1o Ficam dispensados os honorários advocatícios em razão da extinção da ação na forma deste artigo. (negritamos)
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- Adelino Rios Gil
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1 DA IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS EM AÇÕES ONDE HOUVE A DESISTÊNCIA DO CONTRIBUINTE EM FACE A ADESÃO AO PARCELAMENTO REFIS IV (LEI 11941/2009) Em 2009, foi publicada a Lei (REFIS IV), que instituiu parcelamento especial de tributos, onde a Apelante aderiu aos termos ali mencionados. A indigitada Lei determinava a isenção do pagamento de honorários advocatícios em razão do pedido de extinção de qualquer ação que discutisse os tributos objetos do pedido de parcelamento, pois a desistência de qualquer ação é conditio sine qua non para fins de adesão ao parcelamento especial, valendo colacionar o artigo 6ª, 1º: Art. 6o O sujeito passivo que possuir ação judicial em curso, na qual requer o restabelecimento de sua opção ou a sua reinclusão em outros parcelamentos, deverá, como condição para valer-se das prerrogativas dos arts. 1o, 2o e 3o desta Lei, desistir da respectiva ação judicial e renunciar a qualquer alegação de direito sobre a qual se funda a referida ação, protocolando requerimento de extinção do processo com resolução do mérito, nos termos do inciso V do caput do art. 269 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil, até 30 (trinta) dias após a data de ciência do deferimento do requerimento do parcelamento. 1o Ficam dispensados os honorários advocatícios em razão da extinção da ação na forma deste artigo. (negritamos) Contudo, deve-se levar em conta, que não estamos diante do campo restrito das ações em que envolve a discussão de reinclusão nos parcelamentos anteriores, mas sim de todas as ações propostas pelo contribuinte, qual seja, ações ordinárias, mandado de segurança e embargos à execução, devendo ser aplicada a clara disposição quanto a dispensa da condenação em honorários. Primeiramente, deve-se ter em mente que, com a consolidação dos valores devidos, a Receita Federal do Brasil, já se encontra incluída, nos débitos em discussão judicial, a remuneração dos procuradores públicos, nos termos da DL 1.025/69, que assim instituí em seu artigo 1º:- Art. 1º É declarada extinta a participação de servidores públicos na cobrança da Dívida da União, a que se referem os artigos 21 da Lei nº 4.439, de 27 de outubro de 1964, e 1º, inciso II, da Lei nº 5.421, de 25 de abril de 1968, passando a taxa, no total de 20% (vinte por cento), paga
2 pelo executado, a ser recolhida aos cofres públicos, como renda da União (negritamos) Resta claro assim que, qualquer cobrança judicial de débito pela União Federal, que hoje compreende tanto os débitos da Receita Federal do Brasil quanto do Instituto Nacional do Seguro Social, já se encontra implícita a cobrança de honorários no importe de 20%, sendo que a condenação da contribuinte em honorários advocatícios, pela desistência da ação, que é condição para o parcelamento do débito, é um claro bis in idem. Vale colacionar assim entendimento jurisprudencial sobre o tema, para fins de melhor esclarecimento:- AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. DESISTÊNCIA DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO PELO CONTRIBUINTE PARA SUA INCLUSÃO EM PARCELAMENTO FISCAL. DESCABIMENTO DA CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Independentemente de se tratar de ação na qual se discute a inclusão/reinclusão em outros parcelamentos, aplicável a regra prevista no 1o. do art. 6o. da Lei /09, que dispensa a parte renunciante do pagamento da verba honorária, sob pena de afronta ao espírito do aludido diploma legal, que objetiva facilitar o pagamento de débitos perante o Fisco. 2. Trata-se, em verdade, de uma verdadeira transação, em que uma parte, o contribuinte, abre mão da ação judicial, e a outra, a FAZENDA, em contrapartida, dos honorários advocatícios, com o objetivo maior de satisfação do próprio crédito da Receita Federal, pois é sabido que as demandas judiciais consomem demasiado tempo. 3. Agravo Regimental desprovido. (C. Superior Tribunal de Justiça Rel. Min. Napoleão Maia Nunes Filho - AgRg no REsp / RS DJ 16/11/2011)
3 TRIBUTÁRIO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE PEDIDO DE RENÚNCIA AO DIREITO SOBRE QUE SE FUNDA A AÇÃO. DISPENSA DE PAGAMENTO DE HONORÁRIOS. POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEI N.º / Consoante se verifica do disposto na Lei n.º /09 (art. 6º), bem como na Portaria PGFN/RFB n.º 06/09 (art. 13), para a adesão ao parcelamento de que tratam os referidos atos normativos, impõe-se a desistência da ação na qual se discute o débito que se pretende parcelar, com a renúncia ao direito sobre o qual esta se funda. 2. Dessa forma, independentemente de se tratar de ação na qual se discute a inclusão/reinclusão em outros parcelamentos ou de ação na qual se discute crédito tributário com a sua exigibilidade suspensa, como no presente caso, aplicável a regra prevista no 1º do art. 6º da Lei n.º /09, que dispensa a parte renunciante do pagamento da verba honorária, sob pena de afronta ao espírito do aludido diploma legal, que pretende facilitar o pagamento de débitos perante a Receita Federal, mediante a concessão de alguns benefícios aos contribuintes, abreviando demandas que poderiam se estender indefinidamente, tanto na esfera administrativa quanto na judicial, com o risco de, ao final, não haver qualquer pagamento. 3. A própria Lei n.º /09, em seu art. 1º, 3º, incisos I a V, concedeu remissão total do valor do encargo legal relativamente aos débitos incluídos no programa de parcelamento. Assim, tratando-se de embargos à execução fiscal, nos quais, como é consabido, o encargo legal substitui a fixação da verba honorária, resulta contraditória e descabida a pretensão da Fazenda de arbitramento de honorários advocatícios. 4. Dessarte, a Lei n.º /09, relativamente à verba honorária, deve ser interpretada no seu conjunto, pois, se o próprio legislador, aprioristicamente, remitiu, em todas as hipóteses, o valor integral do encargo legal, o qual, como é cediço e sumulado (Súmula n.º 168 do extinto TFR), substitui os honorários advocatícios, quer na execução, quer nos embargos, não faria sentido que o Judiciário, ao homologar uma condição necessária à adesão ao parcelamento/pagamento à vista nos termos da aludida lei, impusesse a condenação na verba honorária. Isso, a toda evidência, contraria o espírito da lei, que
4 é o de, além de incentivar o pagamento e arrecadação de débitos atrasados, também dar cabo a toda discussão judicial, não se justificando que prosseguissem as ações judiciais apenas para a cobrança da verba honorária, o que, a toda evidência, assoberbaria o Poder Judiciário. 5. O mesmo raciocínio vale para aquelas demandas que precedem ao ajuizamento da execução fiscal e, portanto, a inscrição em dívida ativa, quando há a inclusão do encargo (v.g., ações anulatórias, declaratórias, consignatórias ), porquanto, com muito mais razão, nessas hipóteses sequer houve a movimentação da máquina fiscalizatória tendente a inscrever o débito, expedir a CDA e promover a execução propriamente dita. Se houve menos trabalho à administração tributária, também não se justifica a imposição da verba honorária. 6. Em síntese: a imposição da verba honorária contraria o sistema de que trata a Lei n.º / Agravo regimental não provido. (Agravo Regimental em Apelação nº /SC Relator Desembargador Federal Otávio Roberto Pamplona Julgado em 30/03/2010) Insta salientar que não estamos diante da aplicação do artigo 26 do CPC, pois aqui não se trata de desistência voluntária, com o reconhecimento do direito da parte ex adversa, mas sim diante de uma condição imposta para fins de transação, ou seja, mesmo que o contribuinte possa entender como certo o direito que defende ou busca, acaba por ceder ao parcelamento dos valores, por vislumbrar que tal procedimento é mais vantajoso, acabando por transacionar com a União Federal, sendo exigido, do contribuinte, a desistência de qualquer ação que se funda a discussão sobre o tributo ofertado em parcelamento. Diferente do que ocorreu no primeiro Refis (Lei 9.964/2000), não foi deixado para análise concreta de cada caso o arbitramento de honorários, com inclusão automática dentro do parcelamento, quando incidente o DL 1.025/69, sendo que há dispensa legal da cobrança dos honorários, por meio de lei especial, em razão da desistência dos embargos à execução fiscal para fins de adesão ao Refis IV (Lei /2009).
5 Ora, a finalidade da norma é justamente estimular a redução de demandas, desafogando o Poder Judiciário, incentivando a desistência de ações em que se discutem teses já vencidas pela Fazenda Nacional perante os Tribunais Pátrios, onde as partes visam abrir mão do direito perseguido, sem contudo sofrerem a penalidade da condenação em honorários, que seria fator desestimulante e contrário a mens legis perseguida pelo Legislador. Portanto, restando como provada a desistência das ações ordinárias e embargos à execução, tendo como fundamento a adesão ao parcelamento especial instituído pela Lei 11941/2009, REFIS IV, deve ser afastada qualquer condenação em honorários imposta ao contribuinte.
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