BVDV, BoHV E VLB: CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE OS MECANISMOS DE EVASÃO DO SISTEMA IMUNE

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS BVDV, BoHV E VLB: CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE OS MECANISMOS DE EVASÃO DO SISTEMA IMUNE Hidelbrando Ricardo Domeneguete Amaral Orientador (a): Prof. Dr.ª Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito GOIÂNIA 2012

2 ii HIDELBRANDO RICARDO DOMENEGUETE AMARAL BVDV, BoHV E VLB: CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE OS MECANISMOS DE EVASÃO DO SISTEMA IMUNE Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Nível: Mestrado. Área de Concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos (SANHTA) Linha de Pesquisa: Etiopatogenia, epidemiologia, diagnóstico e controle das doenças infecciosas dos animais Orientador (a): Prof. Dr.ª Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito IPTSP/UFG Comitê de Orientação: Prof. Dr.ª Maria Clorinda Soares Fioravanti EV/UFG Prof. Dr Alexandre Ramos CENARGEN/EMBRAPA GOIÂNIA 2012

3 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO REVISÃO DE LITERATURA Vírus Imunidade aos vírus Imunidade inata aos vírus Imunidade adquirida aos vírus Evasão imunológica dos vírus Infecções latentes no sistema nervoso central Indução de tolerância Integração do material genético viral no genoma do hospedeiro Variações antigênicas Interferência com as funções do sistema imunológico CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS... 28

4 4 1 INTRODUÇÃO A habilidade dos vírus em infectar seus hospedeiros e permancecer na natureza somente é possível devido ao sucesso dos mesmos em produzir infecções, resistir, escapar dos mecanismos antivirais do hospedeiro, produzir vírions viáveis e se disseminar para outros hospedeiros susceptíveis (RIDPATH & FLORES, 2007). O sucesso da infecção viral depende da habilidade do vírus de estabelecer equilíbrio homeostático com o hospedeiro (BROCK, 2003). Ao contrário das bactérias, que podem persistir na forma de esporos por muitos anos no meio ambiente, a maioria das partículas víricas permanece infecciosa fora de seus hospedeiros somente por algumas horas ou dias (BAE & SCHWAB, 2008). A interação hospedeiro-patógeno-ambiente requer que os vírus sejam atenuados para que possa ser promovido um equilíbrio entre a infecção/doença e a replicação viral (BROCK, 2003). Milhares de anos de coexistência entre vírus e organismos animais permitiu o desenvolvimento de táticas capazes de subverter às defesas do hospedeiro, causando infecções persistentes e garantindo a sua manutenção e perpetuação na natureza (FLINT et al., 2004; PETERHANS & SCHWEIZER, 2010). Dentre os mecanismos utilizados pelos vírus para perpetuação, destacamse infecções latentes no sistema nervoso central, indução de tolerância, integração do material genético viral no genoma do hospedeiro, variações antigênicas e interferência com funções do sistema imunológico que cursam genericamente com imunossupressão. Neste seminário será abordado de que forma os vírus subvertem e evadem a resposta imunológica gerada pelo organismo hospedeiro. Para tanto serão apresentados os mecanismos da resposta imune inata e adquirida frente à presença dos vírus e, além disto, a evasão viral será abordada com destaque para os mecanismos mais frequentemente usados pelo vírus diarreia viral bovina (BVDV), herpesvírus bovino (BoHV) e demais herpesvírus e Vírus da Leucose Bovina (VLB) e demais retrovírus.

5 5 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Vírus Os vírus são os menores e mais simples micro-organismos existentes, não possuem estruturas necessárias para a produção de energia e síntese proteica, necessitando das funções e do metabolismo celular do hospedeiro para se multiplicar, por isto são parasitas intracelulares obrigatórios. O material genético (DNA ou RNA) codifica informações para multiplicação, empacotamento do genoma e subversão de funções celulares em benefício da multiplicação (HIRSH & ZEE, 1999; QUIN et al., 2007). Ao contrário das bactérias, que podem persistir na forma de esporos por muitos anos no meio ambiente, a maioria das partículas víricas permanece infecciosa fora de seus hospedeiros somente por algumas horas ou dias (BAE & SCHWAB, 2008). Existem dois grupos de vírus: vírus envelopado e vírus não envelopado. Os vírus mais simples são compostos pelo genoma recoberto por uma camada simples de proteína, o capsídeo. Vírus mais complexos possuem genomas longos associados com várias proteínas, recobertos por capsídeos complexos e revestidos externamente por uma membrana lipoproteica de origem celular, o envelope. A função do capsídeo e do envelope é proteger o genoma de danos físicos, químicos ou enzimáticos durante a transmissão entre células e entre hospedeiros (MURRAY et al., 2009). Nos vírus sem envelope, a superfície externa do capsídeo é responsável pelas interações iniciais dos vírions com a célula hospedeira no processo de penetração do vírus. Nesses vírus, as proteínas localizadas na superfície do capsídeo também interagem com componentes do sistema imunológico e são alvos importantes para anticorpos (FLINT et al., 2004; SCHAECHTER et al., 2009). Nos vírus com envelope, o mesmo é adquirido pela inserção/protusão do nucleocapsídeo através de membranas celulares, mecanismo denominado brotamento. Os lipídios que constituem o envelope são derivados das membranas da célula hospedeira, e as proteínas são codificadas pelo genoma viral. Os envelopes virais praticamente não contêm proteínas celulares. As proteínas

6 6 celulares da membrana são excluídas da região do brotamento por interações entre as proteínas virais que se inserem na camada lipídica. A maioria das proteínas do envelope contém oligossacarídeos associados, constituindo-se em glicoproteínas. As glicoproteínas do envelope também desempenham um importante papel na interação do vírus com o sistema imunológico e se constituem em alvos para anticorpos (FLINT et al., 2004; SCHAECHTER et al., 2009). A progressão de uma infecção viral e a resposta imune contra o mesmo pode ser esquematizada pelos seguintes estágios. Partículas virais infectam as células do hospedeiro. O material genético é inserido na célula do hospedeiro e o vírus usa a maquinaria celular para iniciar a produção de proteínas virais. Peptídeos destas proteínas são clivados e eventualmente apresentados no complexo maior de histocompatibilidade classe I (MHC-I) do hospedeiro. Os linfócitos reconhecem esses peptídeos e sofrem expansão clonal emitindo sinais de apoptose nas células infectadas. O vírus pode propagar somente se conseguir completar a montagem dos vírions e infectar outras células antes que a própria célula sofra apoptose (VIDER-SHALIT et al., 2007). 2.2 Imunidade aos vírus A imunidade contra infecções virais depende da atuação da resposta imune inata e adquirida. Estas duas respostas atuam juntas no combate a qualquer agente identificado como estranho ao hospedeiro. Os componentes da imunidade inata são ativados após a infecção e se encarregam de limitar e restringir a replicação viral até que os mecanismos da resposta imune adquirida sejam ativados. Na resposta inata contra vírus, atuam principalmente o interferon do tipo I (IFN-I), o sistema complemento (SC), células natural killer (NK) e células dendríticas (DC). A resposta imune adquirida é mediada principalmente por linfócitos T (TCD4 e TCD8) e por anticorpos (mediante linfócitos B) (RIDPATH E FLORES, 2007).

7 Imunidade inata aos vírus Antes mesmo da estimulação desta resposta existem mecanismos naturais de proteção contra a penetração de patógenos, como a pele, os pelos, o muco, enzimas, peptídeos antivirais e antibacterianos (ABBAS et al., 2008). Grande parte dos vírus infecta seus hospedeiros pelas mucosas, principalmente pelas vias aéreas e trato gastrintestinal e urogenital. A primeira barreira contra a infecção é a queratina da pele, uma vez rompida essa barreira, as células de Langerhans presentes na derme podem capturar o agente invasor, dando início à resposta imune. Na mucosa gástrica e vaginal o ambiente ácido existente atua como barreira química contra a penetração dos vírus. Outro mecanismo de defesa contra os vírus são as defensinas, proteínas expressas por células epiteliais e neutrófilos. As defensinas formam poros em membranas ricas em fosfolipídios aniônicos como as dos vírus causando a destruição dos mesmos (LORENZI & COELHO-CASTELO, 2011). Uma vez que o vírus consiga superar estas barreiras e penetrar no organismo do hospedeiro, dá-se início a estimulação da resposta imune inata (ABBAS et al., 2008), normalmente essa ação é mediada por interação com receptores específicos expressos pelo tipo celular ao qual o vírus é específico (LORENZI & COELHO-CASTELO, 2011). O sistema imune inato detecta elementos que são comuns a uma ou várias classes de agentes infecciosos, conhecidos como padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs). Os PAMPs são reconhecidos por receptores de reconhecimento padrão (PRR) presentes nas células dos organismos animais ou secretados por estas. Uma classe importante de PRR são os receptores Tolllike (TLR) localizados na superfície celular ou em endossomos. Uma segunda classe de PRR, de localização intracelular, são as proteínas quinase (PKR), RIG- I-like receptors (RLRs) e MDA-5 (outra RLSs), todas aptas a detectar RNA de fita dupla (dsrna), um PAMP produzido durante a replicação viral (WEBER et al., 2006). Assim, os PRRs estão localizados estrategicamente em locais aptos a detecção precoce dos PAMPs (SAITO & GALE, 2007). Esses receptores estão presentes principalmente em macrófagos, neutrófilos e DCs (CRUVINEL et al., 2010).

8 8 São conhecidos atualmente, 11 diferentes TLRs, alguns localizados na membrana celular, outros no interior das células (CRUVINEL et al., 2010). São 7 os tipos de TLR envolvidos na resposta contra vírus (FINBERG et al., 2007). Esses TLRs têm como principal alvo de reconhecimento os ácidos nucléicos. Devido à grande variação do tipo de ácido nucléico que os vírus podem conter, o sistema imune desenvolveu variações de TLRs específicas para cada tipo de DNA ou RNA presente nos mesmos (LORENZI & COESLHO-CASTELO, 2011). Contudo os PRRs importantes são TLR-3, -7/-8 e -9. Todos estes TLRs conseguem detectar ácidos nucleicos de patógenos localizados no meio intracelular. O TLR-9 é ativado por DNA CpG não-metilado, enquanto que TLR-3 e -7/-8 são receptores para respectivamente RNA fita dupla (ds) e fita simples (ss). Os ds e ssrna são os principais PAMPs sinalizadores da presença de RNA viral para o hospedeiro (PETERHANS & SCHEWIEZER, 2010; SATHISH & YUAN, 2011). Interferon é a mais importante citocina envolvida na defesa antiviral (CHASE, et al., 2004).Os IFN-I são citocinas essenciais do sistema imune inato. Há sete classes de IFN, IFN-α, -β, -ε, -ω, -δ, -ĸ e τ, no entanto, nem todas as classes ocorrem em todas as espécies (PESTKA et al., 2004). Qualquer célula é capaz de produzir IFN-I em resposta à infecção por vírus. Diversas vias bioquímicas desencadeiam a produção de IFN-I. Estas incluem o reconhecimento de RNA e DNA virais pelos TLRs e ativação de cinases citoplasmáticas pelo RNA viral. Sensores citoplasmáticos de vírus proporcionam vias TLR-independentes de produção de IFN. Esses sensores incluem RNA helicases, como RIG-1 e MDA-5, que reconhecem RNA produzidos nas células infectadas por vírus (WEBER et al., 2006). As vias iniciadas por TLRs e sensores citoplasmáticos convergem para a ativação de proteínas cinases, as quais, por sua vez, ativam fatores de transcrição que estimulam a transcrição de genes dos IFNs. Os IFN-I atuam inibindo a replicação viral em ambas as células, infectada e não infectada, por indução de um estado antiviral. Tal efeito antiviral é caracterizado por degradação de RNAs mensageiros (mrna) e inibição da tradução. Uma das moléculas-chave induzidas pelos IFNs é a PKR, uma proteína quinase que tem que se ligar ao dsrna para que seja ativada, e portanto é funcional somente em células infectadas por vírus. PKR ativa fecha a síntese de proteína, causando a morte das células infectadas (ABBAS & LICHTMAN, 2008).

9 9 O SC é constituído por uma família de mais de 20 glicoproteínas plasmáticas, sintetizadas principalmente no fígado, mas também por macrófagos e fibroblastos. Há três vias de ativação do SC: clássica, alternativa e via das lectinas ligadoras de manose (MBL). Na via clássica é ativada por complexos imunes (ligação Antígeno-Anticorpo /Ag-Ac). A via alternativa é ativada pela deposição espontânea do componente C3b do complemento na superfície do micro-organismo. E por fim a via da lecitina é ativada quando há ligação com proteínas que se ligam a manose. A ativação por qualquer via resulta em uma cascata bioquímica com formação de moléculas pró-inflamatórias e do complexo de ataque a membrana MAC. O componente C3 é considerado o mais importante componente do sistema complemento. Uma vez clivado o produto C3b se deposita em superfícies que não possuem ácido siálico, como o envelope dos vírus, levando a formação do MAC e destruição do vírus (CRUVINEL et al., 2010). As DCs são especializadas na captura e apresentação de antígenos para os linfócitos tanto via MHC-I (LTCD8 e NK) quanto via MHC-II (LTCD4), são consideradas uma ponte entre a imunidade inata e a adaptativa (BRACKENBURY et al., 2004). DCs imaturas são eficientes na captura de antígenos, já as maduras são eficientes na apresentação. Os antígenos capturados são processados dentro da célula e apresentados em sua superfície, inseridos em moléculas do MHC. Em geral, antígenos proteicos são apresentados por moléculas MHCs clássicas (de classes I e II) que estimulam linfócitos αβ. Antígenos lipídicos são apresentados por moléculas MHCs não clássicas como CD1 e estimulam principalmente LTγδ e células NK (CRUVINEL et al., 2010). Há duas vias de diferenciação das DCs a partir de um progenitor comum (via mielóide gera DCs mielóides (mdcs), via plasmocitóide que gera as DCs plasmocitóides (pdcs), que predominam no sangue periférico e são as principais produtoras de IFN-I durante infecções virais. As pdcs têm receptores citoplasmáticos capazes de responder a RNA (TLRs 7 e 8) e DNA (TLR9), enquanto as mdcs expressam preferencialmente receptores de superfície para PAMPs, como peptidoglicanos (TLR2) e lipopolissacarídeos (TLR4) (CRUVINEL et al., 2010). As DCs interagem com as NK nos local da infecção, nos linfonodos e órgãos linfoides secundários. Há uma mútua estimulação entre DC e NK. NK estimula DC imatura e para isto depende da presença de fator de necrose tumoral

10 10 alfa (TNF-α). Já as DCs ativadas estimulam NK por meio de mediadores solúveis e contato direto (RIDPATH & FLORES, 2007). As células NK destroem células infectadas por vários vírus. A partir da produção de IFN-I e citocinas inflamatórias ocorre a sua ativação. Essas células têm grande importância na resposta imune inata contra vírus, pois são capazes de eliminar células infectadas por esse patógeno. A interação com a célula parasitada somada ao sinal proveniente das citocinas inflamatórias induz a célula NK a liberar seu conteúdo citolítico de perforinas e granzimas que levarão à morte da célula infectada.. As NK também reconhecem células infectadas nas quais o vírus bloqueou a expressão de MHC-I, por que a ausência de classe I libera as células NK de um estado normal de inibição (não há ligação com os receptores KIR). Dessa forma pode-se perceber que a resposta imune inata tem diferentes maneiras de reconhecer e combater a infecção viral, porém os vírus quase sempre parte dos vírus presentes no hospedeiro conseguem sobrepujar esta linha de defesa do sistema imune, e para se defender o organismo desenvolveu uma segunda linha de defesa, que é mais potente e específica que a primeira, a resposta imune adquirida/adaptativa (ABBAS et al., 2008; LORENZI & COELHO- CASTELO, 2011) Imunidade adquirida aos vírus Grande parte dos vírus conseguem transpor a resposta imune inata devido principalmente a sua alta taxa de replicação, por isso, concomitante à resposta inata, ocorre à ativação da resposta adquirida. Normalmente DC e macrófagos realizam esse papel de ligação entre as duas respostas. Devido à natureza de infecção intracelular dos vírus, os antígenos dos mesmos são apresentados via MHC-I levando a ativação de linfócitos T CD8. A ativação desse tipo de linfócito pode seguir diferentes caminhos dependendo do ambiente da infecção. Esse ambiente é formado por todos os fatores imunológicos presentes no sítio da infecção como citocinas, quimiocínas, hormônios, glicose e oxigenação local. Os padrões de resposta imune adaptativa mais conhecidos são Th1, Th2, Th17, Th0. A maioria das infecções virais induz a produção de IFN pelas células NK, esse fato leva a uma preferência para ativação do padrão Th1 (LORENZI & COELHO-CASTELO, 2011).

11 11 O mecanismo de defesa mais ativo contra a infecção viral é o mediado por linfócitos T CD8. Estas células reconhecem, via TCR, antígenos intracitoplasmáticos apresentados por moléculas MHC-I. Após adesão às células alvo apresentando um antígeno associado ao MHC-I e coestímulo adequado, os LT CD8 proliferam e, em um novo encontro, podem eliminar por citotoxicidade qualquer célula que apresente esse antígeno especifico, independente da presença de moléculas coestimulatórias. Os LT CD8 induzem a via de morte celular programada (apoptose) na célula alvo pela ação de perforinas e granzimas e também podem levar à apoptose pela expressão do receptor Fas L (CD95) que interage com a molécula Fas nas células alvo (MESQUITA et al., 2010). A atividade de eliminação de células infectadas pelos LTCD8 é altamente dependete de um ambiente repleto de IFN (LANFORT et al., 2004). Anticorpos produzidos por linfócitos B são um importante mecanismo da imunidade adaptativa contra vírus. Essa produção depende da captura e reconhecimento das proteínas virais com consequente produção anticorpos específicos para cada epítopo viral. Anticorpos antivirais atuam principalmente como moléculas neutralizantes, impedindo a ligação do vírus ao seu receptor na célula hospedeira. Estes anticorpos se ligam a antígenos do capsídeo (vírus não envelopado) ou ao envelope viral (vírus envelopado). Anticorpos do tipo IgA, presentes na mucosa respiratória e intestinal são importantes para a neutralização de vírus que infectam o hospedeiro por tais vias. IgG e IgM presentes no plasma agem nos episódios de reinfecção e viremia secundária. Além da neutralização os anticorpos podem ter a ação de aglutinação e opsonização das partículas virais facilitando a fagocitose desses vírus. Por fim os anticorpos também podem ativar a via clássica do complemento levando a lise das cápsulas virais. Contudo, os anticorpos somente agem na fase extracelular do ciclo viral, uma vez que os mesmos circulam apenas no sangue e na linfa (ABBAS et al., 2008). 2.3 Evasão imunológica dos vírus A habilidade dos vírus em infectar seus hospedeiros e permancecer na natureza somente é possível devido ao sucesso dos mesmos em produzir

12 12 infecções, resistir, escapar dos mecanismos antivirais do hospedeiro, produzir vírions viáveis e se disseminar para outros hospedeiros susceptíveis. Esses objetivos foram alcançados por meio do desenvolvimento das estratégias de infect and run (infectar e correr) ou infect and persist (infectar e persistir) (RIDPATH & FLORES, 2007; PETERHANS et al., 2010). Na estratégia infectar e correr o vírus tem um curto período de tempo no qual o hospedeiro é susceptível a multiplicação viral. Após a multiplicação, o hospedeiro desenvolve anticorpos ou morre da doença. Na estratégia infectar e persistir, o vírus estabelece persistencia por toda a vida do indivíduo que pode transmitir o vírus a outros hospedeiros (PETERHANS, et al., 2010). Milhares de anos de coexistência, além da rapidez com que os vírus se multiplicam e evoluem, permitiram o desenvolvimento de estratégias que lhes permitem subverter às defesas do hospedeiro, causando infecções persistentes e garantindo a sua manutenção e perpetuação na natureza (FLINT et al., 2004; PETERHANS et al., 2010). Dentre os mecanismos utilizados pelos vírus para perpetuação, destacam-se os seguintes: infecções latentes no sistema nervoso central, indução de tolerância, integração do material genético viral no genoma do hospedeiro, variações antigênicas e interferência com funções do sistema imunológico Infecções latentes no sistema nervoso central Um primeiro mecanismo de evasão viral da resposta do hospedeiro é o estabelecimento de infecções latentes, mecanismo este que é eficientemente utilizado pelos vírus da família Herpesviridae. A fase de latência, que ocorre após à infecção aguda, caracteriza-se pela presença do genoma viral inativo em neurônios, sem síntese proteica ou produção de progênie viral (JONES, 2003). Diferentemente da infecção aguda, onde a replicação viral é seguida de lise celular e ocorre principalmente em tecidos periféricos (geralmente no epitélio das mucosas), a infecção latente geralmente não determina a lise da célula infectada e ocorre em células de vida longa, baixa taxa de replicação e altamente diferenciadas, como os neurônios e células linfoides (CLAUS et al., 2002). Durante a latência o genoma viral é associado a histonas e também mantido como um epissoma circular dentro do núcleo, a replicação viral é

13 13 acoplada com a replicação celular do hospedeiro, permitindo a manutenção da infecção. A característica principal da latência viral é a expressão de apenas um número mínimo de genes virais latentes (genes relacionado a latência -LGR), juntamente com a ausência de produção de vírions infecciosos. Assim, a latência viral tem sido eficazmente adotada pelos herpesvírus para escapar às respostas antivirais do hospedeiro, minimizando a exposição ao radar de vigilância imunitária. Isto é exemplificado no caso do herpesvírus associado ao sarcoma de Kaposi's, na expressão de apenas 5 de mais de 80 ORFs do genoma viral, e estes incluem LANA (ORF73), v-ciclina (ORF72), v-flip (ORF71), kaposin (K12), e virf-3 (LANA-2, ORF10.5) (SATHISH & YUAN, 2011). No entanto, a expressão prolongada e consistente dos genes virais latentes, mesmo que em pequenas quantidades, pode alertar o sistema imune do hospedeiro para iniciar uma resposta imunitária aos epítopos expressos (VIDER-SHALIT et al., 2007). Os alfaherpevirus podem estabelecer latência em células ganglionares quando infectam um animal (CLAUS et al., 2002). Contudo, sob determinadas circunstâncias, geralmente associadas a estímulos imunodepressivos como estresse, transporte, parto ou tratamento com glicocorticóide pode haver reativação e retomada da replicação viral nas células infectadas (JONES, 2003). SILVA et al. (1998) e WORKMAN et al. (2009) demonstraram a capacidade de latência/reativação do herpesvírus bovino tipo 5 (BoHV-5) em ovinos, e do herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1) em bezerros, respectivamente. Primeiramente inocularam o vírus nos animais e posteriormente, após tratamento com dexametasona, detectaram o vírus em secreções nasais no primeiro trabalho e marcadores relacionados a reativação no segundo. O sítio de latência depende do local da primo-infeccão, geralmente ocorre nos neurônios sensoriais (gânglios trigêmio ou raiz dorsal sacral), sendo que 40 a 60% destes tipo neuronal podem estar latentemente infectados (JONES, 2003). Após a adsorção e penetração ocorre o transporte do vírus através dos microtubulos dos axônios até o corpo do neurônio, onde o genoma viral sofre duas alterações. Primeiramente se estabelece como um epissoma circular. Em segundo lugar une-se com histonas do hospedeiro e persistem como minicromossomas dentro do núcleo da célula (METTENLEITER et al, 2006). WINKLER et al. (2000) e LOVATO et al., no mesmo ano, verificaram presença de alfaherpesvírus em outros locais como centros germinativos das

14 14 tonsilas faríngeas, linfócitos TCD4 e em células mononucleares do sangue periférico, respectivamente. Para determinar as bases moleculares da latência dos herpesvírus alguns estudos demonstraram que, em contraste aos cerca de genes expressos durante o processo de lise, no estágio de latência apenas uma pequena região do genoma (genes relacionados a latência LGR), é transcrito. Três transcritos foram detectados durante o período de latência: um de 8,5 kpb (em pouca quantidade) e outros dois, de 2 kpb e 1,5 kbp (em maior quantidade), no núcleo das células latentemente infectadas (COFIN et al., 1995; HOSSAIN et al., 1995). DEVIREDDY & JONES (1998) sugeriram a separação da infecção latente em três etapas: I) Estabelecimento: inclui a entrada do genoma viral em um neurônio sensorial e infecção aguda. Os transcritos dos LGR (LRGT) sofrem processamento alternativo, sendo traduzido os fragmentos de 2 ou 1,5 kpb processados a partir do fragmento de 8,5 kpb. II) Manutenção: é uma fase que dura toda a vida do hospedeiro. O produto de LRGT (LTRP) reprime a expressão viral dos genes α, complexando-se com fatores de transcrição celulares (ciclina A, ciclina E, cdk2, cdc2). Nos neurônios infectados, os LTRP neutralizam os efeitos deletérios da ciclina A, substância necessária para a progressão do ciclo celular e em estágios iniciais de apoptose, assegurando a sobrevivência do neurônio e o estabelecimento da latência. III) Reativação: nesta fase, associado ao o fato de ter sido detectada a expressão de RNA de ciclina A durante a reativação, pode indicar que os LTRP não conseguem evitar que as células avancem no ciclo celular ou entrem em apoptose (fase S), ou ainda, a reativação pode ser um ato de prevenção a uma eminente apoptose celular. Ao fim do processo de reativação, os vírions produzidos migram pelos axônios de volta aos locais da infecção original, onde houve a replicação primária, de onde são excretados, podendo infectar outros hospedeiros. O desenvolvimento da resposta imune inata iniciado pela célula hospedeira contra os herpesvírus após a infecção primária exerce uma pressão seletiva sobre a capacidade do herpesvírus em estabelecer latência viral. A via de

15 15 sinalização desencadeado após a infecção primária via TLR induz várias citocinas, incluindo o IFN-I e o fator de transcrição celular NF-ĸB. Aumento dos níveis de NF-ĸB são conhecidos por suprimir a atividade de replicação do herpesvírus associado ao sarcoma de Kaposi's e reativação viral lítica. Redução da replicação confere proteção à célula hospedeira, a qual é protegida contra os efeitos citopáticos associados a saída do vírus da mesma. Estabelecimento de latência é também benéfico para o vírus, ajudando não apenas no escape às respostas imunitárias mas também porque permite a manutenção do DNA viral no interior das células. Desta forma, tanto a célula hospedeira quanto o herpesvírus exploraram suas respectivas vantagens (SATHISH & YUAN, 2011). A manutenção da latência é definida como o período em que as partículas virais infecciosas não são detectadas por procedimentos padrões de isolamento viral (BARBOSA, 2004). SHEN & JONES (2008), verificaram que o BoHV-1 expressa um gene relacionado a latência e este possui uma região de abertura de leitura (ORF-2) que codifica uma proteína de ligação, tal proteína impede que as células infectadas entrem em apoptose. Os mesmos autores verificaram que mutantes que não expressavam tal proteína eram incapazes de estabelecer uma infecção latente. ORF2 também regula a transcrição viral através da interação com factores de transcrição celular (Notch 1 e Notch 3), permitindo o estabelecimento e a manutenção (WORKMAN et al., 2011). Num trabalho realizado por PENG et al. (2009) verificou-se que o herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2) foi capaz de inibir a produção de IFN-I após reativação. LUBINSKI et al. (1998) verificaram que a glicopreteína gc foi capaz de interferir com as funções do componente C3 do complemento, impedindo assim o desencadeamento da cascata que culmina com a formação do complexo de ataque a membrana (MAC). Demonstrando assim que os herpesvírus podem valer-se de outros mecanismos além da latência para evadirem as defesas do hospedeiro e protegerem as células que os albergam (PENG et al., 2009). Foi demonstrado por INMAN et al. (2002) que a reativação expontânea da latência exige a associação de genes relacionados a latência (LGR) com transcritos relacionados a latência (LAT) uma vez que mutantes que não possuíam o gene LAT não eram capazes de reativar após tratamento imunodepressor com dexametasona. Além disto, LOVATO et al. (2000) comprovaram que os genes de LGR e LAT possuem função anti-apoptótica.

16 16 JABER et al. (2010) verificaram que uma região denominada XP do LGR é responsável por suprimir a proteína bicp0, proteína esta que indica reativação viral, por estar abundantemente expressa em células com infecção produtiva. O estabelecimento e reativação de infecções latentes, portanto, constitui a principal estratégia dos herpesvírus para escapar do sistema imunológico e permanecer no hospedeiro e na população. As principais infecções latentes decorrentes de herpesviroses de interesse veterinário são causadas pelo herpesvírus bovino tipo 1 e 5 (BoHV-1 e 5), herpesvírus suíno (doença de Aujeszky), herpesvírus felino tipo 1 e herpesvírus equinos tipo 1 e 4 (RIDPATH & FLORES, 2007) Indução de tolerância Normalmente o sistema imunológico só reage contra antígenos estranhos. Contudo, o sistema imunológico pode tornar-se tolerante a estes antígenos, contra os quais deveria produzir uma resposta (CHASE et al., 2004). Como exemplo deste tipo de evasão viral tem-se a infeccão persitente de fetos bovinos com cepas não-citopáticas (ncp) do vírus da diarréia viral bovina (BVDV) (BROCK, 2003; GROOMS, 2004). A habilidade de atravessar a placenta de vacas prenhas susceptíveis e causar uma variedade de infecções fetais é a mais importante evidencia do sucesso do BVDV na evasão do sistema imune do hospedeiro (CHASE et. al., 2004). A infecção causada pelo BVDV é única, pois o vírus evita o sistema imune do hospedeiro, infectando todo o organimo antes do desenvolvimento da imunocompetência. Dessa forma, o vírus não danifica as células do seu hospedeiro e o sistema imune reconhecerá o vírus como parte do próprio organismo do animal, gerando animais persistentemente infectados (PI) (PETERHANS & SCHWEIZER, 2010). Os bezerros PI apresentaram viremia contínua em níveis médios a altos ao longo do tempo, excretado o vírus continuamente em secreções, sendo uma fonte rápida e contínua de infecção para os animais contato (ARENHART et al., 2009). A infeccão persitente de fetos bovinos ocorre quando cepas nãocitopáticas (ncp) do vírus da diarréia viral bovina (BVDV) infectam vacas entre os

17 17 40 e 120 dias de gestação (BROCK, 2003; GROOMS, 2004). Nessa fase da gestação, o sistema imunológico do feto é imaturo e as proteínas virais são reconhecidas erroneamente como próprias (self), tornando o animal imunologicamente tolerante especificamente aquela cepa ncp de BVDV que o infectou in útero (RIDPATH, 2003). A instalação da tolerância imune se deve ao fato do vírus infectar o timo e a medula durante os 90 aos 120 dias gestacionais, período em que ocorre o desenvolvimento do sistema imune fetal, e a presença de BVDV ncp circulante nessa fase faz com que os antígenos virais sejam reconhecidos como próprios, havendo seleção negativa de linfócitos B e T específicos ao BVDV infectante durante a ontogênese (BROCK, 2003; GROOMS, 2006). Adicionalmente à apresentação antigênica durante a ontogênese, as cepas ncp do BVDV não causam danos aos tecidos do feto. Tal situação é determinada por um cofator da autoprotease viral NS2 (proteína não estrutural dois) denominado chaperona celular Jiv (LACKNER et al., 2005). É necessário que se estabeleça uma infecção não-lítica com o BVDV para que não prejudique o desenvolvimento fetal, assim, a infecção transplacentária com um BVDV citopático (cp) não pode produzir uma infecção persistente, pois leva o feto a morte (LIEBLER-TENORIO, 2005). Outro ponto crucial no processo de tolerância é a capacidade que as cepas ncp de BVDV têm de suprimir, parcial ou totalmente, a produção de IFN em resposta à infecção, permitindo que as proteínas virais sejam reconhecidas como antígenos próprios, o que resulta na rejeição e destruição de linfócitos B e T anti- BVDV, durante a formação do sistema imune adaptativo do feto (SMIRNOVA et al., 2008). Portanto, os animais persistentemente infectados não apresentam quaisquer anticorpos, neutralizantes ou não, contra o vírus persistente (PETERHANS et al., 2003). A imunotolerância é específica ao vírus infectante, ou seja, animais PI são capazes de produzir anticorpos contra outros patógenos ou mesmo contra cepas heterólogas ao BVDV virêmico (MCCLURKIN et al., 1984; LIEBLER- TENORIO, 1991). SCHWEIZER et al. (2006) demonstraram que, apesar da infecção pelo BVDV ncp não induzir a expressão de IFN-I, células persistentemente infectadas permanecem capazes de montar uma resposta antiviral pelo IFN contra outros tipos virais. O estudo indicou a existencia da

18 18 discriminação proprio-não-próprio, não apenas na resposta imune adaptativa, mas também na inata. Os animais imunotolerantes a um determinado isolado do vírus são capazes de resolver infecções agudas por outro isolado antigenicamente heterólogo. Alguns animais PI podem produzir anticorpos anti-bvdv do mesmo genótipo que o vírus persistente, o que resulta numa imunotolerância específica para determinados epítopos. Sendo assim, a infecção por um isolado viral heterólogo pode desencadear resposta imune devido ao reconhecimento de diferenças entre este e o vírus persistente infectante. A diferença de um único aminoácido entre os isolados poderá ser suficiente para que o sistema imune reconheça e desencadeie uma resposta à infecção (BREWOO et al., 2007). As pesquisas sobre a interferência na indução de IFN pelos pestivírus (gênero no qual o BVDV se encontra) estão centradas em dois genes que são únicos neste gênero e que o caracteriza dentro da família Flaviviridae, a N- terminal autoprotease N pro e a glicoproteína estrutural E rns ( MEYERS et al., 2007). O N pro estimula a degradação proteossômica do fator de transcrição IFN-3 (interferon regulatory factor 3), impedindo a atividade de transcrição do gene de IFN-β (CHEN et al., 2007). A glicoproteína E rns apresenta atividade RNAse com tropismo por ssrna, e uma parte dessa enzima é secretada pelas células para o meio extracelular, além de que, em células bovinas ela também consegue bloquear a síntese extracelular de IFN (MEYERS et al., 2007, MATZENER et al., 2009). A E rns secretada no meio extracelular age degradando RNA viral extracelular impedindo o seu reconhecimento por receptores Toll-like, mesmo em células não infectadas. Desta forma, a E rns é um fator chave na discriminação próprio-não-próprio, pois contribui para a persistência pestiviral sem, contudo, impossibilitar a resposta imune a outros agentes virais. In vitro, pestivírus que expressam uma E rns -RNAse inativa ou que sofrem uma mutação por deleção no gene da N pro são atenuados e, quando esses dois eventos ocorrem mutuamente, esses pestivírus são incapazes de causarem infecções fetais (MATZENER et al., 2009; PETERHANS & SCHWEIZER, 2010). Bezerros imunotolerantes tem sido induzidos experimentalmente pela inoculacão de isolados ncp de BVDV em fetos in utero entre 42 e 125 dias de gestacão (MCCLURKIN et al., 1984; BROWLIE, 1990; STOKSTAD & LOKEN,

19 ). Foi verificado por ARENHART et al. (2008) o nascimento de bezerros imunotolerantes nascidos de vacas inoculadas experimentalmente com um pool de isolados brasileiros do BVDV entre os dias 30 e 90 de gestação. Infecção em fetos imunocompetentes pode resultar na produção de anticorpos pelo feto e eliminacão do virus (GROOMS, 2004; LIEBLER-TENORIO, 2005). ARENHART et al. (2008) avaliaram a proteção fetal contra BVDV em vacas prenhes previamente imunizadas com vacina experimental atenuada e verificaram o nascimento três bezerros clinicamente saudáveis e livres do vírus, foi relatado que a infecção fetal não poderia ser descartada, pois foi verificado presença de anticorpos no soro destes animais antes da ingestão de colostro. Em outro estudo, ARENHART et al. (2010) induziram o nascimento de bezerros PI por inoculação com pool de isolados do BVDV em vacas prenhas e houve nascimento tanto de bezerros soronegativos quanto soropositivos para BVDV verificados pela técnica sorológica de vírus neutralização (VN). Contornar o sistema imune adaptativo por meio do estabelecimento de tolerância é uma estratégia incomum, contudo, permite que o vírus seja extremamente bem-sucedido, sem que tenha de empregar as estratégias de evasão habitualmente observadas em outras infecções virais persistentes de animais imunocompetentes. Como antigenic drift, variação dos antígenos de superfície e latência viral (MATZENER et al., 2009) Integração do material genético viral no genoma do hospedeiro O mecanismo de persistência dos vírus da família Retroviridae resulta da capacidade de integracão de cópias do material genético viral nos cromossomos da célula hospedeira a partir de um complexo de pré-integração (PIC). A integrase (IN) induzida pelo vírus após a síntese de DNA proviral, resultante da atividade da enzima transcriptase reversa (RT) no citoplasma da célula, promove a integração do provirus ao genoma do hospedeiro (MASUDA et al., 1998; LEWINSKI & BUSHMAN, 2005). Tal estratégia permite que o vírus escape da resposta imunológica do hospedeiro (PIERARD et al., 2010). Os PICs sintetizados são formados por fatores virais e do hospedeiro, sendo que os fatores do hospedeiro são essenciais para que a integração tenha sucesso (CERESETO & GIARCCA, 2005). Alguns sítios de integração de

20 20 retrovírus estão localizados numa região particular, por exemplo, o vírus da leucemia do rato promove a integracão perto dos locais de início da transcrição já o HIV-1 é preferencialmente integrado em unidades de transcrição (WU & BURGESS, 2004). FASHINGER et al. (2008) verificaram que o vírus do tumor mamário de ratas tende a se integrar ao genoma hospedeiro de forma aleatória. Já DOI et al. (2005) observaram que sitio preferencial de integração do vírus da leucemia humana de células T tipo 1 difere dependendo do estágio da doença. PIERARD et al (2010) e CALOMME et al. (2004) demonstraram evidências de uma possível correlação entre a metilação de DNA no primeiro e a acetilação do DNA no segundo como um mecanismo utilizado pelo VLB que contribui para a baixa expressão de genes virais e consequente persistencia viral. Além disto, ARAINGA et al. (2012), observaram que o gene Tax (responsável por ativar a replicação do VLB e pelo potencial oncogenico do vírus juntamente com R3 e G4) somente se expressa na fase linfoproliferativa da doença e influi sobre diversas funções celulares como transcrição, tradução, crescimento celular, resposta ao estresse e principalmente regula negativamente a produção de citocinas relacionadas a resposta imune inata, em especial o IFN. MURAMAKI et al. (2011) verificaram que o VLB integra-se de forma aleatória no genoma do hospedeiro, contudo ele integra-se preferencialmente em introns e não em regiões específicas, como ocorre com outros retrovírus. Com isto há uma baixa expressão de genes virais nas células infectadas contribuindo para escapar a vigilancia do sistema imunológico do hospedeiro. GILLET et al., (2007) aponta que a linfocitose persistente, que ocorre em alguns animais infectados por VLB, decorre do acúmulo dos linfócitos infectados que não expressam epítopos virais e, assim, não são eliminados pelo sistema imunitário do hospedeiro. Os mesmos autores relatam que, em animais manifestando linfocitose persistente, cerca de um em cada linfócitos B expressam mrna que codificam proteínas virais. Além disto todas as vezes que as células B entrarem em divisão celular gerarão células contendo o material genético viral, e supõe-se que seu potencial infectivo esteja ligado a multiplicacão destas células uma vez que as mesmas não são eliminadas pelo sistema imune e tem a apoptose suprimida pelos produtos da transcrição viral (FULTON et al., 2006). Acredita-se que a modulacão da apoptose, associada ou não a um aumento na taxa da proliferacão celular, possa ser um componente fundamental

21 21 na persistencia viral e na progressão para a linfocitose induzida pelos retrovírus (DEBACQ et al, 2002). Existem evidências de que a expressão do VLB por um linfócito infectado aumenta a sobrevivência desta célula por estacionar o ciclo celular em G0/G1. Esta ação atrasa a apoptose fisiológica que, na ausência de estímulos externos, ocorre na fase G2. O VLB pode ainda promover a proliferação de linfócitos B não infectados devido à ação de proteínas virais em linfócitost CD4. Esta ação aumenta os níveis de interleucina 2 (IL2) que é a interleucina responsável pela proliferação de linfócitos B. Esta estratégia viral garante o sucesso da infecção por aumentar a produção de partículas virais, prolongando a vida da célula infectada. Paralelamente, a proliferação de linfócitos B não infectados aumenta a população de células alvo. O conjunto destes efeitos leva o animal a apresentar o quadro de linfocitose presistente (STONE et al., 2000). A proteína p24 do VLB é a proteína com o maior peso molecular dentre as proteínas do capsídeo. Já a glicoproteína gp51 do envelope é o alvo preferencial para o qual a produção de anticorpos é direcionada, sendo também o principal antígeno viral utilizado no desenvolvimento de técnicas de diagnóstico como a imunodifusão (BRAGA et al., 1998; JUNIOR et al., 2001). Contudo, a RT não possui um mecanismo de correção de erros cometidos durante a transcrição de RNA para DNA, a cada nova geração de vírus podem ocorrer mutações nas glicoproteínas do envelope que asseguram que alguns vírions produzidos possam escapar da resposta imune para infectar novas células (GRUBMAN & BAXT, 2004; POMIER et al., 2008). Vale ressaltar que o vírus fica restrito aos linfócitos B, desta forma a enfermidade só é transmitida quando há transferencia de linfócitos infectados de um animal doente para um susceptível (JUNIOR et al., 2001) Variações antigênicas Além de induzir tolerância, o BVDV, assim como muitos vírus RNA, geram mutações que precipitam alterações na seqüência de aminoácidos de determinantes antigênicos em proteínas de superfície dos vírions permitindo o escape da neutralização por anticorpos (BROCK, 2003). Há grande variabilidade antigênica nos isolados de campo de BVDV, devido à presença de regiões hipervariáveis na glicoproteína E2 (gp53). Com

22 22 base nas características genéticas e antigênicas, os isolados podem ser divididos em dois grupos: BVDV-1 (E2 com um epítopo dominante) e BVDV-2 (E2 com três epítopos dominantes) (RIDPATH, 2003; BRACKENBURY et al., 2004). Além do genótipo, as cepas de BVDV podem ser agregadas em subgenótipos. Quinze subgenótipos dentro do BVDV-1 (BVDV-1a a BVDV-1o) e dois do BVDV-2 (BVDV-2a e BVDV-2b) têm sido descritos por todo o mundo (FLORES et al, 2002; LIU et al., 2010; RIDPATH, 2010). A reatividade sorológica cruzada entre BVDV-1 e BVDV-2 é geralmente baixa, e isto apresenta implicações importantes para o diagnóstico, controle, desenvolvimento e eficácia de vacinas, assim como auxiliam o vírus na evasão da resposta imune do hospedeiro prejudicando estratégias de imunização (PILZ et al., 2007). Essa variabilidade é devido a erros cometidos pela enzima RNA polimerase durante a replicação viral, evento comum entre os vírus RNA (GRUBMAN & BAXT, 2004). Pode ocorrer inclusão de aminoácidos diferentes que geram alteração na estrutura do vírion, tais alterações levam ao nãoreconhecimento pelos anticorpos produzidos contra os epitopos originais. Assim os vírions com alterações antigênicas podem escapar da resposta imune gerada anteriormente. Esses novos epítopos induzirão a geração de anticorpos com uma nova especificidade (RIDPAHT & FLORES, 2007; BREWOO, 2007). XU et al. (2010) afirmam que no início de epidemia de gripe a imuniade preexistente a hemaglutinina (HA) do virus emergente é baixa garantindo uma grande conjunto de hospedeiros susceptíveis a infecção e rápida disseminação na população. Após esta nova HA estar fixada e circulando na população ela passa por mudancas graduais na estrutura antigênica, num processo denominado antigenic drift, de modo a evitar o reconhecimento pelo sistema imunológico. Desta forma o antigenic drif está associado a perda da imunidade e consequente casos de gripe sazonal que ocorrem todos os anos. O influenza vírus pandemico de 2009 possuia propriedades antigênicas distintas do vírus H1 sazonal. Houve a introdução de uma nova HA na população humana a partir de H1 que circula entre suínos. Tal alteração antigênica resultou num vírus antigenicamente muito diferentes dos parentais. Esse mecanismo é denominado antigenic shift e tem sido implicado no surgimento de vírus responsáveis por pandemias (XU et al., 2010). Neste mesmo estudo ainda ficou

23 23 comprovado que o H1N1, responsável por mortes desde seu surgimento em 2009 até fevereiro de 2010, apresenta similaridade com o vírus responsável pela gripe espanhola de 1918, esclarecendo assim a dúvida do porque os idosos (pessoas nascidas no início do século 20) apresentaram maior resistência a pandemia de Uam vez que para crianças e individuos jovens o agente se comportou como um vírus completamente novo, levando a diversas mortes. Já na população acima de 65 anos o vírus encontrou imunidade preexistente, se comportando como um vírus sazonal Interferência com as funções do sistema imunológico Além dos mecanismos acima citados os vírus podem interferir com as funções do sistema imunológico de outras maneiras, principalmente influenciado na ação de determinadas células e moléculas imunobiológicas. Tal interferência freqüentemente leva a deficiências na resposta imunológica, causando imunossupressão (RIDPATH & FLORES, 2007). Praticamente cada vírus utiliza uma estratégia diferente e específica para evadir o sistema imune e discorrer sobre elas neste trabalho é inviável. Portanto, baseado em outras estatégias utilizadas pelos vírus podemos ainda apontar, como mecanismos gerais: A) destruição ou alteração das funções dos linfócitos T. WINKLER et al. (1999) verificaram que a função dos linfócitos TCD4 era prejudicada durante a infecção aguda de bezerros com BoHV-1 uma vez que o vírus foi capaz de induzir apoptose neste grupo celular. STREECK et al. (2008) observaram que pacientes HIV positivos tinham suas populações de linfócitos TCD4 destruídas tornando-se susceptíveis a infecções oportunistas como a tubercolose. BVDV pode afeta as funções do sistema imune inato por infectar neutrófilos, monócitos, macrófagos e células dendrtiticas. Quando infectam monócitos os mesmo produzem fatores solúveis que induzem apoptose em monócitos não infectados, macrófagos não infectados, células epiteliais e linfócitos (CHASE et al., 2004). O mesmo autor ao analisar o efeito do BVDV na resposta imune mediada por células verificou que as subpopulacões de linfócitos TCD8 e TCD4 sofrem grande reducão no timo e no fígado. OHASHI et al. (2010) comprovaram que a proteína BARF1 secretada pelo vírus Epsen Barr inibe a imunidade inata por bloquear o CSF-1 e bloqueia a coestimulacao via CD80 de linfócitos, prejudicando a ativacão destas células.

24 24 B) Interferência com a apresentação de antígenos (via MHC-I) gerando falhas na resposta mediada por linfócitos TCD8 (WANG et al, 2005; LEMMERMANN et al., 2009; HOLTAPPLES et al., 2009; GARZA-RODEA et al., 2011). VIDER-SHALIT et al. (2007) avaliaram os mecanismos de evasão utilizados pelos herpesvírus para escapar ao controle do sistema imunológico. Foi verificado que todos os cinco diferentes membros da familia herpesvirus considerados no estudo eram capazes de induzir um número reduzido de epítopos apresentados via MHC-I nas células infectadas. Isto, associado a outros mecanismos de evasão, diminui drasticamente a capacidade do sistema imune em reconhecer o peptídeos virais como uma ameaça ao hospedeiro. BARTEE et al. (2004) verificou que as proteínas MARCH IV e IX dos poxvírus tem a capacidade de induzir uma rápida endocitose do MHC-I. Já VERWEIJ et al. (2011) observaram que todos os membros do gênero Varicellovirus, por meio da proteína UL49.5, impedem que mudanças conformacionais necessárias ao transporte de peptídeos sejam realizadas. A UL49.5 do BoHV-1 e BoHV-5 degradam o TAP e a UL49.5 dos herpesvírus equino 1 e 4 agem impedindo a ligação de ATP ao TAP. Como a apresentação antigênica fica prejudicada, as células infectadas não são alvo dos LT CD8. Assim as células NK podem ser uma alternativa a esse modo de evasão viral uma vez que células que apresentam expressão reduzida de MCH-I são alvo desta população de leucócitos (ABBAS et al., 2008; MAGRI et al., 2011). C) Produção de proteínas que inibem a função das citocinas. O HSV-1 codifica diversos moduladores do sistema imune incluindo a glicoproteína gc, que bloqueia a ação do componente C3 do complemento, a glicopreteína ge que se liga a porção Fc de IgG e o ICP47, que influi na apresentação de peptídeos via MHC-I (LUBINSKI et al., 1998). BUTLER et al. (2011) verificaram que o herpesvírus associado ao sarcoma de Kaposi é capaz de inibir o recrutamento neutrofílico nos locais onde estabelece infecção, por induzir um aumento na expressão de interleucina 6 que resulta na expressão de SOCS3 (suppressor of citokine signaling 3) com subsequente inibição do perfil de citocinas necessários para o recrutamento de neutrófilos. Infecção de macrófagos por BVDV leva a decréscimo na produção de fator de necrose tumoral α (TNF-α) em resposta ao LPS bacteriano, facilitando infecções bacterianas. O TNF-α tem um importante

25 25 papel na ativação da resposta imune por modular a produção e atividade de inúmeras citocinas. A regulação negativa de TNF-α leva a produção de IL-10 e TGF-β, ativando um perfil de resposta Th2 que é ineficaz contra agentes intracelulares. Além disto, há menor produção de anion superóxido, óxido nítrico, IL-1 e citocinas induzidas por quimiotaxia por macrófagos e estimulação da síntese de prostaglandina E2 contribuindo para a imunossupressão (CHASE, et al., 2004). D) Interferência nas funções das DC. Podendo haver inibição ou indução da maturação ou destruição das DCs, alterando o padrão de secreção de citocinas e de expressão de receptores nas DCs, prejudicando sua relações com as demais células do sistema imunológico em especial os linfócitos T (FLINT et al., 2004). MAGRI et al. (2011) observaram que as células NK são capazes de reagir a células mdc`s infectas pelo HCMV, promovendo assim a continuidade do processo de desenvolvimento da resposta imune adaptativa. Já CHASE et al. (2004) apontam que DC infectadas por BVDV tem expressão reduzida de receptores para Fc e C3, tais receptores são necessários para a atividade de fagocítica, prejudicando a apresentacão antigenica. E) produção de proteínas que protegem a célula infectada da ação do IFN-I. O herpes simplex vírus tipo 2 (HSV-2), por meio da proteína quinase Us3, é capaz de inibir a produção de IFN-I (LIANG & ROISMAN, 2008; PENG et al., 2009). Já SATHISH & YUAN (2011) numa revisão sobre o modo como o herpesvirus associado ao sarcoma de Kaposi evadem o sistema imune verificaram que a ORF45 do vírus é a responsável pela supressão da produção de IFN, impedindo assim toda a cascata de eventos que culmina com o estabelcimento do estado antiviral. O BVDV também tem capacidade de inibir a produção de IFN tanto na célula infectada quando nas células adjacentes por meio das proteína N pro e E rns. A N pro estimula a degradação proteossômica do fator de transcrição IFN-3 (interferon regulatory factor 3), impedindo a atividade de transcrição do gene de IFN-β (CHEN et al., 2007). A glicoproteína E rns consegue bloquear a síntese extracelular de IFN (MEYERS et al., 2007; MATZENER et al., 2009). Em um trabalho desenvolvido por JANCOVICH & JACOBS (2011) foi observado que em salamandras infectadas por ranavírus a produção de IFN foi bloqueada por um homólogo do fator de iniciação de tradução eucariótico pelo

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