvável do Senador Paulo Bauer. Muito obrigado. 32

33 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - E agora passa-se ao V - GRANDE EXPEDIENTE O primeiro orador inscrito é o Sr. Deputado Camilo Cola, do PMDB do Espírito Santo. V.Exa. disporá de até 25 minutos para o seu pronunciamento. 33

34 O SR. CAMILO COLA (PMDB-ES. Sem revisão do orador.) - Cumprimento V.Exa., Sr. Presidente, os demais componentes da Mesa, as Sras. e os Srs. Deputados, os auxiliares da Mesa Diretora, os funcionários da nossa Câmara Federal, os ouvintes que se encontram nas galerias, os assessores do meu gabinete e dos demais gabinetes do nosso Congresso, o povo do meu Estado, Espírito Santo, particularmente do Município de Cachoeiro de Itapemirim, de onde eu trago este mandato de Deputado Federal, começando por dizer que o Brasil assiste, aliviado, à atuação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal no julgamento do episódio que ficou conhecido como mensalão. As sentenças condenatórias são um alento para brasileiros acostumados a décadas de impunidade. Não importa se o dinheiro desviado dos cofres públicos foi usado em campanhas políticas ou para manter uma suposta liderança no Congresso. O que salta aos olhos, com provas inequívocas, é que partidos políticos perderam sua verdadeira função: a de servir ao povo. O Supremo Tribunal Federal está cumprindo seu papel. Do Congresso e aos políticos se cobra agora uma postura de correção e a volta aos antigos princípios. Por isso, defendo hoje, nesta tribuna, com veemência, alguns pressupostos que se perderam ao longo do tempo e que são, a meu ver, responsáveis pela deterioração da atividade política. Partidos rasgaram seus compromissos programáticos e transformaram-se em mera moeda de troca. Estou há 30 anos no PMDB. Sofremos muitos percalços, derrotas e vitórias, mas nunca a porta de saída foi minha opção, pelo contrário. Partidos e homens identificados com a causa do bem comum é que produzem sociedades fortes e mais justas. Homens como Ulysses Guimarães, que conduziu o PMDB com determinação, com mão de ferro, são os exemplos que devemos seguir. A fidelidade 34

35 partidária, hoje lamentavelmente não praticada, é um instrumento que deve ser reforçado, e não abandonado. As distorções produzidas por nosso sistema político são tantas que há candidatos disputando eleições apenas para conquistar a imunidade parlamentar. O indivíduo eleito pelo voto tem foro privilegiado, regalia que um cidadão comum não tem. A possibilidade de a Casa Legislativa do Parlamentar, Câmara ou Senado, suspender o andamento do processo contra Deputado ou Senador atrai esses políticos. No entanto, lembro que essa imunidade é uma possibilidade; não se trata de um mandamento constitucional absoluto. Nesse sentido, o voto secreto desempenha um papel central na permissividade da utilização da prerrogativa constitucional de maneira enviesada, corporativa, desvirtuada do amparo do sistema constitucional, condutas essas que inclusive atentam contra os princípios mais básicos de igualdade, de moralidade e de justiça do Estado democrático e republicano. É o voto secreto das Casas Legislativas que concede privilégios e vantagens infundadas, arbitrárias, e produz, consequentemente, anomalias institucionais, jurídicas e éticas. O voto não exposto, secreto, não se submete ao juízo de terceiros ou à conta eleitoral. Não sendo transparente, permite a solidariedade daninha, sem desgaste político na mídia ou nas eleições. Imunidades são garantias que aumentam a responsabilidade dos Parlamentares. Não podem funcionar com lógica diversa. Em razão disso, o instituto da votação secreta para análise e sustação de processo contra Parlamentar não pode mais ser tolerado. Esse instituto desvirtua a ação política e produz resultados negativos para a Nação. A certeza da impunidade faz com que Parlamentares 35

36 condenados pela Interpol circulem livremente pelos plenários da Câmara e do Senado Federal. Isso tem de acabar! Por isso, entre os privilégios que condeno na vida política está a questão do voto secreto. Somos eleitos por nossos conterrâneos para representá-los. O voto secreto acaba transformando-se num biombo que permite os mais espúrios acordos políticos. Essa é uma prática que temos de eliminar rapidamente, assim como a história de Senador ter suplente. Ora, no impedimento do titular, precisamos, em nossa reforma política, defender que o segundo mais votado ocupe a suplência de Senador. A prática atual de escolha não é democrática, muito menos transparente. Outro dos males da nossa política são as coligações proporcionais. Partidos pequenos atrelam-se, hospedam-se falando na linguagem do homem do campo, para melhor entendermos, os partidos pequenos enxertam-se nas legendas mais fortes com objetivo único de obter um espaço nas Câmaras Legislativas, Assembleias, e mesmo no Congresso Nacional, prática que incentiva o empreguismo nas repartições públicas de nosso País. Eu mesmo hoje sigo o caminho contrário ao do meu partido em minha cidade. Meu nome foi recusado por convencionais que descartaram minha história partidária, empresarial e pessoal; quando me coloquei à disposição do meu partido para essa eleição, coloquei meu nome à disposição dos eleitores para governar meu Município, meu partido negou-me a candidatura, homologando um outro nome, filiado recentemente ao PMDB, nome esse que historicamente foi um adversário ferrenho do meu partido. Por esse motivo, estou em posição contrária. Estou apoiando abertamente a candidatura à reeleição do Prefeito do PT Carlos Casteglione, justamente por meu 36

37 partido não ter mantido candidatura majoritária após minha derrota na convenção municipal. Minha decisão é política, por meu partido não participar com candidato a Vice-Prefeito na majoritária em que se coligou. Senador Valdir Raupp, Presidente Nacional do PMDB, registro publicamente minha insatisfação pela humilhação recebida do meu partido em Cachoeiro de Itapemirim. O ato praticado naquela convenção não foi um ato democrático; foi um ato covarde contra um autêntico militante, e com uma suplência de Deputado Federal. Foi um ato arquitetado pelos maiores adversários políticos do nosso partido e também adversários ferrenhos da nossa sociedade cachoeirense, adversários que há muitos anos não dão oportunidades para a formação de novos valores e novas filiações. Só não fui expulso ainda do meu partido, mas de humilhação e desrespeito já foram várias as manifestações recebidas. Não me desfiliei do meu partido por respeito a honrados militantes que ainda temos, por acreditar ser possível a filiação de jovens e por respeito aos mais de 70 mil votos que garantem ao sul do Espírito Santo esta honrosa cadeira de suplente que hoje ocupo, buscando contribuir para uma melhora de vida para a nossa gente. É preciso, ou melhor, é mais que necessário e urgente darmos um basta a isso. A coligação proporcional permite que candidatos com votações individualmente insignificantes, sem expressão, representatividade ou o respaldo da vontade popular, sejam trazidos para o exercício de mandatos. É um artifício eleitoreiro. Com a alteração da Lei Geral das Eleições quanto a isso daríamos fim às legendas de aluguel, desprovidas de conteúdo ideológico, de comprometimento estrutural com o povo. Daríamos fim a partidos que desempenham papel raso no 37

38 cenário nacional. A extinção da coligação proporcional significa transparência, pois o eleitor votará e reconhecerá, dentre os eleitos, o que ali está em razão do seu voto. Inclui possibilidades de exercício da cidadania, de cobrança sobre o mandato, sobre as propostas de campanha, e exige prestação de contas; é, por isso, um mecanismo de democracia inclusiva, que estimula a participação dos cidadãos na construção do Estado, das opções políticas de seus representantes. Eleições de 2 em 2 anos são, na minha opinião, outro fator de desequilíbrio. É um momento de barganha: Eu apoio você agora para que você me apoie depois. Além disso, muito dinheiro é gasto em campanhas exaustivas, e são o Poder Público e o cidadão que pagam a conta e sofrem as consequências. Temos de fazer eleições casadas, de 4 em 4 anos. O povo precisa respirar. Não há máquina pública que sobreviva a essas divisões que esfacelam a sociedade. Além da substancial economia, a unificação das eleições para todos os cargos evita outros tipos de desperdícios. A cada 2 anos os trabalhos legislativos ficam comprometidos, em face da atuação em apoio de Parlamentares. Nosso País precisa que os mandatários eleitos desempenhem de fato suas funções para todo o período para o qual forem eleitos. Com o sistema atual, o País praticamente para. Como exemplo, posso citar meu próprio Estado, que na semana passada completou a sexta vez com falta de quorum. Deputados que deveriam estar legislando estão cumprindo o papel de cabos eleitorais. Eleições a cada 2 anos permitem condutas egoísticas, não formam estadistas. O candidato a cada 2 anos lança-se a um pleito e não completa a missão dada anteriormente por seus eleitores; lança-se de Deputado para Prefeito, de Prefeito para Governador, e assim por diante, sem nunca se dedicar realmente ao 38

39 mandato que lhe foi conferido. É um mero trampolim. Essa possibilidade desrespeita a opção do eleitor que o escolheu e o investiu no cargo para desempenhar determinada função. Em minha cidade mesmo, Cachoeiro de Itapemirim, um jovem e promissor representante do povo, com mandato pela primeira vez de Deputado Estadual, que ainda não completou 2 anos de posse, busca a eleição para Prefeito. Se eleito for, o sul do Estado, que tem na Assembleia Legislativa do nosso Estado apenas 2 Deputados, ficará com apenas 1, contra 11 do norte e 17 da Grande Vitória. Numericamente já estamos enfraquecidos, e poderemos ficar ainda mais com sua eleição, caso vença em Cachoeiro. A unificação das eleições, por isso, combate o uso da máquina legislativa em benefício de outros que não o povo, que não o respeito ao princípio constitucional da soberania popular, sobre o qual inclusive se ergue a República do Brasil. Faço este pronunciamento com o intuito de tratar de pontos essenciais para o fortalecimento da democracia e da cidadania brasileiras. Somos uma democracia conquistada a duras penas. Defendi nosso País contra o nazifascismo na Segunda Guerra. Corri o risco de morrer na defesa intransigente dos meus pontos de vista. Por isso, acho que tenho autoridade para defender neste plenário o fortalecimento dos partidos, a moralização do sistema político-representativo brasileiro, a revitalização da ética na política e o combate à ação corruptora dos sentidos constitucionais. Não mais podemos aceitar um modelo cujas engrenagens não apontem para o reforço da cidadania, da democracia e da participação. Precisamos de mecanismos que permitam relações mais transparentes, mais honestas entre o 39

40 Estado, seus representantes e a sociedade. Nesse esforço, há 1 ano e meio venho dialogando, em Cachoeiro do Itapemirim, com os setores produtivos, com estudantes, em um trabalho de conscientização sobre a importância da política e da militância de responsabilidade. Nesta semana mesmo, reuni-me com empresários e estudantes para iniciar um trabalho de parceria, de cobrança maciça, como ocorreu na coleta de assinaturas e nos movimentos para aplicação da Lei da Ficha Limpa. Iniciei esse projeto em minha cidade, Cachoeiro de Itapemirim, e nesta semana ainda trabalharei em três outros Municípios: Conceição do Castelo, Castelo e Venda Nova do Imigrante, onde tenho origem. Meu primeiro passo é buscar o comprometimento, o envolvimento dos estudantes. Cumpre envolvê-los porque neles estamos investindo no futuro do nosso querido País. Com os jovens estaremos participando ativamente da vida pública, faremos jus ao lema do nosso Pavilhão Nacional: Ordem e Progresso, hoje ofuscado pela falta de credibilidade da sociedade em nós representantes políticos. Essas são as minhas palavras. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Muito obrigado, Deputado Camilo Cola. Eu quero parabenizá-lo pelo pronunciamento. V.Exa. trata de um tema que é importante. De fato, os partidos vêm perdendo aquilo que V.Exa. apontou: o seu conteúdo programático. Inclusive, muitas vezes fazem-se alianças sem levar em conta esse aspecto do conteúdo programático. Os interesses pessoais muitas vezes são postos acima dos interesses coletivos. Parabéns a V.Exa. pelo pronunciamento. É importante que nós possamos de fato fazer uma profunda reforma política neste País, para que de fato as pessoas 40

41 possam acreditar naquilo que os partidos pregam, que têm em seus programas, e para que eles possam executar suas propostas. Parabéns a V.Exa. pelo pronunciamento. O SR. CAMILO COLA - Sr. Presidente, muito obrigado pela sua compreensão, pelo seu pronunciamento, pela sua solidariedade. Com isso realmente eu contava. Muito obrigado a todos. 41

42 O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Vai-se passar ao horário de VI - COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) - Pergunto ao Deputado Izalci se vai falar inicialmente em uma Comunicação de Liderança; são 5 minutos. (Pausa.) V.Exa. terá 5 minutos para uma Comunicação de Liderança, mais 10 minutos para uma Comunicação Parlamentar, pelo Bloco Parlamentar PR/PTdoB/PRP/PHS/PTC/PSL/PRTB. Logo, V.Exa. terá até 15 minutos. 42

43 O SR. IZALCI (Bloco/PR-DF e como Líder) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, tive oportunidade de participar de um evento: uma audiência pública que tratava do tema Direito à Vida. O palestrante, Sr. Presidente, foi o Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Dr. Roberval Casemiro Belinati. Fiquei muito preocupado, Sr. Presidente, e por isso faço hoje este pronunciamento, para repercutir aqui um pouco o que falou o nosso Desembargador Belinati. E por que me preocupei com esse tema, Sr. Presidente? Porque nesta Casa é muito comum votarmos no plenário e mesmo em algumas Comissões determinados temas que, muitas vezes, não entendemos muito e sobre os quais somos levados pelo parecer das Comissões. Vou falar hoje, Sr. Presidente, sobre a questão do Código Penal. Não sou advogado; sou contador. Mas quanto ao novo Código Penal brasileiro que vem do Senado, que está para ser votado no Senado, trago uma reivindicação: a de que, primeiro, devemos votar o Código Penal que está tramitando aqui na Câmara. Ele não tem aquilo que vou comentar sobre esse trabalho feito pelo Desembargador Belinati. O que me preocupa, Sr. Presidente, é que esse projeto do Senado foi feito por uma comissão de juristas, e o histórico vem assim: Histórico dos trabalhos da Comissão. A comissão é composta de juristas, tais como o Ministro do STJ Gilson Dipp, o advogado Antônio Nabor Bulhões, bem conhecido no Distrito Federal, representantes de vários Estados, Defensoria Pública, Procuradoria de Justiça. E vem o texto dizendo que essa comissão há mais de 7 meses trabalhou esse tema, em mais de 24 reuniões, e que houve quase 3 mil proposições. Às pessoas que 43