PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº SALVADOR APELANTE: RAFAEL ALVES DOS SANTOS, REP. 333, INCISO I, DO CPC.

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1 PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº SALVADOR APELANTE: RAFAEL ALVES DOS SANTOS, REP. POR JUCILENE DE ALMEIDA ALVES ADVOGADA: MARCIA MIGUEZ GONZALEZ APELADO: ADILTON CELESTINO DOS SANTOS PROMOTOR PÚBLICO: MARIA AUGUSTA DE ALMEIDA CIDREIRA REIS ADVOGADO: ANTONIO PINTO MADUREIRA RELATORA: DESA. MARIA DA PURIFICAÇÃO DA SILVA EMENTA APELAÇÃO CÍVEL CIVIL E PROCESSUAL CIVIL ALIMENTOS RÉU REVEL- NÃO COMPROVAÇÃO ACERCA DA CAPACIDADE FINANCEIRA DO RÉU AO AUTOR/REQUERENTE CABE O ÔNUS DA PROVA DE TUDO O QUE ALEGA NA INICIAL, "EX VI" DO ART. 333, INCISO I, DO CPC. SENTENÇA MANTIDA RECURSO IMPROVIDO. Ainda que o réu, em ação de alimentos, não apresente contestação, não existe presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor, nos termos do art. 320, II do CPC. O recorrente em nenhum momento dos autos, se desincumbiu de provar a alegada boa condição financeira do recorrido, uma vez que para êxito na ação de alimentos é necessária prova clara, insofismável e contundente da incapacidade financeira do alimentante ou da desnecessidade do alimentado, sendo que ao autor/requerente cabe o ônus da prova de tudo o que alega na inicial, "ex vi" do art. 333, inciso I, do CPC. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível Nº Nº de Salvador, em que figuram como apelante RAFAEL ALVES DOS SANTOS, REP. POR JUCILENE DE ALMEIDA ALVES, e apelado o MINSTÉRIO PÚBLICO. Acordam os Desembargadores componentes da Turma Julgadora da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia, por votação unânime, em negar provimento ao recurso de apelação e assim o fazem pelas razões adiante expendidas: 1/4

2 Cuidam os Autos de Alimentos, proposta por ANA PAULA CERQUEIRA PINHEIRO contra ADILTON CELESTINO DOS SANTOS. Mister inicialmente se faz ressaltar que, conforme dispôs a Douta Procurador de Justiça às fls. 76: Com o advento da Lei Complementar nº80/94, a Defensoria Pública passou a possuir a função de curador especial, sendo atribuída tal função ao Ministério Público apenas quando houver Defensoria Pública no local. Dessa forma, considerando que o Município de Salvador possui Defensoria Pública, caberia a esta a atribuição de curador especial, portanto, a petição apresentada pelo Parquet às 66/67 deve ser recebida como Parecer, eis que a atuação deve ser vista como fiscal da Lei. Ao contrário do que aduz o recorrente, em se tratando o presente feito de discussão acerca de verba alimentícia, há a incidência do art. 320, inc. II, do CPC, segundo o qual a revelia não induz à veracidade dos fatos afirmados pelo apelante por versar o litígio sobre direito indisponível, mormente porque a garantia de ampla defesa não se constitui num dever de contestar o feito, mas apenas numa faculdade de fazê-lo. Tratando-se de direitos indisponíveis, a revelia não dispensa o autor de provar os fundamentos jurídicos de sua pretensão, para que possa a mesma ser reconhecida por sentença.. Nestes termos: AÇÃO DE ALIMENTOS REVELIA Fixação na sentença do valor de um salário mínimo para as alimentandas. Redução do quantum. Inaplicabilidade dos efeitos da revelia. Direitos indisponíveis. Aplicação dos critérios da razoabilidade e proprorcionalidade. Recurso provido em parte. A revelia na hipótese dos autos não produz os seus efeitos em razão da demanda versar sobre direito indisponível. Inteligência do disposto no artigo 320, II do CPC. Deve-se reduzir o valor fixado na sentença em atenção ao binômio necessidade-possibilidade, esculpido no parágrafo 1º, do artigo do código civil. (TJBA AC /2006 (21.177) 4ª C.Cív. Relª Desª Maria Geraldina Sá de Souza Galvão J ) AÇÃO DE ALIMENTOS REVELIA DO RÉU DIREITOS INDISPONÍVEIS CITAÇÃO AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO DE PRAZO RAZOÁVEL NULIDADE SENTENÇA CASSADA, DE OFÍCIO A teor do inciso II do artigo 320 do Estatuto Processual, ainda que 2/4

3 o requerido da ação de alimentos não compareça na audiência designada, mostra-se inviável o julgamento antecipado da lide e a aplicação dos efeitos da revelia, versando a ação de alimentos sobre direito indisponível. A citação feita sem a observância das prescrições legais implica em nulidade, haja vista o prejuízo imposto à parte requerida para a apresentação de suas alegações de defesa, o que ocorre quando não é fixado prazo razoável, nos termos do artigo 5º, 1º da Lei de Alimentos e artigos 225 e 247 do CPC. (TJMG AC /001 8ª C.Cív. Relª Teresa Cristina da Cunha Peixoto J ) É cediço que os alimentos devem ser fixados de acordo com a possibilidade de quem os deve e a necessidade daquele que os pede, conforme art , 1º, do Código Civil, cabendo ao juiz apreciar cada caso e dar-lhe melhor solução, considerando o princípio da proporcionalidade, bem como o fato de que os alimentos só são devidos àquele que não pode prover, com bens, ou pelo seu trabalho a própria mantença. (art do Código Civil) E ainda, o dever de prestar alimentos se impõe quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-lo, sem desfalque do necessário ao seu sustento. Dispõe o art do Código Civil dispõe que: "... Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo". Ao compulsar os autos, verifica-se que o recorrente em nenhum momento dos autos, se desincumbiu de provar a alegada boa-condição financeira do recorrido, uma vez que para êxito na ação de alimentos é necessária prova clara, insofismável e contundente da incapacidade financeira do alimentante ou da desnecessidade do alimentado, sendo que ao autor/requerente cabe o ônus da prova de tudo o que alega na inicial, "ex vi" do art. 333, inciso I, do CPC. É entendimento dos Tribunais Pátrios que: ALIMENTOS EXONERAÇÃO PARCIAL DA PENSÃO ALTERAÇÃO DA FORTUNA DAS PARTES ART. 401 DO CÓDIGO CIVIL AUSÊNCIA DE PROVA ART. 333, I, DO CPC APELAÇÃO IMPROVIDA À falta de 3/4

4 comprovação da alteração do status quo do alimentante, bem como a ausência de prova quanto à redução das necessidades do alimentando, impõe-se a confirmação da sentença pela qual foi julgada improcedente a ação de exoneração de parte da pensão a título de alimentos, por força do disposto no art. 333, I, do CPC. (TJMG APCV /00 8ª C.Cív. Rel. Des. Fernando Bráulio J )JCCB.401 JCPC.333 JCPC.333.I Ademais, meras ilações e informações incompletas, sem o abono de um começo de prova, não se prestam a demonstrar a existência de contratação. "A prova deve convencer. Aquela que deixa entrever as alegações simplesmente como possíveis não satisfaz o julgador, que precisa de elementos para firmá-la" (CF. RT. 541/207).3. Recurso improvido. (TJDFT APC Rel. Des. Antoninho Lopes DJU p. 116). Insta ainda ressaltar, que o art. 15 da Lei nº 5.478/68 refere que a sentença de alimentos não transita em julgado, podendo ser revista a qualquer tempo, diante de modificações nas condições financeiras dos interessados, ou seja, nas possibilidades do alimentante e nas necessidades do alimentando. interposto. Por essas razões, nega-se provimento ao recurso de apelação Salda das Sessões, de de PRESIDENTE DESA. MARIA DA PURIFICAÇÃO DA SILVA RELATORA PROCURADOR(A) DE JUSTIÇA 4/4

5 PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº SALVADOR APELANTE: RAFAEL ALVES DOS SANTOS, REP. POR JUCILENE DE ALMEIDA ALVES ADVOGADA: MARCIA MIGUEZ GONZALEZ APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO PROMOTOR PÚBLICO: MARIA AUGUSTA DE ALMEIDA CIDREIRA REIS ADVOGADO: ANTONIO PINTO MADUREIRA RELATORA: DESA. MARIA DA PURIFICAÇÃO DA SILVA RELATÓRIO Adoto o relatório da r. sentença de fls.151/52, que na AÇÃO DE ALIMENTOS, proposta por RAFAEL ALVES DOS SANTOS, REP. POR JUCILENE DE ALMEIDA ALVES contra ADILSON CELESTINO DOS SANTOS, julgou procedente a ação para condenar o réu, no pagamento de pensão alimentar em favor do menor RAFAEL ALVES DOS SANTOS, tornando em definitivo os alimentos arbitrados no percentual de 40% do salário mínimo. Às fls. 54, foram opostos embargos de declaração pela autora, rejeitados ás fls. 57/58. Irresignado com o decisum, RAFAEL ALVES DOS SANTOS, REP. POR JUCILENE DE ALMEIDA ALVES interpôs recurso de apelação aduzindo, em síntese, que que propôs Ação de Alimentos contra o apelado pleiteando, inicialmente, quantia correspondente a 30% (trinta por cento) dos rendimentos líquidos deste, tendo em vista, na época, possuir vínculo empregatício com a empresa MAQ RENT; que quando o apelado deixou de ser empregado da supracitada empresa, passou a exercer atividade laborativa autônoma, na função de técnico em eletrônica, sendo que os alimentos provisoriamente fixados pela MM. Juíza da 11ª Vara de família passou a ser no percentual de 40% sobre o salário mínimo, valor inferior as necessidades do apelante, que encontra-se em idade escolar, necessitando sobremaneira de alimentos em valor correspondente a 01 (um) salário mínimo, conforme requerido pelo apelante às fls. Sustenta que o apelado encontra-se em excelente situação financeira, dando-lhe condições de contribuir com o valor pleiteado por seu filho, sem prejuízo de seu sustento, bem como teve contra si decretada a revelia, tornando, desta forma, verdadeiras as alegações expostas na exordial. Por fim, pede pelo provimento do recurso, reformando-se a sentença, no sentido de que sejam arbitrados alimentos no valor de 01 salário mínimo. 5/4

6 Certidão de fls. 64, informando que apesar de devidamente intimado, não houve apresentação de contra-razões ao recurso. Às fls.66/67, o Ministério Público manifesta-se pela manutenção da sentença em todos os seus termos. No Parecer de fls. 75/79, a Douta Procuradora de Justiça Dra. Marília de Campos Souza, opina pelo improvimento do recurso. Preparados, subiram os autos a esta superior instância, que distribuídos a Primeira Câmara Cível, coube-me, por sorteio a função de relatora. Des. Revisor. É o relatório, que ora submeto à apreciação do eminente Salvador, 22 de janeiro de DESA. MARIA DA PURIFICAÇÃO DA SILVA RELATORA 6/4