Jorge começava a se impacientar, neste seu dia de

Transcrição

1 Data venia A UU L AL A M Ó D U L O 9 Jorge começava a se impacientar, neste seu dia de foga semana, com a demora do advogado. Segundo a secretária, fazia quarenta minutos que o doutor havia saído do fórum em direção ao escritório. Esquecendo um pouco o seu probema, Jorge apenas ê, repetida e distraidamente, a paca Dr. Danio Peçanha - Ações Cíveis e Trabahistas. Suado, dr. Danio chega, cumprimenta e convida Jorge a entrar. Mesmo cansado do corre-corre diário, o advogado ainda consegue manter seu bom-humor e iniciar a entrevista com seu ciente: - Podemos começar, Jorge. O que o traz aqui? - Meu probema é que minha muher tá num emprego muito bom. Bom mesmo. Ganhando bem já faz tempo e só agora eu fiquei sabendo disso. E eu sustentando ea... - Inusitado! Vamos ver se entendi. Será que o sr. disse que o probema é a sua muher ter um bom emprego e ganhar bem? - Bom, ea não é mais minha muher, graças a Deus. É minha ex.. Separação no pape, nos conformes da ei. - Ah! Agora já começo a entender - diz o advogado enquanto anota as informações de Jorge. - Vejamos: a sua ex-esposa, da qua você está separado judiciamente, não obstante esteja empregada, continua usufruindo da pensão aimentícia determinada no ato da separação judicia. - Isso, doutor! Quer dizer, acho que é isso. É! Esse é o meu probema. Ea deve tá ganhando mais do que eu e ainda continua evando os 20% que o juiz mandou. Eu obedeço o juiz em tudo. Vim aqui pra abrir um processo contra ea. Eu não tenho raiva dea não; já tive. Já tive muito amor também. Tem nada a ver isso agora não. Cenatexto

2 Dicionário - Quer dizer que ficou determinado na sentença judicia o pagamento de 20% a títuo de pensão aimentícia - constata dr. Danio, anotando e em seguida perguntando: - Você tem fihos? - Sim. Não. Com ea, não. - Veja bem. Nesse caso, teremos que propor uma Ação Revisiona de Pensão Aimentícia. Teremos que provar, que fazer uma demonstração inequívoca de que sua ex-esposa não mais necessita ser provida com a prestação aimentícia fixada peo juiz. - É. Deve ser isso aí. E, se for preciso, eu tenho testemunhas, viu? - É, Jorge, não estou vendo probemas aparentes para ajuizarmos essa ação. Você foi determinado a pagar uma pensão naquea oportunidade porque o juiz entendeu que sua esposa não tinha condição para se manter. - Pra faar a verdade, eu acho essa ei injusta. - Por quê? - Por que é que eu tenho de sustentar uma muher só porque fui casado com ea? Muher, se quiser, pode ganhar tanto ou mais que homem. - Quanto à imposição de pagar pensão, você está enganado. Aém de marido pagar para a muher, quaquer parente pode ser obrigado a pagar prestação aimentícia. - Neto pra avô? Fiho pra pai? Irmão pra irmão? Muher pra marido? Disso eu não sabia. - Ouça este artigo - diz o advogado abrindo o Código Civi : Art O direito às prestações de aimentos é recíproco entre pais e fihos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em fata de outros. - Sendo assim, temos é que pedir ao juiz que mande ea me sustentar - diz Jorge num gracejo. Percebendo que a situação já está cara para ambos, o advogado anota toda a quaificação de Jorge, aém de outros dados necessários à propositura da ação. Entrega-he um pape retirado da gaveta, dizendo: - Este é um instrumento de procuração. Você deverá assiná-o e ir ao cartório para reconhecer a firma. - O senhor tem agum cartório de confiança? - Você já deve ter assinado um cartão em agum cartório, afina já precisou reconhecer firma para constituir um advogado. - Sim, por causa da mesma pessoa. E todos os passos acançaram êxito, conforme o desejo de Jorge. Audiências reaizadas com a presença das partes interessadas, testemunhas ouvidas, ação ajuizada, sentença proferida: fim da pensão. Na Cenatexto de hoje, temos um profissiona da área de Direito faando em seu jargão específico. Caro que você ficou sem entender muita coisa, ta como nosso atordoado Jorge. O próprio títuo deste móduo é de uso freqüente na inguagem jurídica: data venia é uma expressão de origem atina que significa com a devida vênia, ou seja, com todo o respeito, com sua permissão. A história teve um fina feiz. Feiz para uma das partes. Partes? Cuidado com essa paavra. Ea aparece no útimo período da Cenatexto. Reeia: E todos os passos acançaram êxito, conforme o desejo de Jorge. Audiências reaizadas com a presença das partes interessadas, testemunhas ouvidas, ação ajuizada, sentença proferida: fim da pensão.

3 Nessa frase, a paavra partes significa cada uma das pessoas que se opõem numa questão judicia (no caso, Jorge e a esposa). Geramente, essa paavra tem esse sentido quando usada por advogados, juízes, serventuários da justiça, promotores, procuradores, cartorários e, enfim, por todas as pessoas que utiizam a inguagem jurídica. Comparando o sentido da paavra parte em outros contextos, verificamos que é muito usada para formar frases feitas e expressões fixas, como: partes proporcionais: em Matemática, significa grandezas que estão entre si numa razão constante; partes moes: em Medicina, significa partes do corpo que não têm ossos; parte: em Música, significa cada um dos eementos estruturais que compõem uma partitura. Na inguagem do dia-a-dia, parte pode significar também divisão de uma obra; matéria de que se trata, assunto; ado, banda; atribuição, pape, função; partido; comunicação verba ou escrita; denúncia de um crime; eemento ou porção de um todo. Aém dessas, o dicionário registra outras expressões interessantes e de uso freqüente na faa e na escrita: A parte do eão: o mehor e/ou o maior quinhão ou parte. Da parte de: a mandado de; por ordem de; por parte de. Dar parte de: denunciar, deatar. De parte a parte: em reciprocidade; reciprocamente. Fazer parte de: ser um dos eementos ou figurantes de; participar de ou em. Pôr de parte: pôr de ado. Ter parte com: estar de combinação com; estar mancomunado com; mancomunar-se com. Ter parte em: tomar parte em, ter participação em; participar de. 1. Usando a paavra parte, nos sentidos apresentados, faça agumas frases que poderiam ser adaptadas à Cenatexto: Um outro termo-chave na Cenatexto é ação. Essa paavra também entra na formação de muitas expressões. Observe: ação. (Jur.) Meio processua peo qua se pode recamar à justiça o reconhecimento ou efetivação de um direito: ação judicia. Há muitos tipos de ação judiciais: ação decaratória é aquea em que, mediante simpes decaração, o juiz procama a existência ou inexistência de uma reação jurídica, ou a fasidade e autenticidade de um documento; ação executiva é aquea que se inicia com a citação do réu, que deve pagar em 24 horas a dívida recamada ou oferecer bens à penhora, só tomando o rito ordinário depois da contestação; ação mista é aquea pea qua se exerce um direito rea e um direito pessoa; ação petitória é aquea em que se pretende o reconhecimento ou a garantia do direito de propriedade, ou de quaquer direito rea. O termo ação também é muito usado na Fiosofia, na Física, na Socioogia, no Teatro e no Cinema. Um de seus usos mais freqüentes se dá no Economia, ou seja, no terreno das finanças: ação. Títuo de propriedade, negociáve, representativo de uma fração do capita de uma sociedade anônima; títuo ou documento representativo e comprobatório dos direitos e obrigações dos que pertencem a tais sociedades; pape.

4 3. A paavra pensão também aparece na Cenatexto. Aiás, tudo girou em torno da pensão que Jorge pagava. Observe o que diz o dicionário: pensão. [do at. pensione, pagamento ] S. f. 1. Renda anua ou mensa paga a aguém durante toda a vida. 2. Quantia paga pea educação e sustento de auno em coégio interno. 3. Pequeno hote de caráter famiiar. 4. Fig. Encargo, ônus, obrigação. 5. Bras. Fornecimento reguar de comida a domicíio. 6. Benefício devido aos dependentes do segurado que morre. Expique o sentido em que essa expressão aparece na Cenatexto: De acordo com a Cenatexto, copie do dicionário o sentido Jurídico mais adequado para estas paavras: a) usufruir:... b) sentença:... c) testemunha:... d) processo:... e) ajuizar:... f) artigo:... g) quaificação:... h) código:... i) propositura:... Entendimento 1. Expique por que, iniciamente, o advogado não conseguia entender qua era o probema de Jorge. 2. Escareça por que Jorge queria abrir um processo contra sua ex-muher. 3. O advogado disse que não via probemas aparentes para ajuizar a ação. Indique as causas que justificam essa constatação. 4. Por que, num determinado momento da entrevista, Jorge disse que achava a ei injusta? A que ei ee se referia? 5. Qua o engano de Jorge ao condenar o pagamento da pensão? 6. Que paavra da Cenatexto indica que Jorge não pretendia receber pensão aimentícia de sua ex-esposa, apesar de ter dito: temos é que pedir ao juiz que mande ea me sustentar? 7. Em que situação da Cenatexto podemos concuir que Jorge já tinha constituído um advogado?

5 Observe que, em vários momentos da Cenatexto, o advogado repete a faa de Jorge com outras paavras. É como se traduzisse a faa do cotidiano para uma inguagem jurídica: Jorge: É minha ex. Separação no pape, nos conformes da ei (...) Dr. Danio: A sua ex-esposa, da qua você está separado judiciamente (...) Reescritura Jorge: (...) ainda continua evando os 20% que o juiz mandou. Dr. Danio: (...) ficou determinado na sentença judicia o pagamento de 20% a títuo de pensão aimentícia. 1. Identifique a faa do advogado correspondente à faa de Jorge apresentada abaixo: (...) Ganhando bem já faz tempo e só agora eu fiquei sabendo disso. E eu sustentando ea (...) Você deverá agora traduzir a faa do advogado para uma inguagem do cotidiano. Imagine que Jorge está contando para um amigo o que o advogado he disse. O primeiro já está feito, veja: Advogado: Nesse caso, teremos que propor uma Ação Revisiona de Pensão Aimentícia. Teremos que provar, que fazer uma demonstração inequívoca de que sua ex-esposa não mais necessita ser provida com a prestação aimentícia fixada peo juiz. O advogado faou que vai entrar com um tipo de Ação para mudar a pensão. Pra isso, a gente vai ter que arranjar uma prova mostrando que a ex está trabahando, ganhando bem e que, por isso, não mais do meu dinheiro conforme o juiz tinha dito antes. Advogado: Não estou vendo probemas aparentes para ajuizarmos essa ação. Você foi determinado a pagar uma pensão naquea oportunidade porque o juiz entendeu que sua esposa não tinha condição para se manter Advogado: Quanto à imposição de pagar pensão, você está enganado. Aém de marido pagar para a muher, quaquer parente pode ser obrigado a pagar prestação aimentícia

6 Aprofundando Na Cenatexto, aparece a seguinte faa de Jorge: Eu obedeço o juiz. De acordo com as regras gramaticais da inguagem cuta, ee deveria dizer: Eu obedeço ao juiz, pois o verbo obedecer é transitivo indireto e exige sempre a preposição a. Você já sabe que, quando acompanhado de compemento, há verbos que exigem preposição, e outros não. Jorge amava sua muher. Já o verbo gostar exige compemento obrigatoriamente com preposição: Jorge gostava de sua muher A essa reação de dependência entre os verbos e seus compementos chamamos de regência verba. Há muitos casos de regência verba que apresentam divergência entre a inguagem cooquia e a inguagem ditada peas gramáticas. Observe, no quadro abaixo, agumas construções que, embora condenadas pea gramática, são freqüentes na inguagem cooquia: LINGUAGEM COLOQUIAL LINGUAGEM CULTA Jorge assistiu o jogo. Jorge assistiu ao jogo. Jorge foi no escritório. Jorge foi ao escritório. Ea te exporava. Ea o exporava. Observe a regência correta de aguns verbos. Fique atento à indicação: vtd = verbos transitivos diretos (exigem compemento sem preposição obrigatória); vti = verbos transitivos indiretos (exigem um compemento com preposição); vtdi = verbos transitivos diretos e indiretos (exigem dois compementos: um iniciado por preposição, e outro sem preposição). Quando o verbo apresentar mais de um sentido, a preposição adequada está em destaque entre parênteses. ASPIRAR vtd- respirar, tragar Jorge aspirou o ar pouído do fórum. vti- desejar, pretender (a) O advogado aspirava ao cargo de juiz. ASSISTIR vti- ver, presenciar (a) Jorge assistiu ao jogo vtd- ajudar, socorrer Os enfermeiros assistiam os feridos. OBEDECER vti (a) Jorge sempre obedeceu ao juiz QUERER vtd- desejar Jorge queria o fim da pensão. vti- gostar, estimar Jorge queria bem a ea. NAMORAR vtd O rapaz namora a vizinha há anos. 1. Procure, na Cenatexto, os seguintes verbos e cassifique-os conforme o indicado: vtd (transitivo direto), vti (transitivo indireto), vtdi (transitivo direto e indireto). a) abrir:... b) ter... c) ouvir:...

7 PAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSAPAUSA Na sua vida, você já precisou ou precisará um dia de aguém que o represente, que esteja em seu ugar para defender seus direitos. Jorge, por exempo, precisou de um representante seu diante do poder judiciário. Para tanto, teve de passar uma procuração ao advogado. Assinar uma procuração é conferir poderes para aguém agir em nosso nome. Procuração é um documento peo qua uma pessoa dá a outra poderes para que esta a represente judiciamente. Esse documento tem forma determinada por ei. Uma procuraçãoo deve conter: o nome do outorgante (aquee que confere poderes a aguém); as características do outorgado (aquee a quem foram concedidos os poderes); o objetivo da outorga (concessão dos poderes); a natureza (a designação dos poderes conferidos). O reconhecimento da firma numa procuração particuar é condição essencia para sua vaidade. Fique atento. Há dois tipos de procuração: Instrumento particuar de procuração: É feito entre as partes, em cartório, sem interferência do tabeião. Instrumento púbico de procuração: É o documento avrado por tabeião, com observância das formaidades egais. Para vender imóveis, necessariamente, você utiiza um instrumento púbico. Numa procuração é preciso especificar caramente que poderes serão deegados. Da mesma forma, é necessária uma eitura atenta desse documento antes de sua assinatura. Ler e entender quaquer documento antes de assiná-o é uma prática daquees que não querem ser enganados. As paavras devem ser usadas de forma muito precisa nos documentos: uma vez que os assinamos, é muito difíci provar que não era bem aquio que queríamos dizer.