O quadro legal e o investimento. Taciana Peão Lopes André Cristiano
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- Moisés Padilha Gusmão
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1 O quadro legal e o investimento Christopher Tanner Taciana Peão Lopes André Cristiano Setembro de 2015
2 CONTEÚDO Contexto Investidores e as suas necessidades Situação socio-económica actual Contexto internacional O quadro político-legal no contexto actual Questões a resolver para estimular o investimento Transmissão do DUAT Definição de benfeitorias Cessão de exploração Accesso negociado à terra ocupada O reassentamento Indenização Sistema tributário Regulamento do Solo Urbano Lei do Ambiente Questões técnicas pontuais Comentários finais
3 CONTEXTO INVESTIDORES E AS SUAS NECESSIDADES Quem são os investidores? Grandes empresas Pequenos agricultores comerciais Agricultores familiares/comunitários Homens e mulheres Bancos e outros sectores de apoio Todos os investidores precisam de: Certeza, segurança, previsibilidade Garantias jurídicas Documentação confiável e acessível quando for necessário Contribuição do Estado infraestrutura pública, administração, etc
4 CONTEXTO SOCIO-ECONÓMICO E POLÍTICO Em termos estruturais não muito diferente comparado com População rural com direitos legítimos não documentados População rural depende no accesso à terra para sobreviver Grandes áreas não- ou sub-utilizadas Procura pela terra cada vez maior, classe empresarial bem mais forte Política do Governo ainda dirigida por dois vertentes principais Aliviar a pobreza (sendo o crescimento económico a chave) Promover o investimento privado como o motor de desenvolvimento Qualquer lei de terras deve proteger os direitos existentes incentivar o uso produtivo da terra e dos recursos naturais facilitar o accesso à terra pelo investidores contribuir ao alívio da pobreza
5 CONTEXTO INTERNACIONAL Demanda pela terra a nível mundial: Biocombustível Alimentos (2008 crise mundial, preços altos, estados-investidores) Países muito referidos na literatura: Etiópia, Moçambique Tendência ainda forte (p.ex. ProSavana) Preocupação sobre o fenômeno do roubo da terra (land grab) Debate internacional: Conferencias internacionais, uma onda de literatura nova os Voluntary Guidelines da FAO 2014 os Princípios para Investimento Agrícola Responsável 2012 Nova Aliança para Segurança Alimentar e Nutrição Moçambique adere aos acordos e faz parte da Nova Aliança (parceria Governo-G8-sector privado nacional/internacional)
6 O QUADRO-LEGAL E POLÍTICO O desafio político é igual ao dos anos Protege direitos existentes, adquiridos por ocupação Accesso pelos investidores, negociado e concordado com população local Condições legais oferecem a segurança necessária para o investmento: Concessão de 50 x 50 anos: tempo suficiente para retorno Benfeitorias são propriedade privada, hipotecáveis, transaccionáveis Duplo-registo (cadastral, legal): oferece maior segurança DUAT transmissível por herança Mulheres podem ser titulares em plena igualdade com os homens Acesso ao DUAT por nacionais e estrangeiros Quadro político-legal actual responde ao contexto nacional em termos estratégicos e é bem alinhado aos VGGT e PRAI
7 QUESTÕES A RESOLVER PARA ESTIMULAR INVESTIMENTO Transmissão do DUAT - a base da economia de mercado livre Definição de benfeitorias Cessão de exploração - flexibilizar a estratégia de investimento Accesso negociado ainda apresenta dificuldades O reassentamento - contexto público e privado Indenização - contextos e objectivos diferentes em cada sector Sistema tributário inexistente Regulamento do Solo Urbano inconstitucional Questões técnicas pontuais
8 TRANSMISSÃO DO DUAT DISCUSSÃO Contexto prédio urbano não há grande problema DUAT passa automaticamente ao comprador da benfeitoria (investimento) Contexto prédio rústico O DUAT da terra associada com a benfeitoria não passa ao comprador automaticamente O comprador deve iniciar um novo pedido de DUAT para ter a parcela em seu nome Deve seguir o processo completo Não há garantia jurídica que vai conseguir o DUAT e/ou toda a terra associada com as benfeitorias compradas Poder discricionário e falta de garantia jurídica mina confiança bancaria etc (se o comprador for precisar de emprestimo para financiar a compra do empreendimento por exemplo).
9 PRÉDIO URBANO Infraestrutura base da actividade económica PRÉDIO RÚSTICO Infraestrutura apoia a actividade económica Edifício, fábrica, casa, etc Benfeitorias Casa, armazem, culturas Terra apoia a infraestrutura DUAT passa automaticamente Terra é base da actividade económica Comprador deve pedir novo DUAT em seu nome
10 CONCEITO DE BENFEITORIAS - DISCUSSÃO Compra e venda de benfeitorias é a base legal da consequente transmissão do DUAT (e portanto, do mercado de terras ) Definição antiga e não muita útil no contexto agrícola Na prática o mercado funciona na base de definições alargadas (um muro de cimento, casa meia-construida, até pedras no solo indicando o loteamento de uma área ) As comunidades com terra trabalhada e melhorada mas sem benfeitorias significativas são excluidas do mercado (ou seja, ganham muito pouco comparado com o valor real da sua terra)
11 TRANSMISSÃO - PROPOSTA CONTEXTO RURAL Aplicar sistema prédio urbano ao prédio rústico Alterar ao nível do Regulamento mas com condicões DUAT deve ser definitivo O uso da parcela ainda enquadra-se na zonagem de acordo com a LOT (quer dizer, não há mudança de uso) Ausência de conflictos e taxas etc todos pagos Avaliação / parecer somente em casos de mudança de uso (não enquadrados na zonagem); nos restantes casos mera notificação CONTEXTO RURAL E URBANO Redefinir a definição de benfeitorias Alargar para incluir melhoramentos/investimentos na terra por sí
12 CESSÃO DE EXPLORAÇÃO Já existe no Regulamento da LT com âmbito de aplicação limitado aos prédios rústicos Permite passar a exploração ao terceiro sem perder o DUAT Opção boa para as comunidades locais com terra sub-utilizada Faltam regras claras Dúvidas / questões políticas sobre o objectivo real do instrumento (arrendamento) Já discutido no contexto das parcerias (FCT) Proposta de Decreto tenta resolver mas tem defeitos O cessionário não pode ser dono das infraestruturas erguidas (direito de propriedade fica com titular) Versão actual inconstitucional/ilegal? (CRM, LT, C.Civ.)
13 PROPOSTA CESSÃO EXPLORAÇÃO/ ARRENDAMENTO Debate aberto no contexto do FCT (com referência à PNT) Incluir conceito de arrendamentos abertamente Revisitar a proposta de Decreto de Cessão de Exploração (inconstitucionalidade e ilegalidade) Facilitar investimento, sem prejudicar o DUAT do titular actual (rentabilizar a terra enquanto ele/ela adquira capacidade) Preservar justiça social no campo (PNT) Limitar ao contexto de prédios rústicos
14 ACCESSO À TERRA OCUPADA População rural residente tem o DUAT adquirido por ocupação Ocupação certificada análisando o sistema socio-ecológico local que explora um território na sua integridade (machambas, pousio, florestas, pastagens) Comunidade local (CL) - grupos de ocupantes (aldeias, familias) com interesses comuns A CL é titilular de um DUAT colectivo em regime de co-titulariedade Há pouca terra livre as CLs podem integrar áreas extensas O investidor deve consultar as CLs para ver se a terra estiver livre Se a terra não estiver livre, os dois lados devem negociar termos de accesso A representação e actuação da CL nunca legislada (ver Artigo 30 da LT) Decreto 15/2000 (Lideres Comunitários) não responde à questão Diploma Ministerial 158/2011 aspectos positivos e questionáveis Não há clareza sobre a base dos custos
15 PROPOSTA ACCESSO À TERRA OCUPADA Governo deve ser mais claro com investidores sobre a realidade de terra livre e a probabilidade de negociar com titulares locais Guião ou Anexo Técnico claro sobre as consultas comunitáras, dirigido a todos os utilizadores Entender consulta como negociação entre privados (legal) sobre o uso compartilhado de um território Resultado: acordos, e Contractos Papel do Estado: garantia dos direitos, facilitação, escritura Nivelar o campo de negócio (apoio legal etc para comunidades) Objectivos na PNT: justiça social no campo, equidade, sustentabilidade
16 REASSENTAMENTO O reassentamento um processo de desenvolvimento territorial negociado Muito parecido com um pedido para um novo DUAT por autorização sobre area grande Falta de harmonia entre este processo e as consultas comunitárias (que também possam implicar reassentamento) Ponto de partida - identificar direitos adquiridos existentes Indenização ampla e adequada para melhorar as vidas das pessoas afectadas
17 INDENIZAÇÃO Muitas abordagens e regras diferentes Lei de Terras (expropriação, revogação do DUAT) Lei de Ordenamento Territorial Lei de Reassentamento Estabelecer princípios norteadores comuns Especificar para cada contexto processo, base de cálculo, etc.
18 SISTEMA TRIBUTÁRIO No contexto rural especialmente Um sistema tributário eficaz é essencial para controlar terra concessionada mas não explorada Estimula a redimensionamento voluntário de parcelas ociosas No contexto municipal Municípios não têm base jurídica para criar impostos sobre terra No entanto, levantar impostos sobre os investimentos e DUATs construidos etc constitui importante fonte de renda pública Rever toda a questão do poder discricionário dos diversos orgãos do Estado (debate amplo de política) Rever o sistema tributário fundiário rural e urbano
19 REGULAMENTO DO SOLO URBANO Inconstitucional Implica a venda de terra (leilão) Marginaliza conceito de DUATs adquiridos por ocupação Pode clarificara a transferência de terra (por loteamento por exemplo) com referência à transmissão de benfeitorias Parcelas já com infraestrutura (agua, energia, ruas, etc ) deve ser uma condição mínima Populaço residente em casas precárias ou não planeadas devem ter direitos de ocupaço respeitados, aplicando onde necessário: Principio de consultas comunitárias Princípios de reassentamento e indemnização justa
20 LEI DO AMBIENTE Em que momento obter a Licença de IA? Antes/depois do DUAT Provisório? Logicamente deve ser antes implementar um projecto para ganhar DUAT definitivo já vai impactar o ambiente Explicitar a necessidade de incluir o elemento social no processo: Avaliação do Impacto Social e Ambiental Incluir os direito difusos a nível de populações afectadas Precisa-se de AIA no contexto da pesquisa mineira? O que fazer no contexto da evolução económica comunitária? Associações, novas empresas comunitáras, empresas mistas com investidores, etc Devem seguir as regras fazer AIA onde for necessário
21 OUTRAS QUESTÕES PONTUAIS REGIMES E LICENÇAS ESPECIAIS Por exemplo - caso da Bacia do Rovuma, ZEE, papel da Gazeda Não podem minar a Lei superior (LT, CRM etc) Precisam de regras claras para incentivar investimento Inlcuir prazos etc como existem no contexto de DUATs MINAS Sobreposição de Cadastros (Mineiro e de Terra) Caça e Fazendas de bravio Clarifica a necessidade legal de ter um DUAT Turismo / Habitação Periódica A Zona de Interesse é um instrumento de ordenamento DUATs privados podem existir nas Zonas de Interesse Turístico DUATs devem respeitar as intenções da Zona (não edificar fábricas etc)
22 COMENTÁRIOS FINAIS Quadro político legal responde à realidade nacional em termos estratégicos Oferece condições seguras para o investimento Fraco no que concerne à promoção e facilitação de investimento Propostas avançadas são viáveis no contexto jurídico actual Mas ainda faltam as condições essenciais referidas incialmente: O Estado de Direito Certeza, segurança, previsibilidade Eficiência e resposta administrativa documentação fiável e accessível por todos Por longe um problema maior que qualquer constrangimento ou contradição legal O Estado deve cumprir com as suas obrigações Infraestrutura publica e servicos
23 KANIMAMBO
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